Projeto da UFPR emprega Inteligência Artificial para melhorar atendimento no SUS

Solução busca automatiza interações, coleta dados estratégicos e aprimora a experiência dos pacientes na Atenção Primária à Saúde

Pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão desenvolvendo um sistema baseado em Inteligência Artificial para melhorar o atendimento na Atenção Primária à Saúde do SUS. O projeto, realizado em parceria com o Ministério da Saúde, visa criar uma solução capaz de interagir com milhões de brasileiros, coletando dados e promovendo melhorias nos serviços de saúde pública. “Com o uso da IA, podemos transformar a APS, criando um canal direto do SUS com os cidadãos, que não apenas melhora a experiência do paciente, mas também fornece dados estratégicos para uma gestão mais assertiva e inclusiva”, destaca André Grégio, pesquisador do C3SL e coordenador do projeto com o Ministério da Saúde.

Uso de IA no pós-atendimento do SUS pode automatizar a comunicação e criar uma gestão otimizada da saúde. Foto: Juliana Telesse

A cada minuto, três mil pessoas passam pela APS no país, a principal porta de entrada para os serviços básicos do SUS, caracterizando-se por um conjunto abrangente de ações voltadas tanto para o indivíduo quanto para a coletividade. Somente em 2024, foram mais de quatro milhões de atendimentos individuais, registrando um aumento de 18% em comparação ao ano anterior. A solução promete aprimorar a gestão da saúde pública no país na medida em que busca automatizar a comunicação, é o que aponta o pesquisador do C3SL e especialista em Inteligência Artificial, Paulo Almeida.

Projeto propõe uso de IA no retorno dos atendimentos na APS. Foto: Jerônimo Gonzalez/MS

“Imagine receber uma ligação após sua consulta no posto de saúde. Neste contato, a IA pergunta sobre a qualidade do atendimento, se o problema foi resolvido ou se há sugestões de melhoria. Essas interações, realizadas com uma voz humanizada e natural, têm o potencial de transformar a relação entre o SUS e seus usuários”, destaca Almeida. O projeto utiliza tecnologias avançadas de Speech-to-Text (transcrição de áudio para texto) e Text-to-Speech (texto para áudio), permitindo que sistemas automatizados interajam diretamente com os cidadãos.

Mais que acompanhar o atendimento, o foco é dar subsídio concreto a partir de dados para que o governo possa gerir com maior eficiência a saúde pública, destaca Grégio. Foto: Juliana Telesse

Dados que valem saúde

O objetivo com a aplicação da IA não é apenas automatizar a comunicação, mas sim reunir e processar dados que possam melhorar a cobertura da saúde pública. A APS se concentra em ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, como campanhas de vacinação, orientações sobre hábitos saudáveis e acompanhamento de condições crônicas. A coleta e processamento desses dados em grande escala possibilita análises detalhadas sobre questões específicas, como o atendimento a mulheres grávidas em pré-natal ou a qualidade dos serviços em áreas rurais.

A interação da IA com os usuários do SUS também resulta em um sistema aprimorado de avaliação sobre o atendimento. “Mais do que simples perguntas, o sistema busca estabelecer um diálogo dinâmico. Por exemplo, se um cidadão relata que esperou muito tempo para ser atendido, a IA pode identificar automaticamente que o problema não foi causado pelo médico, mas pela sobrecarga do posto de saúde. Essa análise personalizada permite que os gestores identifiquem padrões regionais e tomem decisões mais assertivas para melhorar os serviços. Essa abordagem coloca o SUS na vanguarda da gestão pública baseada em dados”, avalia Almeida.

Solução de compactação de dados do C3SL pode reduzir custos de processamento de IA

Com previsão de desenvolvimento do projeto até 2027, o grupo de pesquisa da UFPR tem antecipado entregas do cronograma, adequando-se às demandas da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), órgão que faz a gestão da parceria junto ao Ministério da Saúde. Uma das soluções em via de implantação neste primeiro semestre é um sistema de envio de mensagens direcionadas de comunicação para um grupo, com foco em campanhas informativas massivas. A aplicação da IA no projeto integra uma segunda etapa da pesquisa, em um sistema de comunicação individualizada, com foco no usuário.

