Evento acontece na sexta (27) e tem como convidado o ex-deputado federal Ângelo Vanhoni
Nesta sexta-feira (27/01), às 10h, o Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná, recebe mais uma etapa do evento Ciclo de Debates e Ideias, promovido pelo C3SL. O evento, que será realizado no auditório do DInf, terá como convidado o ex-deputado federal Angelo Vanhoni, que também já foi relator do Plano Nacional da Educação.
A pauta do encontro é sobre Educação e a ideia é debater as perspectivas e desafios para a área nos próximos quatro anos. Além disso, o evento pretende reiterar a importância do ensino superior público, gratuito e de qualidade e a importância do desenvolvimento científico e tecnológico no Paraná. Com isso, a iniciativa visa reforçar o papel que a universidade pública tem como promotora do conhecimento, do livre pensar e da pluralidade de pensamentos amparados na liberdade de cátedra, na livre manifestação de ideias e na autonomia universitária.
O Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) realiza pesquisas que dialogam com diferentes áreas do conhecimento e que podem ser empregadas para aprimorar processos e serviços tanto para empresas quanto para instituições e órgãos públicos. Entre os projetos desenvolvidos pelo grupo em parceria com o setor de Educação da UFPR estão o Simcaq, que realiza uma simulação do custo-aluno-qualidade, o Portal MEC de Recursos Educacionais, em que mais de 300 mil recursos são disponibilizados aos professores, e o Mapfor, que faz um mapeamento dos profissionais de Educação e suas qualificações.
Como grupo comprometido há 20 anos com o desenvolvimento científico e tecnológico do país, o C3SL entende que o momento de debate político é fundamental para dialogar com o poder público para a elaboração, gestão e monitoramento de políticas públicas que favoreçam áreas como saúde, educação e geração de emprego.
Serviço:
Ciclo de Debates com Angelo Vanhoni
Data: 27 de janeiro de 2023
Horário: 10h
Local: Auditório do DInf – R. Evaristo F. Ferreira da Costa, 383-391 – Jardim das Américas
O encontro Hyperledger Brasil 2022 tem como objetivo reunir a comunidade de desenvolvedores e usuários da tecnologia blockchain Hyperledger para troca de conhecimento, experiências e compartilhamento de casos de sucesso.
Alguns dos temas que serão discutidos no encontro:
–> O capítulo Hyperledger Brasil –> A tecnologia Hyperledger –> Casos nacionais de uso da tecnologia Hyperledger –> Tecnologia de integração de redes (Hyperledger e Ethereum) –> O momento do blockchain no Brasil e no mundo
Entre outros.
Presença confirmada de diversos membros da comunidade Hyperledger.
Arlei Costa Junior, PUC-PR Carlos L L Rischioto, IBM Courtnay Guimarães, Avanade David Reis, CCONSENSUS Fernando Marino, CPQD Joselio Teider, UFPR Marco Righetti, Oracle Marcos Sarres, GoLedger Pietro Martins de Oliveira, Esmafe-PR Renato Duarte Rocha, RNP Renato Teixeira, Oracle
O evento vai acontecer no Auditório Mario de Abreu, na PUC-PR Curitiba, dia 25 de novembro a partir das 14:00.
Imperdível para os entusiastas da tecnologias inovadora Blockchain.
MecRED foi criado pelo C3SL, grupo de pesquisa do Departamento de Informática da UFPR
Imagina uma plataforma em que professores de todos os níveis podem encontrar vídeos, textos, mapas, experimentos, planos de aula e até mesmo livros didáticos disponíveis para download de graça. Pois essa é a plataforma Recursos Educacionais, conhecida como MecRED, criada pelo Centro de Computação Científica e Sotware Livre, o C3SL, da Universidade Federal do Paraná, em parceria com o Ministério da Educação. A plataforma, que ganhará uma nova versão no final de outubro, foi lançada em 2014, e agora oferecerá mais recursos, como a gamificação, por exemplo.
“O objetivo da plataforma é criar uma rede de apoio entre professores, para que eles possam ter um local em que não só eles possam acessar conteúdos que irão ajudar em sala de aula, mas também compartilhar conteúdos entre si, realizar avaliações, enfim, um modelo bem próximo a uma rede social, mas com o intuito principal de colaborar com o dia a dia em sala de aula”, conta Luis Carlos Bona, professor do C3SL e coordenador do projeto.
O professor Marcos Castilho, um dos coordenadores do projeto
Na nova versão, o processo de gamificação possibilitará que os usuários sejam capazes de adquirir conquistas e, com o uso, atingir níveis diferenciados. “É uma forma de qualificar o usuário e, com isso, ir liberando mais e mais recursos. Ainda, para cada uso, o professor ganhará uma espécie de dinheiro virtual que será usado para a ‘compra’ de insígnias dentro da plataforma”, explica o também professor e coordenador Marcos Castilho.
Hoje, são mais de 27 mil usuários cadastrados na plataforma, que tem capacidade para muito mais, e entre os mais de 300 mil recursos disponibilizados estão vídeos, mapas, softwares educacionais, apresentações, infográficos, jogos, apps, imagens e outros recursos similares, e todos os conteúdos passam por um processo de curadoria a fim de filtrar conteúdos inadequados. Ainda, é possível realizar denúncias, caso o material seja impróprio. Para acessar, não há nenhuma restrição. Os professores e interessados que queiram fazer parte do repositório somente precisam realizar um cadastro simples, já estando habilitados a realizar downloads e subir materiais para a plataforma. Ainda, dentro da plataforma, é possível seguir e interagir com outros perfis, de forma a estabelecer realmente uma rede de apoio.
“A maioria do conteúdo disponibilizado faz parte do dia a dia de sala de aula de alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, mas existem recursos para aulas de cursos de graduação ou técnicos, como artigos, por exemplo. A nossa ideia é ampliar cada vez mais e transformar essa plataforma no maior repositório de conteúdos educacionais e que faça parte da rotina de professores”, explica Bona. O projeto é coordenado por dois professores do C3SL e um bolsista, aluno do curso de Ciência da Computação.
Para facilitar a usabilidade, dentro da plataforma é disponibilizada a possibilidade de criar coleções de materiais, organizando conteúdos por área, por exemplo. Além disso, é possível encontra materiais de formação desenvolvidos pelo Ministério da Educação com uma grande diversidade de temas. “Esperamos que essa nova versão atinja ainda mais professores e seja um grande espaço de troca de experiências. Mas, sobretudo, queremos que os alunos sejam impactados com novas possibilidades. A gente sabe como é difícil encontrar conteúdos de qualidade, e que realmente sejam aplicáveis em atividades de sala de aula, e foi pensando nisso que dedicamos tempo de estudo, pesquisa e desenvolvimento da plataforma”, finaliza Castilho.
