Falando para mais de 300 vestibulandos, nesta segunda-feira (13), Luis De Bona resumiu assim a profissão para quem quer se tornar computeiro: “tem que gostar de resolver problemas complexos” e de “conversar com as pessoas”. O chefe do Departamento de Informática da UFPR e pesquisador do C3SL (Centro de Computação Científica e Software Livre) foi convidado pelo Curso Positivo para participar do evento Conexão Engenharia, no Instituto de Engenharia do Paraná, ao lado de Johnny Marques, do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica).
Aberto ao público e familiares dos vestibulandos, o evento Conexão Engenharia serve para tirar dúvidas de quem deseja seguir na profissão e apresentar a eles a realidade dos cursos superiores mais buscados na área. É a segunda vez que ele é realizado pelo Curso Positivo em Curitiba, mas foi o primeiro convite para o Departamento de Informática da UFPR falar com esses jovens. “Vocês acham que ser computeiro é ficar em casa, comendo Doritos e ganhando bem, na frente da máquina, mas [a computação] é uma atividade social. Temos que olhar para a sociedade, conversar com as pessoas para entender qual o problema que eu tenho que resolver”, disparou Luis De Bona.
“Na Computação, você precisa ter curiosidade sobre como as coisas funcionam, de entender o porquê de algo dar certo ou errado. Tentativa e erro não funcionam diante da complexidade dos problemas que nós temos hoje. Se você já se aventurou a configurar o roteador da internet, se você se pergunta como é codificada a música em MP3 ou como são transmitidos os filmes da Netflix, se você tem essa curiosidade e está disposto a pensar em problemas complexos, está no caminho da Ciência da Computação”, disse o pesquisador do C3SL, que compartilhou com os vestibulandos sua trajetória profissional e visão de mundo sobre a atualidade da profissão.
Luis De Bona fez um segundo aviso aos futuros computeiros, para ajudar na escolha profissional. “[Se você não gosta de resolver problemas complexos] pode ir para o outro lado, que são os cursos tecnólogos, onde vai aprender a programar e depois será pago para fazer o que lhe pedirem, mas com o alerta que nem sabemos se essa será uma profissão que existirá no futuro. Todo cientista e engenheiro da computação tem que saber programar, mas não é só isso”, adiantou. Johnny Marques, do ITA, usou uma imagem parecida, dizendo que ele via a linha de programação como o tijolo em uma construção, mas que os projetos de engenharia e arquitetura eram feitos por outros profissionais, de formação mais ampla.
“Daqui a cinco anos, quando mudar tudo, [se você tiver se detido apenas na programação] você vai ter muita dificuldade de se adaptar e terá que correr atrás de especialização e não sei o que mais. O que a gente tem de relatos do mercado é que o profissional de vocês [da UFPR] é que ‘ele pode não vir sabendo a tecnologia tal, mas ele sabe estudar computação, ele aprende qualquer coisa em um curto período de tempo’. E, na Computação, isso é fundamental. As tecnologias vão mudar”, completou Luis De Bona. Além de mostrar as diferenças entre os cursos de Ciência da Computação da UFPR e do ITA (com ênfase na engenharia), ele apresentou aos vestibulandos o curso de Informática Biomédica.
Competindo com o ITA pelos vestibulandos, o chefe do Departamento de Informática foi objetivo, destacando a integração com a pós-graduação desde o início, a grande oferta de projetos de pesquisa aplicada e a possibilidade de bolsas de estudo. “Os cursos da UFPR têm muita integração com a pós-graduação. Desde o início [dos estudos], os alunos têm a oportunidade de participar de projetos de desenvolvimento tecnológico, no C3SL e em outros laboratórios com pesquisa aplicada, com oportunidade de bolsa de estudos. Tem muita oportunidade em uma universidade pública do tamanho da UFPR”, destacou.
“Em um curso de Ciência da Computação, contemplamos todas as áreas: algoritmos, arquitetura [de hardware], engenharia de software, interface humano-computador. No Departamento de Informática da UFPR, temos gente de todas as áreas da computação e vocês estudarão de tudo um pouco. No que vão trabalhar depois? Depende. Temos gente nas mais diversas áreas: no governo, trabalhando para fora, fazendo algoritmo no Facebook e no Google, gente participando de ONGs. É um campo muito amplo. Dá para fazer muita coisa. É muito interessante, além de uma grande responsabilidade, porque um país que não quiser evoluir suas próprias ferramentas, estará condenado ao subdesenvolvimento”, finalizou.