Projeto pioneiro integra universidade e cooperativas para criar soluções tecnológicas adaptadas ao clima e solo do Paraná, impulsionando a competitividade do setor agrícola
Nesta sexta-feira (24), será oficialmente lançado o Food Valley Paraná, o primeiro ecossistema de inovação tecnológica dedicado ao agronegócio e cooperativismo no estado. O evento acontecerá na sede administrativa do Sicredi, em Palotina, durante o 1º Encontro de Lideranças e Gestores do Agro, reunindo pesquisadores, líderes cooperativistas, produtores rurais e autoridades do setor agroindustrial paranaense.
A iniciativa, liderada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), tem como objetivo aproximar a pesquisa acadêmica das demandas das cooperativas e dos produtores rurais, promovendo o desenvolvimento de soluções tecnológicas sob medida para o campo paranaense. O projeto conta com apoio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (SEAB), Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Sistema Ocepar, Sicredi, C-Vale e Frimesa.
Estão confirmadas as presenças do reitor da UFPR, Marcos Sunye, do secretário da SEAB, Márcio Nunes, e do presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken. Para o pesquisador do C3SL e professor do Departamento de Informática da UFPR, Luis de Bona, o projeto marca uma transformação significativa. “O Food Valley é a oportunidade única de conectarmos nossa vocação para inovação com o futuro do agronegócio. Estamos criando um ambiente onde a tecnologia de ponta encontra os desafios reais do campo, permitindo que o agro paranaense cresça de forma ainda mais conectada com o futuro”, ressalta.
Carlos Zacarkim, professor e pesquisador do departamento de engenharia da UFPR em Palotina, reforça a importância do hub: “O Food Valley representa um marco essencial para o fortalecimento da agroindústria paranaense, impulsionando a inovação integrada entre ciência, tecnologia e cooperativismo. É um catalisador para ampliar a competitividade do nosso agro e abrir novas fronteiras de desenvolvimento sustentável”.
Zacarkim destaca ainda o desafio da dependência tecnológica: “O Paraná exporta alimentos para todo o mundo, mas ainda importa a maior parte da tecnologia utilizada na produção. Nossa produção é guiada principalmente por sistemas e equipamentos com tecnologia importada, muitas vezes projetados para outras realidades climáticas e de solo diferentes das nossas”, reforça.
O Food Valley Paraná surge para atender a esse paradoxo ao propor transformar o Paraná não apenas no celeiro do mundo, mas no maior laboratório de inovação, com tecnologias que atendam especificamente às condições locais, gerando maior eficiência e sustentabilidade para o agronegócio. O evento de lançamento na sede do Sicredi em Palotina reunirá gestores, líderes e especialistas para debater e construir soluções tecnológicas alinhadas com as demandas reais das cooperativas e dos produtores rurais.
Evento: 1º Encontro de Lideranças e Gestores do Agro – Food Valley Paraná Data: 24 de outubro de 2025
Local: Sicredi Palotina (Av. Presidente Kennedy, 2384 – Jardim Itália, Palotina – PR) Realização: UFPR, C3SL, OCEPAR Apoio: Sicredi, IDR-Paraná, Governo do Estado do Paraná, Sistema Ocepar, C-Vale, Frimesa
Hospedagem local da infraestrutura digital permite ao C3SL total autonomia sobre armazenamento, acesso e processamento de informações
O Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), laboratório de inovação vinculado ao Departamento de Informática (Dinf) da UFPR, adotou as plataformas abertas Matrix e Nextcloud para garantir sua soberania digital, mantendo total controle sobre dados e infraestrutura tecnológica. A iniciativa visa substituir serviços proprietários como Discord, Microsoft Teams/Office 365, WhatsApp e Telegram, reduzindo a dependência de fornecedores externos e protegendo o patrimônio intelectual da instituição.
No cotidiano do C3SL, o Matrix substitui canais tradicionais de comunicação proporcionando tanto chats assíncronos quanto videoconferências para reuniões remotas. Já o Nextcloud ocupa o lugar de suítes proprietárias como Microsoft Office e Google Docs, facilitando o armazenamento, criação e compartilhamento colaborativo de documentos, apresentações, mídias e relatórios em ambiente controlado.