Segundo Almeida, um dos desafios desta segunda etapa do projeto é o alto custo de processamento de dados. Os modelos avançados de IA utilizados em Speech-to-Text e Text-to-Speech demandam grande poder computacional. Com cerca de 220 milhões de habitantes no Brasil e milhões de interações previstas diariamente, reduzir custos sem comprometer a qualidade é uma prioridade. O C3SL já apresentou avanços nesse sentido.

“Um dos nossos avanços mais promissores mostra que, ao modificar a forma como os arquivos de áudio são armazenados e comprimidos, conseguimos reduzir em até nove vezes o espaço necessário para armazená-los – o que também reduz os custos com hardware e consumo de energia – sem comprometer significativamente a qualidade da transcrição. Esse tipo de otimização pode ser fundamental para viabilizar a implementação desses modelos em larga escala dentro do SUS. Essa inovação diminui os custos com hardware e energia elétrica, tornando o projeto mais viável economicamente”, destaca o pesquisador.

Pesquisador do C3SL participa de workshop na Alemanha sobre digitalização de arquivo histórico

Atividade integra o acordo de cooperação firmado entre a UFPR e a Academia de Ciências de Berlim-Brandemburgo

O pesquisador do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e do Laboratório Visão Robótica e Imagem (VRI), Eduardo Todt, participou do workshop sobre imprensa alemã e digitalização de documentos históricos no Ibero Amerikanisches Institut, em Berlim, na primeira semana de outubro. O encontro na Alemanha integra as atividades do projeto Deutschsprachige Presse in Brasilien, 1852-1941, iniciativa de pesquisa com o objetivo de digitalizar e estudar as publicações periódicas em alemão que existiram no Brasil nesse intervalo de tempo. 

O projeto integra o acordo de cooperação firmado entre a UFPR e a Academia de Ciências de Berlim-Brandemburgo. O VRI participa com experiência em pesquisa em visão computacional e o C3SL junta-se ao projeto com sua competência em sistemas com grandes bancos de dados, preservação digital de documentos e a gerência de servidores computacionais adequados para atender as necessidades demandadas por um projeto com este porte.  “A atividade realizada nesta última visita à Alemanha foi fundamental para a consolidação dos grupos da UFPR como parceiros das instituições alemãs envolvidas no projeto”, destaca o pesquisador.

O objetivo do workshop foi ampliar os debates sobre os subprojetos que fazem parte do trabalho de mapeamento e análise da imprensa alemã no Brasil.  No workshop, Todt ainda apresentou pesquisas do VRI sobre tecnologias avançadas como reconhecimento óptico de caracteres (OCR), reconhecimento óptico de layout (OLR) e reconhecimento óptico de fontes (OTR), aplicadas a jornais históricos.

No evento, também foi apresentado um conjunto de soluções tecnológicas para a olimpíada de leitura de jornais alemães, organizada em conjunto com o Instituto Federal Fluminense (IFF) e o consulado Alemão no Rio de Janeiro. O grupo também iniciou discussões para elaborar uma proposta conjunta a ser submetida ao DFG (Deutsche Forschung Gemeinschaft), com a participação de diversas universidades alemãs, coordenadas pelo BRALAT (Centro Brasileiro Latino Americano) da Universidade de Tübingen.

C3SL capacita técnicos do Ministério da Saúde em bancos de dados

Curso online de dez semanas orienta sobre como organizar e processar dados eficientemente

O Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) está realizando um curso online para cerca de 30 técnicos da área de Tecnologia da Informação (TI) do Ministério da Saúde (MS). Com duração de dez semanas, a capacitação é liderada por Simone Dominico, especialista em banco de dados e pesquisadora de pós-doutorado do C3SL. O curso, que segue até o início de dezembro, tem como objetivo auxiliar a equipe a organizar, processar e usar os dados eficientemente para melhorar o Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (Sisab).

