Pesquisadores do C3SL têm trabalhos aprovados em seminário que debate os desafios da computação no país

Evento promovido pela Sociedade Brasileira de Computação reúne contribuições de especialistas do Brasil sobre as lacunas e problemas que a área precisa enfrentar nos próximos dez anos

Pesquisador do C3SL e professor do Dinf, Eduardo Almeida, coautor “This Future Without SQL”

Quais os desafios a serem enfrentados para garantir o avanço tecnológico e a inclusão digital no país nos próximos dez anos? A resposta a tal questionamento será foco do IV Seminário de Grandes Desafios da Computação, evento promovido pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC), entre os dias 27 e 28 de novembro. O seminário reunirá especialistas, acadêmicos, representantes da indústria e da sociedade civil de todo o país para identificar lacunas e problemas que a área precisa enfrentar no decênio 2025-2035. Com dois trabalhos aprovados para apresentação no evento, os pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e professores do Departamento de Informática (Dinf) da UFPR, André Grégio e Eduardo Almeida, estão entre os especialistas que definirão as diretrizes da computação do país.

Os desafios abordados no evento não se limitam a temas tradicionais de pesquisa, mas buscam uma abordagem multidisciplinar que considere as interações entre tecnologia, sociedade e ética. Os participantes são incentivados a propor novas questões que refletem a rápida evolução da tecnologia e suas implicações. A escassez de profissionais qualificados na área de tecnologia da informação, a preocupação com inclusão digital, o aumento do cenário da desinformação e a preocupação com medidas de cibersegurança são alguns dos pontos que devem balizar os debates nos dois dias de evento em São Paulo.

Para o pesquisador do C3SL e especialista na área de cibersegurança, André Grégio, os desafios da computação nos próximos dez anos exigem uma abordagem colaborativa entre academia, indústria e sociedade, focando na formação de profissionais qualificados e na promoção de políticas públicas que garantam a inclusão digital e a segurança cibernética.  “Após ingresso na CESeg – Comissão Especial de Cibersegurança da SBC – e convite para participar como co-autor do artigo, pude trazer um pouco da experiência de ter criado a disciplina de Segurança Computacional há 8 anos no Departamento de Informática da UFPR (tornada obrigatória para os cursos de Bacharelado em Ciência da Computação e Informática Biomédica) e introduzido conceitos básicos de programação segura em disciplinas de início de curso. Foi uma honra poder escrever em conjunto com meus notórios colegas, professores e pesquisadores de cibersegurança em diversas universidades públicas e privadas do país e ter essa visão abrangente da área”.

As duas publicações com participação dos pesquisadores da UFPR no evento serão apresentadas no eixo Grandes Desafios da Computação, nesta quarta-feira (27/11/2024). Uma das contribuições do C3SL para o debate centraliza os olhares para uma série de desafios na área da computação segura, como contra-ataques cibernéticos e salvaguarda da privacidade dos usuários. Intitulado “Os Desafios de Cibersegurança dos Referenciais do BCS/SBC”, o artigo parte da leitura dos documentos de formação de curso de Bacharelado em Cibersegurança, idealizados pela Comissão Especial de Cibersegurança da SBC, para estruturar oito eixos de debate sobre o tema para o próximo decênio.

Uma das principais contribuições é propor diretrizes para a formação de novos especialistas na área. Os desafios destacados no trabalho incluem Segurança de Dados, Segurança de Sistemas, Segurança de Conexão, Segurança Organizacional, Fatores Humanos em Segurança, Segurança e Sociedade, Segurança de Software e Segurança de Componentes. A educação é um elemento central em todos esses eixos, refletindo a necessidade urgente de capacitar profissionais qualificados.

Entre os desafios destacados, está a mitigação dos riscos associados à computação quântica, que ameaça a segurança dos dados atualmente protegidos por criptografia convencional. A pesquisa em criptografia pós-quântica (PQC) é uma das soluções propostas para enfrentar essa nova realidade. No debate proposto pelos autores do artigo para o evento da SBC, destaca-se também uma preocupação com ações que fomentem a educação em cibersegurança no país. Para tanto, é fundamental a promoção de políticas públicas com foco em programas educativos, na capacitação de professores para formar as próximas gerações em boas práticas de segurança digital, e na parceria entre as instituições públicas e a indústria.