Para Marcos Castilho, um dos fundadores do C3SL e professor do Dinf, o laboratório atua como um centro de inovação em software livre. Desta forma, está na base do centro de pesquisa o desenvolvimento e adoção de soluções tecnológicas que promovam a autonomia digital. “Como um laboratório pioneiro em software livre, o C3SL tem o papel fundamental de fomentar a inovação tecnológica aberta, criando soluções que garantem a soberania digital e fortalecem uma cultura colaborativa essencial para o avanço do Brasil na área de tecnologia,” ressalta Castilho.
Segundo Fernando Kiotheka, mestrando em informática, bolsista e integrante da equipe Root do C3SL, quando os dados ficam no controle de terceiros, eles podem ser usados como reféns para forçar a aplicação de contratos abusivos. “O exemplo recente do Slack, que aumentou em 190 mil dólares por ano o preço para uma instituição sem fins lucrativos, ameaçando deletar 11 anos de mensagens em uma semana, mostra o risco real dessa extorsão”, destaca Kiotheka.
No caso do uso do protocolo Matrix e do Nextcloud, o aspecto central da soberania é garantido pela hospedagem dessas ferramentas no data center próprio do C3SL, eliminando intermediários e agentes externos. “Todos os dados são armazenados e processados em nossa infraestrutura local, sem controle de agentes externos,” reforça Kiotheka, apontando ainda para a integração das plataformas com o sistema de login institucional do C3SL, o que evita a criação de contas em serviços de terceiros e preserva a unidade do ambiente colaborativo.
Um dos benefícios-chave da escolha por Matrix e Nextcloud está na federação, que possibilita conexões e colaboração segura entre universidades e institutos de pesquisa, nacionais e internacionais. Fernando cita, por exemplo, uma rede de universidades alemãs que utiliza o Matrix para intercomunicação, sugerindo que o futuro das parcerias acadêmicas reside em plataformas livres e descentralizadas.
A arquitetura descentralizada do Matrix também permite liberdade para adotar implementações variadas e até mesmo desenvolver aplicações próprias pré-configuradas, ampliando a flexibilidade do C3SL. Do ponto de vista técnico, o desafio de gerir sistemas complexos é enfrentado por meio do uso de Kubernetes, práticas de implantação contínua e infraestrutura como código versionado, destacando a especialização da equipe do laboratório.
Embora o foco atual do C3SL esteja na implantação das tecnologias, já há planos para contribuir ativamente com a comunidade open source, produzindo documentação técnica e desenvolvendo plugins para integrar serviços adicionais no Nextcloud, como Overleaf e BigBlueButton.
No que tange ao capital intelectual da instituição, o uso dessas plataformas reforça a preservação do conhecimento interno. Diferentemente de dados dispersos em documentos proprietários e conversas em aplicativos variados que correm risco de se perder com a saída de colaboradores, o C3SL que atualmente concentra o trabalho em repositórios Git, agora conta também com Matrix e NextCloud. Isso garante que informações relevantes fiquem acessíveis à equipe e possam ser recuperadas a qualquer momento, fortalecendo a manutenção do legado coletivo.
Estudo aprimora Plataforma de Dados Educacionais, solução do C3SL e MEC com ferramentas open source para análise interativa e acesso a indicadores da educação
Os pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), laboratório de inovação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), participam nesta semana 40º Simpósio Brasileiro de Banco de Dados (SBBD), em Fortaleza (CE) apresentando dados da pesquisa sobre o projeto de Plataforma de Dados Educacionais para Políticas Públicas (DEPP), desenvolvido em parceria com o Ministério da Educação (MEC). Intitulado “Utilização do Apache Superset para visualização escalável de dados educacionais públicos: um estudo de caso com o Censo Escolar”, o trabalho debate o uso da ferramenta de código aberto para superação de desafios técnicos na plataforma, facilitando a geração de indicadores educacionais úteis para gestores, pesquisadores e a sociedade civil.