Sobre o C3SL O Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) é um grupo de pesquisa do Departamento de Informática da UFPR, registrado no Diretório de grupos de pesquisa do CNPq. Realiza pesquisas que dialogam com diferentes áreas do conhecimento e que podem ser empregadas para aprimorar processos e serviços tanto para empresas por meio da Lei de Informática e Lei do Bem, quanto para instituições e órgãos públicos.
As pesquisas do C3SL estão em diversas áreas da ciência da computação, como Banco de Dados, Engenharia de Software, Redes e Sistemas Distribuídos, Redes de Computadores e Inteligência Artificial. O grupo também atua na migração de sistemas proprietários para plataformas de software livre e na otimização de pessoal e de custos de soluções de hardware e software.
São seis linhas de pesquisa ativas, todas elas com diversos projetos em andamento ou já concluídos, os quais se encontram em uso pelas empresas ou órgãos solicitantes: Ciências Forenses Computacionais; Inteligência Artificial Aplicada; Medicina Assistida por Computação Científica; Preservação Digital; Sistemas Computacionais Avançados; Sistemas para Informática na Educação.
Os projetos realizados pelo grupo de pesquisadores são direcionados para a inclusão digital, buscando sempre beneficiar a sociedade brasileira de maneira geral. Assim, todo pacote de software que resulta destes estudos é publicado em forma de software livre.
O C3SL apoia estudos e desenvolvimento de técnicas de programação de alto desempenho e como incentivo foi enviado um time composto por membros de C3SL para competir na maratona de programação paralela. Entre os ganhadores estão os bolsistas Fernando Monteiro Kiotheka, Odair Mario Ditkun Junior e Pietro Polinari Cavassin.
A competição contou com 10 equipes, entre remoto e presencial e a equipe do C3SL otimizou os problemas seriais em mais de mil vezes o tempo sequencial, enquanto o segundo lugar ficou com pontuação de 700 vezes, ou seja, quase 400 pontos a mais que o segundo colocado.
Na foto nossa equipe de entusiastas de programação de alto desempenho, que inclusive é aberta para todos os alunos do departamento. Eles receberam a premiação em certificados, troféus e livros de programação de alto desempenho. O apoio do C3SL foi essencial para a conquista, visto que a vitória só foi possível pelos treinos realizados no super computador do grupo.
Grupo de pesquisa da UFPR convida: “Apresentação de propostas em defesa do Ensino Superior Público e Gratuito, da Ciência e da Tecnologia”
Como uma forma de fomentar a discussão sobre a importância do ensino superior público, gratuito e de qualidade e a importância do desenvolvimento científico e tecnológico no Paraná, o C3SL – Centro de Computação Científica e Software Livre –, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), promoverá um espaço de debate e exposição de ideias com os quatro primeiros candidatos ao governo do Estado do Paraná de acordo com as pesquisas eleitorais registradas no TRE. A exposição das ideias e o debate com a comunidade acadêmica ocorrerá com um candidato por vez.
Cada candidato terá o tempo máximo de até duas horas para exposição de suas ideias e propostas e para responder as perguntas feitas pelo público presente. As perguntas serão de livre formulação dos participantes presentes no dia da exposição, cabendo ao C3SL apenas a coordenação da ordem das perguntas.
Os candidatos interessados em apresentar as suas ideias e programas a cerca do ensino superior, da ciência e tecnologia, poderão enviar e-mail para contato@c3sl.ufpr.br sugerindo data e horário que a equipe do grupo de pesquisa irá agendar o auditório do Departamento de Informática onde será realizado o encontro. O C3SL irá divulgar a agenda em suas redes sociais e nas suas listas de contatos cabendo aos candidatos a ampliação complementar da divulgação.
Esta iniciativa visa reforçar o papel que a universidade pública tem como promotora do conhecimento, do livre pensar e da pluralidade de pensamentos amparados na liberdade de cátedra, na livre manifestação de ideias e na autonomia universitária.
O Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) é um grupo de pesquisa do Departamento de Informática da UFPR e realiza pesquisas que dialogam com diferentes áreas do conhecimento e que podem ser empregadas para aprimorar processos e serviços tanto para empresas quanto para instituições e órgãos públicos. Como entidade comprometida há 20 anos com o desenvolvimento científico e tecnológico do país, entendemos que o momento de debate político é fundamental para debater e conhecer propostas que girem em torno do fazer tecnológico e, desta forma, dialogar com o poder público para a elaboração, gestão e monitoramento de políticas públicas que favoreçam áreas como saúde, educação e geração de emprego.
Resultados preliminares do NAPI Biodiversidade – Serviços Ecossistêmicos e Centro de Computação Científica e Software Livre da UFPR, revelam áreas e grupos biológicos sob maior risco e orientam prioridades para conservação
Imagine um Paraná sem pinhão na mesa das famílias. A araucária, árvore símbolo do estado e fonte do pinhão, corre risco de desaparecer totalmente do território paranaense até o final deste século. É o que aponta o estudo preliminar do NAPI Biodiversidade – Serviços Ecossistêmicos em parceria com o Centro de Computação Científica e Software Livre da UFPR. E não é só a iguaria que representa a identidade e a cultura local que está em perigo. De acordo com a pesquisa, o aquecimento global pode extinguir localmente até 54% das espécies nativas do Paraná até 2100.
Na lista de espécies em risco de extinção no território paranaense com o aumento da temperatura também está a erva-mate, que pode perder até 60% do ambiente propício para seu crescimento. Com a perda dessas espécies, desaparecem também as conexões essenciais da natureza, como a gralha-azul, ave vital para dispersar as sementes da Araucária. É um retrato sombrio de um futuro em que o sabor, o ecossistema e a memória paranaense podem se perder para sempre.
Regiões do Paraná com clima adequado para a ocorrência de araucária no presente e em cenários de mudanças climáticas mais ‘pessimista’ para 2100.
“À medida que a temperatura aumenta, os impactos sobre a biodiversidade crescem de forma acelerada, não linear. Aumentos aparentemente pequenos, como entre 2,9°C e 3,5°C, podem representar a diferença decisiva entre a sobrevivência ou extinção local de muitas espécies”, explica Victor Zwiener, pesquisador do Departamento de Biodiversidade da UFPR em Palotina e integrante do projeto.
Segundo Zwiener, grupos biológicos como anfíbios, plantas e répteis são os mais sensíveis às mudanças, com até metade das espécies desses grupos podendo perder mais de 50% do habitat disponível no Paraná. “Em cenários pessimistas, até 15% dessas espécies correm risco de extinção local, o que representa uma perda irreparável para os ecossistemas do estado”, destaca o pesquisador.
