Projeto da UFPR emprega Inteligência Artificial para melhorar atendimento no SUS

Solução busca automatiza interações, coleta dados estratégicos e aprimora a experiência dos pacientes na Atenção Primária à Saúde

Pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão desenvolvendo um sistema baseado em Inteligência Artificial para melhorar o atendimento na Atenção Primária à Saúde do SUS. O projeto, realizado em parceria com o Ministério da Saúde, visa criar uma solução capaz de interagir com milhões de brasileiros, coletando dados e promovendo melhorias nos serviços de saúde pública. “Com o uso da IA, podemos transformar a APS, criando um canal direto do SUS com os cidadãos, que não apenas melhora a experiência do paciente, mas também fornece dados estratégicos para uma gestão mais assertiva e inclusiva”, destaca André Grégio, pesquisador do C3SL e coordenador do projeto com o Ministério da Saúde.

Uso de IA no pós-atendimento do SUS pode automatizar a comunicação e criar uma gestão otimizada da saúde. Foto: Juliana Telesse

A cada minuto, três mil pessoas passam pela APS no país, a principal porta de entrada para os serviços básicos do SUS, caracterizando-se por um conjunto abrangente de ações voltadas tanto para o indivíduo quanto para a coletividade. Somente em 2024, foram mais de quatro milhões de atendimentos individuais, registrando um aumento de 18% em comparação ao ano anterior. A solução promete aprimorar a gestão da saúde pública no país na medida em que busca automatizar a comunicação, é o que aponta o pesquisador do C3SL e especialista em Inteligência Artificial, Paulo Almeida.

Projeto propõe uso de IA no retorno dos atendimentos na APS. Foto: Jerônimo Gonzalez/MS

“Imagine receber uma ligação após sua consulta no posto de saúde. Neste contato, a IA pergunta sobre a qualidade do atendimento, se o problema foi resolvido ou se há sugestões de melhoria. Essas interações, realizadas com uma voz humanizada e natural, têm o potencial de transformar a relação entre o SUS e seus usuários”, destaca Almeida. O projeto utiliza tecnologias avançadas de Speech-to-Text (transcrição de áudio para texto) e Text-to-Speech (texto para áudio), permitindo que sistemas automatizados interajam diretamente com os cidadãos.

Mais que acompanhar o atendimento, o foco é dar subsídio concreto a partir de dados para que o governo possa gerir com maior eficiência a saúde pública, destaca Grégio. Foto: Juliana Telesse

Dados que valem saúde

O objetivo com a aplicação da IA não é apenas automatizar a comunicação, mas sim reunir e processar dados que possam melhorar a cobertura da saúde pública. A APS se concentra em ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, como campanhas de vacinação, orientações sobre hábitos saudáveis e acompanhamento de condições crônicas. A coleta e processamento desses dados em grande escala possibilita análises detalhadas sobre questões específicas, como o atendimento a mulheres grávidas em pré-natal ou a qualidade dos serviços em áreas rurais.

A interação da IA com os usuários do SUS também resulta em um sistema aprimorado de avaliação sobre o atendimento. “Mais do que simples perguntas, o sistema busca estabelecer um diálogo dinâmico. Por exemplo, se um cidadão relata que esperou muito tempo para ser atendido, a IA pode identificar automaticamente que o problema não foi causado pelo médico, mas pela sobrecarga do posto de saúde. Essa análise personalizada permite que os gestores identifiquem padrões regionais e tomem decisões mais assertivas para melhorar os serviços. Essa abordagem coloca o SUS na vanguarda da gestão pública baseada em dados”, avalia Almeida.

Solução de compactação de dados do C3SL pode reduzir custos de processamento de IA

Com previsão de desenvolvimento do projeto até 2027, o grupo de pesquisa da UFPR tem antecipado entregas do cronograma, adequando-se às demandas da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), órgão que faz a gestão da parceria junto ao Ministério da Saúde. Uma das soluções em via de implantação neste primeiro semestre é um sistema de envio de mensagens direcionadas de comunicação para um grupo, com foco em campanhas informativas massivas. A aplicação da IA no projeto integra uma segunda etapa da pesquisa, em um sistema de comunicação individualizada, com foco no usuário.

Segundo Almeida, um dos desafios desta segunda etapa do projeto é o alto custo de processamento de dados. Os modelos avançados de IA utilizados em Speech-to-Text e Text-to-Speech demandam grande poder computacional. Com cerca de 220 milhões de habitantes no Brasil e milhões de interações previstas diariamente, reduzir custos sem comprometer a qualidade é uma prioridade. O C3SL já apresentou avanços nesse sentido.

“Um dos nossos avanços mais promissores mostra que, ao modificar a forma como os arquivos de áudio são armazenados e comprimidos, conseguimos reduzir em até nove vezes o espaço necessário para armazená-los – o que também reduz os custos com hardware e consumo de energia – sem comprometer significativamente a qualidade da transcrição. Esse tipo de otimização pode ser fundamental para viabilizar a implementação desses modelos em larga escala dentro do SUS. Essa inovação diminui os custos com hardware e energia elétrica, tornando o projeto mais viável economicamente”, destaca o pesquisador.

