- Gustavo Silvera Frehse
- Janaína Saldiva Kshesek
- Maria Carolina Sauer
- Thomas Bianchi Todt
Parabéns aos aprovados!
Parabéns aos aprovados!
Autoridades da universidade sul-africana conhecem infraestrutura e projetos inovadores do laboratório de computação científica da UFPR
A Universidade Federal do Paraná (UFPR) recebeu, no último dia 10 de junho, uma comitiva composta por 17 autoridades da North-West University (NWU), da África do Sul, incluindo o próprio reitor da instituição. O grupo veio ao Brasil para formalizar um termo de cooperação entre as duas universidades, ampliando as perspectivas de colaboração acadêmica e científica.
A NWU, reconhecida por sua expressiva comunidade acadêmica de cerca de 60 mil estudantes distribuídos entre graduação, mestrado e doutorado, mantém diversos programas, plataformas e institutos de pesquisa. A visita reforça o interesse mútuo em desenvolver projetos conjuntos e compartilhar experiências inovadoras no ensino superior.
Durante a manhã, os representantes da NWU foram recepcionados por autoridades da UFPR no Salão Nobre da Tecnologia, no prédio da Administração do Centro Politécnico. Na ocasião, foram apresentados os principais projetos institucionais da UFPR, indicadores de desempenho e oportunidades para futuras parcerias estratégicas. Como parte da programação, a comitiva sul-africana realizou um tour pelos laboratórios e departamentos do Politécnico, com destaque para a visita ao Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL).
Os professores Letícia Peres e Fabiano Silva, do Departamento de Informática, conduziram a apresentação da infraestrutura e dos projetos desenvolvidos pelo C3SL, ressaltando o papel do centro na pesquisa e no desenvolvimento de soluções em software livre e computação científica.
Em palestra no Universo UFPR, Fabiano Silva criticou a imagem amigável da inteligência artificial, usada para marketing, enquanto a tecnologia avança na indústria militar e acirra injustiças sociais.
Apesar da aparência amigável de assistentes virtuais e aplicativos baseados em linguagem, as inteligências artificiais (IAs) que se popularizam no cotidiano operam sob lógicas muito diferentes das humanas. O alerta foi feito pelo professor Fabiano Silva, do Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná (UFPR), durante palestra no evento Universo UFPR, realizada em 22 de maio de 2025.
Doutor em Engenharia Elétrica e Informática Industrial e um dos fundadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), Silva descontruiu a imagem das IAs como seres “inteligentes” e afirmou que essa narrativa é movida por estratégias de marketing — enquanto, na prática, a tecnologia é moldada para vigilância e acentuação das desigualdades sociais.
Fabiano Silva defendeu que a humanização das inteligências artificiais é uma construção retórica voltada ao consumo. “A ideia de que esses sistemas pensam ou sentem como nós é uma construção de marketing. Quanto mais humanos parecerem, maior será a adesão, o interesse, o número de pessoas querendo usar”. Ele explicou que, tecnicamente, os sistemas não compreendem o que dizem, apenas selecionam padrões estatísticos da linguagem mais frequente. “Esses modelos são papagaios estocásticos. Eles só devolvem a resposta mais provável com base no que já foi escrito”, avisou.
Ao rebater a percepção popular de que as IAs estão a serviço do bem comum, o professor apontou que o financiamento dominante vem de outro setor. “Quem sustenta essa indústria é a indústria de uso militar. Sempre foi assim. A evolução tecnológica sempre foi financiada por esse caminho”, alertou Fabiano Silva. Ele citou o uso de IA em vigilância, reconhecimento facial em tempo real e robôs autônomos armados, já empregados em cenários de guerra. “Essas coisas não têm mais humanos cuidando. A gente tem máquinas fazendo análise facial nas ruas e detectando padrões”, assinalou.
O pesquisador demonstrou preocupação com os efeitos sociais da automação por IA, sobretudo em áreas tradicionalmente vistas como estáveis. “Diferente da revolução industrial, que substituiu o esforço braçal, agora temos máquinas que escrevem, analisam, tomam decisões. Profissões de média e alta qualificação estão sendo diretamente afetadas”. Segundo ele, o discurso de que a IA aumenta a produtividade esconde uma consequência grave: “a produtividade aumenta, mas a riqueza gerada não está sendo redistribuída. A tendência é concentrar ainda mais renda”.
