Cenário atual de desconfiança com IA reflete a recepção dos primeiros computadores, diz professor Álvaro Freitas Moreira


Fala foi feita pelo professor da UFRGS em palestra sobre IA no desenvolvimento de softwares durante o 3° Encontro de Data Science & Big Data UFPR

Por Felipe Azambuja

Durante o 3º Encontro de Data Science e Big Data na UFPR, o professor Álvaro Freitas Moreira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), refletiu sobre o impacto da inteligência artificial (IA) no desenvolvimento de software.  Moreira traçou paralelos entre a recepção dos pioneiros da computação e as reações atuais à IA: “o clima atual é muito parecido com aquele dos primórdios”, disse o professor, em uma comparação entre a desconfiança gerada pelas ferramentas de IA e o assombro visto nas décadas de 1940 e de 1950 com o surgimento das primeiras tecnologias das então chamada programação automática.

Segundo Moreira, as ferramentas baseadas em IA “prometem melhorar significativamente a produtividade,” no desenvolvimento de software, ao permitir a criação de códigos a partir de comandos em linguagem natural. Apesar desse potencial, ele ressalta que as preocupações persistem: “a gente não sabe exatamente como funciona o mecanismo […] a gente espera que preserve a intenção que foi expressa ali no prompt.”

O professor apontou que o uso de modelos de linguagem a exemplo do ChatGPT para gerar códigos é um exemplo claro de como a IA está sendo integrada ao desenvolvimento de software. Contudo, isso também traz desafios. Um deles é a falta de transparência nos mecanismos que traduzem as intenções dos programadores para linhas de código. Outro é a necessidade de validação constante do código gerado, o que contrasta com a confiança já estabelecida nos compiladores tradicionais.

Paralelos com o passado

O professor iniciou sua fala à plateia do auditório do Setor de Tecnologia, no Centro Politécnico, relembrando o impacto do ENIAC, um dos primeiros computadores, que na década de 1940 causou furor com sua capacidade de realizar cálculos em minutos, “nada muito diferente do que se andou dizendo recentemente, no final de 2022, quando foi anunciado o ChatGPT”.

Moreira destacou que, nos anos 1950, a introdução de linguagens de programação como COBOL provocou reações similares às que vemos hoje: desconfiança em relação à confiabilidade dos códigos gerados automaticamente e preocupação com a perda de controle pelos programadores. Essa resistência inicial, no entanto, foi superada pela eficiência e praticidade proporcionadas pelas novas ferramentas.

Adaptações à nova realidade

Amarrando os paralelos, Moreira refletiu sobre o futuro do uso das inteligências artificiais na área do desenvolvimento de software. Ele apontou a possibilidade do surgimento de um novo dialeto para lidar com as linguagens da IA. O professor também questionou “será que um dia a gente vai confiar na IA e deixar de inspecionar visualmente o código gerado por ela?”

Moreira especulou que o tempo economizado com a automação de tarefas poderia ser redirecionado para atividades criativas ou para o aprimoramento da confiabilidade dos sistemas gerados. Ele ainda disse que ferramentas mais robustas para verificação formal de códigos podem ganhar espaço com o avanço da IA.

“A estatística é a espinha dorsal da ciência de dados”, afirma o Prof.Dr. Hedibert Lopes, em palestra na UFPR 


Mesa de abertura do 3º encontro de Data Science & Big Data trouxe importantes discussões acerca do papel da Estatística na Ciência de Dados

Texto: Eduardo Perry

A importância crescente da estatística em um mundo dominado por dados foi o foco da palestra do professor do Insper, Hedibert Lopes, realizada no 3° Encontro de Data Science e Big Data promovido pela UFPR. Durante sua apresentação, o pesquisador destacou como as fronteiras entre as duas áreas do conhecimento estão se tornando cada vez mais nebulosas, uma vez que a chamada Data Science evolui em direção a análises e interpretações mais complexas de dados, enquanto o estatístico de século XXI está se aproximando de ferramentas computacionais avançadas, como o machine learning e a inteligência artificial. 

Nos Estados Unidos, os primeiros programas acadêmicos de ciência de dados começaram a surgir em meados dos anos 2010. No entanto, à medida que a área se consolidava, universidades de ponta passaram a incorporar a ciência de dados em seus currículos, muitas vezes renomeando departamentos de estatística e outras áreas para refletir essa integração. Hoje, instituições renomadas, como o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a Universidade de Stanford, oferecem programas robustos que combinam estatística, ciência da computação e análise de dados, refletindo a natureza interdisciplinar e prática do campo.