Rede social para educadores cresce 15% e busca novos usuários

A plataforma MEC RED chegou a 37 mil usuários em 2024. Rede social é utilizada por educadores que querem trocar conteúdo inovador para suas aulas.

Cada vez mais educadores do Brasil estão compartilhando ideias, recursos pedagógicos e experiências que deram certo em sala de aula uns com os outros, graças a uma rede social 100% brasileira. É a MEC RED, uma plataforma do Ministério da Educação (MEC), para compartilhamento de Recursos Educacionais Digitais (RED), desenvolvida pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A rede social dos educadores brasileiros chegou aos 37 mil usuários em 2024. Foram 5 mil novos educadores se cadastrando ao longo do ano, o que significa um crescimento de 15%. É o melhor resultado dos últimos cinco anos e o terceiro maior da série história, atrás somente de 2020 (6.700) e 2018 (6.611). Ele também veio acompanhado de um salto de 24% na média de novos usuários mensais, que subiu de 337 para 419 por mês de 2023 para 2024.

O bom resultado reflete um ano de conquistas para a equipe do C3SL, cujo trabalho ao longo de 2024 deu uma nova cara à MEC RED. Para atrair mais educadores, novas funcionalidades foram incorporadas ao projeto inicial, de 2017, fazendo com que a iniciativa do Ministério da Educação seja cada vez mais uma rede social, onde os usuários estão por vontade própria, em vez de só outra plataforma de uso obrigatório.

Mirando a inclusão dos quase 3 milhões de professores da Educação Básica, o Centro de Computação Científica da UFPR reforçou a infraestrutura de dados e de segurança. Hoje, a rede social dos educadores brasileiros está hospedada dentro da Universidade Federal do Paraná, no supercomputador do Departamento de Informática, que é o lar do C3SL, e já contabilizou mais de 187 mil downloads de recursos educacionais.

Como a MEC RED funciona na prática

Para quem busca formas de incrementar suas aulas, a rede social MEC RED funciona como uma biblioteca gratuita de conteúdos. Usando o buscador, na página principal, basta digitar o assunto de interesse para ter acesso instantâneo à relação de recursos educacionais. Com mais um clique, sobre o item que chamou sua atenção, o usuário é redirecionado para a página dele, onde pode fazer uma cópia para usar em sala de aula como quiser.

Para o acesso básico aos conteúdos, não é necessário fazer login na rede social, mas os educadores que se registram na MEC RED ganham o poder de compartilhar itens com os outros usuários. Eles também avaliam aquilo que foi colocado na plataforma, de forma que os próprios educadores destacam os recursos digitais que mais ajudaram em sala de aula, melhorando sua exibição no ranking de respostas às buscas dentro da rede social.

Se um usuário compartilhou conteúdos muito bons para a sua área de interesse, você pode segui-lo na rede social, para saber sempre que essa pessoa disponibilizar novos recursos educacionais à comunidade de educadores. Graças a parcerias com programas do Governo Federal, hoje já são mais de 320 mil conteúdos à disposição dos professores brasileiros na MEC RED.

Rede social dos educadores foi destaque no G20

Além de várias premiações em congressos científicos ao longo de 2024, o maior reconhecimento à rede social dos educadores veio em julho, no Rio de Janeiro, quando ela foi apresentada na reunião do G20. O Grupo dos Vinte, mais conhecido pela sigla G20, é um fórum de cooperação internacional, formado pelos países com as maiores economias do mundo.

Quando o Ministério da Educação mostrou a MEC RED às maiores economias do mundo, elas decidiram incluir a rede social no manual de boas práticas do evento. Isso mostra que a rede social dos educadores brasileiros continua sendo tão inovadora quanto era em 2021, quando foi premiada no concurso internacional Open Government Awards, na categoria Educação.

Centro de Computação da UFPR, o C3SL é referência em políticas públicas

Criado há 20 anos, o Centro de Computação Científica é Software Livre é um laboratório de pesquisa e inovação ligado à Pós-Graduação e ao Departamento de Informática da UFPR. Hoje, são quase 100 pessoas, entre professores, pós-graduandos e estudantes ligados aos projetos executados pelo C3SL, que incluem a administração do maior espelho de distribuição de software livre do hemisfério sul.

Desde a sua criação, o C3SL já executou 27 projetos, atendendo a encomendas tecnológicas de órgãos públicos das esferas federal, estadual e municipal, além de parcerias com a iniciativa privada. Em valores atualizados, são R$ 141 milhões em recursos administrados, que foram revertidos em pesquisa, conhecimento aberto e políticas de combate à evasão no ensino superior.

Parceria entre C3SL e Labmater propõe sistemas de automação em hidrogênio renovável

O projeto integra tecnologia da informação e inteligência artificial, e busca estabelecer um modelo para a produção eficiente de energia renovável no Centro Politécnico

Unidade do Labmater no Centro Politécnico

O Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) firmou parceria com a equipe de computação do Laboratório de Materiais e Energias Renováveis (Labmater), do Setor Palotina da Universidade Federal do Paraná (UFPR), cedendo infraestrutura de tecnologia da informação para um dos projetos de P&D desenvolvido no laboratório intitulado: “Tecnologia para produção de hidrogênio renovável a partir de biomassa como fonte de recurso energético distribuído assistida por inteligência artificial”.  O projeto é financiado pela Copel e será implantado no Centro Politécnico. A iniciativa também conta com a parceria de empresas do ramo como a Gás Futuro, atuante no mercado de fabricação e manutenção de sistemas de compressão de gás natural.

