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Artigo: Quem a LGPD protege? Hoje, as empresas — mas dá pra reverter

Na era da informação, saber quem detém os dados — e o que faz com eles — é uma questão de cidadania. Transparência não pode parar na planilha contábil.

Artigo de Marcos Sunye, reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é professor titular do Departamento de Informática (Dinf-UFPR) e fundador do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL). Para acessar a versão editada publicada na Folha de S.Paulo, na edição de 27 de maio de 2025, clique aqui.

A transparência virou um valor assimétrico no Brasil. Enquanto o Estado é compelido, por força da Lei de Acesso à Informação (LAI), a abrir seus dados ao escrutínio público, empresas privadas seguem livres para acumular, explorar e compartilhar dados pessoais em sigilo. Mais do que isso: a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que deveria proteger o cidadão, passou a ser usada como argumento para restringir o acesso à informação pública. O instrumento pensado para resguardar o indivíduo foi apropriado para blindar instituições.

A apropriação da LGPD como escudo contra a transparência não se limita ao setor público. No setor privado, ela tem servido como biombo para ocultar a extensão e o uso dos dados que as empresas acumulam sobre seus clientes, usuários ou mesmo visitantes ocasionais de sites e aplicativos. O argumento da proteção da privacidade, embora legítimo, tem sido desvirtuado para justificar uma zona cinzenta onde circulam informações de alto valor econômico, que, ocultadas, acabam inacessíveis ao controle social.

Na economia contemporânea, dados não são apenas registros técnicos: são insumos estratégicos. Por meio deles, empresas mapeiam padrões de consumo, inferem comportamentos futuros, segmentam públicos com precisão e direcionam ofertas com eficiência quase cirúrgica. Quanto mais detalhada, granular e temporalmente rica for uma base de dados, maior seu valor de mercado. E, ao contrário do que ocorre com ativos tangíveis, essas bases não constam nos balanços contábeis, nem estão sujeitas a qualquer tipo de fiscalização pública sobre sua formação, manipulação ou troca.

Essa lógica nos leva a uma analogia inevitável. Quando o petróleo passou a mover economias, foi regulado, com exigências de transparência sobre reservas, métodos de extração e impactos ambientais. Quando a eletricidade se tornou essencial para a vida urbana, foi regulada. Quando a água passou a ser mercadoria escassa, foi regulada. Os dados seguiram caminho inverso: tornaram-se o novo recurso fundamental da era digital, sem que a sociedade sequer saiba como — ou por quem — estão sendo explorados. O que está em jogo, portanto, não é apenas a privacidade individual, mas a opacidade institucionalizada de um setor cuja matéria-prima é invisível aos olhos da sociedade, embora flagrantemente lucrativa.

Se dados são ativos estratégicos, cuja posse e uso definem vantagens competitivas e moldam relações de poder, faz sentido que permaneçam em sigilo absoluto? Assim como exigimos que empresas divulguem balanços financeiros, é legítimo discutir a criação de um mecanismo análogo para seus ativos informacionais. Não se trata de revelar dados pessoais, mas de tornar pública a estrutura geral dos bancos de dados mantidos por companhias que coletam, armazenam ou comercializam informações em larga escala.

Pedir um “balanço de dados” não é nenhuma fantasia regulatória. Empresas de capital aberto, no Brasil e no mundo, já são obrigadas a publicar, periodicamente, seus demonstrativos contábeis — incluindo receitas, dívidas, ativos, passivos e movimentações de caixa. Se já exigimos transparência sobre o capital financeiro, por que não estender esse princípio ao capital informacional? O que está em jogo é o direito coletivo de compreender as estruturas que sustentam as decisões algorítmicas que afetam comportamentos, mercados e eleições.

Uma proposta inicial seria obrigar tais empresas a divulgar, periodicamente, um “balanço de dados”: número total de registros, tipos de dado retidos, período médio de retenção, fontes de coleta, o “dicionário de dados” utilizado — isto é, os campos e categorias existentes em sua base — e a lista de empresas parceiras com quem compartilham esses dados. A privacidade individual estaria garantida, mas o controle social finalmente seria possível. Esse modelo contribuiria para inaugurar um regime de accountability algorítmica — no qual estruturas de decisão automatizadas passam a ser compreensíveis, auditáveis e socialmente fiscalizáveis.

