Nova fase da Plataforma Integrada de Recursos Educacionais Digitais terá novas funcionalidades desenvolvidas pelo C3SL a pedido do MEC
A repaginação da Plataforma Integrada de Recursos Educacionais Digitais (MEC RED) tem ocupado muitos pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) nos últimos meses. A pedido do Ministério da Educação (MEC), o C3SL trabalha para concluir, no segundo semestre de 2024, um pacote de atualizações que levarão a rede social dos professores brasileiros para uma nova fase de usabilidade.
“Temos diretamente envolvidos no projeto 4 docentes com doutorado, 2 mestrandos e 10 bolsistas de graduação em diversos níveis. Mas indiretamente, todos pesquisadores do C3SL estão envolvidos, bem como os bolsistas de graduação e pós-graduação que cuidam do gerenciamento da rede e recursos computacionais. Assim, o número de pessoas engajadas no projeto,, com alto grau de capacitação, chega a cerca de 40 pesquisadores”, conta Eduardo Todt, docente do Departamento de Informática da UFPR e um dos coordenadores do projeto no C3SL.
Criada para ser a rede social dos professores brasileiros, a plataforma MEC RED é um local de integração e de troca pedagógica, em que pessoas interessadas na educação podem compartilhar de planos de aula a vídeos e audiobooks, passando por jogos de tabuleiros, exercícios e cartilhas de todas as áreas do conhecimento. Inovadora, a iniciativa foi premiada no concurso internacional Open Government Awards 2021 na categoria Educação.
Downloads do MEC RED triplicaram durante a pandemia de covid-19
A plataforma MEC RED começou a ser desenvolvida em 2015, sendo concebida pelo Centro de Computação Científica e Software Livre da UFPR, em colaboração com a equipe técnica do MEC, outras universidades federais e professores da Educação Básica de diversas regiões do Brasil. Desde o lançamento, em novembro de 2017, os dados estão hospedados no datacenter do C3SL. Hoje, a plataforma tem 319 mil recursos educacionais e 31 mil usuários cadastrados.
Mostrando a relevância social da MEC RED, o pico de acessos da plataforma foi durante a pandemia de covid-19. Antes da doença levar as aulas para a internet, a média era de 3 mil downloads de recursos educacionais por mês. De março de 2020 a maio de 2021, os acessos explodiram e os downloads triplicaram, atingindo a média de 9 mil por mês no auge da pandemia. Vencida a covid-19, a média mensal recuou para 3,4 mil.
Público-alvo do MEC RED são os 2,2 milhões de professores brasileiros
Desde que o MEC decidiu incentivar o uso da Plataforma Integrada de Recursos Educacionais Digitais pela comunidade escolar brasileira, a equipe de pesquisadores do C3SL-UFPR tem trabalhado na identificação dos gargalos à expansão da rede e no desenvolvimento de soluções para esses obstáculos. “A curto prazo, a plataforma está sendo completamente atualizada em termos de desenho da interface, o que deve facilitar muito o uso”, adianta Todt, por dentro da evolução do Kit Upgrade do C3SL.
“A interface foi reprojetada com base em estudos de especialistas em interação humano-computador e entrevistas com grupos de usuários. Estão sendo incluídas novas características de acessibilidade e adequados os filtros de buscas às diretrizes curriculares atuais. Também foi flexibilizada a admissão de novos conteúdos, bem como estão sendo removidos objetos com visualização incompatível com plataformas atuais e links quebrados a objetos externos”, Todt explica.
Soberania digital: integração com GOV.BR dá autonomia ao projeto
Na infraestrutura do projeto, a grande novidade é a integração com o protocolo GOV.BR, que agilizará a disponibilização de novos conteúdos na MEC RED, antes submetidos a validadores do Ministério da Educação. “O GOV.BR é uma plataforma de autenticação consagrada, que traz segurança ao processo de publicação de recursos, por identificar os autores, sem depender de plataformas de big techs fora do país”, continua o membro do C3SL.
A identificação dará mais autonomia aos professores, que continuarão contando com o sistema de hierarquização dos conteúdos, no qual a comunidade indica quais recursos funcionaram melhor em sala de aula. Eduardo Todt antecipa que, a médio prazo, esse sistema também terá melhorias. “Teremos aperfeiçoamentos nos mecanismos de ranqueamento dos objetos educacionais, melhoria dos metadados e mais funcionalidades de rede social, como seguir autores, sugerir conteúdos, gamificação da plataforma e detecção automática de conteúdo ofensivo”.
“Todos os dados ficam armazenados localmente [no C3SL-UFPR], sem depender de nuvens no exterior. Isto é uma questão que se relaciona com a soberania digital do país, muito importante atualmente. O datacenter do C3SL tem condições de suportar esta carga, tanto em relação à conexão à internet, como em relação à capacidade de armazenamento e processamento. Estamos continuamente em processo de atualização e expansão da base instalada”, assegura o pesquisador da UFPR.