Na parceria, o C3SL disponibilizará infraestrutura computacional para virtualização robusta dos dados relacionados a automação do processo de geração de hidrogênio. O biogás é um tipo de combustível que pode ser obtido a partir de biomassa como, por exemplo, os resíduos tratados do restaurante universitário. De acordo com os professores Marcos Schreiner e Paola Ponciano, pesquisadores do Labmater, a equipe de computação do laboratório tem se dedicado à pesquisa e desenvolvimento de sistemas computacionais que automatizam o processo de produção de hidrogênio renovável. Além disso, a proposta é implementar algoritmos de Inteligência Artificial que possam auxiliar na operação da unidade piloto. O projeto também prevê a implantação de bicicletas movidas a hidrogênio, a serem testadas no politécnico.

Equipe de computação do Labmater

Os dados operacionais que serão hospedados no C3SL incluem informações coletadas dos sensores e atuadores instalados nos módulos da unidade piloto como: temperatura, umidade, pressão e outras variáveis. Tais informações serão armazenadas em um banco de dados, permitindo análises que gerarão informações valiosas para os operadores por meio de sistemas web e um sistema especialista. A colaboração também inclui a disponibilização de uma máquina virtual (VM) com configurações específicas para rodar sistemas web que monitoram e suportam as operações da unidade piloto. Além disso, haverá comunicação via VPN com os equipamentos e backups regulares para garantir a segurança dos dados.

Para o pesquisador do C3SL, Marcos Castilho, a parceria representa um marco importante na busca por soluções sustentáveis. “Estamos muito satisfeitos em colaborar com o LABMATER neste projeto inovador que visa a produção de energia renovável a partir de resíduos. A experiência do C3SL em projetos complexos, que têm impactos sociais e ambientais significativos, nos permite contribuir efetivamente para soluções sustentáveis a partir de soluções em computação. Acreditamos que essa parceria não apenas promoverá a eficiência energética, mas também servirá como um modelo para outras iniciativas semelhantes no futuro”.

De acordo com os professores Marcos Schreiner e Paola Ponciano, a unidade piloto desenvolvida representa um passo inicial na pesquisa sobre produção de hidrogênio e energia. Há planos para expandir a parceria entre a equipe de computação do Labmater e o C3SL na criação de projetos futuros, com o objetivo de transformar os sistemas computacionais e as inovações em produtos viáveis que atendam às demandas energéticas sustentáveis.

Vinculado ao Departamento de Engenharias e Exatas (DEE) do Setor Palotina, o projeto do Labmater tem caráter multidisciplinar e reúne pesquisadores dos cursos de Engenharia de Energia, Licenciatura em Computação, Engenharia Elétrica e Engenharia Química. Além dos professores Me. Marcos Antônio Schreiner e Me. Paola Cavalheiro Ponciano, também são integrantes desta iniciativa o coordenador do projeto, professor Dr. Helton José Alves; o atual coordenador do Labmater, professor Dr. Mauricio Romani; o responsável técnico do Labmater, Me. Lazaro Jose Gasparrin; e os professores pesquisadores: Dr.Gustavo Henrique da Costa Oliveira, Dr.João Américo Vilela Júnior, Dr Luiz Fernando de Lima Luz Junior, Dr. Marcelo Arnoldo Hartman, Dr. Marcos Lúcio Corazza, Renan Akira Nascimento Escribano, e Julio Cezar da Silva Ferreira.

Cenário atual de desconfiança com IA reflete a recepção dos primeiros computadores, diz professor Álvaro Freitas Moreira


Fala foi feita pelo professor da UFRGS em palestra sobre IA no desenvolvimento de softwares durante o 3° Encontro de Data Science & Big Data UFPR

Por Felipe Azambuja

Durante o 3º Encontro de Data Science e Big Data na UFPR, o professor Álvaro Freitas Moreira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), refletiu sobre o impacto da inteligência artificial (IA) no desenvolvimento de software.  Moreira traçou paralelos entre a recepção dos pioneiros da computação e as reações atuais à IA: “o clima atual é muito parecido com aquele dos primórdios”, disse o professor, em uma comparação entre a desconfiança gerada pelas ferramentas de IA e o assombro visto nas décadas de 1940 e de 1950 com o surgimento das primeiras tecnologias das então chamada programação automática.

Segundo Moreira, as ferramentas baseadas em IA “prometem melhorar significativamente a produtividade,” no desenvolvimento de software, ao permitir a criação de códigos a partir de comandos em linguagem natural. Apesar desse potencial, ele ressalta que as preocupações persistem: “a gente não sabe exatamente como funciona o mecanismo […] a gente espera que preserve a intenção que foi expressa ali no prompt.”