Essa transparência mínima abriria caminho para um debate mais amplo: os termos de compartilhamento de dados entre empresas. Hoje, essas relações envolvem transferência de valor implícita, sem qualquer regulação ou visibilidade pública. Ao contrário do que ocorre com fusões, aquisições ou contratos societários, a circulação de dados no setor privado opera em uma zona cinzenta, silenciosa e invisível, apesar de ser central para a economia digital.

A regulação da informação precisa alcançar o século XXI. Se o dado é a nova matéria-prima da economia digital, sua circulação não pode seguir intocada por mecanismos mínimos de transparência. A sociedade tem o direito de saber quem sabe o quê sobre ela. O que hoje está em jogo já não é apenas a proteção da privacidade individual, mas o equilíbrio de forças em uma era em que o poder informacional é o que mais pesa.

A pergunta que resta é simples e urgente: por que aceitamos tão passivamente viver às cegas num mundo que tudo vê? É hora de exigirmos um novo pacto de transparência digital, não apenas do Poder Público, mas também das corporações que transformaram nossas vidas em dados. A cidadania do século XXI passa, necessariamente, pelo direito de conhecer quem nos conhece.

Professor Fabiano Silva, do C3SL, é destaque no Universo UFPR com palestra sobre Inteligência Artificial

O maior evento de educação, ciência e inovação do Paraná, o Universo UFPR 2025, terá como um dos destaques a palestra do professor Fabiano Silva, do Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisador do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL). O evento acontece de 22 a 25 de maio, no Expo Barigui, em Curitiba, e espera receber cerca de 100 mil visitantes, entre estudantes de escolas públicas e privadas, educadores, famílias e profissionais interessados em ciência, tecnologia e inovação.

A palestra do professor Fabiano Silva, intitulada “Uma breve história da inteligência artificial”, integra uma programação diversificada que inclui mais de 40 palestras, rodas de conversa, oficinas e apresentações de projetos de pesquisa e inovação. O tema é especialmente relevante diante do papel crescente da inteligência artificial em áreas estratégicas como educação, saúde, transporte e gestão pública, segmentos nos quais o C3SL tem atuação destacada no desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras.

A entrada é gratuita e o agendamento deve ser feito em https://www.universoufpr.com.br/

C3SL debate soluções para ampliar transparência pública na Assembleia Legislativa do Paraná

Visita técnica do C3SL ao gabinete do deputado Renato Freitas na Alep foca aprimoramento das ferramentas de gestão pública

Pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), laboratório de inovação em informática da UFPR, realizaram nesta terça-feira (13) uma visita técnica à Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) para debater estratégias e ferramentas tecnológicas voltadas à transparência pública. O encontro, realizado no gabinete do deputado Renato Freitas, reuniu os pesquisadores do C3SL, Marcos Castilho e Fabiano Silva, a gestora de projetos de pesquisa e desenvolvimento do Centro, Ianka Antunes, e o chefe da assessoria de comunicação do gabinete, Narley Resende. O objetivo da reunião foi observar as práticas atuais de transparência da ALEP e discutir formas de aprimorar a divulgação e o acesso aos dados sobre a gestão pública, fortalecendo o controle social e a participação cidadã.

O C3SL é reconhecido nacionalmente pelo desenvolvimento de soluções inovadoras em transparência e monitoramento de políticas públicas. Entre seus projetos de destaque está o SIMTransparência, uma ferramenta de visualização de dados públicos que sistematiza e facilita o acesso às informações disponíveis no Portal da Transparência do Governo Federal. O sistema permite a pesquisa refinada de dados por datas, fornecedores e ações, apresentando resultados em gráficos interativos e de fácil compreensão, sem necessidade de login ou restrição de acesso.

Além disso, o C3SL foi responsável pelo desenvolvimento do Sistema de Monitoramento do Ministério das Comunicações (SIMMC), utilizado para acompanhar projetos de inclusão digital em todo o país. O SIMMC automatiza a coleta de informações sobre a execução de projetos, como o Gesac e cidades digitais, permitindo identificar o uso de recursos, novas instalações e eventuais falhas, além de publicar esses dados para fiscalização pública. O projeto foi premiado em eventos nacionais e internacionais, incluindo o 3º Concurso de Boas Práticas da Controladoria Geral da União (CGU) na categoria “Promoção da Transparência Ativa ou Passiva”.