Simone explica que o curso orienta os técnicos da  Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) a usar e combinar tecnologias que ajudam a gerenciar informações de saúde. “Queremos que os técnicos possam aplicar o que aprenderam para melhorar a forma como os dados são organizados, processados, armazenados e utilizados, tornando o sistema mais ágil e eficiente”, afirma Simone.

A capacitação cobre todas as tecnologias planejadas atualmente pela equipe de TI da SAPS, mostrando como elas funcionam juntas para criar um sistema que centraliza e facilita o acesso e o uso dos dados. A ideia é permitir que os técnicos desenvolvam uma estrutura de banco de dados moderna, que simplifique o trabalho com informações da saúde.

O curso foi desenvolvido por Simone e a equipe de bolsistas e pós-doutorandos do C3SL. O curso de capacitação do C3SL integra as atividades do projeto com o Ministério da Saúde, coordenado pelos pesquisadores Marcos Sunye e André Grégio, para o desenvolvimento de um sistema que permite comunicação direta entre agentes de saúde e usuários da Atenção Primária à Saúde (APS).

O conteúdo do curso passa por todas as etapas de trabalho com dados, desde a coleta e organização das informações até a criação de sistemas para facilitar o acesso e a análise desses dados. Ao longo das semanas, os técnicos aprendem na prática como planejar, montar e gerenciar esses sistemas, sempre com foco na simplicidade e eficiência.

Outra novidade é a disponibilidade futura do curso. Segundo a pesquisadora, esta primeira realização da capacitação deve auxiliar o grupo a aprimorar o material para deixá-lo disponível para acesso público, com materiais de apoio e tutoriais sobre cada uma das ferramentas.

Gerente de Projetos do C3SL apresenta projetos voltados à educação no 42º ENEPe

A Plataforma de Dados Educacionais e a Plataforma Integrada MECRED foram relatadas no evento em Maringá, com a participação de uma delegação de bolsistas do centro de pesquisa

O Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) esteve presente no 42º Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia (ENEPe), que ocorreu em Maringá entre os dias 17 e 20 de julho. O evento, que reuniu estudantes e profissionais da educação, contou com palestras e apresentações de trabalhos acadêmicos. A delegação do C3SL foi composta pelos bolsistas de graduação Maria Sauer, Janaína Kshesek, Mateus Herbele, Anderson Frasão, Gabriel Lisboa, Richard Heise, Thomas Todt e Guiusepe Oneda, além do mestrando Jonas Guerra. Durante o encontro, os bolsistas apresentaram resultados de pesquisas vinculadas a projetos em desenvolvimento no centro, com foco em soluções para a educação pública.

Richard Heise, gerente de projetos e um dos bolsistas, teve a oportunidade de apresentar o C3SL aos participantes do evento. Em sua fala, Heise destacou a importância do laboratório, que existe há mais de 20 anos, e mencionou dois projetos principais: a Plataforma de Dados Educacionais e o MECRED. Ambos são iniciativas de código aberto e sem fins lucrativos, visando melhorar a educação pública no Brasil. Nas apresentações, Heise destacou o papel do C3SL como um grupo de pesquisa dentro da universidade pública brasileira, comprometido com o desenvolvimento de soluções para a sociedade. “O objetivo do nosso grupo de pesquisa é gerar soluções computacionais soberanas, partindo da universidade pública, para melhorar a educação pública brasileira”, aponta o gerente de projetos.

Destacada pelo bolsista na apresentação, a Plataforma de Dados Educacionais é desenvolvida em parceria com o Laboratório de Dados Educacionais da UFPR e disponibiliza diversos indicadores educacionais, agrupando dados do INEP e do IBGE. Entre os recursos oferecidos, destaca-se o Simulador Custo-Aluno-Qualidade, que analisa os custos de manter um aluno do ensino fundamental com qualidade, e o MapFor, que mapeia a formação de docentes no Paraná e no Brasil. “Qualquer pesquisador pode buscar, de forma gratuita, dados sobre a educação em geral do Brasil, como quantidade de matrículas, contagem da população por ano, quantidade de turmas por escola, quantidade de funcionários, enfim. Tudo público e gratuito”, destaca Heise.