De acordo com Lopes, o “boom” do Data Science é consequência direta do aumento da quantidade de dados produzidos, assim como a capacidade computacional disponível nos dias de hoje, “Eu tô aqui e meu celular tá ali me escutando. Quando eu abrir ele, ele vai sugerir pra mim: ‘Ah, você tá em Curitiba. Que tal fazer isso? Nosso trabalho estatístico, ou de ciência de dados, serve para compilar e interpretar todas essas coisas”, explicou. 

O professor também ressaltou que a consolidação da ciência de dados como um campo próprio também significou a incorporação e a ampliação de técnicas estatísticas, que passaram a servir não apenas como base, mas como motor de desenvolvimento para novas abordagens tanto na estatística quanto na ciência da computação. “Muitas das técnicas utilizadas hoje em machine learning, por exemplo, advêm do universo da estatística, mas ao mesmo tempo foram criadas muitas coisas novas e interessantes”. Para ele, isso significa principalmente duas coisas: não se pode minimizar a importância da matemática e da estatística, no que diz respeito à ciência de dados; e o papel do estatístico no mundo do data Science precisa ser repensado para que ele esteja mais bem equipado com novas habilidades que o tornem atualizado e efetivo”, refletiu.

É preciso democratizar a área

Lopes ainda lamentou o fato de que poucas pessoas procuram pelo bacharelado em Estatística, enquanto muitos vão atrás do diploma de Ciência da Computação. Segundo ele, não é interessante que a área tenha tão pouca visibilidade. O pesquisador ainda trouxe dados que indicam que por volta de 2015 houve um aumento na procura pelo curso, mas menciona que esse fenômeno deve ter sido provocado pela maior adesão que o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) teve na época, o que acabou significando em um aumento na procura por todos os cursos, e não só o de estatística. Hoje, o número de inscritos em vestibulares de estatística no Brasil está caindo e de 2013 para cá, a média anual de término do curso é de um terço, segundo estudo citado pelo professor. 

Perguntado sobre ausência de mulheres, sobretudo pretas e pardas na área, Lopes ressaltou que esse é um problema sério a ser resolvido. “Sempre que fazemos seminários no Insper, eu busco trazer o mesmo tanto de homens e mulheres para falar. Mas, elas são minoria, e quanto mais você sobe na carreira, mais você percebe a predominância masculina”, enfatizou. 

Criação de uma Inteligência Artificial nativa do Paraná deve ser prioridade, defende Marcos Sunye


Pesquisador do C3SL e reitor eleito da UFPR, Sunye participou de atividade do TJ-PR, que está investindo em IA no Judiciário.

No último dia 31 de outubro, o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) celebrou um contrato com a Microsoft por meio do qual adotará a Inteligência Artificial Copilot no cotidiano da instituição, para melhorar a eficiência do Judiciário. Pesquisador do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e reitor eleito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcos Sunye foi convidado a falar no evento e elogiou a iniciativa de pôr o TJ-PR em linha com o que há de moderno na administração pública.

Sunye convidou os magistrados a refletirem no impacto positivo dessas novas tecnologias, ao mesmo tempo em que pediu para os membros do Tribunal de Justiça do Paraná sonharem com o desenvolvimento de uma Inteligência Artificial “nativa”, cujo parque tecnológico esteja aqui e tenha sido desenvolvido por pesquisadores do estado, “para atender às nossas demandas, com a nossa linguagem”. O reitor eleito da UFPR contou que esteve, na véspera, no Ministério da Agricultura, para atrair para o Paraná a criação do Centro Nacional de IA para o Agronegócio.

“O agronegócio pode se beneficiar largamente do uso de IA para aumento da produtividade, assim como o serviço público pode melhorar sua eficiência administrativa com a automação das tarefas mais simples”, concordou Sunye, que há 20 fundou o C3SL. Hoje, o Centro de Computação Científica é parte importante da execução de políticas dos ministérios da Educação e da Saúde, com foco na soberania nacional. O TJ-PR adquiriu 1.600 licenças do Copilot.

