Rede social para educadores cresce 15% e busca novos usuários

A plataforma MEC RED chegou a 37 mil usuários em 2024. Rede social é utilizada por educadores que querem trocar conteúdo inovador para suas aulas.

Cada vez mais educadores do Brasil estão compartilhando ideias, recursos pedagógicos e experiências que deram certo em sala de aula uns com os outros, graças a uma rede social 100% brasileira. É a MEC RED, uma plataforma do Ministério da Educação (MEC), para compartilhamento de Recursos Educacionais Digitais (RED), desenvolvida pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A rede social dos educadores brasileiros chegou aos 37 mil usuários em 2024. Foram 5 mil novos educadores se cadastrando ao longo do ano, o que significa um crescimento de 15%. É o melhor resultado dos últimos cinco anos e o terceiro maior da série história, atrás somente de 2020 (6.700) e 2018 (6.611). Ele também veio acompanhado de um salto de 24% na média de novos usuários mensais, que subiu de 337 para 419 por mês de 2023 para 2024.

O bom resultado reflete um ano de conquistas para a equipe do C3SL, cujo trabalho ao longo de 2024 deu uma nova cara à MEC RED. Para atrair mais educadores, novas funcionalidades foram incorporadas ao projeto inicial, de 2017, fazendo com que a iniciativa do Ministério da Educação seja cada vez mais uma rede social, onde os usuários estão por vontade própria, em vez de só outra plataforma de uso obrigatório.

Mirando a inclusão dos quase 3 milhões de professores da Educação Básica, o Centro de Computação Científica da UFPR reforçou a infraestrutura de dados e de segurança. Hoje, a rede social dos educadores brasileiros está hospedada dentro da Universidade Federal do Paraná, no supercomputador do Departamento de Informática, que é o lar do C3SL, e já contabilizou mais de 187 mil downloads de recursos educacionais.

Como a MEC RED funciona na prática

Para quem busca formas de incrementar suas aulas, a rede social MEC RED funciona como uma biblioteca gratuita de conteúdos. Usando o buscador, na página principal, basta digitar o assunto de interesse para ter acesso instantâneo à relação de recursos educacionais. Com mais um clique, sobre o item que chamou sua atenção, o usuário é redirecionado para a página dele, onde pode fazer uma cópia para usar em sala de aula como quiser.

Para o acesso básico aos conteúdos, não é necessário fazer login na rede social, mas os educadores que se registram na MEC RED ganham o poder de compartilhar itens com os outros usuários. Eles também avaliam aquilo que foi colocado na plataforma, de forma que os próprios educadores destacam os recursos digitais que mais ajudaram em sala de aula, melhorando sua exibição no ranking de respostas às buscas dentro da rede social.

Se um usuário compartilhou conteúdos muito bons para a sua área de interesse, você pode segui-lo na rede social, para saber sempre que essa pessoa disponibilizar novos recursos educacionais à comunidade de educadores. Graças a parcerias com programas do Governo Federal, hoje já são mais de 320 mil conteúdos à disposição dos professores brasileiros na MEC RED.

Rede social dos educadores foi destaque no G20

Além de várias premiações em congressos científicos ao longo de 2024, o maior reconhecimento à rede social dos educadores veio em julho, no Rio de Janeiro, quando ela foi apresentada na reunião do G20. O Grupo dos Vinte, mais conhecido pela sigla G20, é um fórum de cooperação internacional, formado pelos países com as maiores economias do mundo.

Quando o Ministério da Educação mostrou a MEC RED às maiores economias do mundo, elas decidiram incluir a rede social no manual de boas práticas do evento. Isso mostra que a rede social dos educadores brasileiros continua sendo tão inovadora quanto era em 2021, quando foi premiada no concurso internacional Open Government Awards, na categoria Educação.

Centro de Computação da UFPR, o C3SL é referência em políticas públicas

Criado há 20 anos, o Centro de Computação Científica é Software Livre é um laboratório de pesquisa e inovação ligado à Pós-Graduação e ao Departamento de Informática da UFPR. Hoje, são quase 100 pessoas, entre professores, pós-graduandos e estudantes ligados aos projetos executados pelo C3SL, que incluem a administração do maior espelho de distribuição de software livre do hemisfério sul.

Desde a sua criação, o C3SL já executou 27 projetos, atendendo a encomendas tecnológicas de órgãos públicos das esferas federal, estadual e municipal, além de parcerias com a iniciativa privada. Em valores atualizados, são R$ 141 milhões em recursos administrados, que foram revertidos em pesquisa, conhecimento aberto e políticas de combate à evasão no ensino superior.