O professor apontou que o uso de modelos de linguagem a exemplo do ChatGPT para gerar códigos é um exemplo claro de como a IA está sendo integrada ao desenvolvimento de software. Contudo, isso também traz desafios. Um deles é a falta de transparência nos mecanismos que traduzem as intenções dos programadores para linhas de código. Outro é a necessidade de validação constante do código gerado, o que contrasta com a confiança já estabelecida nos compiladores tradicionais.

Paralelos com o passado

O professor iniciou sua fala à plateia do auditório do Setor de Tecnologia, no Centro Politécnico, relembrando o impacto do ENIAC, um dos primeiros computadores, que na década de 1940 causou furor com sua capacidade de realizar cálculos em minutos, “nada muito diferente do que se andou dizendo recentemente, no final de 2022, quando foi anunciado o ChatGPT”.

Moreira destacou que, nos anos 1950, a introdução de linguagens de programação como COBOL provocou reações similares às que vemos hoje: desconfiança em relação à confiabilidade dos códigos gerados automaticamente e preocupação com a perda de controle pelos programadores. Essa resistência inicial, no entanto, foi superada pela eficiência e praticidade proporcionadas pelas novas ferramentas.

Adaptações à nova realidade

Amarrando os paralelos, Moreira refletiu sobre o futuro do uso das inteligências artificiais na área do desenvolvimento de software. Ele apontou a possibilidade do surgimento de um novo dialeto para lidar com as linguagens da IA. O professor também questionou “será que um dia a gente vai confiar na IA e deixar de inspecionar visualmente o código gerado por ela?”

Moreira especulou que o tempo economizado com a automação de tarefas poderia ser redirecionado para atividades criativas ou para o aprimoramento da confiabilidade dos sistemas gerados. Ele ainda disse que ferramentas mais robustas para verificação formal de códigos podem ganhar espaço com o avanço da IA.

“A estatística é a espinha dorsal da ciência de dados”, afirma o Prof.Dr. Hedibert Lopes, em palestra na UFPR 


Mesa de abertura do 3º encontro de Data Science & Big Data trouxe importantes discussões acerca do papel da Estatística na Ciência de Dados

Texto: Eduardo Perry

A importância crescente da estatística em um mundo dominado por dados foi o foco da palestra do professor do Insper, Hedibert Lopes, realizada no 3° Encontro de Data Science e Big Data promovido pela UFPR. Durante sua apresentação, o pesquisador destacou como as fronteiras entre as duas áreas do conhecimento estão se tornando cada vez mais nebulosas, uma vez que a chamada Data Science evolui em direção a análises e interpretações mais complexas de dados, enquanto o estatístico de século XXI está se aproximando de ferramentas computacionais avançadas, como o machine learning e a inteligência artificial. 

Nos Estados Unidos, os primeiros programas acadêmicos de ciência de dados começaram a surgir em meados dos anos 2010. No entanto, à medida que a área se consolidava, universidades de ponta passaram a incorporar a ciência de dados em seus currículos, muitas vezes renomeando departamentos de estatística e outras áreas para refletir essa integração. Hoje, instituições renomadas, como o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a Universidade de Stanford, oferecem programas robustos que combinam estatística, ciência da computação e análise de dados, refletindo a natureza interdisciplinar e prática do campo.

De acordo com Lopes, o “boom” do Data Science é consequência direta do aumento da quantidade de dados produzidos, assim como a capacidade computacional disponível nos dias de hoje, “Eu tô aqui e meu celular tá ali me escutando. Quando eu abrir ele, ele vai sugerir pra mim: ‘Ah, você tá em Curitiba. Que tal fazer isso? Nosso trabalho estatístico, ou de ciência de dados, serve para compilar e interpretar todas essas coisas”, explicou. 

O professor também ressaltou que a consolidação da ciência de dados como um campo próprio também significou a incorporação e a ampliação de técnicas estatísticas, que passaram a servir não apenas como base, mas como motor de desenvolvimento para novas abordagens tanto na estatística quanto na ciência da computação. “Muitas das técnicas utilizadas hoje em machine learning, por exemplo, advêm do universo da estatística, mas ao mesmo tempo foram criadas muitas coisas novas e interessantes”. Para ele, isso significa principalmente duas coisas: não se pode minimizar a importância da matemática e da estatística, no que diz respeito à ciência de dados; e o papel do estatístico no mundo do data Science precisa ser repensado para que ele esteja mais bem equipado com novas habilidades que o tornem atualizado e efetivo”, refletiu.

É preciso democratizar a área

Lopes ainda lamentou o fato de que poucas pessoas procuram pelo bacharelado em Estatística, enquanto muitos vão atrás do diploma de Ciência da Computação. Segundo ele, não é interessante que a área tenha tão pouca visibilidade. O pesquisador ainda trouxe dados que indicam que por volta de 2015 houve um aumento na procura pelo curso, mas menciona que esse fenômeno deve ter sido provocado pela maior adesão que o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) teve na época, o que acabou significando em um aumento na procura por todos os cursos, e não só o de estatística. Hoje, o número de inscritos em vestibulares de estatística no Brasil está caindo e de 2013 para cá, a média anual de término do curso é de um terço, segundo estudo citado pelo professor. 