Além de Grégio, o artigo é assinado pelos pesquisadores: Aldri Santos (UFMG), Altair Santin (PUCPR), Carlos Raniery (UFSM), Daniel Batista (USP), Dianne Medeiros (UFF), Diego Kreutz (UNIPAMPA), Diogo Mattos (UFF), Edelberto Franco (UFJF), Igor Moraes (UFF), Lourenco Pereira Jr (ITA), Marcos Simplício (USP), Michele Nogueira (UFMG), Michelle Wangham (UNIVALI, RNP), Natalia Fernandes (UFF), e Rodrigo Miani (UFU).

Outro trabalho com professor da UFPR no evento é o artigo “This Future Without SQL”, de autoria do pesquisador do C3SL, Eduardo Almeida, em parceria com os pesquisadores Eduardo Pena (UTFPR) e Altigran Silva (UFAM). O trabalho propõe um paradigma de interação em base de dados sem o SQL (Structured Query Language), hoje a principal linguagem para consulta e manipulação de dados em bancos relacionais. Neste novo paradigma, as consultas podem ser realizadas diretamente em linguagem natural, eliminando a necessidade de conhecimentos técnicos avançados.

Segundo os pesquisadores, dentre as vantagens do novo paradigma, destaca-se a acessibilidade, na medida em que usuários não técnicos poderiam interagir com os dados sem a necessidade de conhecimento de linguagem; a efici6encia, na medida em que consultas complexas poderiam ser realizadas com mais rapidez e precisão, capturando a intenção do usuário de forma mais eficaz; e o aspecto de inovação, a considerar que uma nova interface abriria caminho para serviços personalizados em áreas como suporte ao cliente e recomendações rápidas.

Tecnologia de videoconferência do C3SL será usada no Workshop on Robotics in Education 2024

Evento nacional para debater aspectos científicos e educacionais da robótica será sediado em Goiânia, entre os dias 13 e 15 de novembro

As apresentações de trabalhos e as atividades online de transmissão de vídeos do 15th Workshop on Robotics in Education (WRE 2024), serão realizadas pela plataforma de conferência BigBlueButton, ancorada nos servidores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL). O WRE é um fórum de discussão científica, técnica e educacional que envolve o uso de robôs no processo de aprendizagem.

Realizado anualmente pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC), neste ano, o evento é realizado entre os dias 13 e 15 de novembro, em Goiânia. Além de fornecer a tecnologia para as conferências, o C3SL também participa do comitê de organização do evento, representado pelo pesquisador Eduardo Todt.

A ser usada na WRE, a solução baseada em software livre foi adotada pelo C3SL durante o momento de pandemia e de uso de sistemas de conferência para auxílio no ensino remoto. Segundo o pesquisador do C3SL, Marcos Castilho, o uso do BBB, foi uma forma de buscar alternativas em software livre, em meio ao cenário de soluções da iniciativa privada. “Enquanto todo mundo foi para soluções privadas como da Microsoft, Google, e outras, nós provamos que uma proposta robusta e completa baseada em software livre era possível. Neste momento, usamos o BBB para dar aulas. Uma das vantagens é a possibilidade de gravação dos conteúdos. A partir disso, alguns professores compartilharam os materiais de aula em plataformas como Opencast”, destaca.

Pesquisadores do C3SL têm trabalhos sobre plataforma MECRED aprovados no CBIE

Evento anual promovido pela SBC para debater o desenvolvimento e integração da tecnologia na educação no Brasil será em novembro, no Rio de Janeiro

Dois artigos dos pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) sobre o processo de atualização da plataforma MECRED foram aprovados para apresentação no Congresso Brasileiro de Informática na Educação (CBIE). Classificado como um evento de alta qualidade, o CBIE é promovido pela Comissão Especial de Informática na Educação (CEIE) da Sociedade Brasileira de Computação (SBC). Neste ano, sob o tema “O papel das tecnologias digitais na Educação Inclusiva”, o evento será realizado em novembro, na sede do Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro.

O evento reúne trabalhos que debatem a concepção, o desenvolvimento e a avaliação de soluções que utilizem métodos e técnicas de computação para promoção da aprendizagem e/ou para solução de problemas em temas ligados à educação. Os trabalhos do C3SL aprovados para apresentação e publicação nos anais do evento abordam os estudos que sustentaram o processo de redesign da plataforma na nova versão, bem como apresentam as melhorias realizadas pelo grupo no projeto de repositório do MEC.

A plataforma MECRED foi criada em 2017 pelo C3SL em parceria com o MEC. O principal repositório de recursos educacionais digitais do país tem hoje mais de 30 mil usuários cadastrados, e 320 mil conteúdos, ferramentas, plataformas e equipamentos digitais com finalidade pedagógica, que buscam potencializar a aprendizagem. Neste ano, o C3SL realizou uma atualização de design e funcionalidades na plataforma, aprimorando a usabilidade e a função de rede social dos usuários.