Outro ponto abordado na palestra foi a manipulação emocional promovida por sistemas que imitam a linguagem humana. “Quando começo a confiar na resposta da máquina como confio na fala de um amigo, estou me abrindo para ser manipulado. A superatribuição de humanidade torna as pessoas mais vulneráveis.” Silva chamou atenção para o risco de uma relação de dependência. “A gente humaniza essas ferramentas para se sentir confortável. Isso é nocivo. Não tem nada de humano por trás, só estatística.”
Concluindo sua fala, o pesquisador do C3SL defendeu que a sociedade precisa olhar criticamente para os rumos da inteligência artificial. “Não se trata de imaginar máquinas conscientes, mas de entender como sistemas criados por grandes empresas estão sendo colocados no centro das decisões humanas — sem regulação e com alto potencial de aprofundar desigualdades.” Segundo ele, é preciso ir além do fascínio tecnológico. “A pergunta que importa é: quem controla essa tecnologia, a quem ela serve e quem paga a conta?”
Cerca de 160 pessoas estiveram presentes no evento mais aguardado por estudantes e professores do C3SL; conheça os ganhadores do Horácio 2025
A 16ª edição do Churrasco do C3SL (Centro de Computação Científica e Software Livre), popularmente conhecido como C4SL, bateu recorde de participação em 2025. Cerca de 160 pessoas estiveram presentes no evento, que aconteceu na Associação dos Professores da UFPR (APUFPR) e que premiou mais uma vez bolsistas e professores do grupo de pesquisa com o Prêmio Horácio. Para a edição recorde, mais de 30 kg de carnes, 20 kg de linguiça e 180 litros de chopp foram comprados, além de outros tipos de bebidas, comidas e até mesmo sobremesa.
Em 2025, as organizadoras do evento foram as bolsistas do C3SL Maria Carolina Sauer e Janaína Kshesek, que enfrentaram o desafio de oferecer o melhor para bolsistas, professores e convidados. “Reunir o pessoal não foi tão difícil, pois todo mundo espera bastante o churrasco. O desafio maior foi definir a quantidade de coisas para comprar, mas está sendo muito legal, estamos muito felizes com o resultado até agora”, contou Janaína.
Para os bolsistas, o churrasco é uma forma de sair da rotina e estreitar ainda mais os laços. “Esse evento representa um momento de união muito legal, porque a gente convive diariamente na universidade, no grupo de pesquisa, mas não é a mesma coisa que um evento como esse. Aqui a gente conversa, se diverte, é muito legal”, diz Maria Carolina.
Para os professores também é momento de celebrar e relembrar a história do grupo de pesquisa. “É impressionante ver esse evento com essa quantidade de pessoas, das quais 80 são bolsistas. Nunca imaginei que o C3SL fosse chegar onde chegou. Foi uma ideia que a gente teve de valorizar o software livre, a computação científica, e é um imenso prazer ver que o C3 está consolidado. Estamos muito felizes de estarmos aqui e de ver todo esse movimento”, contou Marcos Castilho, um dos fundadores do grupo.
Prêmio Horácio
E como não podia deixar de ser, no churrasco houve a tão esperada entrega do Prêmio Horácio, criada pelos professores Castilho e Luiz Bona. “O Horácio nasceu de uma brincadeira, com a ideia de premiar aquelas ideias e acontecimentos mais bizarros e estapafúrdios do dia a dia do departamento e do grupo de pesquisa. Acabou virando uma tradição e a gente tem muito orgulho não só de ter criado o prêmio, mas também de já ter levado pra casa o troféu, afinal, só erra quem trabalha”, brincou Castilho.
Esta foi a 16ª edição do Prêmio, que entregou aos ganhadores um Horácio feito de amigurumi pela bolsista do C3, Eloiza Cardoso, e ofereceu três categorias de premiação. “É genial estarmos aqui, pois foi uma ideia que começou com quatro pessoas que tinham uma ideia em comum mas que parecia incerta, que era a militância pelo software livre e pela ciência aberta. A gente sabe que não é fácil ser idealista no mundo de hoje, mas ver isso tudo vale muito a pena”, disse o professor e pesquisador do C3SL, Fabiano Silva.
As três categorias de indicação foram: Galo Veio, Pequeno Gafanhoto e Déjà Vú. Confira os ganhadores de cada uma das categorias:
Evento em Brasília destaca parcerias entre C3SL e Ministério da Saúde para modernização da Atenção Primária à Saúde
Entre os dias 10 e 11 de junho, os pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) estarão entre os palestrantes da II Oficina de Integração Estratégica de Inovação e Aceleração Digital em Saúde na Atenção Primária à Saúde (APS), em Brasília. Promovida pela Coordenação-Geral de Inovação e Aceleração Digital da Atenção Primária (CGIAD/SAPS) da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, a oficina visa fomentar discussões sobre a transformação digital na APS e ampliar a transparência das ações em desenvolvimento no âmbito da saúde digital no SUS.