As regiões dos Campos Gerais, e da floresta estacional, que compreende as áreas predominantemente nas bacias dos rios Paraná e Paranapanema, são apontadas como as mais vulneráveis devido ao aquecimento projetado, que pode chegar até 5,3°C no cenário mais grave. “Essas áreas já são historicamente fragilizadas pelo desmatamento e fragmentação. A alta temperatura combinada com o habitat degradado torna o ambiente inóspito para as espécies nativas”, relata Zwiener. O pesquisador ressalta que as análises consideraram apenas os efeitos climáticos, sem incluir impactos adicionais como desmatamento contínuo, o que pode agravar ainda mais a situação.
Regiões do Paraná com clima adequado para a ocorrência de gralha-azul no presente e em cenários de mudanças climáticas mais ‘pessimista’ para 2100.
O estudo, desenvolvido em parceria com os pesquisadores Marcos Carlucci, André Padial e Weverton Trindade, do Departamento de Botânica, também chama atenção para os efeitos indiretos do aquecimento sobre a economia local e o bem-estar das comunidades. Um exemplo emblemático é a erva-mate, planta fundamental para a cultura e economia do Paraná, que pode perder até 68% das áreas aptas para cultivo em cenários pessimistas. A redução de polinizadores e anfíbios pode desequilibrar o funcionamento dos ecossistemas e elevar o uso de agrotóxicos, impactando diretamente a saúde humana e ambiental das populações locais.
Na primeira fase do projeto, foram modeladas a distribuição de cerca de 76% das plantas, 95% das aves, 85% dos mamíferos, 89% dos répteis, 83% dos anfíbios e 67% dos peixes nativos do Paraná, permitindo a identificação das áreas prioritárias para conservação e restauração no estado. “Restaurar as áreas degradadas e proteger as ainda preservadas é fundamental para a resistência da biodiversidade a curto prazo”, afirma Weverton Trindade, um dos pesquisadores do projeto. Ele ressalta a importância do fortalecimento das Unidades de Conservação e a criação de corredores ecológicos para permitir o deslocamento das espécies frente às mudanças climáticas. “A médio e longo prazo, é essencial o monitoramento contínuo e a atualização constante dos planos de manejo, alinhados às políticas públicas para combater as causas das mudanças climáticas”, conclui Weverton Trindade.
Segundo Weverton, apesar do aumento da temperatura pressionar para a redução da biodiversidade no território paranaense, as projeções da pesquisa não resultam obrigatoriamente na extinção das espécies analisadas. “Existem araucárias, por exemplo, registradas no Espírito Santo e na Bahia, o que mostra que alguns indivíduos podem suportar temperaturas mais altas, embora ainda não saibamos se conseguem reproduzir e produzir pinhões. As projeções indicam tendências e cenários possíveis. Por isso, não devemos nem nos desesperar achando que não podemos fazer nada porque está tudo perdido, nem achar que todas as espécies vão dar um jeito de se adaptar. Contudo, o estudo serve para nos alertar para os impactos das mudanças climáticas, e para nos mostrar caminhos para reduzir esses efeitos”, pondera o pesquisador.
Supercomputador da UFPR potencializa processamento de dados de pesquisa
A pesquisa, inédita em escala no estado, analisou dados de ocorrência de quase 10 mil espécies de plantas, aves, mamíferos, répteis, anfíbios e peixes para projetar a distribuição potencial dessas espécies diante dos cenários de aumento de temperatura global. Para lidar com a complexidade e volume dos dados — mais de 60 milhões de registros, o equivalente a aproximadamente 200 GB —, o supercomputador do C3SL foi essencial. Ele permitiu o processamento rápido e eficiente dos modelos que preveem as áreas mais afetadas pela crise climática.
O supercomputador do C3SL foi o “coração tecnológico” do projeto. Para cada espécie, foram testados centenas de milhares de modelos diferentes, buscando as melhores projeções para o presente e futuro. Essa capacidade vai muito além do que computadores comuns podem oferecer e acelerou a geração de conhecimento fundamental para a preservação da biodiversidade estadual.
Segundo o professor Marco Zanata, pesquisador do C3SL e docente do Departamento de Informática da UFPR, “O computador de alto desempenho do C3SL está à disposição da comunidade acadêmica para solicitação e análise de atendimento de demandas. Nossa missão é democratizar o acesso à infraestrutura de informática para agilizar o avanço das análises científicas em diferentes áreas do conhecimento”, destaca Zanata.
A infraestrutura do C3SL representa um salto qualitativo para a pesquisa científica. Com servidores de alto desempenho e hardware especializado para análises de Big Data e aprendizado de máquina, o laboratório oferece recursos que permitem o processamento de grandes volumes de dados em períodos reduzidos, o que seria impraticável em ambientes convencionais. “Esse poder computacional proporcionou à equipe a possibilidade de testar múltiplos cenários, aprimorar métodos estatísticos e gerar resultados robustos para apoiar tomadas de decisão em conservação e políticas públicas”, diz Victor Zwiener.
Pesquisa premiada aplicou Leis da Simplicidade para tornar a rede social MECRED mais intuitiva e acessível ao público da educação
A pesquisa sobre o redesenho da rede social educacional MECRED, desenvolvida pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) em parceria com o Ministério da Educação (MEC), foi premiada com o “Reviewers Choice AWARD” no 20th IFIP TC13 International Conference on Human-Computer Interaction (INTERACT), realizado de 8 a 12 de setembro em Belo Horizonte, Minas Gerais.
O trabalho premiado, intitulado “Applying the Laws of Simplicity to Redesign an Educational Social Network”, aborda a aplicação das 10 Leis da Simplicidade, formuladas pelo professor e pesquisador do MIT John Maeda, no redesenho da MECRED, a maior rede social dedicada à educação no Brasil. O objetivo principal foi simplificar a interface e facilitar o entendimento do funcionamento da plataforma, que atende professores, alunos e demais interessados na interface entre educação e tecnologia.
O estudo foi orientado pelo professor Roberto Pereira, do Departamento de Informática (Dinf) da UFPR, e assinado pelos pesquisadores de pós-graduação e bolsistas do C3SL, Jonas Lopes Guerra e Krissia Menezes, e pelo pesquisador do Dinf, Deógenes Pereira Da Silva Junior.
Segundo Jonas, a missão de redesenhar uma rede social brasileira que tem como público-alvo professores, alunos e pessoas interessadas na relação educação e tecnologia, é de uma complexidade muito grande, e, portanto, demandou uma abordagem pautada na simplicidade. “Nós buscamos simplificar tanto a interface quanto o entendimento do funcionamento da MECRED, e para isso estudamos a fundo as Leis da Simplicidade e desenvolvemos uma série de protótipos para avaliar as soluções que geramos a partir das Leis, antes de implementá-las. O artigo premiado no Interact, descreve como foi o processo de redesign da MECRED, pautado na simplicidade”, destaca.
Em um cenário digital cada vez mais marcado pelo excesso de informações e interfaces complexas, o desafio da pesquisa desenvolvida por Lupus é seguir a ótica da simplicidade. Lançada em 2015, a MECRED foi criada para reunir e compartilhar recursos educacionais, como planos de aula, materiais multimídia e coleções personalizadas. Com o tempo, a plataforma cresceu, acumulando funcionalidades e informações, o que acabou tornando a navegação e o uso mais desafiador para seus usuários.