Nova Banca para o Processo Seletivo 2025.1

Como informado no post anterior relativo ao Processo Seletivo 2025.1. Teremos uma nova banca que entrevistará os candidatos restantes.

Banca 6:

Dia 15/05:

  • 09:30h – João Ribeiro Andreotti
  • 09:45h – Juliana Zambon
  • 10:00h – Kauê De Amorim Silva
  • 10:15h – Kokouvi Hola Kanyi Kodjovi
  • 10:30h – Leon Augusto Okida Gonçalves
  • 10:45h – Leonardo Krambeck
  • 11:00h – Leonardo Prazeres Tosin
  • 11:15h – Leonardo Vitorino De Souza
  • 11:30h – Eduardo Almeira Alves

Lembrando que os participantes:

  • Yuri Rafael Grajefe Feitosa
  • Pedro Vilhena Bartolome
  • Nicolas Amaral Lobo
  • Matheus Born Cabús
  • João Pedro Castilho Diniz Cardoso
  • Laura Martinson Vaz

Serão chamados em outro processo seletivo com devida inscrição migrada. Fiquem atentos que até o fim dessa semana teremos novidades.


Boa sorte.

Seleção de bolsistas do C3SL bate recorde de inscritos

A seleção para bolsista do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) bate recorde de inscritos em 2025. Neste ano, foram 93 candidatos às vagas, o que representa um aumento de 30% em comparação a 2024, quando foram registradas 71 inscrições. A lista dos candidatos aprovados para as entrevistas com os dias e horários das bancas pode ser acessada no site do C3SL. Nesta etapa, serão realizadas 5 bancas avaliadoras com os candidatos entre os dias 8 e 20 de maio. As bancas serão compostas por três avaliadores. O resultado das entrevistas será divulgado até o dia 23/05 no site do C3SL.

Vinculado ao Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o C3SL é um dos principais laboratórios de inovação tecnológica do Brasil, com mais de 20 anos de atuação em pesquisa, desenvolvimento e transferência de tecnologia.

Seu papel como laboratório de inovação é marcado pelo desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras para desafios complexos, especialmente em áreas estratégicas como inteligência artificial, ciência de dados, blockchain, robótica, computação em nuvem e cibersegurança. Essas soluções são aplicadas tanto na gestão pública quanto na iniciativa privada, sempre com foco em gerar impacto social e promover maior eficiência operacional.

Os pesquisadores selecionados atuarão em projetos de pesquisa e desenvolvimento no Dinf com foco em áreas como bancos de dados, engenharia de software, inteligência artificial, redes e sistemas distribuídos. Além disso, os bolsistas terão a chance de interagir com outros pesquisadores e desenvolver estudos em diversas áreas da computação.

Entrevistas do Processo Seletivo 2025.1

As entrevistas serão conduzidas por diferentes bancas, em datas e horários definidos por cada uma delas, conforme listado a seguir. Ressaltamos que os horários indicados são apenas uma estimativa, podendo haver variações na duração das entrevistas. Para evitar atrasos, recomendamos que cheguem com antecedência.
Os candidatos receberão um e-mail de confirmação com a convocação.
A sala onde ocorrerá cada entrevista estará informada pelo e-mail ou estará no quadro de avisos localizado na entrada do departamento.

Banca 1:

Dia 12/05 (Segunda-feira)

  • 9:30h – Alessandra Cesar Fialla
  • 9:45h – Alexander Danila Mion
  • 10:00h – Andre Grassi de Jesus
  • 10:15h – Andrezza Oliveira Pais
  • 10:30h – Antonio Da Ressurreição Filho
  • 10:45h – Arthur Barreto Godoi
  • 11:00h – Arthur Paul Nickel
  • 11:15h – Arturo Garcia Fin
  • 11:30h – Daniel Wesley Freitas Siqueira

Dia 13/05 (Terça-feira)