Um panorama geral sobre as novas funcionalidades da plataforma e do repositório do MEC é foco do artigo aprovado na trilha AppsEdu, do CBIE, intitulado “Plataforma MEC RED: Uma rede social do Ministério da Educação para compartilhamento e disponibilização de Recursos Educacionais Digitais”. O trabalho é de autoria do pesquisador do DInf e coordenador do PPGInf da UFPR, Roberto Pereira; da doutoranda em ciência da computação, Krissia Menezes; dos mestrandos em informática pelo PPGInf, Jonas Guerra e Richard Heise – gerente de projetos do C3SL; e pelos pesquisadores do C3SL e bolsistas de graduação Thomas Todt, Maria Sauer, Gustavo Frehse, Pedro Aguiar e Luan Bernardt.

Já o trabalho “Redesign da Plataforma MEC RED: Um estudo informado por diferentes métodos” foi aceito para publicação no SBIE, simpósio que ocorre dentro do CBIE, e tem como foco a apresentação geral do processo de revitalização da plataforma, relatando a experiência com a aplicação de diferentes técnicas para produzir um diagnóstico sobre a plataforma atual em termos de funcionalidades, usabilidade, acessibilidade e UX Design. O trabalho evidencia os estudos de avaliação da plataforma a partir de análise com especialistas em IHC, avaliação com profissionais da educação e grupo focal com técnicos do Ministério da Educação.

O trabalho é de autoria do pesquisador do DInf e coordenador do PPGInf da UFPR, Roberto Pereira; pelo coordenador do DInf e pesquisador do C3SL, Luis Bona; pela pesquisadora do DInf, Rachel Reis; pelo pesquisador do DIinf e do C3SL, Eduardo Todt; pela doutoranda em ciência da computação, Krissia Menezes; pelo doutorando em ciência da computação, Deógenes Silva Junior, pelos mestrandos em informática pelo PPGIinf, Jonas Guerra e Richard Heise – gerente de projetos do C3SL; e pela integrante da equipe técnica do MEC no projeto, Ana Paula Gaspar Gonçalves.

Conforme destaca Roberto, “esses artigos evidenciam o trabalho de alta qualidade desenvolvido pelo C3SL, aliando pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico para resolver problemas de importância social”.

Bolsista do C3SL conquista pódio em evento de cibersegurança da Comunidade Alquymia

Pesquisador da equipe Secret, Cláudio Torres Júnior, ficou em terceiro lugar no desafio estilo Capture the Flag

O bolsista de pós-graduação do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), Cláudio Torres Júnior, conquistou o terceiro lugar no pódio na III edição da competição de cibersegurança da Comunidade Alquymia. Mestrando do Departamento de Informática (Dinf) da UFPR e pesquisador em segurança computacional e integrante da equipe do SECRET, grupo de pesquisa de segurança e engenharia reversa ligado ao Laboratório de Redes e Sistemas Distribuídos (LarSiS), Torres participou os dois dias de intensa atividade entre os dias 18 e 20 de outubro, em uma disputa online que reuniu 148 participantes de todo o país.

A competição foi realizada no estilo Capture the Flag (CTF), espécie de competição mundialmente utilizada no setor de segurança cibernética em que os programadores resolvem desafios para capturar “bandeiras” e ganhar pontos. O CTF da Alquymia tem 64 desafios distribuídos em 8 categorias de segurança, abrangendo diversas áreas da segurança cibernética, incluindo criptografia, engenharia reversa, hacking web e forense digital. Essa variedade não só testa as habilidades dos participantes, mas também proporciona um ambiente de aprendizado prático e colaborativo, fundamental para o desenvolvimento de competências na área de cibersegurança.

Esta é a segunda competição no estilo CTF em que Cláudio Torres Júnior fica entre os primeiros colocados nos últimos dois meses. No final de setembro, o mestrando ficou entre os Top 10 da disputa da IV Semana Aratu, evento que reuniu 200 competidores. Na atividade da Comunidade Alquymia, a equipe SECRET também foi representada pelos integrantes da UFPR: Jorge Pires Correia; Lucas Alionço Perez; Nadia Luana Lobkov; e João Ribeiro Andreotti.

O Alquymia é um projeto independente que foi criado com o propósito de orientar, integrar, jovens e adultos experientes que têm o desejo de entender ou expandir os conhecimentos no tema de cibersegurança. O projeto busca compartilhar conhecimento e fomentar um ambiente colaborativo onde os participantes possam se desenvolver tanto pessoal quanto profissionalmente.