Um dos principais focos da apresentação dos bolsistas foi a atualização da plataforma MECRED, que, desde sua publicação em 2017, já reúne cerca de 320 mil recursos educacionais. Recentemente, a plataforma passou por melhorias em usabilidade, acessibilidade e segurança, preparando-se para ser um destaque nas discussões do Grupo de Trabalho de Educação do G20. Criado em parceria com o Ministério da Educação (MEC), o MECRED é um repositório de recursos educacionais digitais. O projeto busca democratizar o acesso à informação educacional, oferecendo um ambiente seguro para que professores compartilhem materiais. Heise enfatizou que a curadoria dos conteúdos é feita pela própria comunidade, garantindo a qualidade e a veracidade das informações.

A participação do C3SL no 42º ENEPe reafirma o compromisso da universidade pública em gerar soluções tecnológicas que atendam às necessidades da educação brasileira. Os bolsistas não apenas apresentaram suas pesquisas, mas também interagiram com os participantes, incentivando um diálogo sobre as práticas educacionais e a importância da colaboração entre educadores e pesquisadores. Richard Heise concluiu sua apresentação com um chamado à ação: “A educação no Brasil é um ambiente de combate, então vamos lutar para melhorá-la em todos os ambientes, inclusive no digital.”

Ex-bolsista do C3SL é finalista no Prêmio Junia Coutinho Anacleto

Artigo inscrito no concurso nacional da Sociedade Brasileira de Computação tem como tema projeto do C3SL com o Ministério da Educação

O ex-bolsista do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), Eduardo Mathias, é finalista do Prêmio Junia Coutinho Anacleto, concurso de teses, dissertações e trabalhos de graduação em Interação Humano-Computador (IHC). A distinção é promovida anualmente pela Comissão Especial de Interação Humano-Computador, órgão colegiado da Sociedade Brasileira de Computação (SBC).

O artigo “SIMCAQ: Um Diagnóstico Sociotécnico”, classificado para a final do prêmio, é resultado da conclusão do curso de bacharelado em Ciência da Computação, junto ao Departamento de Informática da UFPR. Sob a orientação do professor do Dinf, Roberto Pereira, o trabalho inscrito por Mathias foi aprovado na fase eliminatória e concorre ao título de melhor TCC em IHC.

Os premiados serão revelados no XXIII Simpósio Brasileiro sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais, a ser realizado em outubro deste ano, em Brasília. Todos os trabalhos classificados para a final serão publicados nos anais do IHC.

Segundo Mathias, estar na final do prêmio Junia Coutinho Anacleto é o início de uma carreira promissora na pesquisa em computação, um sonho que ele vem perseguindo desde a graduação. “Representa bastante para mim ter esse primeiro artigo publicado e apresentá-lo em Brasília. Ressalta o potencial de todo mundo que está se formando em Ciência da Computação e que quer seguir essa área acadêmica”, destaca.

O trabalho inscrito por Mathias no prêmio do IHC é focado no Simulador de Custo-Aluno Qualidade (SIMCAQ), projeto desenvolvido pelo C3SL com o Ministério da Educação. O bacharel em Ciência da Computação foi um dos bolsistas do projeto junto ao centro de pesquisa em 2023. O SIMCAQ é um sistema online gratuito para estimar o custo de proporcionar educação de qualidade em escolas públicas de educação primária. O objetivo do projeto é servir como uma ferramenta de planejamento educacional que enfatiza o aspecto orçamentário, diagnosticando o contexto educacional em níveis municipal, estadual e nacional.

No paper que é finalista do prêmio nacional, Mathias propõe um diagnóstico sociotécnico do SIMCAQ, identificando aspectos de melhorias para o sistema, como aprimoramento na interface e usabilidade da plataforma, bem como melhorias na cultura de trabalho das equipes do projeto. “Durante o período em que fui bolsista no C3SL, convivi com toda a equipe do projeto e pude observar as reformulações e os benefícios que a ferramenta proporcionava. No entanto, percebi que, apesar de ser uma ferramenta muito boa e importante, não havia nenhum trabalho que destacasse sua relevância para pessoas externas, nem como ela era desenvolvida. Não existia um diagnóstico sociotécnico que analisasse o sistema de uma perspectiva mais ampla. Esse foi o meu ponto de partida”, revela o bacharel.