Com isso, o foco da pesquisa foi explorar o potencial as Leis da Simplicidade para dar suporte no processo de redesign da plataforma, que combina funcionalidades de rede social e repositório de recursos, atendendo às necessidades de diversos usuários em um contexto socioeconômico diverso.
A pesquisa utilizou a metodologia de Action Research, combinando a prática do Design Reflexivo para desenvolver os protótipos e sessões de Thinking Aloud para avaliar o resultado dos protótipos, envolvendo o time de desenvolvimento e a equipe técnica do MEC. Os usuários eram convidados a navegar pela plataforma enquanto compartilhavam suas impressões e dificuldades, permitindo aos pesquisadores identificar pontos críticos e testar melhorias em tempo real.
A aplicação das Leis da Simplicidade resultou em uma interface mais simples, com navegação mais intuitiva e redução do tempo necessário para completar tarefas na plataforma. A pesquisa também gerou um conjunto de questões orientadoras para o uso das Leis da Simplicidade no design da experiência do usuário, além de explorar possibilidades para pesquisas futuras sobre a relação da Simplicidade com a Experiência do Usuário.
Trabalho debate solução tecnológica para gerenciar campanhas de saúde no SUS, integrando agentes comunitários e gestores municipais
O artigo “Design Socialmente Consciente na Prática: Concebendo uma Solução para o Gerenciamento de Campanhas no SUS” foi eleito nesta terça-feira (9) o melhor trabalho apresentado na trilha Relatos de Experiência no XIX Simpósio Brasileiro sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais (IHC). O trabalho, baseado em pesquisa realizada pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), é de autoria do doutorando do PPGInf da UFPR, Deógenes Pereira da Silva Junior; da doutoranda pelo PPGInf e pesquisadora do C3SL, Krissia Menezes; da pesquisadora e bacharel em Informática Biomédica pela UFPR, Marisa Sel Franco; mestrando em informática pelo PPGInf e pesquisador do C3SL, Jonas Lopes Guerra; e do pesquisador do C3SL e coordenador da equipe de IHC da UFPR, Roberto Pereira.
O relato de experiência abordado no trabalho é referente ao design de uma solução tecnológica para apoiar o gerenciamento de campanhas de saúde da Atenção Primária à Saúde (APS) no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, considerando a complexidade socioeconômica, cultural e geográfica do país. A proposta buscou integrar a diversidade das necessidades das partes interessadas, em especial os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), Agentes de Combate às Endemias (ACE) e gestores municipais, adotando o framework de Design Socialmente Consciente (DSC).
A equipe aplicou uma combinação de métodos exploratórios, como revisão bibliográfica e netnografia em redes sociais, além de técnicas do DSC para mapear os desafios, identificar stakeholders, definir personas e cenários, e especificar requisitos para a solução. Um protótipo de média fidelidade foi desenvolvido para ilustrar a proposta, priorizando funcionalidades que atendem às necessidades da comunicação, gestão e avaliação das campanhas em contextos vulneráveis e diversificados.
Nas considerações do trabalho, os pesquisadores apontam que o DSC demonstra ser um caminho promissor para enfrentar a complexidade intrínseca de soluções que devem operar nacionalmente. A pesquisa reforça ainda que priorizar a proximidade e o engajamento dos agentes de saúde com a população, simplificar processos administrativos e garantir acessibilidade são pontos cruciais para o sucesso das campanhas. Também alerta para possíveis conflitos entre a necessidade de indicadores mensuráveis para gestores e a importância do vínculo humano entre agentes e comunidade, que nem sempre é quantificável.
Estudos enfatizam a importância da inclusão digital e da aprendizagem ativa nas primeiras séries escolares
O papel da computação nos anos iniciais do ensino fundamental é tema de artigos aprovados dos pesquisadores do Centro de Estudos em Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) para apresentação no 24º Simpósio Brasileiro de Informática na Educação (SBIE). O simpósio integra a programação do Congresso Brasileiro de Informática na Educação (CBIE) 2025, entre 24 e 28 de novembro. Os trabalhos são assinados pelo professor do Dinf e pesquisador do C3SL, Marcos Castilho, pela doutora em informática pelo PPGInf, Elaine Cristina Grebogy, e pelos pesquisadores Icléia Santos, Halyne Czmola, Fábio Roberto Petroski e Fernanda Aparecida Greboge Marquette.
Os artigos abordam diversas frentes relacionadas à inserção do Pensamento Computacional, Cultura Digital e Educação Digital, alinhadas às demandas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Os trabalhos que debatem a inovação pedagógica e a democratização do conhecimento em computação no Brasil, partem de pesquisas realizadas junto ao C3SL, como a plataforma MECRED, maior rede social da educação do país.
Confira abaixo os principais assuntos de cada trabalho:
Título – Recursos Educacionais Abertos para o Ensino de Computação: Material MECRed para professores dos Anos Iniciais. Autores – Elaine Cristina Grebogy, Icléia Santos, Marcos Alexandre Castilho. Resumo – O trabalho analisa a plataforma MECRed, que reúne diversos recursos educacionais abertos voltados para o ensino de computação nos primeiros anos do ensino fundamental. A pesquisa oferece orientação para que professores possam selecionar materiais alinhados às novas competências previstas na BNCC, facilitando a inclusão da temática em suas práticas pedagógicas e contribuindo para a qualificação do ensino em todo o país.
Título – Computação Desplugada: estimulando o Pensamento Computacional de forma lúdica e concreta. Autores – Elaine Cristina Grebogy, Icléia Santos, Marcos Alexandre Castilho. Resumo – A pesquisa avança na investigação do impacto da Computação Desplugada — atividades que desenvolvem habilidades de computação sem o uso direto de computadores — e constatou um aumento de 45% nas capacidades relacionadas ao Pensamento Computacional entre estudantes. O material pedagógico elaborado destaca o papel das práticas lúdicas e concretas para o engajamento dos alunos, reforçando a recomendação de sua implementação precoce conforme proposto pela BNCC e pela Política Nacional de Educação Digital.
Título – Implementação da Computação como Componente Curricular em rede pública de São José dos Pinhais (PR). Autores – Halyne Czmola, Elaine Cristina Grebogy, Fábio Roberto Petroski, Fernanda Aparecida Greboge Marquette. Resumo – O artigo trata da experiência municipal em São José dos Pinhais, onde a inclusão da computação como componente curricular específico foi sistematizada por meio da Comissão Interna de Integração Curricular do Componente de Educação Digital e Midiática. Com análises detalhadas, o estudo aponta avanços e desafios na adaptação da BNCC Computação ao contexto local, fomentando discussões essenciais para aprimorar políticas educacionais e fortalecer a educação digital no âmbito municipal.