EPR Litoral: pesquisadores do C3SL fazem visita técnica à concessionária

Nesta segunda-feira (29), a concessionária de rodovias EPR recebeu, para uma visita técnica, pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da UFPR. O grupo foi recebido pelo gestor de Operações da EPR, Fernando Miléo, que busca no C3SL um parceiro para desenvolver soluções que possam melhorar os serviços prestados à população pela concessionária.

A comitiva de pesquisadores do Departamento de Informática da UFPR foi composta por Marcos Castilho, Andre Grégio, Eduardo Todt, Marco Zanata, Paulo de Almeida e Vinícius Fülber, acompanhados de Edemir Maciel, gestor de Projetos Gerenciais. Eles conheceram a estrutura da concessão EPR Litoral Pioneiro, no trecho que liga Curitiba ao Porto de Paranaguá e às praias do Paraná.

A etapa seguinte da aproximação entre a concessionária de infraestrutura e o C3SL é a apresentação, pelos pesquisadores, das soluções computacionais e tecnológicas que podem ser desenvolvidas ou aperfeiçoadas para operações de grande porte. Hoje, a EPR administra quatro concessões de rodovias, três em Minas Gerais e uma no Paraná (abrangendo 26 municípios, 9 bases operacionais e 6 praças de pedágio).

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Novos bolsistas do C3SL participam de semana de integração na UFPR

Seleção contou com inscrição de 70 alunos de graduação dos cursos de Ciência da Computação e Informática Biomédica

Começaram nesta segunda-feira (15) as atividades de integração dos novos bolsistas de pesquisa do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). As atividades de capacitação seguem até quarta-feira (17). Neste primeiro edital de 2024, foram selecionados 21 alunos de graduação de um total de 70 inscritos dos cursos de Ciência da Computação e Informática Biomédica.

Os alunos foram recepcionados pelo bolsista e gerente de projetos, Richard Heise, que apresentou as atividades de pesquisa e os projetos desenvolvidos pelo C3SL. Formando em Ciência da Computação e responsável pela gestão do projeto do repositório de recursos educacionais do MEC, Heise destacou na dinâmica com os alunos o uso do método ágil como forma de organização dos projetos do centro de computação.

Com 15 professores doutores vinculados ao grupo e cerca de 30 alunos de graduação, mestrado e doutorado, o C3SL conta atualmente com três grandes projetos em andamento: Pesquisa e Inovação em Sistemas de Informação para Saúde; o Laboratório de Dados Educacionais, que abrange as plataformas MapFor, SIMCAQ e um repositório de indicadores; e a plataforma de Recursos Educacionais Digitais do MEC.

Cada um dos novos bolsistas integrará as equipes de professores e demais pesquisadores por projeto. A distribuição entre os programas em desenvolvimento é definida pelo perfil e habilidade do bolsista, bem como das preferências de atuação indicadas na entrevista no processo seletivo. Junto ao C3SL, os novos bolsistas terão 20 horas de dedicação semanal presencial nas dependências do Departamento de Informática (Dinf) da UFPR.

Apesar do foco em desenvolvimento de projetos com parcerias externas, Heise reforçou aos bolsistas que a preocupação é o fomento à pesquisa. Desta forma, os alunos são fortemente convidados a desenvolverem pesquisas nas diversas áreas da computação e têm a oportunidade de interagir com outros alunos que já até publicaram e apresentaram artigos. Segundo o gerente de projetos, diversas publicações científicas, divulgação em eventos, dissertações e trabalhos de conclusão de curso foram produzidos por ex-bolsistas tendo como objeto de pesquisa a atividades do C3SL.  

No encontro com os novos bolsistas, o pesquisador e um dos fundadores do C3SL, Marcos Castilho, reforçou a centralidade do aprendizado e do caráter de experimentação dos alunos durante as atividades junto ao centro de computação. “O C3SL não é uma fábrica de software. Nós estamos dentro de uma universidade. Vocês serão programadores. Mas, antes de tudo, aqui são estudantes. E o que faz um estudante? Pesquisam, propõem soluções, medidas alternativas e inovadoras para um problema. E é a partir desta perspectiva que devem compreender a sua atuação junto ao C3SL”.

Também presente na atividade de boas-vindas aos bolsistas, o professor do Dinf e pesquisador do C3SL, Eduardo Todt, frisou o papel do interesse público nos projetos encabeçados pelo centro de computação, sobretudo em parceria com governos federal, estadual e municipal. “O C3SL sempre faz projetos importantes para a sociedade. E vocês agora são do C3SL e passam a contribuir com atividades de ação social, com impacto na sociedade”.