Em suas considerações, Mathias aponta que as equipes devem incorporar práticas de Interação Humano-Computador (IHC) e User Experience (UX) de maneira transversal ao projeto. Além disso, é essencial que novas estratégias de comunicação e organização do trabalho sejam experimentadas, buscando um equilíbrio entre flexibilidade e estrutura. “Sob a orientação do professor Roberto Pereira, utilizamos instrumentos semióticos para realizar uma análise mais profunda. Realizamos entrevistas com a equipe e deixamos clara a divisão de trabalho e a cultura do projeto. É importante ressaltar que os problemas do simulador não se restringem apenas à parte técnica; a cultura do projeto também desempenha um papel fundamental. Discutimos o que poderia ser feito para melhorar essa cultura dentro do C3SL. Acredito que deixei um legado positivo com a pesquisa”, conclui.

Projetos do C3SL são destaque no 42º Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia

Delegação formada por nove bolsistas de graduação e mestrado participam do evento em Maringá entre 17 e 20 de julho

Uma equipe de nove bolsistas de graduação e de mestrado do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) participa do 42º Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia, em Maringá. O evento começou nesta quarta-feira (17) e segue até o dia 20 de julho com palestras e apresentação de trabalhos acadêmicos. Durante o encontro, os bolsistas apresentarão resultados de pesquisas vinculados aos projetos em desenvolvimento junto ao C3SL.

Um dos trabalhos em apresentação pelos bolsistas é o projeto de atualização da plataforma MECRED, uma iniciativa do C3SL com o Ministério da Educação (MEC) que disponibiliza recursos educacionais digitais para escolas públicas. Destaque na reunião do Grupo de Trabalho de Educação do G20 no início deste mês, a plataforma que reúne cerca de 320 mil recursos educacionais foi publicada em 2017 pelo centro de pesquisa, e recentemente recebeu um upgrade de usabilidade, acessibilidade e protocolos de segurança para o encontro do G20.

Além da apresentação sobre o processo de atualização da plataforma e o potencial do MECRED para a educação básica e fundamental brasileira nos grupos de trabalhos do evento, o projeto também é apresentado pelos bolsistas em stand permanente nos quatro dias do ENEPe. Afora o repositório, o projeto de Dados Educacionais para Políticas Públicas (DEPP) também será foco de divulgação científica no evento. O projeto busca disponibilizar dados e indicadores da educação básica e superior em série histórica em diferentes níveis de desagregação e de maneira acessível.

Projeto do C3SL e VRI para digitalização de acervo histórico fortalece parceria entre UFPR e Academia de Ciências de Berlim

Parceria é formalizada em visita técnica de pesquisador do C3SL e um dos líderes do projeto, Eduardo Todt, à universidade alemã.

A pesquisa e desenvolvimento de sistemas para digitalização de arquivos históricos de jornais dá início à cooperação entre a UFPR e a Academia de Ciências de Berlim-Brandemburgo (BBAW Berlin-Brandenburguishe Akademie der Wissenschaften). Os atores da cooperação são o Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e o Laboratório Visão Robótica e Imagem (VRI), que integram o Departamento de Informática (Dinf) da UFPR, e o The Electronic Life Of The Academy (Telota), departamento de pesquisa em humanidades digitais da BBAW. Após formalizada por termo de convênio entre a UFPR e a BBAW, a cooperação teve uma primeira reunião técnica do pesquisador do C3SL e VRI e líder do projeto, Eduardo Todt, com o diretor do Telota, Alexander Czmiel, no último dia 11 de julho, em Berlim.