Título – Computar Brincando: promovendo a Cultura Digital com atividades para 4º e 5º anos. Autores – Elaine Cristina Grebogy, Icléia Santos, Marcos Alexandre Castilho. Resumo – O quarto trabalho apresenta um recurso didático estruturado em cinco capítulos que conectam a Cultura Digital da BNCC a atividades interdisciplinares, como segurança digital, verificação de informações e cidadania online. Desenvolvido para promover a aprendizagem ativa, o material contempla práticas desplugadas e o uso de ferramentas digitais simples, buscando garantir acessibilidade e protagonismo dos estudantes em diferentes realidades escolares.
BARBARA REIS DOS SANTOS BERNARDO PAVLOSKI TOMASI CAUE MATEUS GONÇALVES VENTURIN SAMONEK DAVI CAMPOS RIBEIRO EDUARDA SAIBERT ELOIZA STHEFANNY ROCHA DA SILVA CARDOSO GABRIELA FANAIA DE ALMEIDA DIAS DORST GUILHERME EDUARDO GONÇALVES DA SILVA HELOISA DIAS VIOTTO JOAO MEYER MUHLMANN JOÃO PEDRO VICENTE RAMALHO LETICIA DE LIMA ROBERTO MATEUS DOS SANTOS HERBELE PEDRO FOLLONI PESSERL PEDRO HENRIQUE FRIEDRICH RAMOS RUIBIN MEI THEO SIMONETTI SCHULT YAGO YUDI VILELA FURUTA BRUNO SIME FERREIRA NUNES
Obra desafia a visão comum de que ciência da computação limita-se a aplicações práticas, evidenciando que a computação teórica trata de questões filosóficas profundas e conexões com as ciências naturais.
O professor André Vignatti, do Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná (UFPR), conquistou o Prêmio Jabuti 2025 na categoria Ciência da Computação com seu livro A Máquina da Natureza: uma Perspectiva Cronológica da Ciência da Computação Teórica. A obra inovadora, que combina ciência da computação, filosofia e ciências naturais, aborda aspectos pouco explorados da área, questionando a percepção comum da computação como mera técnica aplicada.
Prata da casa, Vignatti é formado em Ciência da Computação na UFPR, com doutorado pela Unicamp, e pós-doutorado pela Università degli Studi di Salerno, na Itália. Em sua obra, o professor da UFPR enfatiza que a ciência da computação teórica não deve ser reduzida às inovações tecnológicas passageiras. Para ele, os fundamentos mais profundos da área estão ligados a questões filosóficas, como os limites do pensamento racional, a relação entre determinismo e aleatoriedade, e a própria essência da computação, ancorada na tese de Church-Turing – um conceito que propõe um modelo universal para todo tipo de computação.
Um aspecto central abordado na obra é o papel da informação como componente fundamental da natureza, ao lado da matéria e da energia. A ciência da computação teórica estuda a manipulação dessa informação em níveis abstratos e fundamentais, o que nos permite entender desde o funcionamento do DNA até as implicações sociais e éticas na era digital, ressalta o professor.
Além da riqueza de conteúdos, o livro é escrito em linguagem acessível, destinado a público diverso – de especialistas a curiosos. Vignatti afirma que o maior desafio foi justamente tornar conceitos complexos, como reduções e pseudoaleatoriedade, compreensíveis para leigos, tarefa que consumiu a maior parte do tempo da escrita.
Em entrevista abaixo, o professor comenta o impacto do Prêmio Jabuti para a valorização da ciência da computação no Brasil, reflete sobre o futuro da área diante do avanço do aprendizado de máquina e da inteligência artificial, e ressalta a importância de aproximar a ciência da computação da sociedade para além dos aspectos tecnológicos imediatos.
Esta reportagem integra uma série de entrevistas promovidas pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e Dinf. A iniciativa busca destacar a trajetória e as contribuições de ex-bolsistas, alunos e pesquisadores que se destacam no campo da informática, mostrando a diversidade e o impacto das pesquisas desenvolvidas nesse ambiente acadêmico e tecnológico de excelência.
C3SL – O que significa para você receber o prêmio Jabuti com seu livro?
VIGNATTI – Primeiramente, o prêmio Jabuti foi importante para dar visibilidade à ciência da computação teórica. Hoje, essa área representa apenas cerca de 10% da pesquisa em computação no Brasil e no exterior. Acredito que essa baixa porcentagem se deve ao frenesi tecnológico, que cria a falsa impressão de que a ciência da computação se resume às aplicações práticas. Para mim, não trabalhamos com uma ciência cujas principais questões são as aplicações tecnológicas. Pelo contrário, as novidades tecnológicas muitas vezes ofuscam os objetivos mais profundos da área, que se conectam a questões filosóficas e naturais. Meu objetivo com o livro é justamente explicitar esses objetivos.
Além disso, a conclusão deste livro foi um grande desafio, e eu não sabia como o livro seria recebido pelo público. Desta forma, vencer o Prêmio Jabuti representa o reconhecimento de um trabalho árduo, que levou anos.
C3SL – Como o prêmio Jabuti impacta a valorização da ciência da computação no Brasil?
VIGNATTI – A escrita de um livro é um processo complexo e trabalhoso, que pode desencorajar muitos acadêmicos. Nem sempre há muitos incentivos e, de acordo com as métricas acadêmicas tradicionais, o tempo investido em um livro pode não ser tão valorizado quanto outras atividades. Nesse contexto, a existência de um prêmio tão prestigioso como o Jabuti, que inclui uma categoria específica de ciência da computação, é fundamental para o reconhecimento do trabalho de autores e a valorização da área no Brasil.
C3SL – Quais próximos projetos acadêmicos ou literários você pretende desenvolver após essa obra?
VIGNATTI – Ainda não tenho certeza. A experiência com este livro, e o impacto que ele gerou mesmo antes do Prêmio Jabuti, me mostrou que projetos de longo prazo valem o esforço. Por isso, minha intenção é iniciar algo que tenha um impacto significativo, ainda que eu não saiba exatamente qual será o próximo passo.
C3SL – Como você vê o futuro da ciência da computação teórica nas próximas décadas?
VIGNATTI – A ciência da computação teórica tem um futuro promissor, com muitos tópicos para explorar. No entanto, sua relação com a área geral da computação deve ser turbulenta nas próximas décadas. Historicamente, a teoria sempre teve uma forte influência. Cerca de 40% dos Prêmios Turing, por exemplo, foram para pesquisadores teóricos. Por muito tempo, a relação entre pesquisa teórica e experimental foi saudável. Contudo, nos últimos 10 ou 15 anos, isso mudou.