Kit Upgrade: rede social do MEC para professores brasileiros terá pacote de atualizações desenvolvido pelo C3SL da UFPR


Nova fase da Plataforma Integrada de Recursos Educacionais Digitais terá novas funcionalidades desenvolvidas pelo C3SL a pedido do MEC

A repaginação da Plataforma Integrada de Recursos Educacionais Digitais (MEC RED) tem ocupado muitos pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) nos últimos meses. A pedido do Ministério da Educação (MEC), o C3SL trabalha para concluir, no segundo semestre de 2024, um pacote de atualizações que levarão a rede social dos professores brasileiros para uma nova fase de usabilidade.

“Temos diretamente envolvidos no projeto 4 docentes com doutorado, 2 mestrandos e 10 bolsistas de graduação em diversos níveis. Mas indiretamente, todos pesquisadores do C3SL estão envolvidos, bem como os bolsistas de graduação e pós-graduação que cuidam do gerenciamento da rede e recursos computacionais. Assim, o número de pessoas engajadas no projeto,, com alto grau de capacitação, chega a cerca de 40 pesquisadores”, conta Eduardo Todt, docente do Departamento de Informática da UFPR e um dos coordenadores do projeto no C3SL.

Criada para ser a rede social dos professores brasileiros, a plataforma MEC RED é um local de integração e de troca pedagógica, em que pessoas interessadas na educação podem compartilhar de planos de aula a vídeos e audiobooks, passando por jogos de tabuleiros, exercícios e cartilhas de todas as áreas do conhecimento. Inovadora, a iniciativa foi premiada no concurso internacional Open Government Awards 2021 na categoria Educação.

Downloads do MEC RED triplicaram durante a pandemia de covid-19

A plataforma MEC RED começou a ser desenvolvida em 2015, sendo concebida pelo Centro de Computação Científica e Software Livre da UFPR, em colaboração com a equipe técnica do MEC, outras universidades federais e professores da Educação Básica de diversas regiões do Brasil. Desde o lançamento, em novembro de 2017, os dados estão hospedados no datacenter do C3SL. Hoje, a plataforma tem 319 mil recursos educacionais e 31 mil usuários cadastrados.

Mostrando a relevância social da MEC RED, o pico de acessos da plataforma foi durante a pandemia de covid-19. Antes da doença levar as aulas para a internet, a média era de 3 mil downloads de recursos educacionais por mês. De março de 2020 a maio de 2021, os acessos explodiram e os downloads triplicaram, atingindo a média de 9 mil por mês no auge da pandemia. Vencida a covid-19, a média mensal recuou para 3,4 mil.

Público-alvo do MEC RED são os 2,2 milhões de professores brasileiros

Desde que o MEC decidiu incentivar o uso da Plataforma Integrada de Recursos Educacionais Digitais pela comunidade escolar brasileira, a equipe de pesquisadores do C3SL-UFPR tem trabalhado na identificação dos gargalos à expansão da rede e no desenvolvimento de soluções para esses obstáculos. “A curto prazo, a plataforma está sendo completamente atualizada em termos de desenho da interface, o que deve facilitar muito o uso”, adianta Todt, por dentro da evolução do Kit Upgrade do C3SL.

“A interface foi reprojetada com base em estudos de especialistas em interação humano-computador e entrevistas com grupos de usuários. Estão sendo incluídas novas características de acessibilidade e adequados os filtros de buscas às diretrizes curriculares atuais. Também foi flexibilizada a admissão de novos conteúdos, bem como estão sendo removidos objetos com visualização incompatível com plataformas atuais e links quebrados a objetos externos”, Todt explica.

Soberania digital: integração com GOV.BR dá autonomia ao projeto

Na infraestrutura do projeto, a grande novidade é a integração com o protocolo GOV.BR, que agilizará a disponibilização de novos conteúdos na MEC RED, antes submetidos a validadores do Ministério da Educação. “O GOV.BR é uma plataforma de autenticação consagrada, que traz segurança ao processo de publicação de recursos, por identificar os autores, sem depender de plataformas de big techs fora do país”, continua o membro do C3SL.

A identificação dará mais autonomia aos professores, que continuarão contando com o sistema de hierarquização dos conteúdos, no qual a comunidade indica quais recursos funcionaram melhor em sala de aula. Eduardo Todt antecipa que, a médio prazo, esse sistema também terá melhorias. “Teremos aperfeiçoamentos nos mecanismos de ranqueamento dos objetos educacionais, melhoria dos metadados e mais funcionalidades de rede social, como seguir autores, sugerir conteúdos, gamificação da plataforma e detecção automática de conteúdo ofensivo”.

“Todos os dados ficam armazenados localmente [no C3SL-UFPR], sem depender de nuvens no exterior. Isto é uma questão que se relaciona com a soberania digital do país, muito importante atualmente. O datacenter do C3SL tem condições de suportar esta carga, tanto em relação à conexão à internet, como em relação à capacidade de armazenamento e processamento. Estamos continuamente em processo de atualização e expansão da base instalada”, assegura o pesquisador da UFPR.