Computação na Educação Básica: caminhos, desafios e possibilidades no letramento digital de crianças

Marcos Castilho
Fundador e professor pesquisador do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

2024 será o primeiro ano em que as escolas terão que obrigatoriamente colocar em prática atividades que incluam a computação em toda a Educação Básica. Uma resolução publicada pela Câmara de Educação Básica, do Conselho Nacional de Educação, em 2022, em complemento à BNCC – Base Nacional Comum Curricular – fez do Brasil um dos países em que a computação se torna obrigatória em todo o ciclo de formação do aluno. A resolução ficou conhecida como BNCC – Computação e propõe ações pedagógicas voltadas para o letramento da cultura digital em todas as fases da educação formal.

A norma foi construída com base em três eixos: cultura digital, mundo digital e pensamento computacional. As três essenciais para que o indivíduo que se forma tenha acesso não só a como utilizar, mas sobretudo, usos digitais, funcionamento da tecnologia, lógica computacional e diversos outros pontos estratégicos para que as crianças e adolescentes desenvolvam autonomia e responsabilidade no uso da cultura digital.

Ora, falar sobre computação é falar de dia a dia. A rotina da criança atualmente é guiada pela tecnologia. As telas preenchem a rotina das famílias, e a escola, e principalmente as políticas públicas, têm a obrigação de orientar as crianças num processo crítico, responsável e seguro. O uso de computadores, celulares, apps, softwares, não pode ser feita de forma aleatória, mas sim, reflexiva, levando as próprias crianças a entenderem essa dinâmica, enxergar soluções para os desafios e lidar de maneira simplificada com inteligência lógica. Podemos dizer que atualmente, o pensamento computacional é uma habilidade tão importante quanto ler e escrever sim, quer a gente queira ou não. E a prática desse pensamento é trabalhar com características que são próprias de computadores, baseado nas quatro definições básicas da computação, que são: abstração, reconhecimento de padrões, decomposição e algoritmos.

Dois pontos são fundamentais nessa discussão. O primeiro diz respeito às formas que conduzem essas três esferas a que se propõe a BNCC- Computação. Por isso, falar em letramento digital é falar sobre transversalidade. É incluir, de maneira desplugada inclusive, atividades que suscitem, por exemplo, maneiras que a ciência computacional propõe para resolver problemas e desafios. Hoje, muitas pesquisas na área da informática são desenvolvidas com o objetivo de pensar nas formas como crianças de 7 a 11 anos podem pensar sim com o computador e celular em mãos, mas sobretudo sem esses dispositivos. São atividades que envolvem movimentos, recortes, auxiliando até mesmo o desenvolvimento motor das crianças. São atividades direcionadas a desenvolver habilidades como decompor problemas em partes menores, reconhecer padrões, focar nas partes mais importantes de um problema, entre outras. Isso é pensamento computacional.

Outro ponto fundamental ao se falar em pensamento computacional para crianças e adolescentes é pensar na questão do software livre. Estamos falando de política pública. Estamos falando de recursos públicos. São milhares de crianças que ainda não têm acesso a computadores ou celulares. São muitas escolas que possuem um computador para quatro, cinco crianças. Adaptar o pensamento computacional para esta realidade é propor soluções que tornem a educação cada vez menos refém das bigtechs e da política de dados a que a sociedade está sujeita. O código aberto possibilita que os impostos sejam investidos em uma computação mais democrática, e que ainda tem o poder de proporcionar ao país a tão sonhada soberania digital.

Para isso, é preciso investir em educação, ciência e tecnologia e em programas que formem professores capazes de reproduzir essas técnicas. As universidades públicas são grandes sujeitos dessa dinâmica. É preciso incentivar pesquisas na área da informática que saiam do óbvio, que debatam políticas públicas e soberania. Que tragam para o governo novos horizontes e possibilidades de investimento e de retorno para a sociedade. Nossas crianças agradecem.

C3SL na SBPC

O professor e pesquisador do C3SL Luis Bona foi moderador da mesa “Infraestrutura para Cidades Sustentáveis” durante a programação da 75ª reunião anual da SBPC, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. O evento é um dos maiores de ciência e neste ano acontece em Curitiba, na Universidade Federal do Paraná, UFPR.