Acredito que o principal fator dessa mudança é o sucesso do aprendizado de máquina. Essa área, que vejo como um novo paradigma de solução de problemas, transformou a ciência da computação em algo mais próximo da engenharia. A busca por novas formas de solucionar problemas é basicamente o que move a área de ciência da computação, então, neste sentido, são boas notícias. O problema é que a teoria e a prática desse novo paradigma de resolução de problemas estão muitos distantes um do outro, cada vez se distanciando mais. Hoje, a pesquisa experimental foca em usar esse novo paradigma, na maioria das vezes sem uma base teórica sólida, e não vejo uma maneira simples de aproximar a teoria e prática nesse contexto.
Apesar disso, vejo um futuro promissor para a ciência da computação teórica em outra frente: os impactos sociais da tecnologia, como educação, comunicação em mídias sociais, ética e meio ambiente. A computação teórica possui as ferramentas certas para auxiliar em pesquisas nesses temas.
Conceitos como conluio, conflito, equilíbrio, justiça, interação, linguagem e privacidade são apenas alguns exemplos de tópicos que já são estudados pela computação teórica e que muito certamente vão auxiliar nesses assuntos.
C3SL – Como surgiu a ideia de escrever um livro que conecta ciência da computação teórica com filosofia e ciências naturais?
VIGNATTI – O estudo da ciência da computação teórica ocorre, por padrão, abandonando completamente a influência de aspectos tecnológicos. Para quem enxerga de fora, isso parece contraditório – não seria a ciência da computação o estudo das tecnologias computacionais? Se a computação teórica ignora a tecnologia, o que ela estuda? Ao nos libertarmos da “névoa” das aplicações tecnológicas, percebemos que a essência da computação teórica está em questões que se conectam com a filosofia e as ciências naturais. Meu livro busca justamente dissipar essa névoa, tornando essas questões explícitas e acessíveis.
C3SL – Qual foi o maior desafio ao tentar explicar conceitos complexos em linguagem acessível?
VIGNATTI – Dentre diversas formas de explicar, o maior desafio é encontrar a forma mais adequada. O processo é simples na teoria: basta imaginar que você está explicando para alguém totalmente leigo. Na prática, porém, o que custa caro é o tempo gasto para chegar a essa explicação intuitiva. De fato, foi isso o que demandou maior tempo na escrita do meu livro. Conceitos como semântica da lógica, reduções e pseudoaleatoriedade, apenas para ilustrar, são apenas alguns dos casos onde gastei muito tempo até obter uma explicação que eu considerasse satisfatória. Nos meses recentes, ao dar aulas sobre o tema, alguns alunos me agradeceram por finalmente entenderem a ideia de “redução”. Situações assim mostram que, apesar do esforço, o resultado é extremamente recompensador.
C3SL – É possível explicar de forma simples, o que realmente significa? O que é computação, e em qual local ela está na vida das pessoas?
VIGNATTI – Não há uma resposta definitiva para essa questão. Aceitamos, sem uma prova matemática, que o que Alan Turing definiu como computação é o verdadeiro significado do conceito. Essa suposição, chamada Tese de Church-Turing, tem se mantido válida ao longo dos anos, pois ninguém conseguiu criar um modelo de computador “mais capaz” do que o computador abstrato de Turing. Em seu trabalho, Turing demonstrou que existe um algoritmo capaz de executar qualquer outro algoritmo. Esse algoritmo universal é o que hoje conhecemos como computador. É essa característica notável de ser o algoritmo mais genérico possível que permite ao computador encontrar aplicações em inúmeros contextos, explicando por que ele está tão presente em nosso dia a dia.
C3SL – Como a ciência da computação teórica pode contribuir para outras áreas do conhecimento, além da tecnologia?
VIGNATTI – Conexões com a filosofia, a física, a matemática e a biologia são bons exemplos. A própria ideia de computação nasceu de uma discussão filosófica de mais de 2.000 anos sobre a busca pela verdade absoluta. Um quarto do meu livro aborda essa “pré-história”, mostrando como chegamos ao conceito atual de computação. A partir dessa definição, surgem conexões com questões como o livre-arbítrio, que se relaciona com o problema da parada, e a consciência humana, que se conecta à Tese de Church-Turing.
Quando a questão da eficiência dos algoritmos se tornou central, a contribuição para outras áreas se intensificou. Por exemplo, o trabalho de físicos e matemáticos pode ser visto como um problema de decisão da classe NP. A principal pergunta em aberto hoje na ciência da computação é se “P=NP?” e, se for resolvido positivamente, em termos simples, não seriam mais necessários físicos ou matemáticos, apenas para exemplificar uma das consequências.
Outra área impactada é a biologia. Por exemplo, há uma equivalência quase direta entre o DNA e as sequências de caracteres estudadas na computação. Essa conexão pode levar ao desenvolvimento de uma teoria da evolução quantitativa, uma ideia que já rendeu um Prêmio Turing.
Outra aplicação vem da conexão com a física, onde o princípio da incerteza de Heisenberg sugere a existência de aleatoriedade real na natureza. Os físicos constataram a aleatoriedade na natureza, mas não trouxeram consigo uma explicação de seu significado. De fato, as explicações mais recentes sobre o assunto vêm da ciência da computação teórica. O Prêmio Turing de 2023, por exemplo, foi concedido a Avi Wigderson por seu trabalho que tenta explicar o papel da aleatoriedade na computação e no mundo real.
C3SL – Qual o conceito de manipulação da informação explorado pelo professor, e como esta manipulação impacta a sociedade atual?
VIGNATTI – A ideia é que a informação pode ser vista como um elemento fundamental da natureza, da mesma forma que matéria ou energia. Normalmente, a física estuda a natureza decompondo-a em componentes básicos como matéria, movimento, espaço e tempo. A ciência da computação teórica, por outro lado, estuda a informação e suas transformações. Se aceitarmos a informação como um componente básico da natureza — e essa aceitação é, essencialmente, uma questão epistemológica —, a computação se torna uma ciência fundamental. Um exemplo simples é a cor de uma maçã. Para a física, a cor é um fenômeno complexo, descrito como um campo eletromagnético de fótons. Para a ciência da computação, a cor pode ser representada de forma muito mais simples: com três números que indicam as quantidades de vermelho, verde e azul. Essa abordagem nos permite manipular e estudar a natureza a partir da informação.
C3SL – Como professor e pesquisador, qual a importância de aproximar a ciência da computação do público geral por meio de livros como este?
VIGNATTI – Muitos estudantes e profissionais de ciência da computação se incomodam por serem associados a funções como remover vírus ou consertar impressoras. Essa percepção equivocada existe porque as aplicações tecnológicas — o que o público vê e usa — agem como a “comissão de frente” da nossa ciência, escondendo o que realmente fazemos.