  • 9:30h – Davi Alves Sampaio
  • 9:45h – Davi Chaves Rodrigues Dutra Manzini
  • 10:00h – Eduarda Rodrigues Ferreira
  • 10:15h – Eduardo Mathias de Souza
  • 10:30h – Eduardo Munaretto Majczak
  • 10:45h – Emanuele Fernanda Ferraz de Araújo
  • 11:00h – Enzo Casadei Ortega da Costa
  • 11:15h – Fabio Aleixo de Oliveira Karvat
  • 11:30h – Felipe Gonçalves Pereira

Banca 2:

Devido aos horários apertados dos entrevistadores, a banca 2 já realizou suas entrevistas. Foram entrevistados os alunos:

  • Beatriz De Oliveira Teixeira Pinto
  • Bianca Mendes Francisco
  • Bruno Iglesias Guagliardi
  • Bruno Rafael Souza Michelon
  • Bruno Stafuzza Maion
  • Bruno Yuuki Hayashi
  • Camila Yuki Shibata
  • Daniel Antonio Suarez Figuera

Se você foi chamado e não compareceu, envie um email para selecao@inf.ufpr.br explicando o motivo da ausência e avaliaremos a possibilidade de realocação.



Banca 3:

Dia 08/05 (Quinta-feira)

  • 9:15h – Suellen Priscilla De Camargo
  • 9:30h – Thiago José Barzotto
  • 9:45h – Thiago Zilio
  • 10:00h – Tiago Kienen Chaves
  • 10:15h – Ulisses Bastian Machado Da Rosa
  • 10:30h – Ulisses Curvello Ferreira
  • 11:45h – Vinícius De Lima Gonçalves
  • 11:00h – Vinícius Jeremias Dos Santos
  • 11:15h – Vinicius Tikara Venturi Date

Dia 15/05 (Quinta-feira)

  • 9:15h – Pedro Henrique Kochinski Silva
  • 9:30h – Pedro Pierobon Marynowski
  • 9:45h – Pedro Pinheiro De Freitas Filho
  • 10:00h – Pedro Takeo Shima
  • 10:15h – Raphael Augusto Surmacz
  • 10:30h – Samuel Martins Gonçalves
  • 11:45h – Sebastián Galvis Moreno
  • 11:15h – Sofia Pessini Scherer
  • 11:30h – Stephane Metogninou Alban Awassi

Banca 4:

Dia 08/05 (Quinta-feira)

  • 10:00h – Gabriel Augusto Fabri Soltovski
  • 10:15h – Gabriel Dobrowolski Jorge
  • 10:30h – Gabriel Gioia De Brito
  • 10:45h – Gabriel Henrique Tascheck
  • 11:00h – Gabriel Shigueo Ushiwa Kaguimoto Rodrigues
  • 11:15h – Giuliano Thiago Pinheiro Tavares
  • 11:30h – Guilherme Da Silva Fontana
  • 11:45h – Guilherme Dos Santos Ferreira Alves
  • 12:00h – Guilherme Stonoga Tedardi

Dia 12/05 (Segunda-feira)

  • 10:00h – Gustavo Do Prado Silva
  • 10:15h – Helena Nocera
  • 10:30h – Heloisa Benedet Mendes
  • 10:45h – Heloisa De Oliveira Pinho
  • 11:00h – Henrique Travaglia Fontes
  • 11:15h – Heric Camargo
  • 11:30h – Hugo Victor Tsuzisaki
  • 11:45h – Iago Cardoso Bariuka
  • 12:00h – Igor De Andrade Garcia

Banca 5:

Dia 08/05 (Quinta-feira)

  • 10:00h – Matheus Telles Batista
  • 10h15h – Mayara Lessnau De Figueiredo Neves
  • 10h30h – Melissa Goulart Kemp
  • 10h45h – Milena Langner Mello
  • 11:00h – Miquéias De Oliveira Nadaluti
  • 11h15h – Murilo Gabriel Da Silva
  • 11h30h – Natã Abraão Serafini Da Rocha
  • 11h45h – Nelson Baltazar Neto

Dia 15/05 (Quinta-feira)

  • 10:00h – Lucas Barroso Leal
  • 10h15h – Luiz Henrique Murback Wiedmer
  • 10h30h – Luiz Guilherme De Souza Mo
  • 10h45 – Marcus Sebastião Adriano Rocha Neto
  • 11:00h – Mardoqueu Freire Nunes
  • 11h15h – Mariella Vouk Prestes
  • 11h30h – Matheus Ferreira Marquesini
  • 11h45h – Matheus Gabriel Ximendes Velozo
  • 12:00h – Matheus Gastal