Perguntado sobre ausência de mulheres, sobretudo pretas e pardas na área, Lopes ressaltou que esse é um problema sério a ser resolvido. “Sempre que fazemos seminários no Insper, eu busco trazer o mesmo tanto de homens e mulheres para falar. Mas, elas são minoria, e quanto mais você sobe na carreira, mais você percebe a predominância masculina”, enfatizou. 

Seminário de transferência de conhecimento no DInf aborda inovação e dados educacionais

Evento reuniu pesquisadores do projeto PDE/LDE para apresentação dos resultados de 2024, e abordou experiências práticas e desafios no acesso aos dados públicos do setor de educação

Os pesquisadores do projeto Plataforma de Dados Educacionais (PDE) promoveram na manhã desta sexta-feira (13) o seminário de transferência de conhecimento sobre o andamento da pesquisa e participação nos eventos científicos de 2024. Aberta à toda comunidade acadêmica, a atividade foi realizada no Auditório do Departamento de Informática (DInf). O projeto PDE é uma plataforma de indicadores educacionais sobre bases de dados abertas desenvolvida pelos grupos de pesquisa Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e Laboratório de Dados Educacionais (LDE), com apoio do MEC.

Para o pesquisador do C3SL e integrante do projeto DPE, Josiney de Souza, a atividade reflete um dos principais objetivos do grupo de pesquisa, que é promover a extensão universitária através de atividades que não apenas disseminam conhecimento, mas também fomentam um diálogo aberto entre pesquisadores e a sociedade. “Como estiveram presentes pessoas externas ao C3SL, esse tipo de evento é bom para compartilhar conhecimento e aproximar a sociedade da universidade, pois é uma típica atividade de extensão universitária. Além disso, permite que o próprio grupo de pesquisa conheça o que os demais colegas estão desenvolvendo em suas áreas de atuação. E dessas falas podem surgir parcerias ou continuidade de trabalho entre esse, aquele ou um novo projeto”, destaca.

O objetivo do encontro foi compartilhar as experiências e resultados da plataforma MEC-DEPP (Dados Educacionais para Políticas Públicas), protótipo funcional da nova versão da PDE, ambas iniciativas que utilizam dados abertos para embasar políticas públicas na área da educação, e apresentar a participação do projeto na XVII Mostra Nacional de Iniciação Científica e Tecnológica Interdisciplinar (MICTI 2024). Por enquanto, como a nova versão da PDE ainda é um protótipo, seu acesso está restrito aos desenvolvedores.

Para Fernando Gbur, pesquisador de graduação do C3SL que representou o projeto na mostra nacional, o seminário representa uma oportunidade de amplificar o conhecimento adquirido no evento.  “Fazer a transferência da minha experiência em Blumenau foi muito importante para trazer os comentários recebidos no evento para a equipe e mostrar todo o trabalho que vem sendo realizado para os outros integrantes do C3SL”, aponta.

O seminário contou com a presença dos pesquisadores: Fernando Gbur dos Santos, graduando do Departamento de Informática da UFPR e bolsista do C3SL; Josiney de Souza, professor do IFC Brusque, doutorando do DInf e bolsista do C3SL; e Mateus Pelloso, professor do IFC Concórdia e doutorando do DInf.

UFPR promove debate sobre inovação em Data Science com especialistas e profissionais do setor

Evento reúne empresas como Volvo, Will Bank, O Boticário e Mirum para debater tendências no tratamento de Big Data e o perfil do profissional do futuro em ciência de dados

Nesta sexta-feira (13), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) sediará o 3º Encontro de Data Science & Big Data, evento que busca discutir as tendências e desafios da área de dados, reunindo acadêmicos e profissionais do setor. Em um cenário de intensa produção de dados, as empresas e profissionais que desejam não apenas sobreviver, mas também prosperar em um mercado competitivo precisam adotar estratégias eficazes para coletar e analisar estas informações. É aqui que entram as ferramentas e métodos de ciência de dados. Para apresentar as inovações da área, o evento tem uma programação com palestras, cases de sucesso e mesa redonda para debater o futuro do Data Science.

O evento que conecta teoria e prática é promovido pelo Programa de Especialização em Data Science e Big Data da UFPR com o apoio do Departamento de Estatística da UFPR, do Laboratório de Estatística e Geoinformação (LEG) e do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL). O professor Wagner Bonat, coordenador do programa, destaca que o encontro é uma oportunidade única para que alunos e profissionais compreendam como a análise de dados pode transformar desafios em oportunidades. “O encontro é voltado à comunidade acadêmica, aos profissionais que atuam na área de análise de dados, pesquisadores com foco em inovação, e empresas e startups que buscam aprimorar suas estratégias de dados. Com isso, é um espaço rico para networking e para conhecer as principais tendências em ciências de dados”, destaca Bonat.

A abertura do encontro, no Auditório de Administração, no Centro Politécnico, será com o renomado doutor Hedibert Lopes, professor de Estatística e Econometria do Insper e doutor em Estatística pela Duke University. Na palestra intitulada “Estatísticas ou Ciência de Dados?”, Lopes irá explorar como áreas como Estatística, Bioestatística, Econometria, Bioinformática e outras estão se entrelaçando com novos conceitos como Ciência de Dados, Aprendizado de Máquina e Big Data.

