Evento, que conta com o apoio do C3SL, reuniu pesquisadores do Brasil todo no Centro Politécnico da UFPR
Teve início ontem o 14º Congresso Brasileiro de Informática na Educação (CBIE). Com cerca de 650 inscrições, o evento, que é um dos maiores da área na América Latina, reúne pesquisadores de diversos estados e recebeu quase mil trabalhos científicos submetidos. Deste total, 278 foram aceitos para apresentação em sessões técnicas, painéis, workshops e espaços de criatividade. Ao todo, mais de 1.200 autores participaram das submissões, avaliadas por cerca de 1.000 revisores.
“A Universidade Federal do Paraná está reafirmando o protagonismo enquanto uma instituição que pauta discussões de tecnologias educacionais, numa perspectiva responsável, alinhada ao Software Livre, alinhada à soberania digital e tecnológica”, afirmou Roberto Pereira, professor do Departamento de Informática e um dos organizadores.
A edição de 2025 tem como tema “Educação em Transformação: Inteligências que Moldam o Futuro”, com debates que seguem até 28 de novembro no Centro Politécnico da UFPR.
A vice-reitora da UFPR, Camila Fachin, destacou o papel da universidade na defesa da autonomia tecnológica. “A UFPR tem muito orgulho do C3SL e do DInf, que se pautam pela busca da soberania digital. Um dos objetivos da nossa gestão é que as universidades federais deixem de estar aprisionadas a grandes corporações tecnológicas e possam avançar em ferramentas de software livre. Para a Universidade, portanto, é uma honra receber este Congresso”, afirmou.
Tecnologia, educação e o desafio de preparar para futuros em mudança
A palestra de abertura foi conduzida pela professora Cecília Baranauskas, referência na área de Interação Humano-Computador e autora do primeiro livro brasileiro sobre o tema. Ela trouxe a provocação: “Estamos preparando nossos alunos para um mundo que já não existe mais?”

Cecília discutiu o design socialmente consciente e os impactos das transformações tecnológicas na educação. Questionou quais visões de mundo estão embutidas no desenvolvimento tecnológico e defendeu abordagens que considerem a aprendizagem como experiência corporificada, socioenativa e coletiva.
“Passamos por diversos momentos da relação com o computador. Inicialmente, os PCs era utilizado como uma ferramenta para a aprendizagem. Hoje, vivemos um momento em que os dispositivos somem, e a tecnologia está presente para além dos computadores. É o avanço das tecnologias pervasivas”, explicou ela.
A professora trouxe para o público como exemplo um projeto socioenativo, que leva a ideia de programação para o mundo físico. Nesse modelo, crianças realizam atividades programacionais sem usar diretamente o computador, construindo códigos de forma coletiva e corporificada. “Penso a programação como uma atividade que nasce do corpo, do movimento, do espaço e da colaboração”, afirmou. A proposta expande o conceito tradicional de pensamento computacional, que passa a ser socioenativo.
A professora também relembrou que, ainda em 1999, a Inteligência Artificial já aparecia como um dos temas mais frequentes em artigos do SBIE, indicando que muitas das discussões atuais têm raízes mais antigas.
Números do CBIE 2025
Além das atividades principais, o congresso reúne diferentes eventos associados. Entre os destaques:
- SBIE: 535 trabalhos submetidos / 152 aceitos
- WIE: 306 submetidos / 61 aceitos
- CTD: 32 submetidos / 12 aceitos
- AppsEdu: 50 submetidos / 31 aceitos
- StudX: 21 submetidos / 13 aceitos
Somados, os eventos científicos receberam 944 submissões, com 278 artigos aceitos.
A programação inclui ainda mais de 300 trabalhos apresentados, 5 minicursos, 2 painéis, 1 palestra nacional e 1 palestra internacional.
Sobre o CBIE
O Congresso Brasileiro de Informática na Educação (CBIE) é um evento anual da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), criado para promover a troca de experiências entre as comunidades científica, profissional, governamental e empresarial da área. Em 2025, o tema “Educação em Transformação: Inteligências que Moldam o Futuro” propõe refletir sobre o impacto das inteligências humana, artificial e coletiva no futuro da educação, articulando inovação pedagógica, inclusão e novas tecnologias.