C3SL fala sobre Deep Learning em digitalização de documentos históricos em evento internacional no Uruguai

A palestra realizada pelo pesquisador Eduardo Todt destaca como técnicas de Inteligência melhoram o reconhecimento de fontes em jornais brasileiros durante a III Conferência Internacional em Aplicações de Inteligência Artificial

O uso de inteligência artificial no reconhecimento de fontes de caracteres em análise e digitalização de jornais históricos brasileiros em alemão foi o tema da palestra do pesquisador do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e professor de Departamento de Informática da UFPR, Eduardo Todt, na III Conferência Internacional em Aplicações de Inteligência Artificial (CINTIA). O evento foi realizado na Universidad Tecnológica del Uruguay (Utec), entre os dias 8 e 10 de outubro. A palestra em formato remoto integrou a programação do evento, que reuniu pesquisadores e profissionais da área de tecnologia para discutir a utilização da Inteligência Artificial (IA) na solução de problemas em diversas áreas.

No evento, Todt apresentou a aplicação de machine learning no projeto Deutschsprachige Presse in Brasilien, que busca aplicar técnicas avançadas de reconhecimento óptico de caracteres (OCR) utilizando redes neurais profundas, como ResNet e VRR19. Realizado pelo Laboratório Visão Robótica e Imagem (VRI) em parceria com o C3SL e o Departamento de Polonês, Alemão e Letras Clássicas da UFPR, o projeto faz parte do acordo de cooperação firmado entre a UFPR e a Academia de Ciências de Berlim-Brandemburgo.

A imigração alemã no Brasil, que completa 200 anos, deixou um legado cultural significativo, refletido em jornais editados entre 1824 e 1930. No entanto, a mera digitalização dessas publicações não é suficiente. Segundo Todt, “se os jornais forem apenas escaneados e disponibilizados online, pesquisadores terão que ler imagens, o que não é produtivo”. A falta de um sistema eficiente para converter essas imagens em texto pesquisável limita a investigação acadêmica e histórica. Além disso, a complexidade das publicações dos jornais, com diversos tipos de caracteres, clichês e diagramações, prejudica o desempenho da digitalização, sendo um obstáculo para o OCR.

De acordo com Todt, tanto a multiplicidade de estilos de fontes de caracteres usadas nos jornais quanto a diversidade de layouts prejudicam as transcrições automáticas, resultando em má interpretação dos conteúdos pelos sistemas, ou ainda na omissão de informações. É neste aspecto que o uso de inteligência artificial auxilia no processo de escaneamento e de análise dos documentos. A proposta com o uso de inteligência artificial no projeto é de estruturar um fluxo de processamento de dados que mescla tanto análise semântica quanto a identificação dos caracteres e formatos de fontes.

Até agora, o projeto já escaneou cerca de 6 mil páginas de jornais e obteve mais de dez mil amostras segmentadas semi-automaticamente. Com um dataset robusto criado para treinamento das redes neurais, os resultados preliminares mostram uma precisão nas classificações que varia entre 98% e quase 100%. “Agora temos nosso classificador dos tipos das fontes dos caracteres! Essa parte integra nosso fluxo visando tornar o OCR mais inteligente, adaptando-se ao desafio apresentado pelos jornais com múltiplos estilos diferentes no mesmo texto onde os sistemas tradicionais falham”, conclui o pesquisador. Clique aqui e confira na íntegra a apresentação do professor no evento >> https://www.youtube.com/live/EBDLEFHrQHQ?si=GONU0TtX6CP0v2q9&t=20780

Artigo do C3SL é finalista no Prêmio Junia Coutinho Anacleto

Trabalho escrito por Eduardo Mathias é focado no Simulador de Custo-Aluno Qualidade (SIMCAQ), projeto desenvolvido pelo C3SL com o Ministério da Educação

O ex-bolsista do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), Eduardo Mathias, apresentou nesta terça-feira (8) o artigo  “SIMCAQ: Um Diagnóstico Sociotécnico” no XXIII IHC 2024, em Brasília. O trabalho é finalista do Prêmio Junia Coutinho Anacleto, concurso de teses, dissertações e trabalhos de graduação em Interação Humano-Computador. A distinção é promovida anualmente pela Comissão Especial de IHC, órgão colegiado da Sociedade Brasileira de Computação (SBC). O resultado do prêmio será divulgado nesta quarta-feira. 