O paper aprovado em um dos principais eventos da área na América Latina é assinado pelos pesquisadores de graduação do C3SL, João Pedro Ramalho, João Silveira, Thales Gabriel e Mateus Herbele, pelo pesquisador do doutorando, Josiney de Souza, e pelos professores e pesquisadores sênior do C3SL, Guilherme Derenievicz, Letícia Peres e Simone Dominico.
Para o pesquisador do C3SL, Mateus Herbele, a participação no evento completa o processo da pesquisa. “Poder apresentar nossa solução para a comunidade científica da área de banco de dados foi uma etapa importante para concluir todo o nosso processo de pesquisa e aprimoramento dentro dos nossos objetivos com a plataforma de dados educacionais. Com as novas visões que obtivemos no evento sobre o nosso próprio trabalho junto do conhecimento de outras pesquisas, temos agora novas bases para planejarmos nossos próximos passos no projeto e contornamos desafios existentes”, destaca.
A Plataforma de Dados Educacionais (DEPP), objeto do projeto apresentado, é uma solução inovadora baseada em software livre que reúne diferentes bases de dados educacionais em um ambiente analítico moderno. O objetivo da plataforma é permitir o cruzamento e análise de padrões temporais, demográficos e geográficos dos dados educacionais, permitindo diferentes níveis de desagregação e a construção de indicadores acessíveis para gestores públicos, pesquisadores e a sociedade civil.
Apesar de o Censo Escolar, disponibilizado pelo INEP, conter informações essenciais para o planejamento educacional, sua análise enfrenta obstáculos devido à alta dimensionalidade dos dados, heterogeneidade entre as edições anuais e ausência de ferramentas adequadas para exploração. Os arquivos CSV apresentam inconsistências, como mudanças na nomenclatura e estrutura de dados ao longo dos anos, demandando reparos manuais e scripts que tornam o processo trabalhoso e sujeito a erros. Além disso, soluções proprietárias para visualização costumam ser caras e inacessíveis a órgãos públicos, o que reforça a necessidade de alternativas escaláveis e abertas.
Para superar esses desafios, o estudo em desenvolvimento pela equipe de base de dados do C3SL propõe um fluxo integrado baseado em ferramentas abertas. O Apache NiFi automatiza a ingestão e padronização dos arquivos CSV, corrigindo inconsistências e consolidando os dados em um modelo relacional gerenciado pelo ClickHouse. O Apache Superset, conectado a esse banco, viabiliza a criação de dashboards interativos que permitem a exploração de padrões temporais, espaciais e demográficos por meio de filtros globais e visualizações interligadas. Exemplos incluem dashboards de matrículas por cor/raça, gênero, faixa etária e educação especial, além de dados docentes organizados por escola, usando gráficos de linha, mapas interativos e tabelas para maior clareza.
O uso do Superset mostrou alta eficiência. Além disso, a solução diminui a complexidade do trabalho manual, simplifica atualizações e adapta-se às mudanças futuras do Censo Escolar. O ambiente relacional possibilita consultas avançadas por SQL e visualizações dinâmicas, promovendo transparência e suporte à tomada de decisão.
Estudo aponta que o aquecimento global pode reduzir em até 54% a diversidade de espécies no Paraná, com o supercomputador do C3SL acelerando os cálculos da pesquisa
A pesquisa do NAPI Biodiversidade – Serviços Ecossistêmicos, desenvolvida em parceria com o Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da UFPR, tem ganhado ampla repercussão na imprensa. O estudo aponta que o aquecimento global pode reduzir em até 54% a diversidade de espécies nativas no Paraná até 2100, incluindo árvores simbólicas como a araucária e plantas essenciais como a erva-mate. Esses impactos ameaçam a cultura, o ecossistema e a economia local. A pesquisa modelou a distribuição de cerca de 10 mil espécies e destacou regiões mais vulneráveis, como os Campos Gerais e a floresta estacional, sujeitas a elevações de temperatura de até 5,3°C.
