C3SL recebe coordenadores de dados da Agência Nacional de Petróleo

No encontro, foram debatidos os desafios tecnológicos da ANP na disponibilização de dados para a sociedade

Terabytes de informações e levantamentos das bacias sedimentares brasileiras, como poços perfurados e dados sísmicos, reunidos por iniciativas privadas e entes públicos são diariamente recebidos e disponibilizados para a academia e mercado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Soluções de informática e de infraestrutura que facilitem este fluxo de dados foram alguns dos temas da visita de técnicos da ANP ao Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) nesta quinta-feira (6). O encontro fez parte da agenda encabeçada pelo Laboratório de Análises de Minerais e Rochas (Lamir).

Participaram da atividade o coordenador de poços e geologia da ANP, Fernando Gonçalves dos Santos, o coordenador de recebimento e disponibilização de dados da agência, Paulo de Tarso Antunes, dos pesquisadores do C3SL, professor Marcos Sfair Sunye, Marcos Castilho, Luis de Bona e André Grégio, e administradora e assessora de projetos da UFPR, Carla Marcondes.

Na visita, Marcos Castilho fez um panorama geral sobre o C3SL e sobre as duas décadas de atividade do grupo de pesquisa no desenvolvimento de soluções para problemas complexos relativos ao campo da computação. Considerando a especialização da ANP no fomento a estudos geocientíficos, com expertise no campo da Geologia e Geofísica, Castilho reforçou o papel do C3SL no desenvolvimento de projetos que demandam multidisciplinaridade. “Nos especializamos em entender problemas de outras áreas diferentes da computação. Nós já trabalhamos com a ANEEL para resolver problemas da matriz energética do Brasil no que diz respeito à otimização e minimização do tempo de funcionamento de termelétricas. Este foi um projeto em parceria com o departamento de hidráulica”, aponta o pesquisador do C3SL.

O pesquisador Marcos Sunye complementou destacando os desafios do C3SL com os projetos com reflexos em várias áreas como Saúde, Educação, Comunicação e Direitos Humanos, sempre primando por resultados de relevância e impacto na sociedade, a partir da função social da universidade pública. Neste aspecto, Sunye defende a dianteira da universidade e do governo no uso racional de dados pensando na sua visão estratégica, como no projeto desenvolvido pelo C3SL com o MEC com a integração das diversas bases de dados (MEC, FNDE, Inep, Censo Escolar) para resultar em planos de políticas públicas e ações em educação.

“A base que geramos a partir destes dados fomenta pesquisa e planos em vários grupos e para decisões do governo. Um exemplo é o uso para a o cálculo do custo alunoXqualidade, que é uma métrica para decidir o uso de fundos. Como o Fundeb, que mapeia isso nas escolas para decidir os recursos para garantir a qualidade de ensino. É absolutamente necessário o governo federal trabalhar com uma grande massa de dados para tomar decisões. Não temos como deixar só a iniciativa privada fazer isso, cabe à universidade e ao governo justamente tomar a frente de projetos como este”, conclui.

Segundo o geólogo da ANP, Fernando Gonçalves, o setor de dados da agência enfrenta problemas semelhantes ao relatado por Sunye no que diz respeito à necessidade de padronização dos dados recebidos de diversas fontes. Contudo, um dos principais gargalos hoje identificado pelos técnicos da ANP é a solução para disponibilizar dos dados para a sociedade, academia e mercado. Os dados recebidos pela agência referente aos estudos e mapeamento de bacias e poços chegam das empresas públicas e privadas e recebem uma categoria de tempo de sigilo, que pode variar em tempo a depender da sensibilidade dos dados para o interesse da União e para a segurança pública. Após este prazo finalizado, ficam abertos para solicitação e consulta pública.

Hoje nosso principal desafio é encontrar uma solução de front end, que nos auxilie na coleta, análise e disponibilidade dos dados para quem solicitar. Um sistema ideal teria que dar conta de receber a demanda, acessar os dados, copiar eles para disponibilização, criar as identificações e gestão dos tempos de sigilo de cada um dos dados, isso considerando que o tempo todo somos acionados para acesso aos dados pela academia, sociedade e mercado. De forma adicional, é ainda necessário localizar os dados espacialmente, para alimentar sistemas de visualização de dados para que a sociedade possa receber os metadados para que possam acompanhar as informações, e saber quando os dados estarão ou não públicos”, destaca o técnico da ANP.