Curiosamente, grande parte do avanço tecnológico que a sociedade vivencia está ligada ao hardware, e não à ciência da computação em si. Os smartphones, por exemplo, só existem porque o hardware foi miniaturizado. O alvoroço em torno da inteligência artificial se deve, em grande parte, aos hardwares que finalmente são capazes de executá-la. É claro que, do ponto de vista da ciência da computação, sabemos que o desenvolvimento de algoritmos foi fundamental para essas tecnologias, mas para o público esses avanços acabam ficando em segundo plano. Se tivéssemos hardwares tão bons quanto os de hoje já em 1940, a percepção do público sobre a nossa área seria mais justa. Nessa realidade hipotética, os avanços tecnológicos não seriam anuais, mas pontuais — digamos, a cada 10 anos —, e isso tornaria os reais objetivos da ciência da computação muito mais explícitos. Em outras palavras, o avanço tecnológico que o público experimenta hoje pode estar mais relacionado à melhoria de tecnologias subjacentes do que à própria ciência da computação.
O meu livro busca exatamente corrigir essa percepção. Ele mostra que o principal papel da ciência da computação teórica não é gerar avanços tecnológicos. Pelo contrário, a área está no mesmo patamar da física teórica, com assuntos nobres e profundos. Suas conexões estão mais próximas do estudo da natureza do que de meras tecnologias usadas em nossos sistemas sociais ou econômicos.
Pesquisa usa framework 5W2H para diagnosticar elementos de jogos, e reforça importância de práticas participativas com educadores na criação de jogos digitais
A MECRED, maior rede social da educação do Brasil, estará no Simpósio Brasileiro sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais (IHC 2025). O evento será realizado entre os dias 8 e 10 de setembro, na capital mineira. Criada pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) em parceria com o Ministério da Educação, a rede é tema de artigo aprovado para apresentação no evento nacional de destaque na área Interação Humano-Computador.
O trabalho “Gamificar para engajar: Utilizando o framework 5W2H para o diagnóstico de elementos de jogos na MEC RED” tem como objetivo propor uma análise dos elementos de gamificação presentes na rede social. Os pesquisadores propõem diagnosticar e aprimorar os mecanismos que estimulam o engajamento e a permanência dos profissionais da educação na plataforma. O artigo é assinado pelos pesquisadores de graduação do C3SL, Gabriela dos Santos e Mariane Cassenote, pelo ex-bolsista do C3SL, Nicolas Rizzardi; pela pesquisadora de doutorado do C3SL, Krissia Menezes; e pelos professores do Dinf e pesquisadores sênior do C3SL, Roberto Pereira e Rachel Reis.
A MECRED é uma plataforma pioneira voltada para o compartilhamento de recursos educacionais digitais, com foco na colaboração entre professores e profissionais da educação de todas as regiões do Brasil. A rede social conta hoje com mais de 45 mil usuários e 35 mil recursos disponíveis gratuitamente, hospedados exclusivamente em datacenter próprio do C3SL na UFPR.
O estudo apresentado no IHC analisa a gamificação da MECRED — ou seja, a incorporação de elementos de jogos para melhorar a experiência do usuário e estimular maior participação. Utilizando o framework 5W2H, que considera sete dimensões essenciais para a avaliação (Quem?, O quê?, Por quê?, Quando?, Onde?, Como? e Quanto?), a pesquisa identificou 12 elementos de jogo na plataforma, como coleções, níveis, pontos, medalhas, conteúdos desbloqueáveis, status social e premiações.
Mesmo identifica de tais elementos, o diagnóstico indica que a gamificação na MECRED está concentrada em níveis básicos e intermediários (componentes e mecânicas), e que com isso ficam faltando as dinâmicas mais abstratas que engajam profundamente os usuários. A pesquisa também aponta falta de clareza nos critérios, recompensas e objetivos dos elementos dos recursos de gamificação postados na rede, bem como pouca integração entre eles. De acordo com o estudo, isso pode resultar em experiência fragmentada, o que dificulta a permanência e maior engajamento dos docentes.
As principais contribuições do estudo incluem um diagnóstico estruturado e detalhado da gamificação na MEC RED a partir do 5W2H, que aponta pontos fortes e limitações, bem como oportunidades explícitas para aprimorar a experiência do usuário. O estudo sugere a importância de um redesign que integre melhor os elementos de jogo, elevando-os para níveis mais abstratos e alinhando-os claramente aos objetivos pedagógicos e sociais da plataforma.
Os estudos investigam como a IHC pode transformar práticas educativas e sistemas públicos de saúde, ampliando a participação, o engajamento e sua eficiência
Pesquisadores de graduação e pós-graduação do Centro de Estudos sobre Sistemas Complexos (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão entre os finalistas do prêmio de melhor artigo na trilha relatos de experiência do XIX Simpósio Brasileiro sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais (IHC). A ser realizado em Belo Horizonte entre os dias 8 a 10 de setembro, o IHC 2025 é o principal fórum científico da área de Interação Humano-Computador no Brasil. Na lista dos concorrentes ao prêmio estão o pesquisador do C3SL e professor do Dinf, Roberto Pereira, e os bolsistas de pós-graduação Krissia Menezes e Jonas Lopes Guerra.
Os trabalhos indicados para concorrer ao prêmio foram aprovados para apresentação no evento. A trilha relatos de experiência do IHC privilegia trabalhos que tragam narrativas detalhadas sobre práticas, projetos e vivências em IHC, contextualizados e fundamentados teoricamente.
Um dos finalistas é o artigo intitulado “Percepções e experiências sobre ensino e aprendizagem de uma disciplina de IHC com foco em práticas colaborativas”, de autoria da doutoranda em informática pelo PPGInf e pesquisadora do C3SL, Gabriela Corbari dos Santos, e da professora adjunta do Departamento de Informática (Dinf) e integrante da equipe de IHC da UFPR, Natasha Malveira Costa Valentim.
O artigo de Gabriela e Natasha apresenta um relato de experiência sobre o ensino da disciplina de IHC em 2024 nos cursos de Ciência da Computação e Informática Biomédica da UFPR. Segundo a pesquisa, o objetivo da disciplina foi capacitar alunos com noções básicas de IHC a partir de uma perspectiva socialmente consciente e orientada a projetos de software, enfatizando a prática colaborativa.
O curso foi estruturado em torno de dois trabalhos práticos (TPs): o primeiro direcionado à avaliação de usabilidade, experiência do usuário (UX) e acessibilidade do app HandTalk — que traduz português para Libras — e o segundo focado no desenvolvimento de um protótipo de aplicativo para pessoas com deficiência visual. Nessas atividades, os alunos aplicaram técnicas reconhecidas na área, como personas, cenários, análise hierárquica de tarefas (HTA), GOMS e métodos de avaliação variados, dentre eles as heurísticas de Nielsen e o percurso cognitivo.\
O relatório final do estudo, que será debatido no IHC 2025, apresenta sete lições aprendidas, entre as quais se destacam: a importância da motivação individual, o uso combinado de múltiplas técnicas de avaliação, a eficácia dos métodos de inspeção para avaliações rápidas e o valor do design socialmente consciente. No artigo, Gabriela e Natasha reforçam que o ensino de IHC deve ir além da aplicação técnica, incorporando valores sociais para formar profissionais preparados para os desafios do futuro.
