Pesquisadores do C3SL têm artigo aceito em maior Congresso de Computação no Brasil

Pesquisadores do C3SL e professores do Departamento de Informática tiveram um artigo aceito – com excelentes comentários nas revisões – no maior e mais importante Congresso de computação no Brasil, o Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (CSBC), que será realizado em João Pessoa, capital do estado da Paraíba, de 6 a 11 de agosto.

O trabalho “Do Social ao Técnico: Uma Análise Sociotécnica para a Otimização da Logística do Programa Nacional do Livro e do Material Didático” faz parte de um grupo de trabalho do qual participam os pesquisadores Roberto, Pereira, Leticia Peres, Guilherme Derenievicz e Marcos Castilho, que é o coordenador do projeto. O artigo conta ainda com a participação de duas alunas: Patricia Castellano e Krissia Menezes, e com dois parceiros do FNDE: Nadjia Rodrigues e Silvério da Cruz.

O estudo faz parte de uma parceria com os Correios que busca realizar um diagnóstico do processo logístico do PNLD, o maior Programa Nacional de Livro Didático.

Para mais informações sobre o Congresso: https://csbc.sbc.org.br/2023/wcge/

UFPR lança plataforma que mapeia formação docente dos mais de 2 milhões de professores no Brasil 

Entre os dados do Mapfor estão os de que 43% dos docentes do Brasil possuem pós-graduação, 5% não possuem uma formação mínima e 38% das docências não estão com formação adequada.

Qual é a formação dos professores brasileiros? Essa é a reposta que o projeto Mapfor, lançado nesta semana procura responder. A plataforma foi desenvolvida por meio de uma parceria entre o Grupo de pesquisa interinstitucional Laboratório de Dados Educacionais (LDE), que reúne a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Federal de Goiás (UFG) e o Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da UFPR. O projeto mapeia a formação dos docentes atuantes em escolas públicas e privadas seja no contexto brasileiro, de um estado, município ou mesmo de cada escola por meio de dados do Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Também apresenta dados das matrículas e cursos de licenciatura no Brasil, estados, municípios, instituições ou ainda em cada local de oferta com base nos dados do Censo da Educação Superior (Inep).

A plataforma foi pensada para ser um instrumento de planejamento e acompanhamento das políticas de formação de professores, tanto em instituições formadoras (universidades e demais instituições de ensino superior), quanto nas unidades governamentais responsáveis pela gestão da educação básica (secretarias de educação, conselhos de educação, comissões parlamentares etc.). Também busca apresentar um diagnóstico da realidade da formação dos mais de 2 milhões de docentes brasileiros, bem como das mais de 1.500 mil matrículas em cursos de licenciatura.

“O lançamento da Plataforma foi uma atividade vinculada aos 50 anos do Setor de Educação da UFPR, setor a qual se vincula o grupo do LDE. A plataforma foi desenvolvida com recursos de Emenda Parlamentar da Senadora Gleisi Hoffmann. O Mapfor tem sua origem ainda em 2018 quando foi desenvolvida a Plataforma Mapfor Paraná, financiada pela Prograd da UFPR.  O projeto foi ampliado pelo entendimento que fazer um diagnóstico da realidade com base em dados e indicadores como os apresentados pela plataforma é apenas uma das maneiras que a universidade tem de contribuir na promoção de políticas públicas para o país”, disse Gabriela Schneider, coordenadora do LDE.

Entre os dados coletados, tratados e disponibilizados no formato aberto, de software livre, é possível observar especificações sobre a formação docente, a oferta e a demanda dessa formação. “A gente viveu nos últimos anos o que chamamos de apagão de dados de várias áreas, e a educação foi uma delas. Então, hoje, termos um projeto como Mapfor, que traz transparência em formato de código aberto é uma grande vitória para a Educação e para o desenvolvimento da pesquisa e da ciência. A questão da Lei de Proteção de Dados vem sendo usada como ferramenta para chancelar a falta de transparência dos dados públicos, e projetos como este devem ser cada vez mais produzidos e divulgados”, explica Eduardo Almeida, professor do Departamento de Informática da UFPR e pesquisador do C3SL.

Dados e políticas públicas

O raio-x da formação docente revelou, entre muitos resultados, que a Região Sul é quem mais possui professores com pós-graduação (62,4%), seguido pela Região Centro-Oeste (49,8%), Nordeste (39,7%), Sudeste (38,8%) e Norte (33%). É possível ainda filtrar por estado, município e até mesmo por escola. Além disso, é possível acompanhar de 2012 a 2019, a quantidade de cursos de licenciatura ofertado, assim como o número de matrículas realizadas em cursos de licenciaturas, que vem aumentando: em 2012 foram pouco mais de 1.300.000 e em 2019 esse dado cresceu para 1.687.000.