O encontro também terá palestra sobre uso de Inteligência Artificial para otimização de processos e desenvolvimento de sistemas com a palestra “O papel das Ferramentas de Inteligência Artificial no Desenvolvimento de Software”, a ser ministrada por Álvaro Moreira, professor do Departamento de Informática da UFRGS e doutor em Ciência da Computação pela University of Edinburgh. Durante sua apresentação, o professor deve abordar como as ferramentas modernas podem auxiliar desenvolvedores a resolver problemas complexos, melhorar a eficiência e garantir a qualidade do software.

Cases de inovações em biometria e saúde mental

Na programação, além de palestras sobre inteligência artificial e conceitos de ciência de dados e aprendizado de máquinas no cenário de Data Science, também terá apresentação de casos aplicados, com mesas coordenadas por professores da UFPR. As técnicas avançadas de IA em sistemas de segurança é o foco da apresentação do case “Explorando Representações Robustas com Deep Learning para Biometria e Vigilância”, a ser ministrado pelo professor do Departamento de Informática (Dinf), David Menotti. Um dos 200 mil pesquisadores mais citados no mundo na atual edição da “Updated science-wide author databases of standardized citation indicators”, levantamento anual realizado pela Universidade Stanford (EUA) e a editora de títulos acadêmicos, Elsevier, Menotti liderou a parceria de P&D da startup com a UFPR para estudos de desenvolvimento de um novo modelo de identificação, a biometria periocular.

Outro case de destaque será sobre “Integrando dados para diagnóstico e tratamento de transtornos mentais”, a ser apresentado pela professora do Departamento de Estatística, Deisy Morselli Gysi. Com a crescente disponibilidade de dados clínicos e comportamentais, a utilização de técnicas de ciência de dados pode fornecer insights valiosos para profissionais da saúde. A palestra abordará métodos inovadores que permitem uma compreensão mais holística dos pacientes, melhorando a personalização dos tratamentos e o acompanhamento dos progressos.

Mesa Redonda: o profissional do futuro

Uma das atividades de destaque do Encontro será a mesa redonda sobre o futuro do profissional da área, com participação de empresas como Volvo, Will Bank, O Boticário e Mirum. A crescente importância da ciência de dados no mundo contemporâneo está moldando o perfil do profissional do futuro, que deve ser multifacetado e preparado para enfrentar os desafios de um mercado em constante evolução. Em um cenário onde a análise de grandes volumes de dados se torna essencial, as habilidades requeridas vão muito além do conhecimento técnico. 

Marco Zanata, vice-coordenador do curso de especialização em Data Science e Big Data, enfatiza que os profissionais precisam ter um conjunto diversificado de habilidades interdisciplinares. “O profissional de data science precisa dominar uma variedade de habilidades interdisciplinares. Isso inclui conhecimentos em programação (como Python e R), estatística avançada, técnicas de inteligência artificial e machine learning, além de uma compreensão sólida sobre ética e privacidade no uso de dados, especialmente em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Além disso, é importante destacar que os melhores profissionais são aqueles que se mantêm atualizados com as últimas tendências e tecnologias. O aprendizado contínuo é vital em um campo tão dinâmico”.

Pesquisadores da UFPR estão no Top 10 em desafio internacional de cibersegurança

Equipe “t0pSecRET”foi o único time brasileiro entre os dez melhores do ranking da iCTF de 2024, evento tradicional na categoria promovido pela Universidade da Califórnia

A equipe de pesquisadores de cibersegurança da UFPR está entre as dez melhores competidoras do ranking da International Capture The Flag (iCTF) de 2024. Único time brasileiro no topo da lista, os competidores do Departamento de Informática (Dinf) alcançaram a quarta posição entre as 27 equipes inscritas de todo o mundo no evento promovido entre os dias 16 e 22 de novembro, pela Shellphish e pela Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (UCSB), nos EUA. Criada pelo professor Giovanni Vigna em 2003, do departamento de ciência da computação da UCSB, o iCTF é uma das maiores e mais tradicionais competições de segurança cibernética do mundo.

Com o nome “t0pSecRET”, a equipe da UFPR foi composta por pesquisadores de graduação e de pós-graduação que integram o Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e o SecRET (Security and Reverse Engineering Team), grupo de pesquisa de segurança e engenharia reversa ligado ao Laboratório de Redes e Sistemas Distribuídos (LarSiS). Conquistaram o quarto lugar na competição os pesquisadores: Cláudio Torres Júnior; Anderson Frasão; Theo Simonetti Schult; Mateus dos Santos Herbele; ⁠Nadia Luana Lobkov; Ruibin Mei; Cauê Mateus Gonçalves Venturin Samonek; Lucas Alionço; Jorge Correia; e João Andreotti.

Para o coordenador do SecRET, pesquisador do C3SL e professor do Departamento de Informática da UFPR, André Grégio, conquistar uma alta posição no desafio da Universidade da Califórnia tem um apelo pessoal, além de um impacto significativo na formação e no reconhecimento da UFPR no cenário internacional de cibersegurança. “Essa competição é especial para mim, pois o fundador do iCTF, Prof. Giovanni Vigna da UCSB, foi meu orientador durante a porção de meu doutorado em que fiz pesquisa lá. Desde que cheguei à UFPR em 2016, desejei formar um time de competições de segurança, e este ano finalmente conseguimos. A alta colocação na competição, que reúne universidades renomadas mundialmente, coloca a UFPR em destaque no cenário internacional de cibersegurança. Estou orgulhoso dos nossos estudantes, que demonstraram dedicação e trabalho em equipe, evidenciando a qualidade da formação em cibersegurança no Dinf”, destaca o professor.