O sistema OCR (Optical Character Recognition) em pesquisa utilizará técnicas de aprendizado de máquina e processamento de linguagem natural para lidar com a complexidade dos textos antigos, muitos dos quais contêm gráficos, tabelas e anotações manuscritas. Essa tecnologia permitirá que os pesquisadores acessem o conteúdo desses arquivos de forma eficiente e abrangente, permitindo que o público tenha acesso a esse importante registro da história da imprensa alemã.

“Essa parceria é um marco importante para o Dinf e UFPR, pois nos permite colaborar com uma das mais renomadas instituições de pesquisa do mundo no desenvolvimento de tecnologias avançadas de digitalização, propondo um intercâmbio de conhecimento que beneficiará nossos alunos, ao mesmo tempo em que contribuiremos para a preservação desse importante patrimônio documental”, destaca Todt.

O projeto entre o C3SL, VRI e Telota integra o acordo de cooperação firmado entre a UFPR e Academia de Ciências de Berlim-Brandemburgo, para edição digital de documentos históricos, pesquisa sobre periódicos brasileiros em língua alemã, e demais estudos sob perspectiva histórica e de teoria da comunicação. Pelo DINF e UFPR, a parceria no Brasil é coordenada pelo pesquisador do C3SL, Marcos Sfair Sunye.

O acordo entre as instituições foi fomentado a partir de parcerias entre o VRI do Dinf com o Departamento de Polonês, Alemão e Letras Clássicas da UFPR, na figura do professor Paulo Soethe, no desenvolvimento de sistemas para modernização de acesso a documentos acadêmicos e culturais de relevância internacional. “A iniciativa do professor Paulo Soethe no desenvolvimento de pesquisa com as instituições alemãs foi fundamental para que pudéssemos firmar este acordo entre o C3Sl e VRI com a BBAW. É uma prova de que projetos multidisciplinares em parcerias com diversos departamentos têm demonstrado diversos benefícios, tanto para os alunos quanto para os pesquisadores, a partir de propostas inovadoras como estas, bem como para o desenvolvimento de habilidades transversais”, conclui Todt.

MECRED: projeto do C3SL com o MEC é destaque durante G20 no Brasil

Com 319 mil recursos educacionais à disposição dos professores brasileiros, a plataforma MECRED foi um dos destaques do Ministério da Educação (MEC) na última reunião do G20, realizada dia 8 de julho, na  cidade do Rio de Janeiro. Bem recebida pelas 31 delegações internacionais, a ferramenta fará parte do manual de boas práticas que o Grupo de Trabalho de Educação do G20 distribuirá aos países membros. A MECRED foi desenvolvida por pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e funciona em um datacenter do Departamento de Informática (Dinf), no Centro Politécnico.

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O Grupo dos Vinte, mais conhecido pela sigla G20, é um fórum de cooperação internacional, formado pelos países com as maiores economias do mundo. A presidência dos trabalhos é rotativa e, em 2024, está sob os cuidados do Brasil, que vem realizando reuniões preliminares, para formatar as propostas que serão debatidas na reunião de cúpula, marcada para os dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.

MEC elogia ferramenta desenvolvida por pesquisadores do C3SL-UFPR

“Há espaço para colaboração entre os países no desenvolvimento de plataformas, incluindo o uso de inteligência artificial, bem como regulamentação de segurança de dados de professores e estudantes, critérios para a curadoria de recursos educacionais digitais e normas sobre o uso ético de inteligência artificial na educação”, afirmou Ana Úngari Dal Fabbro, coordenadora-geral de Tecnologia e Inovação da Educação Básica (Seb\MEC), na reunião do G20.

Na sua fala, Ana Dal Fabbro elogiou o potencial de disseminação de conteúdo pedagógico da MECRED, dando como exemplo a coleção sobre desenvolvimento sustentável criada em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO-Brasil). O material foi utilizado em curso do MEC sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para as secretarias estaduais e municipais de Educação no país. 