O supercomputador do C3SL foi peça-chave, processando mais de 60 milhões de registros com tecnologia de Big Data e aprendizado de máquina, permitindo projeções robustas e detalhadas. As matérias divulgadas na imprensa ressaltam a importância do poder computacional do C3SL para acelerar análises complexas e apontar prioridades para a conservação. Pesquisadores destacam a necessidade urgente de restauração ambiental, fortalecimento das Unidades de Conservação e criação de corredores ecológicos, para amenizar os efeitos das mudanças climáticas e preservar a biodiversidade paranaense.
Migração para o Element, mensageiro open source baseado no protocolo descentralizado Matrix, reforça a soberania digital e controle total sobre sistema de comunicação
O Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) acaba de dar um passo significativo na direção da soberania digital, adotando o Element, aplicativo de mensagens instantâneas de código aberto que implementa o protocolo Matrix, como sua principal ferramenta de comunicação interna. A migração representa mais do que uma simples mudança de plataforma: simboliza um compromisso renovado com os valores do software livre que norteiam as atividades do centro de pesquisa.
Para Antonio da Ressureição Filho, pesquisador de graduação do C3SL e integrante da equipe ROOT, responsável pela infraestrutura das máquinas virtuais do centro de inovação, dentre as principais motivações para a implantação está o compromisso com as tecnologias opensource e o potencial de controle do sistema. “Além de termos na comunicação entre os pesquisadores um sistema com foco em software livre, o que evidencia nossa busca por soberania digital, podemos operar e controlar a solução em nosso próprio domínio”, explicou Antonio
O aspecto de controle mencionado pelo pesquisador é fundamental, pois ao hospedar o software em infraestrutura própria, o C3SL elimina dependências de terceiros e ganha a capacidade de personalizar a plataforma conforme suas necessidades específicas.
Matrix, base empregada para o Element, é um protocolo de comunicação em tempo real de código aberto, desenvolvido em 2014 com uma proposta de alternativa descentralizada às plataformas proprietárias que dominam o mercado. Diferentemente de sistemas centralizados como WhatsApp ou Slack, onde todas as informações passam por servidores controlados por uma única empresa, o Matrix permite que cada organização hospede seus próprios servidores, mantendo controle total sobre seus dados.
Já o Element é o cliente de referência para o protocolo Matrix. A aplicação oferece todas as funcionalidades esperadas de um sistema moderno de comunicação: mensagens de texto, compartilhamento de arquivos, chamadas de voz e vídeo, além de recursos avançados como criptografia de ponta a ponta. Uma das características mais distintivas do Element é sua capacidade de integração com outras plataformas através de “bridges” (pontes), permitindo comunicação com usuários de WhatsApp, Telegram, Slack, Discord, IRC e outros sistemas. Essa interoperabilidade elimina as barreiras entre diferentes plataformas, criando um ambiente de comunicação unificado.
Resultados preliminares do NAPI Biodiversidade – Serviços Ecossistêmicos e Centro de Computação Científica e Software Livre da UFPR, revelam áreas e grupos biológicos sob maior risco e orientam prioridades para conservação
Imagine um Paraná sem pinhão na mesa das famílias. A araucária, árvore símbolo do estado e fonte do pinhão, corre risco de desaparecer totalmente do território paranaense até o final deste século. É o que aponta o estudo preliminar do NAPI Biodiversidade – Serviços Ecossistêmicos em parceria com o Centro de Computação Científica e Software Livre da UFPR. E não é só a iguaria que representa a identidade e a cultura local que está em perigo. De acordo com a pesquisa, o aquecimento global pode extinguir localmente até 54% das espécies nativas do Paraná até 2100.
Na lista de espécies em risco de extinção no território paranaense com o aumento da temperatura também está a erva-mate, que pode perder até 60% do ambiente propício para seu crescimento. Com a perda dessas espécies, desaparecem também as conexões essenciais da natureza, como a gralha-azul, ave vital para dispersar as sementes da Araucária. É um retrato sombrio de um futuro em que o sabor, o ecossistema e a memória paranaense podem se perder para sempre.
Regiões do Paraná com clima adequado para a ocorrência de araucária no presente e em cenários de mudanças climáticas mais ‘pessimista’ para 2100.