A iCTF segue o modelo de competição em que os participantes precisam explorar vulnerabilidades em sistemas, solucionando o máximo de problemas em menor tempo possível. Assim, o evento é baseado em desafios virtuais que simulam situações reais de cibersegurança, exigindo habilidades em áreas como criptografia, engenharia reversa e forense digital

Conforme os competidores vão resolvendo com sucesso cada desafio, eles vão capturando as bandeiras (flags). Cada bandeira pode apresentar peso diferente na contagem final. Assim, bandeiras correspondentes a desafios que foram resolvidos por um menor grupo de pessoas respondem por um peso maior no escore final. Nesta edição, os desafios abrangeram áreas como segurança de Inteligência Artificial e machine learning, OSINT (Código Aberto ou Fontes Abertas), forense digital e exploração de vulnerabilidades WEB, testando habilidades práticas e teóricas dos participantes.

Plataforma de dados educacionais para políticas públicas é apresentada em Mostra Nacional de Iniciação Científica

Projeto desenvolvido pelo C3SL e Laboratório de Dados Educacionais em parceria com o Ministério da Educação está na programação do evento organizado pelo IFC, em Blumenau

Uma ferramenta que agrega diversas bases de dados para subsidiar políticas públicas na área da educação é tema da publicação dos pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), a ser apresentado na 17ª edição da Mostra Nacional de Iniciação Científica e Tecnológica Interdisciplinar (MICTI). Promovido pelo Instituto Federal Catarinense (IFC) em Blumenau, entre os dias 26 e 28 de novembro, o evento de cunho multidisciplinar propõe o debate e divulgação de resultados de projetos de Ensino, Extensão e Pesquisa desenvolvidos no ensino superior. O C3SL é representado no evento pelo bolsista Fernando Gbur dos Santos, graduando em Ciência da Computação. 

Intitulado “MEC-DEPP: Uma plataforma com dados educacionais em software livre para amparar políticas públicas”, o artigo considera o cenário da urgência de políticas públicas para educação com base em evidências. Apesar da existência de dados públicos sobre o tema, um dos principais problemas é a falta de integração entre as bases disponíveis e a apresentação apenas de dados brutos, dificultando análises mais profundas e comparações históricas. Uma solução para este quadro é a Plataforma de Dados Educacionais para Políticas Públicas (MEC-DEPP), um ambiente digital que busca facilitar o acesso e a análise de dados educacionais, promovendo a formulação de políticas públicas mais eficazes na área da educação.

O projeto é realizado pelo C3SL em parceria com o Laboratório de Dados Educacionais e o Ministério da Educação (MEC). A plataforma ainda está em desenvolvimento, e utiliza uma solução de software livre para apresentar os dados em formato de indicadores organizados em dashboards interativos. O objetivo dos pesquisadores é que o DEPP seja um substituto à Plataforma de Dados Educacionais (PDE), cuja apresentação dos dados não privilegia hoje a interação, apresentando visualização apenas em tabelas.

A arquitetura da MEC-DEPP é modular, permitindo manutenções e atualizações tecnológicas ao longo do tempo, sendo estruturada em banco de dados (com uso de ClickHouse para processamento analítico online), exploração e visualização de dados (a partir do Apache Superset para criar visualizações dinâmicas), e automatização de fluxo de dados (com o Apache NiFi para integrar diferentes sistemas). A partir desta estrutura, os dados são apresentados em dashboards que incluem diversos tipos de gráficos (mapas, tabelas, gráficos de barras e pizza), facilitando a interpretação dos indicadores educacionais.

O trabalho em apresentação na MICTI é assinado pelos pesquisadores: Josiney de Souza; Fernando Gbur dos Santos; Cinthia Raquel de Souza; Guilherme Alex Derenievicz; Letícia Mara Peres; Simone Dominico; Eduarda Saibert; Gabriel Lisboa Conegero; João Armenio Silveira; João Pedro Vicente Ramalho; Mateus dos Santos Herbele; e Thales Gabriel Carvalho de Lima.

Pesquisadores do C3SL têm trabalhos aprovados em seminário que debate os desafios da computação no país

Evento promovido pela Sociedade Brasileira de Computação reúne contribuições de especialistas do Brasil sobre as lacunas e problemas que a área precisa enfrentar nos próximos dez anos

Pesquisador do C3SL e professor do Dinf, Eduardo Almeida, coautor “This Future Without SQL”

Quais os desafios a serem enfrentados para garantir o avanço tecnológico e a inclusão digital no país nos próximos dez anos? A resposta a tal questionamento será foco do IV Seminário de Grandes Desafios da Computação, evento promovido pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC), entre os dias 27 e 28 de novembro. O seminário reunirá especialistas, acadêmicos, representantes da indústria e da sociedade civil de todo o país para identificar lacunas e problemas que a área precisa enfrentar no decênio 2025-2035. Com dois trabalhos aprovados para apresentação no evento, os pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e professores do Departamento de Informática (Dinf) da UFPR, André Grégio e Eduardo Almeida, estão entre os especialistas que definirão as diretrizes da computação do país.