A mesa contou com a participação de Gustavo Possetti, da Sanepar, Ana Jayme, do IPPUC, Isac Roizenblatt, da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação, a ABILUX, e Manuel Steidle, da Fundação CERTI. O encontro ouviu especialistas comprometidos com políticas públicas e debateu sobre desafios e dificuldades da transformação digital no âmbito da cidade.

A SBPC vai até dia 29 de julho, com diversas atividades em todos os campi da Universidade. Acompanhe a programação no site https://ra.sbpcnet.org.br/75RA/.

Pesquisa de doutorando do DInf fica entre as 3 melhores em Congresso Internacional

O doutorando do Departamento de Informática e orientando do professor do C3SL, Eduardo Almeida, Sérgio Luiz Marques Filho, teve seu trabalho reconhecido como uma das 3 melhores pesquisas durante a edição de 2023 do Congresso ACM SIGMOD/PODS, realizado em Seattle, nos EUA. A apresentação do pesquisador foi custeada pelo C3SL.

O Congresso aconteceu dos dias 18 a 23 de junho e é um dos mais importantes fóruns internacional para pesquisadores, profissionais, desenvolvedores e usuários de bancos de dados para explorar ideias e resultados de ponta, além de uma grande oportunidade de  troca de técnicas, ferramentas e experiências.

A pesquisa do Sérgio, intitulada “Discovering Denial Constraints Using Boolean Patterns”, trata da descoberta de Restrições de Negação (RN) utilizando um novo método denominado Boolean Patterns, que reduz drasticamente as estruturas intermediárias necessárias para a descoberta de RN e que pode ser implementado em software e em hardware utilizando FPGA para acelerar a descoberta de RN.

“Depois de apresentarmos o poster, fomos convidados a apresentar o trabalho junto com os demais, isso foi muito positivo. Somos os primeiros brasileiros a chegar tão longe nessa competição”, disse Sérgio. O trabalho faz parte da sua pesquisa de doutorado, e a partir de agora terá continuidade.

Pesquisadores do C3SL têm artigo aceito em maior Congresso de Computação no Brasil

Pesquisadores do C3SL e professores do Departamento de Informática tiveram um artigo aceito – com excelentes comentários nas revisões – no maior e mais importante Congresso de computação no Brasil, o Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (CSBC), que será realizado em João Pessoa, capital do estado da Paraíba, de 6 a 11 de agosto.

O trabalho “Do Social ao Técnico: Uma Análise Sociotécnica para a Otimização da Logística do Programa Nacional do Livro e do Material Didático” faz parte de um grupo de trabalho do qual participam os pesquisadores Roberto, Pereira, Leticia Peres, Guilherme Derenievicz e Marcos Castilho, que é o coordenador do projeto. O artigo conta ainda com a participação de duas alunas: Patricia Castellano e Krissia Menezes, e com dois parceiros do FNDE: Nadjia Rodrigues e Silvério da Cruz.

O estudo faz parte de uma parceria com os Correios que busca realizar um diagnóstico do processo logístico do PNLD, o maior Programa Nacional de Livro Didático.

Para mais informações sobre o Congresso: https://csbc.sbc.org.br/2023/wcge/

UFPR lança plataforma que mapeia formação docente dos mais de 2 milhões de professores no Brasil 

Entre os dados do Mapfor estão os de que 43% dos docentes do Brasil possuem pós-graduação, 5% não possuem uma formação mínima e 38% das docências não estão com formação adequada.

Qual é a formação dos professores brasileiros? Essa é a reposta que o projeto Mapfor, lançado nesta semana procura responder. A plataforma foi desenvolvida por meio de uma parceria entre o Grupo de pesquisa interinstitucional Laboratório de Dados Educacionais (LDE), que reúne a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Federal de Goiás (UFG) e o Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da UFPR. O projeto mapeia a formação dos docentes atuantes em escolas públicas e privadas seja no contexto brasileiro, de um estado, município ou mesmo de cada escola por meio de dados do Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Também apresenta dados das matrículas e cursos de licenciatura no Brasil, estados, municípios, instituições ou ainda em cada local de oferta com base nos dados do Censo da Educação Superior (Inep).