Outro trabalho que também está entre os que concorrem o prêmio na trilha relatos é o intitulado “Design Socialmente Consciente na Prática: Concebendo uma Solução para o Gerenciamento de Campanhas no SUS”, de autoria do doutorando do PPGInf, Deógenes Pereira da Silva Junior; da doutoranda pelo PPGInf e pesquisadora do C3SL, Krissia Menezes; da pesquisadora e bacharel em Informática Biomédica pela UFPR, Marisa Sel Franco; mestrando em informática pelo PPGInf e pesquisador do C3SL, Jonas Lopes Guerra; e do pesquisador do C3SL e coordenador da equipe de IHC da UFPR, Roberto Pereira.
O relato de experiência abordado no trabalho é referente ao design de uma solução tecnológica para apoiar o gerenciamento de campanhas de saúde da Atenção Primária à Saúde (APS) no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, considerando a complexidade socioeconômica, cultural e geográfica do país. A proposta buscou integrar a diversidade das necessidades das partes interessadas, em especial os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), Agentes de Combate às Endemias (ACE) e gestores municipais, adotando o framework de Design Socialmente Consciente (DSC).\
A equipe aplicou uma combinação de métodos exploratórios, como revisão bibliográfica e netnografia em redes sociais, além de técnicas do DSC para mapear os desafios, identificar stakeholders, definir personas e cenários, e especificar requisitos para a solução. Um protótipo de média fidelidade foi desenvolvido para ilustrar a proposta, priorizando funcionalidades que atendem às necessidades da comunicação, gestão e avaliação das campanhas em contextos vulneráveis e diversificados.
Nas considerações do trabalho, os pesquisadores apontam que o DSC demonstra ser um caminho promissor para enfrentar a complexidade intrínseca de soluções que devem operar nacionalmente. A pesquisa reforça ainda que priorizar a proximidade e o engajamento dos agentes de saúde com a população, simplificar processos administrativos e garantir acessibilidade são pontos cruciais para o sucesso das campanhas. Também alerta para possíveis conflitos entre a necessidade de indicadores mensuráveis para gestores e a importância do vínculo humano entre agentes e comunidade, que nem sempre é quantificável.
Selecionados entre 71 inscritos, os novos pesquisadores atuarão em projetos estratégicos nas áreas de educação, saúde e políticas públicas, sob a orientação de professores e gestores do C3SL
O Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) realizou nesta segunda-feira (11) o primeiro encontro geral dos novos bolsistas de 2025. O encontro foi realizado no auditório do Departamento de Informática (Dinf) e reuniu os pesquisadores de graduação dos cursos de Ciência da Computação e Informática Biomédica aprovados no último edital de seleção. Participaram do encontro professores do Departamento de Informática (DINF) e pesquisadores do C3SL, como Marcos Castilho, Roberto Pereira, Eduardo Almeida, Letícia Peres, Raquel Reis, Vinicius Fulber-Garcia, Simone Dominico e Carlos Alberto Martins de Carvalho, além da gestora de projetos de pesquisa e desenvolvimento do C3SL, Ianka Antunes.
Durante a reunião, os coordenadores apresentaram a origem e o desenvolvimento de três projetos principais atuais vinculados ao C3SL. Um deles é a MECRED, maior rede social da educação do Brasil. A MECRED é uma parceria entre o C3SL e o MEC e tem papel importante na educação básica e fundamental no país. Outro projeto do C3SL é a plataforma de Dados Educacionais para Políticas Públicas (Depp), projeto dedicado à organização, análise e disponibilização de dados e indicadores da educação básica e superior em séries históricas. Dentre outras funcionalidades, a plataforma permite acesso em diferentes níveis de desagregação para apoiar a formulação de políticas públicas educacionais mais eficientes.
O terceiro projeto relatado no encontro é o APSUS, em desenvolvimento em parceria com o Ministério da Saúde. Trata-se de um sistema de informação para Atenção Primária à Saúde, (APS), que é a principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Ela funciona como o primeiro contato do cidadão com o sistema de saúde. O projeto é voltado ao desenvolvimento de soluções tecnológicas para a comunicação e gestão na atenção primária à saúde, e busca melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços de saúde pública.
Os novos bolsistas terão dedicação de 20 horas semanais e atuarão presencialmente nos laboratórios do C3SL, integrando equipes multidisciplinares compostas por professores doutores, pesquisadores de mestrado, doutorado e graduação.
Reunião no Ministério da Ciência e Tecnologia é desdobramento de projetos do C3SL, em discussão desde 2024 com o órgãos do MCTI
Com a soberania tecnológica brasileira na pauta, o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcos Sunye, e a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, se reuniram, em Brasília, no dia 29 de agosto, para discutir a estruturação de projetos na área. Além de apresentar as demandas da UFPR ao MCTI, Sunye deu continuidade às tratativas anteriores do ministério com o Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL).
Pelo MCTI, participaram também Daniel Almeida Filho (Desenvolvimento Tecnológico e Inovação), Davyd Souza Santos (Tecnologia Social e Economia Solidária) e Hugo Valadares Siqueira (Inovação Digital). O reitor foi acompanhado pelo superintendente da Fundação da UFPR (Funpar), Edemir Maciel, e pelos técnicos da Funpar, Líbia Naico e Jonivan Oliveira.
A criação de uma plataforma brasileira de bens digitais foi objeto da parte da conversa decorrente do C3SL, uma vez que o Centro tem mobilizado pesquisadores da área em todo o país para discutir a soberania tecnológica do Brasil. A experiência da Funpar com a gestão de projetos foi comentada brevemente, no tópico de acelerar o uso da Lei da Informática para o desenvolvimento de projetos de interesse nacional, aproveitando o know-how da fundação.
C3SL busca parceiros para desenvolver o projeto MAPSBR A reunião no MCTI foi o desdobramento de uma conversa anterior, em 2024, com o secretário nacional de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social, Inácio Arruda. Na ocasião, uma equipe técnica do Centro de Computação, com Luis de Bona, Edemir Maciel e Jonivan Oliveira apresentou a experiência do C3SL com projetos associando computação e impacto social, da distribuição nacional do Linux Educacional ao monitoramento de indicadores sociais, passando pelo atendimento na Atenção Primária de Saúde.
A ideia de mobilizar empresas para o desenvolvimento de uma ferramenta de geolocalização, a exemplo do Google Maps e do próprio GPS, surgiu naquele encontro e foi retomada agora, com a ideia de utilizar a Lei da Informática para esse fim. O MCTI se colocou à disposição para estruturar essa iniciativa, em parceria com a UFPR e com o C3SL, que depois poderá envolver outros institutos de ciência e tecnologia brasileiros.