Estudo sobre dependência tecnológica no Brasil aponta o C3SL como exemplo de inovação em soberania digital

Estudo revela que mais de R$ 23 bilhões anuais são destinados a plataformas estrangeiras, reforçando a importância de investimento em soluções em software livre, para garantir soluções tecnológicas sustentável no país

O Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), da Universidade Federal do Paraná, figura como um dos principais protagonistas no estudo inédito que revelou o custo da dependência tecnológica do Brasil diante das Big Techs: mais de R$ 23 bilhões anuais investidos em plataformas e serviços estrangeiros. O estudo reforça que fortalecer centros como o C3SL, referência internacional em soluções abertas, maior espelho de software livre do hemisfério sul e um dos principais laboratórios de inovação do país, é fundamental para reduzir a vulnerabilidade do Brasil frente às Big Techs e garantir soberania digital, inovação e desenvolvimento social sustentáveis.

Pela primeira vez, um estudo quantificou o tamanho da dependência tecnológica do Brasil diante das gigantes globais de tecnologia, as chamadas Big Techs. O trabalho analisou contratos públicos de tecnologia da informação e comunicação (TIC) firmados entre 2014 e 2025. Os resultados expõem o volume bilionário de recursos destinados a empresas como Microsoft, Google, Oracle e Red Hat, além de apontar riscos à soberania digital do país. O montante apontado no trabalho representa o quanto o país investe em serviços, plataformas e infraestruturas digitais controladas por empresas estrangeiras, evidenciando a fragilidade nacional diante desse cenário.

De acordo com o levantamento, publicado pelo Grupo de Estudos em Tecnologias e Inovações na Gestão Pública (GETIP/EACH/USP), vinculado ao Observatório Interdisciplinar de Políticas Públicas “Prof. Dr. José Renato de Campos Araújo” (OIPP/EACH/USP), a evolução dos gastos ao longo dos anos aponta uma aceleração significativa a partir de 2023, especialmente em soluções de nuvem e segurança digital. Somente entre 2023 e junho de 2025, foram contratados R$ 5,97 bilhões em licenças de software, R$ 9 bilhões em soluções de computação em nuvem e R$ 1,91 bilhão em softwares e serviços de segurança.

O estudo alerta para os riscos dessa dependência, que vão desde a vulnerabilidade dos dados nacionais até a perda de autonomia sobre decisões estratégicas em áreas como economia, saúde, educação e segurança. Especialistas defendem que a soberania tecnológica é pré-requisito para a soberania econômica, e que o desenvolvimento de soluções nacionais é fundamental para o futuro do país.

O documento que aponta dados sobre as big techs é assinado pelo mestre em administração pública pela FGV e analista de dados e pesquisa da More in Common Ergon Cugler de Moraes Silva; pela doutoranda em Ciência Política pelo IPOL UnB e presidente do Fórum para Tecnologia Estratégica dos BRICS+ Isabela Rocha; pelo doutor em Sistemas de Informação (EAESP-FGV) e professor dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Gestão de Políticas Públicas da EACH-USP José Carlos Vaz; pela mestranda em Administração Pública e Governo pela FGV Julia Ribeiro de Almeida Veneziani; e Diretora de Projetos Estratégicos do BRICS+ Camila de Camargo Modanez.

Leia a íntegra do estudo no link http://bit.ly/3GyZEi8