“À medida que a temperatura aumenta, os impactos sobre a biodiversidade crescem de forma acelerada, não linear. Aumentos aparentemente pequenos, como entre 2,9°C e 3,5°C, podem representar a diferença decisiva entre a sobrevivência ou extinção local de muitas espécies”, explica Victor Zwiener, pesquisador do Departamento de Biodiversidade da UFPR em Palotina e integrante do projeto.
Segundo Zwiener, grupos biológicos como anfíbios, plantas e répteis são os mais sensíveis às mudanças, com até metade das espécies desses grupos podendo perder mais de 50% do habitat disponível no Paraná. “Em cenários pessimistas, até 15% dessas espécies correm risco de extinção local, o que representa uma perda irreparável para os ecossistemas do estado”, destaca o pesquisador.
As regiões dos Campos Gerais, e da floresta estacional, que compreende as áreas predominantemente nas bacias dos rios Paraná e Paranapanema, são apontadas como as mais vulneráveis devido ao aquecimento projetado, que pode chegar até 5,3°C no cenário mais grave. “Essas áreas já são historicamente fragilizadas pelo desmatamento e fragmentação. A alta temperatura combinada com o habitat degradado torna o ambiente inóspito para as espécies nativas”, relata Zwiener. O pesquisador ressalta que as análises consideraram apenas os efeitos climáticos, sem incluir impactos adicionais como desmatamento contínuo, o que pode agravar ainda mais a situação.
Regiões do Paraná com clima adequado para a ocorrência de gralha-azul no presente e em cenários de mudanças climáticas mais ‘pessimista’ para 2100.
O estudo, desenvolvido em parceria com os pesquisadores Marcos Carlucci, André Padial e Weverton Trindade, do Departamento de Botânica, também chama atenção para os efeitos indiretos do aquecimento sobre a economia local e o bem-estar das comunidades. Um exemplo emblemático é a erva-mate, planta fundamental para a cultura e economia do Paraná, que pode perder até 68% das áreas aptas para cultivo em cenários pessimistas. A redução de polinizadores e anfíbios pode desequilibrar o funcionamento dos ecossistemas e elevar o uso de agrotóxicos, impactando diretamente a saúde humana e ambiental das populações locais.
Na primeira fase do projeto, foram modeladas a distribuição de cerca de 76% das plantas, 95% das aves, 85% dos mamíferos, 89% dos répteis, 83% dos anfíbios e 67% dos peixes nativos do Paraná, permitindo a identificação das áreas prioritárias para conservação e restauração no estado. “Restaurar as áreas degradadas e proteger as ainda preservadas é fundamental para a resistência da biodiversidade a curto prazo”, afirma Weverton Trindade, um dos pesquisadores do projeto. Ele ressalta a importância do fortalecimento das Unidades de Conservação e a criação de corredores ecológicos para permitir o deslocamento das espécies frente às mudanças climáticas. “A médio e longo prazo, é essencial o monitoramento contínuo e a atualização constante dos planos de manejo, alinhados às políticas públicas para combater as causas das mudanças climáticas”, conclui Weverton Trindade.
Segundo Weverton, apesar do aumento da temperatura pressionar para a redução da biodiversidade no território paranaense, as projeções da pesquisa não resultam obrigatoriamente na extinção das espécies analisadas. “Existem araucárias, por exemplo, registradas no Espírito Santo e na Bahia, o que mostra que alguns indivíduos podem suportar temperaturas mais altas, embora ainda não saibamos se conseguem reproduzir e produzir pinhões. As projeções indicam tendências e cenários possíveis. Por isso, não devemos nem nos desesperar achando que não podemos fazer nada porque está tudo perdido, nem achar que todas as espécies vão dar um jeito de se adaptar. Contudo, o estudo serve para nos alertar para os impactos das mudanças climáticas, e para nos mostrar caminhos para reduzir esses efeitos”, pondera o pesquisador.
Supercomputador da UFPR potencializa processamento de dados de pesquisa
A pesquisa, inédita em escala no estado, analisou dados de ocorrência de quase 10 mil espécies de plantas, aves, mamíferos, répteis, anfíbios e peixes para projetar a distribuição potencial dessas espécies diante dos cenários de aumento de temperatura global. Para lidar com a complexidade e volume dos dados — mais de 60 milhões de registros, o equivalente a aproximadamente 200 GB —, o supercomputador do C3SL foi essencial. Ele permitiu o processamento rápido e eficiente dos modelos que preveem as áreas mais afetadas pela crise climática.