No dia 10, ao término das reuniões do GT de Educação, o assessor especial para Assuntos Internacionais do MEC, Francisco Figueiredo de Souza, avaliou que a plataforma MECRED foi um dos destaques dos projetos compartilhados pelos países do G20. “Existe muita desinformação circulando nas redes sociais e plataformas de conteúdo pedagógico como essa procuram trazer informação de qualidade para os docentes, com informação baseada na ciência, valorizando experiências de sala de aula”, elogiou.

Rede social dos professores brasileiros funciona em datacenter do Dinf

Criada para ser a rede social dos professores brasileiros, a plataforma MECRED é um local de integração e de troca pedagógica, em que são compartilhados de planos de aula a vídeos e audiobooks, passando por jogos de tabuleiros, exercícios e cartilhas de todas as áreas do conhecimento. Hoje, ela conta com 31 mil usuários cadastrados.

Concebida dentro do Departamento de Informática da UFPR, a plataforma MECRED começou a ser desenvolvida em 2015 pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da UFPR, em colaboração com a equipe técnica do MEC, outras universidades federais e professores da Educação Básica de diversas regiões do Brasil.

Desde o lançamento da MECRED, em novembro de 2017, os dados estão hospedados no datacenter do C3SL, no Centro Politécnico da UFPR. Em um esforço conjunto de 40 pesquisadores associados ao Centro de Computação, a plataforma recebeu um upgrade de usabilidade, acessibilidade e protocolos de segurança para o encontro do G20.

Com informações do MEC e do MRE.

C3SL e Ministério da Saúde debatem gestão da informação na atenção básica

Base de dados da Atenção Primária à Saúde (APS) foi foco da visita técnica em Brasília

O Centro de Computação Científica e Desenvolvimento de Software (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) se reuniu com representantes do Ministério da Saúde em Brasília no dia 21 de junho para discutir melhorias no processamento e armazenamento dos dados de saúde provenientes dos atendimentos da Atenção Primária à Saúde (APS). Participaram do encontro com representantes do ministério a pesquisadora especialista em banco de dados e bolsista do C3SL, Simone Dominico, e o gestor de projetos de pesquisa e desenvolvimento do C3SL, Edemir Reginaldo Maciel.

Durante o encontro, a equipe do C3SL buscou entender detalhadamente o fluxo atual de captação, limpeza e adequação desses dados até seu armazenamento no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB), gerenciado pelo Ministério. “O nosso papel lá foi entender como estava acontecendo esse processo de organização da base e alimentação dos dados para sugerir e desenvolver alguma mudança para que esse processo seja mais otimizado”, aponta Simone.  

O aprimoramento da base de dados integra as atividades do projeto do C3SL com o Ministério da Saúde, coordenado pelos pesquisadores Marcos Sunye e Grégio André, para desenvolvimento de um sistema que permite comunicação direta entre agentes de saúde e usuários da APS. Atualmente, o processo de organização da base de dados em discussão na reunião resulta em performance aquém da desejada pelos técnicos do ministério, especialmente devido ao grande volume de dados recebidos diariamente, em torno de 30 terabytes.

C3SL realiza visita técnica à diretoria executiva dos Correios em Brasília

Encontro foi marcado por debate sobre soluções tecnológicas em computação para aprimoramento da atuação do centro de distribuição da empresa pública no Paraná

Debate sobre demandas de tecnologia dos Correios partiu de diagnóstico prévio feito pelo C3SL no CTCE, no Paraná. Foto: Sara Barbosa (CCOM/PR)

Pesquisadores e técnicos do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) realizaram visita técnica à diretoria executiva dos Correios na última quarta-feira (26) em Brasília. Em reunião com a diretora do setor Econômico-Financeiro, Tecnologia e Segurança da Informação dos Correios, Maria do Carmo Lara Perpétuo, foram debatidas as demandas de tecnologias em computação da superintendência da empresa pública no Paraná e no Brasil. O C3SL foi representado na visita técnica pelo pesquisador e professor do Departamento de Informática da UFPR (Dinf-UFPR), André Ricardo Abed Grégio, pelo gestor de projetos de pesquisa e desenvolvimento do C3SL, Edemir Reginaldo Maciel, e pela secretária de projetos do Setor de Ciências Exatas da UFPR, Carla Marcondes.