Alunos a serem alocados:

  • João Ribeiro Andreotti
  • Juliana Zambon
  • Kauê de Amorim Silva
  • Kokouvi Hola Kanyi Kodjovi
  • Laura Martinson Vaz
  • Leon Augusto Okida Gonçalves
  • Leonardo Krambeck
  • Leonardo Prazeres Tosin
  • Leonardo Vitorino de Souza

Vocês serão alocados no decorrer desta semana para serem entrevistados na semana que vem. Infelizmente este processo seletivo coincidiu com muitas demandas internas do Departamento, projetos e laboratório, o que dificulta a formação de uma nova banca que encaixe na agenda de todos. Mas não se preocupem, vocês serão convocados por e-mail.


Alunos que não foram convocados neste processo seletivo:

  • Yuri Rafael Grajefe Feitosa
  • Pedro Vilhena Bartolome
  • Nicolas Amaral Lobo
  • Matheus Born Cabús
  • João Pedro Castilho Diniz Cardoso

Vocês não fazem o curso de Ciência da Computação ou Informática Biomédica na UFPR, portanto não foram convocados nesta seleção devido à conformidade estabelecida no processo. Contudo, abriremos outro processo seletivo, específico para outros cursos, e suas inscrições serão migradas para esse novo processo. Não precisam se inscrever no novo processo. Lembrem-se: as entrevistas, bem como o expediente no laboratório — que é obrigatoriamente presencial –, acontecem pelas manhãs, sem exceções.

Agradecemos o alto volume de inscrições e o interesse no C3SL. Ficamos lisonjeados com tantos inscritos buscando atuar em projetos tão importantes para o futuro do Dinf, da UFPR e do Brasil. Esperamos que todos tenham uma boa entrevista. Obrigado.

Reunião do C3SL e Ministério da Saúde marca nova etapa do projeto que aprimorar comunicação da atenção primária à saúde

Encontro em Brasília alinha ações para implantar sistema que conecta agentes de saúde e cidadãos, promovendo avanços no sistema público de saúde brasileiro

A vice-reitora da UFPR, Camila Fachin, e os professores do Departamento de Informática da UFPR e pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), André Grégio e Simone Dominico, participaram no último dia 25/04 de reuniões estratégicas com o secretário executivo do Ministério da Saúde, Adriano Massuda, e com a equipe da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), em Brasília. Os encontros tiveram como foco a apresentação de resultados e prospecção de novos projetos entre a UFPR e Ministério da Saúde, bem como o alinhamento e a reorganização do plano de ação do projeto em desenvolvimento pelo C3SL para a criação de uma solução tecnológica e de comunicação para o fortalecimento do Atendimento Primário à Saúde (APS) em todo o país. Também participaram do encontro o Diretor Superintendente da Fundação da UFPR (Funpar), Edemir Reginaldo Maciel; e a gestora de projetos de pesquisa e desenvolvimento do C3SL, Ianka Antunes. 

No encontro com o secretário executivo do Ministério da Saúde, Adriano Massuda, o pesquisador e coordenador do projeto do C3SL e UFPR com a SAPS, André Grégio, apresentou os resultados do trimestre e demonstrou as funcionalidades do protótipo funcional do aplicativo de telemedicina que está em desenvolvimento pela equipe.  Segundo Grégio, o sistema apresenta funcionalidades que potencializam o atendimento remoto, permitindo que pacientes sejam acompanhados à distância, sem a necessidade de deslocamento até unidades de saúde. Entre os principais avanços, destaca-se a possibilidade de realização de interconsultas, em que médicos da Atenção Primária podem consultar outros profissionais de diferentes especialidades para discutir casos clínicos complexos. “O sistema também viabiliza o atendimento de pacientes em localidades remotas, um aplicativo como este permite que se promova  interconsultas, possibilitando que outros  médicos sejam consultados para auxiliar em diagnósticos complexos para os quais não se têm especialistas”, pontua o pesquisador. 