O supercomputador do C3SL foi o “coração tecnológico” do projeto. Para cada espécie, foram testados centenas de milhares de modelos diferentes, buscando as melhores projeções para o presente e futuro. Essa capacidade vai muito além do que computadores comuns podem oferecer e acelerou a geração de conhecimento fundamental para a preservação da biodiversidade estadual.
Segundo o professor Marco Zanata, pesquisador do C3SL e docente do Departamento de Informática da UFPR, “O computador de alto desempenho do C3SL está à disposição da comunidade acadêmica para solicitação e análise de atendimento de demandas. Nossa missão é democratizar o acesso à infraestrutura de informática para agilizar o avanço das análises científicas em diferentes áreas do conhecimento”, destaca Zanata.
A infraestrutura do C3SL representa um salto qualitativo para a pesquisa científica. Com servidores de alto desempenho e hardware especializado para análises de Big Data e aprendizado de máquina, o laboratório oferece recursos que permitem o processamento de grandes volumes de dados em períodos reduzidos, o que seria impraticável em ambientes convencionais. “Esse poder computacional proporcionou à equipe a possibilidade de testar múltiplos cenários, aprimorar métodos estatísticos e gerar resultados robustos para apoiar tomadas de decisão em conservação e políticas públicas”, diz Victor Zwiener.
Pesquisa premiada aplicou Leis da Simplicidade para tornar a rede social MECRED mais intuitiva e acessível ao público da educação
A pesquisa sobre o redesenho da rede social educacional MECRED, desenvolvida pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) em parceria com o Ministério da Educação (MEC), foi premiada com o “Reviewers Choice AWARD” no 20th IFIP TC13 International Conference on Human-Computer Interaction (INTERACT), realizado de 8 a 12 de setembro em Belo Horizonte, Minas Gerais.
O trabalho premiado, intitulado “Applying the Laws of Simplicity to Redesign an Educational Social Network”, aborda a aplicação das 10 Leis da Simplicidade, formuladas pelo professor e pesquisador do MIT John Maeda, no redesenho da MECRED, a maior rede social dedicada à educação no Brasil. O objetivo principal foi simplificar a interface e facilitar o entendimento do funcionamento da plataforma, que atende professores, alunos e demais interessados na interface entre educação e tecnologia.
O estudo foi orientado pelo professor Roberto Pereira, do Departamento de Informática (Dinf) da UFPR, e assinado pelos pesquisadores de pós-graduação e bolsistas do C3SL, Jonas Lopes Guerra e Krissia Menezes, e pelo pesquisador do Dinf, Deógenes Pereira Da Silva Junior.
Segundo Jonas, a missão de redesenhar uma rede social brasileira que tem como público-alvo professores, alunos e pessoas interessadas na relação educação e tecnologia, é de uma complexidade muito grande, e, portanto, demandou uma abordagem pautada na simplicidade. “Nós buscamos simplificar tanto a interface quanto o entendimento do funcionamento da MECRED, e para isso estudamos a fundo as Leis da Simplicidade e desenvolvemos uma série de protótipos para avaliar as soluções que geramos a partir das Leis, antes de implementá-las. O artigo premiado no Interact, descreve como foi o processo de redesign da MECRED, pautado na simplicidade”, destaca.
Em um cenário digital cada vez mais marcado pelo excesso de informações e interfaces complexas, o desafio da pesquisa desenvolvida por Lupus é seguir a ótica da simplicidade. Lançada em 2015, a MECRED foi criada para reunir e compartilhar recursos educacionais, como planos de aula, materiais multimídia e coleções personalizadas. Com o tempo, a plataforma cresceu, acumulando funcionalidades e informações, o que acabou tornando a navegação e o uso mais desafiador para seus usuários.