O artigo escrito por Mathias é resultado da conclusão do curso de bacharelado em Ciência da Computação, junto ao Departamento de Informática da UFPR. Sob a orientação do professor do Dinf, Roberto Pereira, o trabalho inscrito por Mathias foi aprovado na fase eliminatória e concorre ao título de melhor TCC em IHC. Segundo Mathias, estar na final do prêmio Junia Coutinho Anacleto é o início de uma carreira promissora na pesquisa em computação, um sonho que ele vem perseguindo desde a graduação. “Representa bastante para mim ter esse primeiro artigo publicado e apresentá-lo em Brasília. Ressalta o potencial de todo mundo que está se formando em Ciência da Computação e que quer seguir essa área acadêmica”, destaca.

O trabalho inscrito por Mathias no prêmio do IHC é focado no Simulador de Custo-Aluno Qualidade (SIMCAQ), projeto desenvolvido pelo C3SL com o Ministério da Educação. O bacharel em Ciência da Computação foi um dos bolsistas do projeto junto ao centro de pesquisa em 2023. O SIMCAQ é um sistema online gratuito para estimar o custo de proporcionar educação de qualidade em escolas públicas de educação primária. O objetivo do projeto é servir como uma ferramenta de planejamento educacional que enfatiza o aspecto orçamentário, diagnosticando o contexto educacional em níveis municipal, estadual e nacional.

No paper que é finalista do prêmio nacional, Mathias propõe um diagnóstico sociotécnico do SIMCAQ, identificando aspectos de melhorias para o sistema, como aprimoramento na interface e usabilidade da plataforma, bem como melhorias na cultura de trabalho das equipes do projeto. “Durante o período em que fui bolsista no C3SL, convivi com toda a equipe do projeto e pude observar as reformulações e os benefícios que a ferramenta proporcionava. No entanto, percebi que, apesar de ser uma ferramenta muito boa e importante, não havia nenhum trabalho que destacasse sua relevância para pessoas externas, nem como ela era desenvolvida. Não existia um diagnóstico sociotécnico que analisasse o sistema de uma perspectiva mais ampla. Esse foi o meu ponto de partida”, revela o bacharel.

Em suas considerações, Mathias aponta que as equipes devem incorporar práticas de Interação Humano-Computador (IHC) e User Experience (UX) de maneira transversal ao projeto. Além disso, é essencial que novas estratégias de comunicação e organização do trabalho sejam experimentadas, buscando um equilíbrio entre flexibilidade e estrutura. “Sob a orientação do professor Roberto Pereira, utilizamos instrumentos semióticos para realizar uma análise mais profunda. Realizamos entrevistas com a equipe e deixamos clara a divisão de trabalho e a cultura do projeto. É importante ressaltar que os problemas do simulador não se restringem apenas à parte técnica; a cultura do projeto também desempenha um papel fundamental. Discutimos o que poderia ser feito para melhorar essa cultura dentro do C3SL. Acredito que deixei um legado positivo com a pesquisa”, conclui.

C3SL e Ministério da Saúde debatem gestão da informação na atenção básica

Base de dados da Atenção Primária à Saúde (APS) foi foco da visita técnica em Brasília

O Centro de Computação Científica e Desenvolvimento de Software (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) se reuniu com representantes do Ministério da Saúde em Brasília no dia 21 de junho para discutir melhorias no processamento e armazenamento dos dados de saúde provenientes dos atendimentos da Atenção Primária à Saúde (APS). Participaram do encontro com representantes do ministério a pesquisadora especialista em banco de dados e bolsista do C3SL, Simone Dominico, e o gestor de projetos de pesquisa e desenvolvimento do C3SL, Edemir Reginaldo Maciel.

Durante o encontro, a equipe do C3SL buscou entender detalhadamente o fluxo atual de captação, limpeza e adequação desses dados até seu armazenamento no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB), gerenciado pelo Ministério. “O nosso papel lá foi entender como estava acontecendo esse processo de organização da base e alimentação dos dados para sugerir e desenvolver alguma mudança para que esse processo seja mais otimizado”, aponta Simone.  

O aprimoramento da base de dados integra as atividades do projeto do C3SL com o Ministério da Saúde, coordenado pelos pesquisadores Marcos Sunye e Grégio André, para desenvolvimento de um sistema que permite comunicação direta entre agentes de saúde e usuários da APS. Atualmente, o processo de organização da base de dados em discussão na reunião resulta em performance aquém da desejada pelos técnicos do ministério, especialmente devido ao grande volume de dados recebidos diariamente, em torno de 30 terabytes.

