Reunião do C3SL e Ministério da Saúde marca nova etapa do projeto que aprimorar comunicação da atenção primária à saúde

Encontro em Brasília alinha ações para implantar sistema que conecta agentes de saúde e cidadãos, promovendo avanços no sistema público de saúde brasileiro

A vice-reitora da UFPR, Camila Fachin, e os professores do Departamento de Informática da UFPR e pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), André Grégio e Simone Dominico, participaram no último dia 25/04 de reuniões estratégicas com o secretário executivo do Ministério da Saúde, Adriano Massuda, e com a equipe da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), em Brasília. Os encontros tiveram como foco a apresentação de resultados e prospecção de novos projetos entre a UFPR e Ministério da Saúde, bem como o alinhamento e a reorganização do plano de ação do projeto em desenvolvimento pelo C3SL para a criação de uma solução tecnológica e de comunicação para o fortalecimento do Atendimento Primário à Saúde (APS) em todo o país. Também participaram do encontro o Diretor Superintendente da Fundação da UFPR (Funpar), Edemir Reginaldo Maciel; e a gestora de projetos de pesquisa e desenvolvimento do C3SL, Ianka Antunes. 

No encontro com o secretário executivo do Ministério da Saúde, Adriano Massuda, o pesquisador e coordenador do projeto do C3SL e UFPR com a SAPS, André Grégio, apresentou os resultados do trimestre e demonstrou as funcionalidades do protótipo funcional do aplicativo de telemedicina que está em desenvolvimento pela equipe.  Segundo Grégio, o sistema apresenta funcionalidades que potencializam o atendimento remoto, permitindo que pacientes sejam acompanhados à distância, sem a necessidade de deslocamento até unidades de saúde. Entre os principais avanços, destaca-se a possibilidade de realização de interconsultas, em que médicos da Atenção Primária podem consultar outros profissionais de diferentes especialidades para discutir casos clínicos complexos. “O sistema também viabiliza o atendimento de pacientes em localidades remotas, um aplicativo como este permite que se promova  interconsultas, possibilitando que outros  médicos sejam consultados para auxiliar em diagnósticos complexos para os quais não se têm especialistas”, pontua o pesquisador. 

Já na reunião com a equipe da SAPS, o foco foi a definição de novas marcas para o projeto do C3SL com o Ministério da Saúde. Segundo a pesquisadora do C3SL, Simone Dominico, a equipe do laboratório de inovação em computação científica da UFPR apresentou ao Ministério da Saúde um panorama das atividades já realizadas, incluindo um relatório das entregas e avanços do projeto. “Discutimos os encaminhamentos dos projetos, reorganizando o plano de atividade para elencar as próximas tarefas. Também discutimos a continuidade do projeto, dimensionando os desafios que ainda temos a enfrentar na pesquisa e desenvolvimento do sistema para o APSUS”, explicou a pesquisadora.

Na avaliação da vice-reitora da UFPR, Camila Fachin, sobre os encontros em Brasília, a “parceria do C3SL com o Ministério da Saúde que foi iniciada com projeto na SAPS com o intuito de melhorar a comunicação da Secretaria de Atenção Primária do Ministério da Saúde com o usuário final do SUS, tem rendido muitos frutos e diversas outras parcerias para além do projeto inicial. Destacam-se atividades como capacitação dos servidores do Ministério, oferta de pós-graduação stricto sensu, e apresentação de protótipo de aplicativo para teleconsulta feito todo com base em software livre, apresentado recentemente para o secretário executivo do Ministério da Saúde, Dr Adriano Massuda”. Para Camila, essa colaboração exemplifica um modelo inovador de cooperação entre academia e governo, que impulsiona a inovação, a inclusão digital, a gestão baseada em dados e a eficiência na saúde pública brasileira, beneficiando milhões de cidadãos e fortalecendo o vínculo entre agentes de saúde e comunidade.

A SAPS, responsável pela gestão da parceria junto ao Ministério da Saúde, destacou a necessidade de alinhamento contínuo e acompanhamento próximo das atividades. O objetivo é garantir que as demandas do órgão sejam atendidas de forma ágil e eficiente, especialmente em questões como a comunicação direta com os pacientes do SUS e o trabalho com dados do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB). “A SAPS definirá um caminho que eles querem para ajudar a organizar, tanto para a questão da comunicação direta com o paciente, quanto a questões como a comunicação direta com os pacientes do SUS e promover o processamento, o gerenciamento e o armazenamento eficiente dos dados”, completou Simone Dominico.

A solução de tecnologia em desenvolvimento pelo C3SL surge como resposta a desafios históricos da APS, como a necessidade de integrar políticas públicas, garantir comunicação acessível e apoiar agentes de saúde na gestão de campanhas. O sistema também facilitará o trabalho dos profissionais da APS, oferece ferramentas para planejamento e monitoramento de indicadores, e promove inclusão digital ao atingir milhões de brasileiros

Sistema do C3SL busca aproximar o Ministério da Saúde aos usuários do SUS

Iniciado em janeiro de 2024, o projeto é fruto da parceria entre o C3SL e o Ministério da Saúde e tem previsão de desenvolvimento até 2027. Desde o início, o grupo de pesquisa da UFPR tem antecipado entregas do cronograma, adaptando-se às demandas da SAPS para garantir o máximo impacto das soluções propostas. A iniciativa busca aprimorar a comunicação entre a Atenção Primária à Saúde e a população brasileira, utilizando tecnologia para fortalecer o vínculo entre agentes de saúde e cidadãos.

Uma das etapas em andamento do projeto é a implantação de um sistema de envio de mensagens direcionadas para grupos específicos, focado em campanhas informativas massivas. Essa solução, que segue em breve para a fase piloto, permitirá que gestores e agentes de saúde se comuniquem de forma mais eficiente com a comunidade, promovendo campanhas de vacinação, orientações sobre hábitos saudáveis e acompanhamento de condições crônicas

Segundo André Grégio, coordenador do projeto, o sistema representa uma inovação na forma como o SUS se comunica com a população, tornando as campanhas mais direcionadas e com maior impacto no bem-estar coletivo. O sistema utiliza um banco de dados para organizar informações sobre informativos, usuários e grupos, evitando duplicidade de mensagens e reduzindo o risco de SPAM

Além disso, o projeto prevê uma segunda etapa de pesquisa, que integrará Inteligência Artificial (IA) para criar um sistema de comunicação individualizada. A IA permitirá automatizar interações, coletar dados estratégicos e personalizar o diálogo com os usuários do SUS, otimizando a experiência do paciente e fornecendo informações valiosas para a gestão pública de saúde. A interação da IA com os usuários do SUS também resulta em um sistema aprimorado de avaliação sobre o atendimento. Essa análise personalizada permite que os gestores identifiquem padrões regionais e tomem decisões mais assertivas para melhorar os serviços.