Os destaques do C3SL na programação do evento do Ministério da Saúde ficarão a cargo dos pesquisadores André Grégio e Simone Dominico. Durante o primeiro dia da oficina, que será realizada no auditório do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, será realizada a palestra da professora Simone Dominico, com a temática “Reestruturação do Sistema de Informação da APS”, abordando inovação e colaboração. No dia seguinte, o professor André Grégio falará sobre “Segurança e Privacidade em Modelos de IA” no contexto de tecnologia e inovação.
Palestras integram projeto de parceria entre C3SL e o Ministério da Saúde – a participação dos pesquisadores da UFPR integra as atividades do projeto do C3SL com o Ministério da Saúde, iniciado em janeiro de 2024, com o foco no aprimoramento da comunicação na APS. Na UFPR, o projeto é gerenciado pelo professor André Grégio. O sistema em desenvolvimento no laboratório de inovação do C3SL surge como uma resposta aos desafios enfrentados na APS, como a necessidade de integrar políticas públicas e ações programáticas de saúde, garantir uma comunicação efetiva para promover a saúde e o bem-estar, e apoiar os agentes de saúde no gerenciamento de campanhas.
Pesquisadora do C3SL apresenta diagnóstico e recomendações para aprimorar personalização na principal rede social educacional do MEC
A análise e o aprimoramento dos sistemas de recomendação da plataforma MECRED são o centro do seminário realizado nesta terça-feira (3) no auditório do Departamento de Informática (Dinf) da UFPR. A atividade, intitulada “Análise de Interações na MECRED: Subsídios para Sistemas de Recomendação”, é conduzida pela pesquisadora de pós-doutorado Mariane Cassenote, bolsista do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL). A primeira etapa do seminário foi nesta manhã, direcionada aos pesquisadores do Dinf e do C3SL. Logo mais, às 19 horas, será realizada a segunda etapa da atividade, aberta ao público, com transmissão Ao Vivo pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=GRRC3JZIhOU. O seminário aborda o comportamento dos usuários, o uso dos recursos educacionais e a qualidade dos metadados, identificando desafios e oportunidades. Na atividade são apresentadas recomendações técnicas para otimizar a personalização e o engajamento, visando aprimorar a MECRED como espaço educacional.
Na primeira etapa do seminário, Mariane Cassenote detalhou o funcionamento atual dos sistemas de busca e recomendação da MECRED, que hoje se baseiam principalmente na similaridade entre os títulos dos recursos educacionais cadastrados. “A análise é muito focada nas palavras usadas no título. O sistema resgata recursos similares a partir dessas palavras”, explicou. No entanto, a pesquisadora destacou que há um potencial ainda pouco explorado no uso dos metadados dos recursos – como tema (disciplina), idioma, palavras-chave, descrição, nível de ensino – e nas interações dos usuários, como curtidas, comentários, downloads e visualizações. “Essas informações podem qualificar melhor o processo de recomendação, permitindo identificar perfis de usuários e sugerir conteúdos mais relevantes para cada contexto”, destaca.
Outro ponto abordado foi a importância das avaliações dos usuários. Recursos bem avaliados tendem a ser de maior qualidade e, portanto, deveriam ser priorizados nas recomendações. Segundo a pesquisadora do C3SL, o processo envolve descobrir perfis de usuários e identificar quais metadados e avaliações estão disponíveis para qualificar os recursos. “O diagnóstico apresentado hoje buscou identificar o perfil dos usuários, dos recursos e das interações, para desenhar sistemas de recomendação que realmente beneficiem quem acessa a MECRED, tanto na busca quanto no consumo de materiais”, concluiu Mariane Cassenote.
Principal rede social da educação no Brasil: MECREDA MECRED é a principal rede social brasileira voltada a educadores, criada para promover o compartilhamento e a integração de conteúdos pedagógicos digitais. Desenvolvida pelo C3SL em parceria com o Ministério da Educação (MEC), a MECRED se consolidou como um espaço inovador de colaboração entre professores de todo o país. Desde seu lançamento em 2017, a MECRED cresceu de forma consistente e, em 2024, alcançou a marca de 37 mil usuários cadastrados, registrando um crescimento de 15% apenas no último ano. A plataforma já disponibiliza mais de 320 mil conteúdos educacionais, incluindo planos de aula, vídeos, jogos, podcasts e cartilhas, tornando-se uma biblioteca digital gratuita e colaborativa para a comunidade escolar brasileira