Já na reunião com a equipe da SAPS, o foco foi a definição de novas marcas para o projeto do C3SL com o Ministério da Saúde. Segundo a pesquisadora do C3SL, Simone Dominico, a equipe do laboratório de inovação em computação científica da UFPR apresentou ao Ministério da Saúde um panorama das atividades já realizadas, incluindo um relatório das entregas e avanços do projeto. “Discutimos os encaminhamentos dos projetos, reorganizando o plano de atividade para elencar as próximas tarefas. Também discutimos a continuidade do projeto, dimensionando os desafios que ainda temos a enfrentar na pesquisa e desenvolvimento do sistema para o APSUS”, explicou a pesquisadora.

Na avaliação da vice-reitora da UFPR, Camila Fachin, sobre os encontros em Brasília, a “parceria do C3SL com o Ministério da Saúde que foi iniciada com projeto na SAPS com o intuito de melhorar a comunicação da Secretaria de Atenção Primária do Ministério da Saúde com o usuário final do SUS, tem rendido muitos frutos e diversas outras parcerias para além do projeto inicial. Destacam-se atividades como capacitação dos servidores do Ministério, oferta de pós-graduação stricto sensu, e apresentação de protótipo de aplicativo para teleconsulta feito todo com base em software livre, apresentado recentemente para o secretário executivo do Ministério da Saúde, Dr Adriano Massuda”. Para Camila, essa colaboração exemplifica um modelo inovador de cooperação entre academia e governo, que impulsiona a inovação, a inclusão digital, a gestão baseada em dados e a eficiência na saúde pública brasileira, beneficiando milhões de cidadãos e fortalecendo o vínculo entre agentes de saúde e comunidade.

A SAPS, responsável pela gestão da parceria junto ao Ministério da Saúde, destacou a necessidade de alinhamento contínuo e acompanhamento próximo das atividades. O objetivo é garantir que as demandas do órgão sejam atendidas de forma ágil e eficiente, especialmente em questões como a comunicação direta com os pacientes do SUS e o trabalho com dados do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB). “A SAPS definirá um caminho que eles querem para ajudar a organizar, tanto para a questão da comunicação direta com o paciente, quanto a questões como a comunicação direta com os pacientes do SUS e promover o processamento, o gerenciamento e o armazenamento eficiente dos dados”, completou Simone Dominico.

A solução de tecnologia em desenvolvimento pelo C3SL surge como resposta a desafios históricos da APS, como a necessidade de integrar políticas públicas, garantir comunicação acessível e apoiar agentes de saúde na gestão de campanhas. O sistema também facilitará o trabalho dos profissionais da APS, oferece ferramentas para planejamento e monitoramento de indicadores, e promove inclusão digital ao atingir milhões de brasileiros

Sistema do C3SL busca aproximar o Ministério da Saúde aos usuários do SUS

Iniciado em janeiro de 2024, o projeto é fruto da parceria entre o C3SL e o Ministério da Saúde e tem previsão de desenvolvimento até 2027. Desde o início, o grupo de pesquisa da UFPR tem antecipado entregas do cronograma, adaptando-se às demandas da SAPS para garantir o máximo impacto das soluções propostas. A iniciativa busca aprimorar a comunicação entre a Atenção Primária à Saúde e a população brasileira, utilizando tecnologia para fortalecer o vínculo entre agentes de saúde e cidadãos.

Uma das etapas em andamento do projeto é a implantação de um sistema de envio de mensagens direcionadas para grupos específicos, focado em campanhas informativas massivas. Essa solução, que segue em breve para a fase piloto, permitirá que gestores e agentes de saúde se comuniquem de forma mais eficiente com a comunidade, promovendo campanhas de vacinação, orientações sobre hábitos saudáveis e acompanhamento de condições crônicas

Segundo André Grégio, coordenador do projeto, o sistema representa uma inovação na forma como o SUS se comunica com a população, tornando as campanhas mais direcionadas e com maior impacto no bem-estar coletivo. O sistema utiliza um banco de dados para organizar informações sobre informativos, usuários e grupos, evitando duplicidade de mensagens e reduzindo o risco de SPAM

Além disso, o projeto prevê uma segunda etapa de pesquisa, que integrará Inteligência Artificial (IA) para criar um sistema de comunicação individualizada. A IA permitirá automatizar interações, coletar dados estratégicos e personalizar o diálogo com os usuários do SUS, otimizando a experiência do paciente e fornecendo informações valiosas para a gestão pública de saúde. A interação da IA com os usuários do SUS também resulta em um sistema aprimorado de avaliação sobre o atendimento. Essa análise personalizada permite que os gestores identifiquem padrões regionais e tomem decisões mais assertivas para melhorar os serviços.