C3SL e Ministério da Saúde testam sistema para comunicação entre agentes de saúde e cidadãos

Projeto permite que usuários avaliem atendimento no SUS e fornece indicadores para políticas públicas em saúde

Sistema em desenvolvimento pelo C3SL permite criar indicativos de qualidade do SUS. Foto: Agência Brasil

Pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), grupo de pesquisa vinculado ao Departamento de Informática (Dinf) da UFPR, apresentaram ao Ministério da Saúde (MS), em Brasília, no último dia 27/06, um protótipo do sistema que permite comunicação direta entre agentes de saúde e usuários da Atenção Primária à Saúde (APS). Um protótipo da interface web do projeto, desenvolvido pelo grupo de pesquisa em parceria com o MS, foi testado em reunião do coordenador do projeto e pesquisador do C3SL, Marcos Sfair Sunye, do líder da pesquisa, André Grégio, com o Coordenador-Geral de Inovação e Aceleração Digital da Atenção Primária, Rodrigo Gaete. Também participaram do encontro o gestor de projetos de pesquisa e desenvolvimento do C3SL, Edemir Reginaldo Maciel, e a secretária de projetos do Setor de Ciências Exatas da UFPR, Carla Marcondes.

O projeto propõe a colaboração e o compartilhamento de informações entre gestores e profissionais de saúde na implementação de iniciativas de conscientização sobre serviços do SUS e na coleta de dados para indicadores de avaliação da APS. No encontro com o Ministério da Saúde, o C3SL apresentou prova de conceito do sistema demonstrando a viabilidade de uma arquitetura distribuída para comunicação entre gestores e agentes de saúde. De acordo com Grégio, pesquisador que lidera o projeto na fase atual, o sistema busca contribuir para uma integração maior entre os cidadãos e o sistema de saúde, a partir de um canal de comunicação direto. “Além dos cidadãos poderem participar ativamente da construção de um SUS melhor, com suas avaliações sobre os serviços oferecidos, um sistema do porte do que estamos planejando contando com a coleta de informações para produção de indicadores permite que o Ministério e seus gestores diagnostiquem situações regionalizadas e preparem os estados e municípios para iniciativas de saúde mais efetivas”, aponta o pesquisador.

A APS é a principal porta de entrada e o primeiro nível de atenção à saúde da população, caracterizando-se por um conjunto abrangente de ações voltadas tanto para o indivíduo quanto para a coletividade. Dentre outras funções, a APS se concentra em ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, como campanhas de vacinação, orientações sobre hábitos saudáveis e acompanhamento de condições crônicas. É neste aspecto que o sistema se torna fundamental para o aprimoramento do sistema de saúde, pois permitirá que os gestores se comuniquem com os agentes de saúde e que iniciativas de saúde cheguem mais rápido ao cidadão, promovendo não só a inclusão digital, mas a conscientização e disseminação de informações importantes sobre saúde.

O impacto social e a centralidade do sistema para programa e ações de saúde coletiva por parte do Governo Federal beneficiando milhões de cidadãos reforça a lista de trabalhos encabeçados pelo C3SL que demonstram a sólida capacidade grupo de pesquisa na execução de projetos de grande escala e complexidade, envolvendo equipes interdisciplinares, infraestrutura de alto nível e impacto significativo na sociedade brasileira. “A experiência dos pesquisadores do C3SL e sua característica de multidisciplinaridade traz a vantagem do planejamento e execução de projetos de grande porte de ponta-a-ponta: da infraestrutura de coleta, armazenamento, processamento e visualização de dados à criação de modelos de inteligência artificial e aprendizado de máquina próprios, culminando na preocupação com soluções inovadoras robustas, seguras e voltadas à experiência do usuário”, complementa Grégio.

Controle de dados e soberania nacional– Além de promover um sistema de comunicação e de avaliação dos usuários da APS, outro benefício do projeto é a autonomia que o sistema permitirá ao Ministério da Saúde na governança e gestão das informações dos usuários. Para o coordenador do projeto e especialista em banco de dados, Marcos Sunye, o projeto dá autonomia ao Governo Federal no controle das informações que são coletadas sobre os usuários do SUS.

Neste aspecto, há um duplo benefício. Primeiro, por evitar que os dados sejam usados para benefício do capital privado. “Ao desenvolver um sistema de mensageria independente, o Brasil pode garantir que os dados sensíveis de pacientes permaneçam sob o controle das autoridades nacionais, em vez de serem gerenciados por empresas privadas. Isso é crucial para proteger a privacidade dos pacientes e evitar o uso indevido dessas informações para fins comerciais ou outros que possam não estar alinhados com o interesse público”, aponta Sunye. A segunda vantagem é a possibilidade de uso dos dados para propor políticas públicas na área da saúde. “Tendo acesso direto a dados de saúde abrangentes e confiáveis, o governo pode tomar decisões mais informadas sobre a alocação de recursos, o desenvolvimento de programas e a implementação de estratégias eficazes de assistência à saúde”, conclui.