A plataforma foi pensada para ser um instrumento de planejamento e acompanhamento das políticas de formação de professores, tanto em instituições formadoras (universidades e demais instituições de ensino superior), quanto nas unidades governamentais responsáveis pela gestão da educação básica (secretarias de educação, conselhos de educação, comissões parlamentares etc.). Também busca apresentar um diagnóstico da realidade da formação dos mais de 2 milhões de docentes brasileiros, bem como das mais de 1.500 mil matrículas em cursos de licenciatura.

“O lançamento da Plataforma foi uma atividade vinculada aos 50 anos do Setor de Educação da UFPR, setor a qual se vincula o grupo do LDE. A plataforma foi desenvolvida com recursos de Emenda Parlamentar da Senadora Gleisi Hoffmann. O Mapfor tem sua origem ainda em 2018 quando foi desenvolvida a Plataforma Mapfor Paraná, financiada pela Prograd da UFPR.  O projeto foi ampliado pelo entendimento que fazer um diagnóstico da realidade com base em dados e indicadores como os apresentados pela plataforma é apenas uma das maneiras que a universidade tem de contribuir na promoção de políticas públicas para o país”, disse Gabriela Schneider, coordenadora do LDE.

Entre os dados coletados, tratados e disponibilizados no formato aberto, de software livre, é possível observar especificações sobre a formação docente, a oferta e a demanda dessa formação. “A gente viveu nos últimos anos o que chamamos de apagão de dados de várias áreas, e a educação foi uma delas. Então, hoje, termos um projeto como Mapfor, que traz transparência em formato de código aberto é uma grande vitória para a Educação e para o desenvolvimento da pesquisa e da ciência. A questão da Lei de Proteção de Dados vem sendo usada como ferramenta para chancelar a falta de transparência dos dados públicos, e projetos como este devem ser cada vez mais produzidos e divulgados”, explica Eduardo Almeida, professor do Departamento de Informática da UFPR e pesquisador do C3SL.

Dados e políticas públicas

O raio-x da formação docente revelou, entre muitos resultados, que a Região Sul é quem mais possui professores com pós-graduação (62,4%), seguido pela Região Centro-Oeste (49,8%), Nordeste (39,7%), Sudeste (38,8%) e Norte (33%). É possível ainda filtrar por estado, município e até mesmo por escola. Além disso, é possível acompanhar de 2012 a 2019, a quantidade de cursos de licenciatura ofertado, assim como o número de matrículas realizadas em cursos de licenciaturas, que vem aumentando: em 2012 foram pouco mais de 1.300.000 e em 2019 esse dado cresceu para 1.687.000.

“Esse é um levantamento muito importante para a Educação, que somente a universidade consegue realizar. Claro que grandes empresas de informática têm essa capacidade, mas não têm interesse, assim como o governo por si próprio não tem ferramenta, nem mão-de-obra para tal. É aí que entra a universidade pública como braço para que, a partir desses dados, possam existir políticas de formação dos professores”, disse Luiz Bona, chefe do departamento de Informática e pesquisador do C3SL.

Para a execução do projeto, levantamento, tratamento, criação da plataforma, foram envolvidos mais de 15 estudantes bolsistas da Universidade, que trabalharam durante mais de um ano e maio para colocar a plataforma no ar. “É muito muito interessante participar deste espaço que a universidade proporciona, onde projetos e pesquisas interdisciplinares podem acontecer com facilidade. Além, é claro da importância pra gente como estudante de participar de um projeto tão grande e que pode contribuir muito com a educação. Saber que a universidade pode ser um espaço não só de aprendizado, mas também de execução de projetos aplicáveis à realidade do país, é um grande passo na carreira”, finalizou Fernando Gbur, um dos bolsistas do Mapfor.

Sobre o C3SL

O Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) é um grupo de pesquisa do Departamento de Informática da UFPR que realiza pesquisas em diferentes áreas do conhecimento e que podem ser empregadas para aprimorar processos e serviços tanto para empresas  por meio da Lei de Informática e Lei do Bem, quanto para instituições e órgãos públicos. São seis linhas de pesquisa ativas no grupo: Ciências Forenses Computacionais; Inteligência Artificial Aplicada; Medicina Assistida por Computação Científica; Preservação Digital; Sistemas Computacionais Avançados; Sistemas para Informática na Educação. Os projetos realizados pelo grupo de pesquisadores são direcionados para a inclusão digital, buscando sempre beneficiar a sociedade brasileira de maneira geral. Assim, todo pacote de software que resulta destes estudos é publicado em forma de software livre.

www.c3sl.ufpr.br