Rede social do MEC desenvolvida pelo C3SL é tema de artigo aprovado no Interact 2025

Estudo explora o potencial das Leis da Simplicidade para criar redes sociais acessíveis e engajadoras para professores e alunos

A rede social MECRED, criada pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) em parceria com o Ministério da Educação (MEC), é tema de pesquisa sobre aprimoramento do design de experiência do usuário, a ser apresentada na International Conference on Human-Computer Interaction (INTERACT) 2025, um dos eventos científicos mais tradicionais e importantes da área de Interação Humano-Computador (IHC). Intitulado “Applying the Laws of Simplicity to Redesign an Educational Social Network”, o trabalho debate como as 10 Leis da Simplicidade formuladas pelo professor e pesquisador do MIT John Maeda, foram aplicadas no redesenho da plataforma, maior rede social dedicada à educação no Brasil. Orientado pelo professor do Departamento de Informática (Dinf), Roberto Pereira, o trabalho é assinado em coautoria do pesquisador de pós-graduação do C3SL, Jonas Lupus, e dos pesquisadores do Dinf, Krissia Menezes e Deógenes Pereira Da Silva Junior. 

Segundo Jonas, a missão de redesenhar uma rede social brasileira que tem como público-alvo professores, alunos e pessoas interessadas na relação educação e tecnologia, é de uma complexidade muito grande, e, portanto, demandou uma abordagem pautada na simplicidade. “Nós buscamos simplificar tanto a interface quanto o entendimento do funcionamento da MECRED, e para isso estudamos a fundo as Leis da Simplicidade e desenvolvemos uma série de protótipos para avaliar as soluções que geramos a partir das Leis, antes de implementá-las. O artigo aprovado no Interact, descreve como foi o processo de redesign da MECRED, pautado na simplicidade”, destaca.

Neste ano, a INTERACT será realizada entre os dias 8 e 12 de setembro, em Belo Horizonte (MG). O tema central desta edição é “Blending Experiences in Interaction Design” (Misturando Experiências em Design de Interação). O evento reúne pesquisadores, profissionais e estudantes do mundo todo para discutir avanços, tendências e desafios na área de interação entre pessoas e sistemas computacionais.

Em um cenário digital cada vez mais marcado pelo excesso de informações e interfaces complexas, o desafio da pesquisa desenvolvida por Lupus é seguir a ótica da simplicidade. Lançada em 2015, a MECRED foi criada para reunir e compartilhar recursos educacionais, como planos de aula, materiais multimídia e coleções personalizadas. Com o tempo, a plataforma cresceu, acumulando funcionalidades e informações, o que acabou tornando a navegação e o uso mais desafiador para seus usuários.

Com isso, o foco da pesquisa foi explorar o potencial as Leis da Simplicidade para dar suporte no processo de redesign da plataforma, que combina funcionalidades de rede social e repositório de recursos, atendendo às necessidades de diversos usuários em um contexto socioeconômico diverso.

A pesquisa utilizou a metodologia de Action Research, combinando a prática do Design Reflexivo para desenvolver os protótipos e sessões de Thinking Aloud para avaliar o resultado dos protótipos, envolvendo o time de desenvolvimento e a equipe técnica do MEC. Os usuários eram convidados a navegar pela plataforma enquanto compartilhavam suas impressões e dificuldades, permitindo aos pesquisadores identificar pontos críticos e testar melhorias em tempo real.

A aplicação das Leis da Simplicidade resultou em uma interface mais simples, com navegação mais intuitiva e redução do tempo necessário para completar tarefas na plataforma. A pesquisa também gerou um conjunto de questões orientadoras para o uso das Leis da Simplicidade no design da experiência do usuário, além de explorar possibilidades para  pesquisas futuras sobre a relação da Simplicidade com a Experiência do Usuário.