Com isso, o foco da pesquisa foi explorar o potencial as Leis da Simplicidade para dar suporte no processo de redesign da plataforma, que combina funcionalidades de rede social e repositório de recursos, atendendo às necessidades de diversos usuários em um contexto socioeconômico diverso.
A pesquisa utilizou a metodologia de Action Research, combinando a prática do Design Reflexivo para desenvolver os protótipos e sessões de Thinking Aloud para avaliar o resultado dos protótipos, envolvendo o time de desenvolvimento e a equipe técnica do MEC. Os usuários eram convidados a navegar pela plataforma enquanto compartilhavam suas impressões e dificuldades, permitindo aos pesquisadores identificar pontos críticos e testar melhorias em tempo real.
A aplicação das Leis da Simplicidade resultou em uma interface mais simples, com navegação mais intuitiva e redução do tempo necessário para completar tarefas na plataforma. A pesquisa também gerou um conjunto de questões orientadoras para o uso das Leis da Simplicidade no design da experiência do usuário, além de explorar possibilidades para pesquisas futuras sobre a relação da Simplicidade com a Experiência do Usuário.
Trabalho debate solução tecnológica para gerenciar campanhas de saúde no SUS, integrando agentes comunitários e gestores municipais
O artigo “Design Socialmente Consciente na Prática: Concebendo uma Solução para o Gerenciamento de Campanhas no SUS” foi eleito nesta terça-feira (9) o melhor trabalho apresentado na trilha Relatos de Experiência no XIX Simpósio Brasileiro sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais (IHC). O trabalho, baseado em pesquisa realizada pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), é de autoria do doutorando do PPGInf da UFPR, Deógenes Pereira da Silva Junior; da doutoranda pelo PPGInf e pesquisadora do C3SL, Krissia Menezes; da pesquisadora e bacharel em Informática Biomédica pela UFPR, Marisa Sel Franco; mestrando em informática pelo PPGInf e pesquisador do C3SL, Jonas Lopes Guerra; e do pesquisador do C3SL e coordenador da equipe de IHC da UFPR, Roberto Pereira.
O relato de experiência abordado no trabalho é referente ao design de uma solução tecnológica para apoiar o gerenciamento de campanhas de saúde da Atenção Primária à Saúde (APS) no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, considerando a complexidade socioeconômica, cultural e geográfica do país. A proposta buscou integrar a diversidade das necessidades das partes interessadas, em especial os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), Agentes de Combate às Endemias (ACE) e gestores municipais, adotando o framework de Design Socialmente Consciente (DSC).
A equipe aplicou uma combinação de métodos exploratórios, como revisão bibliográfica e netnografia em redes sociais, além de técnicas do DSC para mapear os desafios, identificar stakeholders, definir personas e cenários, e especificar requisitos para a solução. Um protótipo de média fidelidade foi desenvolvido para ilustrar a proposta, priorizando funcionalidades que atendem às necessidades da comunicação, gestão e avaliação das campanhas em contextos vulneráveis e diversificados.
Nas considerações do trabalho, os pesquisadores apontam que o DSC demonstra ser um caminho promissor para enfrentar a complexidade intrínseca de soluções que devem operar nacionalmente. A pesquisa reforça ainda que priorizar a proximidade e o engajamento dos agentes de saúde com a população, simplificar processos administrativos e garantir acessibilidade são pontos cruciais para o sucesso das campanhas. Também alerta para possíveis conflitos entre a necessidade de indicadores mensuráveis para gestores e a importância do vínculo humano entre agentes e comunidade, que nem sempre é quantificável.
Estudos enfatizam a importância da inclusão digital e da aprendizagem ativa nas primeiras séries escolares
O papel da computação nos anos iniciais do ensino fundamental é tema de artigos aprovados dos pesquisadores do Centro de Estudos em Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) para apresentação no 24º Simpósio Brasileiro de Informática na Educação (SBIE). O simpósio integra a programação do Congresso Brasileiro de Informática na Educação (CBIE) 2025, entre 24 e 28 de novembro. Os trabalhos são assinados pelo professor do Dinf e pesquisador do C3SL, Marcos Castilho, pela doutora em informática pelo PPGInf, Elaine Cristina Grebogy, e pelos pesquisadores Icléia Santos, Halyne Czmola, Fábio Roberto Petroski e Fernanda Aparecida Greboge Marquette.