“Esse é um levantamento muito importante para a Educação, que somente a universidade consegue realizar. Claro que grandes empresas de informática têm essa capacidade, mas não têm interesse, assim como o governo por si próprio não tem ferramenta, nem mão-de-obra para tal. É aí que entra a universidade pública como braço para que, a partir desses dados, possam existir políticas de formação dos professores”, disse Luiz Bona, chefe do departamento de Informática e pesquisador do C3SL.

Para a execução do projeto, levantamento, tratamento, criação da plataforma, foram envolvidos mais de 15 estudantes bolsistas da Universidade, que trabalharam durante mais de um ano e maio para colocar a plataforma no ar. “É muito muito interessante participar deste espaço que a universidade proporciona, onde projetos e pesquisas interdisciplinares podem acontecer com facilidade. Além, é claro da importância pra gente como estudante de participar de um projeto tão grande e que pode contribuir muito com a educação. Saber que a universidade pode ser um espaço não só de aprendizado, mas também de execução de projetos aplicáveis à realidade do país, é um grande passo na carreira”, finalizou Fernando Gbur, um dos bolsistas do Mapfor.

Sobre o C3SL

O Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) é um grupo de pesquisa do Departamento de Informática da UFPR que realiza pesquisas em diferentes áreas do conhecimento e que podem ser empregadas para aprimorar processos e serviços tanto para empresas  por meio da Lei de Informática e Lei do Bem, quanto para instituições e órgãos públicos. São seis linhas de pesquisa ativas no grupo: Ciências Forenses Computacionais; Inteligência Artificial Aplicada; Medicina Assistida por Computação Científica; Preservação Digital; Sistemas Computacionais Avançados; Sistemas para Informática na Educação. Os projetos realizados pelo grupo de pesquisadores são direcionados para a inclusão digital, buscando sempre beneficiar a sociedade brasileira de maneira geral. Assim, todo pacote de software que resulta destes estudos é publicado em forma de software livre.

www.c3sl.ufpr.br

C3SL recebe palestra de egresso e ex-bolsista que atua em um dos maiores streamings da África

Os bolsistas do C3SL tiveram a oportunidade de conferir uma palestra com o egresso do Departamento de Informática e ex-bolsista do C3SL, Diego Pasqualin. Diego, que é Engenheiro de Mídia há aproximadamente 3 anos na Showmax, um dos maiores streamings do continente africano e presente em mais de 80 países da África Subsaariana, recentemente se mudou para o Brasil, mas até pouco tempo morava na República Tcheca. O profissional trabalha no time responsável por melhorar o sistema de compressão de vídeo e áudio, procurando sempre maximizar a qualidade visual e auditiva ao mesmo tempo em que se reduz o tamanho dos arquivos transferidos. Durante a passagem por Curitiba, Diego fez questão de passar no C3SL.

“Participei do C3SL durante praticamente toda minha carreira acadêmica e falo com segurança e orgulho que o grupo ensina e oferece excelência em desenvolvimento de software, com o benefício extra de um grande e positivo impacto social. Posso citar como exemplo o Linux Educacional, utilizado por milhões de alunos, professores e técnicos nas escolas públicas brasileiras e do qual tive o prazer de participar. Quando estava buscando oportunidades na Nova Zelândia me diverti comentando que a base de usuários do Linux Educacional correspondia, na época, ao dobro da população do país, e a partir do C3SL prestávamos suporte e atualização automática aos centenas de milhares de computadores integrantes do projeto, escala essa que impressiona qualquer entrevistador”, disse Diego.

Na conversa com os alunos, o ex-bolsista contou como funciona toda a engenharia de dados da plataforma e deu mais detalhes sobre a indústria de streamings, além de curiosidades. Entre elas o fato de que todos os engenheiros da ShowMax moram em Praga, e todas as versões dos arquivos trabalhados ficam numa “nuvem” que tem sede na Alemanha. Ainda, relatou curiosidades sobre a cultura local em que o streaming é líder de mercado, que impacta na rotina de trabalho, como por exemplo o fato de que todos os dias na África do Sul as cidades ficam sem luz uma hora por dia e que todos os moradores possuem um gerador próprio, e que é preciso pensar nisso na hora de criar processos e fluxos. “A Showmax foi a primeira plataforma de streaming a disponibilizar download para assistir offline pensando nisso”, conta ele.

Diego ainda falou sobre o uso de software livre em várias etapas do processo, e a importância dele. “O FFMPEG, por exemplo, é um projeto de software livre e que é usado pela maioria dos streamings para comprimir vídeos de altas resoluções. São 10 voluntários no mundo mantendo um programa essencial para esse mercado”, finaliza ele.