Economia aos cofres públicos – O protótipo apresentado pelo C3SL ao Ministério da Saúde demonstrou de forma prática como o sistema funcionará estabelecendo um contato direto com os usuários do SUS. A interface web desenvolvida é um sistema de informação que se comunica com uma infraestrutura de comunicação, também montada no C3SL, de forma a permitir que o usuário seja contactado. Usando software livre no conceito de desenvolvimento da solução para o MS, sem a necessidade de acessar serviços de empresas de telefonia para estabelecer a comunicação com os usuários, a ferramenta resulta em economia milionária para a pasta.

Apenas para ilustrar a dimensão de recursos despendidos em uma comunicação focada em SMS para a APS, consideremos o menor valor registrado no site do Ministério do Planejamento (portal Painel de Preços, base que registra todos os dados de compras de bens e serviços feitos pelos órgãos do poder público federal) relativo às licitações feitas pelo poder público em 2023, de R$ 0,04. Se cada atendimento gerasse um SMS de notificação para o usuário, considerando que segundo dados do portal do Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (Sisab), em 2022 o total de produções da APS pelo SUS foi de 1,4 bilhão de atendimento (que vai de serviços simples a procedimentos complexos), o custo da comunicação digital resultaria algo em torno de R$ 56 milhões. Em 2023, ainda com base no portal Sisab, com a APS registrando um aumento de 16% no total de procedimentos, alcançando um total de 1,6 bilhão de atendimentos, o custo passaria para quase R$ 64 milhões.

Sistema propõe indicadores para financiamento do APS nos municípios – Para a prova de conceito apresentada ao Ministério da Saúde, a equipe do C3SL mostrou um fluxo do sistema em que uma iniciativa de saúde foi cadastrada com duração de um dia, indicando um grupo populacional formado por membros do grupo de pesquisa. A ideia era criar uma simulação da ferramenta em operação. Após o cadastro da iniciativa, o sistema disparou uma ligação telefônica com um áudio perguntando qual a nota do atendimento realizado, a qual, ao ser digitada pelo usuário em seu celular, retornou em tempo real para a interface Web no painel de indicadores.As métricas de avaliação do sistema, além de alimentar base de dados do SUS para avaliação dos serviços, e consequentemente em planos de ação de prevenção de problemas e manutenção das políticas públicas para a saúde nacional, também servirá como fornecedor de indicadores para repasse de recursos aos municípios. Isso porque em abril deste ano, o Ministério da Saúde publicou a Portaria GM/MS nº: 3.493, que trata da nova metodologia de cofinanciamento federal do Piso de APS no SUS. Parte do cálculo para repasse de recursos para os municípios passa pela avaliação dos serviços de saúde. Desta forma, o sistema em desenvolvimento pelo C3SL está ligado diretamente ao componente de qualidade que visa estimular a melhoria do acesso e da qualidade dos serviços ofertados pela APS, buscando induzir boas práticas e aperfeiçoar os resultados em saúde.

Confraternização do C3SL é marcada por entrega do troféu de “causos da informática”

A 15 ª edição do tradicional prêmio reuniu pesquisadores e bolsistas na sede da APUFPR

A confraternização anual do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) reuniu dezenas de bolsistas e pesquisadores na sede da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR-SSind), na última quinta-feira (27). O evento, que marca um novo ciclo de atividades no grupo de pesquisa, também é conhecido pela tradicional entrega do Troféu Horário, um descontraído prêmio que registra os principais fatos engraçados e obrigatoriamente vexatórios vivenciados por técnicos, bolsistas ou pesquisadores. Afinal de contas, o C3SL é reconhecido por sua pesquisa séria e rigorosa. No entanto, até os programadores mais experientes escorregam o dedo no código vez ou outra.

Apesar do tom humorístico, o Troféu Horácio, que já está na sua 15 ª edição, reflete a cultura de aprendizado e melhoria contínua do C3SL. Ao reconhecer e celebrar erros de uma forma descontraída, o prêmio incentiva os pesquisadores a não terem medo de errar e a encararem os deslizes como oportunidades de crescimento. O Troféu Horácio é uma iniciativa divertida e construtiva do C3SL para celebrar os momentos engraçados e humanos da pesquisa científica, momento em que o grupo de pesquisa demonstra sua maturidade e compromisso com a excelência acadêmica.