Os artigos abordam diversas frentes relacionadas à inserção do Pensamento Computacional, Cultura Digital e Educação Digital, alinhadas às demandas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Os trabalhos que debatem a inovação pedagógica e a democratização do conhecimento em computação no Brasil, partem de pesquisas realizadas junto ao C3SL, como a plataforma MECRED, maior rede social da educação do país.
Confira abaixo os principais assuntos de cada trabalho:
Título – Recursos Educacionais Abertos para o Ensino de Computação: Material MECRed para professores dos Anos Iniciais. Autores – Elaine Cristina Grebogy, Icléia Santos, Marcos Alexandre Castilho. Resumo – O trabalho analisa a plataforma MECRed, que reúne diversos recursos educacionais abertos voltados para o ensino de computação nos primeiros anos do ensino fundamental. A pesquisa oferece orientação para que professores possam selecionar materiais alinhados às novas competências previstas na BNCC, facilitando a inclusão da temática em suas práticas pedagógicas e contribuindo para a qualificação do ensino em todo o país.
Título – Computação Desplugada: estimulando o Pensamento Computacional de forma lúdica e concreta. Autores – Elaine Cristina Grebogy, Icléia Santos, Marcos Alexandre Castilho. Resumo – A pesquisa avança na investigação do impacto da Computação Desplugada — atividades que desenvolvem habilidades de computação sem o uso direto de computadores — e constatou um aumento de 45% nas capacidades relacionadas ao Pensamento Computacional entre estudantes. O material pedagógico elaborado destaca o papel das práticas lúdicas e concretas para o engajamento dos alunos, reforçando a recomendação de sua implementação precoce conforme proposto pela BNCC e pela Política Nacional de Educação Digital.
Título – Implementação da Computação como Componente Curricular em rede pública de São José dos Pinhais (PR). Autores – Halyne Czmola, Elaine Cristina Grebogy, Fábio Roberto Petroski, Fernanda Aparecida Greboge Marquette. Resumo – O artigo trata da experiência municipal em São José dos Pinhais, onde a inclusão da computação como componente curricular específico foi sistematizada por meio da Comissão Interna de Integração Curricular do Componente de Educação Digital e Midiática. Com análises detalhadas, o estudo aponta avanços e desafios na adaptação da BNCC Computação ao contexto local, fomentando discussões essenciais para aprimorar políticas educacionais e fortalecer a educação digital no âmbito municipal.
Título – Computar Brincando: promovendo a Cultura Digital com atividades para 4º e 5º anos. Autores – Elaine Cristina Grebogy, Icléia Santos, Marcos Alexandre Castilho. Resumo – O quarto trabalho apresenta um recurso didático estruturado em cinco capítulos que conectam a Cultura Digital da BNCC a atividades interdisciplinares, como segurança digital, verificação de informações e cidadania online. Desenvolvido para promover a aprendizagem ativa, o material contempla práticas desplugadas e o uso de ferramentas digitais simples, buscando garantir acessibilidade e protagonismo dos estudantes em diferentes realidades escolares.
BARBARA REIS DOS SANTOS BERNARDO PAVLOSKI TOMASI CAUE MATEUS GONÇALVES VENTURIN SAMONEK DAVI CAMPOS RIBEIRO EDUARDA SAIBERT ELOIZA STHEFANNY ROCHA DA SILVA CARDOSO GABRIELA FANAIA DE ALMEIDA DIAS DORST GUILHERME EDUARDO GONÇALVES DA SILVA HELOISA DIAS VIOTTO JOAO MEYER MUHLMANN JOÃO PEDRO VICENTE RAMALHO LETICIA DE LIMA ROBERTO MATEUS DOS SANTOS HERBELE PEDRO FOLLONI PESSERL PEDRO HENRIQUE FRIEDRICH RAMOS RUIBIN MEI THEO SIMONETTI SCHULT YAGO YUDI VILELA FURUTA BRUNO SIME FERREIRA NUNES