Os desafios abordados no evento não se limitam a temas tradicionais de pesquisa, mas buscam uma abordagem multidisciplinar que considere as interações entre tecnologia, sociedade e ética. Os participantes são incentivados a propor novas questões que refletem a rápida evolução da tecnologia e suas implicações. A escassez de profissionais qualificados na área de tecnologia da informação, a preocupação com inclusão digital, o aumento do cenário da desinformação e a preocupação com medidas de cibersegurança são alguns dos pontos que devem balizar os debates nos dois dias de evento em São Paulo.

Para o pesquisador do C3SL e especialista na área de cibersegurança, André Grégio, os desafios da computação nos próximos dez anos exigem uma abordagem colaborativa entre academia, indústria e sociedade, focando na formação de profissionais qualificados e na promoção de políticas públicas que garantam a inclusão digital e a segurança cibernética.  “Após ingresso na CESeg – Comissão Especial de Cibersegurança da SBC – e convite para participar como co-autor do artigo, pude trazer um pouco da experiência de ter criado a disciplina de Segurança Computacional há 8 anos no Departamento de Informática da UFPR (tornada obrigatória para os cursos de Bacharelado em Ciência da Computação e Informática Biomédica) e introduzido conceitos básicos de programação segura em disciplinas de início de curso. Foi uma honra poder escrever em conjunto com meus notórios colegas, professores e pesquisadores de cibersegurança em diversas universidades públicas e privadas do país e ter essa visão abrangente da área”.

As duas publicações com participação dos pesquisadores da UFPR no evento serão apresentadas no eixo Grandes Desafios da Computação, nesta quarta-feira (27/11/2024). Uma das contribuições do C3SL para o debate centraliza os olhares para uma série de desafios na área da computação segura, como contra-ataques cibernéticos e salvaguarda da privacidade dos usuários. Intitulado “Os Desafios de Cibersegurança dos Referenciais do BCS/SBC”, o artigo parte da leitura dos documentos de formação de curso de Bacharelado em Cibersegurança, idealizados pela Comissão Especial de Cibersegurança da SBC, para estruturar oito eixos de debate sobre o tema para o próximo decênio.

Uma das principais contribuições é propor diretrizes para a formação de novos especialistas na área. Os desafios destacados no trabalho incluem Segurança de Dados, Segurança de Sistemas, Segurança de Conexão, Segurança Organizacional, Fatores Humanos em Segurança, Segurança e Sociedade, Segurança de Software e Segurança de Componentes. A educação é um elemento central em todos esses eixos, refletindo a necessidade urgente de capacitar profissionais qualificados.

Entre os desafios destacados, está a mitigação dos riscos associados à computação quântica, que ameaça a segurança dos dados atualmente protegidos por criptografia convencional. A pesquisa em criptografia pós-quântica (PQC) é uma das soluções propostas para enfrentar essa nova realidade. No debate proposto pelos autores do artigo para o evento da SBC, destaca-se também uma preocupação com ações que fomentem a educação em cibersegurança no país. Para tanto, é fundamental a promoção de políticas públicas com foco em programas educativos, na capacitação de professores para formar as próximas gerações em boas práticas de segurança digital, e na parceria entre as instituições públicas e a indústria.

Além de Grégio, o artigo é assinado pelos pesquisadores: Aldri Santos (UFMG), Altair Santin (PUCPR), Carlos Raniery (UFSM), Daniel Batista (USP), Dianne Medeiros (UFF), Diego Kreutz (UNIPAMPA), Diogo Mattos (UFF), Edelberto Franco (UFJF), Igor Moraes (UFF), Lourenco Pereira Jr (ITA), Marcos Simplício (USP), Michele Nogueira (UFMG), Michelle Wangham (UNIVALI, RNP), Natalia Fernandes (UFF), e Rodrigo Miani (UFU).

Outro trabalho com professor da UFPR no evento é o artigo “This Future Without SQL”, de autoria do pesquisador do C3SL, Eduardo Almeida, em parceria com os pesquisadores Eduardo Pena (UTFPR) e Altigran Silva (UFAM). O trabalho propõe um paradigma de interação em base de dados sem o SQL (Structured Query Language), hoje a principal linguagem para consulta e manipulação de dados em bancos relacionais. Neste novo paradigma, as consultas podem ser realizadas diretamente em linguagem natural, eliminando a necessidade de conhecimentos técnicos avançados.

Segundo os pesquisadores, dentre as vantagens do novo paradigma, destaca-se a acessibilidade, na medida em que usuários não técnicos poderiam interagir com os dados sem a necessidade de conhecimento de linguagem; a efici6encia, na medida em que consultas complexas poderiam ser realizadas com mais rapidez e precisão, capturando a intenção do usuário de forma mais eficaz; e o aspecto de inovação, a considerar que uma nova interface abriria caminho para serviços personalizados em áreas como suporte ao cliente e recomendações rápidas.