As indicações são realizadas ao longo do ano pelos próprios bolsistas e professores do C3SL. Todo ano é definida uma comissão julgadora que analisa os casos relatados e define os ganhadores. O prêmio neste ano recebeu 12 indicações, que disputaram a definição da comissão nas categorias: menção honrosa – indicação que não alcançou um troféu, mas que merece memória na lista dos premiados; categoria Déjà vu – em que são indicados os causos que já foram cometidos em momentos anteriores por outros ganhadores do Troféu Horácio; categoria Pequeno Gafanhoto – dedicada a marcar o feitos de bolsistas ao longo das suas pesquisas; e o troféu “Galo Véio”- que busca registrar os causos dos veteranos pesquisadores.

Nesta 15 ª edição, entraram para o panteão os “Horácios”, os seguintes bolsistas e pesquisadores: Marcus Vinícius Reisdoefer Pereira, com menção honrosa; Odair Mario Ditkun Junior e Fernando Kiotheka, que juntos ganharam como autores do mesmo causo na categoria Déjà vu; Muriki Gusmão Yamanaka e Marcus Vinícius Reisdoefer Pereira na categoria Pequeno Gafanhoto; e na categoria “Galo Véio”, o veterano Odair Mario Ditkun Junior.

O “causo” que deu origem ao prêmio –  tudo começou em 2012, na sala do C3SL, e envolve uma impressora, um manual, uma chave de fenda, um toner, e uma dose cavalar de desatenção. Quem faz este resgate para nós é um dos fundadores do C3SL, o professor Marcos Castilho. “Um dia, ao entrar na sala do C3SL retornando do almoço com o Bona, deparei-me com três bolsistas. Eles estavam ali ao redor da impressora. Um tinha o toner na mão, outro tinha uma chave de fenda e um terceiro tinha o manual da impressora. Estranhando aquela situação, questionei: ‘Vocês estão fazendo o quê?’. Eles me responderam: ‘Vamos trocar o toner’. Perguntei para eles: ‘Mas por que você precisa da chave de fenda?’. Responderam: ‘Não, é que no manual aqui está dizendo que tem que tirar uma fita amarela do toner. Mas o toner não tem fita amarela. Então a gente está achando que tem que abrir o toner para ver se a fita amarela está dentro’. E qual era o problema em tudo isso? É que o toner era da Epson, o manual da impressora que estavam usando era da Lexmark, e a impressora era uma HP”, conta Castilho.

C3SL é tema de palestra no Erad, evento sobre computação e alto desempenho em Santa Catarina

Promovido pela Sociedade Brasileira de Computação, evento reúne pesquisadores e alunos de iniciação científica da Região Sul

Os desafios em projetos complexos de informática para políticas públicas e o compromisso do C3SL com propostas de inovação a partir do software livre foram destaque na vigésima quarta edição da Escola Regional de Alto Desempenho da Região Sul, em Santa Catarina. A palestra foi realizada nesta quinta-feira (25) pelo professor da UFPR e pesquisador do C3SL, Luís Bona. O evento reúne alunos de graduação, pós-graduação, pesquisadores e profissionais da computação para debater o cenário do Processamento de Alto Desempenho, Arquitetura de Computadores e Sistemas Distribuídos.

Com o tema “C3SL: 22 anos! Software livre, cidadania e liberdade”, a palestra evidencia os grandes desafios nacionais enfrentados pelo centro de computação no uso de software livre como instrumento para a construção de sistemas inovadores. Com diversos projetos de impacto público nas áreas da saúde, educação, direitos humanos e comunicação, o C3SL vem há mais de duas décadas reiterando em seus esforços o papel da universidade na construção da soberania tecnológica do país.

Para Bona, além de um reconhecimento à importância e ao papel do centro de computação, ter o C3SL como um dos temas de relevância nas palestras do evento regional é uma oportunidade de reforçar à comunidade acadêmica e ao mercado o compromisso do grupo com soluções tecnológicas abertas.

Promovido pela Sociedade Brasileira de Computação com apoio da UFPR e demais instituições de ensino, e com patrocínio de grandes empresas de tecnologia, o evento tem foco na qualificação dos profissionais dos estados da região sul do país para processamento de alto desempenho. “Este é o principal evento da região sul para debater inovação e pesquisa científica em processamento de alto desempenho. Com grande participação de alunos de iniciação científica a preocupação é promover a reflexão da responsabilidade do papel que eles desempenharão na sociedade. Entendemos que a filosofia que guia a pesquisa e os projetos do C3SL pode contribuir muito para a formação das novas gerações de pesquisadores”, destaca.