No encontro em Brasília, a delegação do C3SL apresentou propostas de soluções em termos de computação para as mais variadas demandas dos Correios no Paraná, como uma implantação de infraestrutura de virtualização e simulação para testes de novos projetos. Também foram evidenciados na oportunidade os desafios da empresa pública para as áreas de governança e segurança da informação, computação de alto desempenho, bases de dados e sistemas computacionais robustos e eficientes. As medidas debatidas na reunião com a diretora Maria do Carmo, com o superintendente dos Correios do Paraná, Marcos Paulo da Silva Paim, com o superintendente executivo de tecnologia da informação e comunicação, Helder Mota Gomes, com o chefe do laboratório de pesquisa, desenvolvimento e inovação operacional, Otávio Augusto Morais Arantes, e com o coordenador de pesquisa e desenvolvimento operacional da empresa pública, Henrique Massaro, são resultados de diagnóstico prévio feito pelo C3SL em acompanhamento técnico do centro de pesquisa às instalações do Centro de Tratamento de Cartas e Encomendas (CTCE), um dos principais centros logísticos da empresa pública próximo da capital paranaense.

De acordo com o superintendente dos Correios do Paraná, Marcos Paim, é um fomento à inovação no setor logístico a consolidação de projetos aliando a expertise do C3SL em soluções complexas a partir da computação científica e o legado e dimensão dos Correios. “A parceria com o C3SL pode contribuir para acelerar a nossa Transformação Digital e também a Modernização Operacional da nossa Empresa, a fim de consolidar os Correios à frente do mercado e reafirmar sua posição de maior operador logístico do Brasil. Temos buscado a inovação impulsionada pela tecnologia para aumentar a entrega de valor aos nossos clientes e à sociedade”, afirma o superintendente dos Correios.

Em visão complementar, o coordenador de pesquisa dos Correios, Henrique Massaro, destaca a preocupação da empresa pública em buscar na inovação tecnológica formas de aprimorar a performance dos Correios. “Temos buscado a aproximação com o ecossistema de inovação do Paraná, a fim de identificar potenciais projetos de relevância para os Correios. A parceria com o C3SL pode contribuir para modernizar, de forma efetiva, nosso processo operacional e com isso otimizar a jornada dos nossos clientes, agregando tecnologia, valor e inteligência por meio da união de expertises entre as duas instituições, consolidando assim, nossa vantagem competitiva. A computação tem um papel crucial na logística pq pode oferecer oportunidades para melhorar nossa eficiência, reduzir nossos custos e melhorar a satisfação dos nossos clientes”, destaca Massaro.

Da esquerda para direita: Edemir Maciel, Helder Gomes, Marcos Paim, Henrique Massaro, Carla Marcondes e André Grégio. Foto: Sara Barbosa (CCOM/PR).

Um dos principais instrumentos do governo federal na integração e desenvolvimento do Brasil, os Correios desempenham função que ultrapassa a entrega de cartas e encomendas. Com uma capilaridade que abrange os 5,5 mil municípios do país, a empresa desempenha uma função de apoio logístico ao Estado como suporte às políticas públicas, como distribuição de vacinas, e das urnas eletrônicas nas eleições municipais e estaduais. Na área da educação, por exemplo, é a principal transportadora de livros didáticos e das provas do Enem. Segundo dados do relatório de administração dos Correios, em 2023, por exemplo, a empresa pública foi responsável pela distribuição de 166,5 milhões de livros didáticos, atendendo cerca de 152 mil instituições de ensino, e fez a entrega de 7,9 milhões de provas do Enem em 1,7 mil municípios do país.

A fundamental relevância dos Correios no papel essencial para a integração, desenvolvimento e garantia de direitos da população em todo o território brasileiro e como suporte de políticas públicas, bem como a complexidade e volume dos serviços realizados pela empresa vão ao encontro da experiência do C3SL em promover soluções de computação para problemas complexos, a partir de uma expertise de duas décadas em projetos com equipe multidisciplinar na Ciência da Computação.