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Centro de Computação da UFPR divulga áreas para novas parcerias em 2025


Empresas e órgãos públicos podem apresentar projetos de cooperação ao Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL)

Com foco em superar obstáculos à inovação e desenvolver soluções para problemas complexos na gestão pública e privada, o Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), divulgou, nesta segunda-feira (24), a lista de áreas para novas parcerias em 2025. A relação inclui Inteligência Artificial, blockchain e robótica.

Dispondo de um computador de alta performance, servidor com 1 petabyte de armazenamento e cerca de 50 especialistas, entre professores, pós-graduandos e estudantes, o C3SL tem mais de 20 anos de experiência com encomendas tecnológicas e parcerias acadêmicas. O centro já desenvolveu projetos interdisciplinares na UFPR, para empresas e para os ministérios da Educação, da Saúde e das Comunicações.

“Nós temos a missão, enquanto universidade pública, de contribuir para o desenvolvimento da sociedade. É o que fazemos com esses projetos, que nos ajudam a capacitar os estudantes de graduação e pós, onde eles têm contato com problemas e pessoas reais. Colocamos a mesma energia criativa nas parcerias acadêmicas e nos projetos com apoio financeiro, que são importantes para nossa política de redução da evasão”, destaca o coordenador do C3SL, Marcos Castilho, professor da UFPR.

C3SL aceita parcerias em 10 áreas estratégicas da computação

Confira a lista divulgada pela coordenação do Centro de Computação Científica e Software Livre e veja como se conectar ao C3SL para desenvolver projetos, seja acadêmico, startup ou gestor público:

  1. Processamento de Dados e Computação em Nuvem
    Hospedagem e serviços em nuvem
    Processamento e análise de Big Data
    Armazenamento, backup e recuperação de dados

  2. Inteligência Artificial e Machine Learning
    Modelagem de Inteligência Artificial
    Automação de textos e documentos
    Reconhecimento de padrões, imagens e vídeos
    Processamento de Linguagem Natural (documentos, livros, jornais e processos)

  3. Cibersegurança e Privacidade
    Auditoria de segurança digital
    Testes de invasão
    Criptografia e proteção de dados
    Monitoramento a incidentes de segurança

  4. Desenvolvimento de Softwares e Sistemas
    Criação de sistemas personalizados
    Aplicações web e mobile
    Integração de APIs

  5. Ciência de Dados e Estatística Aplicada
    Modelagem estatística
    Simulações computacionais
    Visualização e dashboards interativos
    Análise de dados para políticas públicas

  6. Infraestrutura e Engenharia de Software
    Virtualização e gerenciamento de clusters
    Processamento paralelo e simulações científicas
    Modelagem matemática avançada
    Otimização de sistemas computacionais

  7. Robótica, Automação e Internet das Coisas
    Desenvolvimento de sensores e dispositivos inteligentes
    Aplicação de IA em robôs e sistemas autônomos
    Soluções de IoT para monitoramento remoto e eficiência
    Aplicações de automação para indústrias e cidades inteligentes

  8. UX e Sistemas Interativos
    Design de experiência do usuário (UX)
    Avaliação de usabilidade e acessibilidade digital
    Desenvolvimento de interfaces intuitivas e interativas
    Implementação de chatbots e assistentes
    Prototipação, wireframing e design de gamificação

  9. Otimização Matemática e Operacional
    Algoritmos para logística e planejamento
    Otimização de custos e eficiência operacional

  10. Blockchain e Sistemas Descentralizados
    Desenvolvimento de aplicações blockchain
    Rastreabilidade e auditoria digital
    Soluções para identidade digital e certificação

Em todas essas áreas, o C3SL trabalha com transferência de tecnologia ao final dos projetos, além de prestar consultoria e capacitação para transformação digital dos seus parceiros. No caso de colaborações entre universidades e institutos científicos, o Centro de Computação oferece mentoria e suporte para pesquisa acadêmica.

“Ao longo de 20 anos de trabalho, o C3SL constituiu um parque tecnológico relevante, com um computador de alto desempenho e infraestrutura capaz de executar com qualidade diversos projetos simultaneamente. Abrir o Centro de Computação para parcerias otimiza os recursos públicos e devolve à sociedade esses investimentos que recebemos nas últimas décadas”, justifica Marcos Castilho.

O contato com a coordenação do C3SL deve ser feita exclusivamente pelo e-mail contato@c3sl.ufpr.br, com a indicação da parceria desejada e os objetivos do projeto. Após esse primeiro contato, serão marcadas reuniões para delimitação, estruturação e otimização dos projetos.

Seminário na UFPR debate soluções para enfrentamento da violência infantojuvenil no Brasil

O encontro entre os dias 24 e 26 de abril trará especialistas para abordar impactos, desafios e soluções para a proteção às crianças e adolescentes

O combate à violência contra crianças e adolescentes exige conhecimento, políticas públicas eficazes e a mobilização de toda a sociedade. Com esse objetivo, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) será palco do Seminário Multiprofissional de Prevenção e Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes, entre os dias 24 e 26 de abril, no Auditório Gralha Azul, no campus do Jardim Botânico. O evento reunirá profissionais de diversas áreas para discutir soluções e fortalecer redes de proteção. O seminário é uma promoção do projeto de Prevenção ao Aliciamento de Crianças e Adolescentes (Proteca), atividade de extensão da UFPR voltada para a proteção infantojuvenil. A inscrição é gratuita pelo site do evento, e as vagas são limitadas.

O seminário é realizado em um contexto de aumento de 20% no número de denúncias de violência contra crianças e adolescentes no último ano. Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, em 2023, foram registradas 228 mil denúncias. Em 2024, este número saltou para cerca de 290 mil casos de violência. Somente nestes três primeiros meses de 2025, foram contabilizadas 56 mil denúncias, uma média de 622 casos por dia. Os dados de violações também saltaram de 1,3 milhão para 1,6 milhão no período. O MDHC considera como violações de direitos humanos ações que atentam contra os direitos de uma pessoa, como ameaças, violência, discriminação, tortura, trabalho escravo, entre outros.

De acordo com a coordenadora do Proteca e professora do Departamento de Informática da UFPR, Elenice Novak, o seminário é uma iniciativa fundamental para discutir e enfrentar as diversas formas de violência que afetam crianças e adolescentes. “O evento que será promovido pelo Proteca na UFPR é um passo crucial na luta contra a violência infanto-juvenil, oferecendo um espaço para reflexão e propostas concretas de combate a essas violações. Com a participação ativa de diversos setores, o evento promove uma abordagem integral para proteger crianças e adolescentes em situações de vulnerabilidade”, destaca a pesquisadora.

Outro aspecto em destaque no evento é a vulnerabilidade digital, que também é um desafio significativo, com a internet sendo frequentemente utilizada para aliciar e abusar de menores. Dados de levantamento feito pela ONG ChildFund Brasil em pesquisa com 8,4 mil estudantes de escolas públicas nas regiões nordeste e sudeste do país denunciam alto índice de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual on-line. Cerca de um terço dos estudantes disseram ter sofrido algum tipo de agressão virtual, aponta o estudo. É justamente considerando a multiplicidade de cenários e de situações adversas em que ocorrem a violência que o seminário se baseia na perspectiva multiprofissional, reunindo especialistas nas áreas de saúde, educação, direito, segurança e tecnologia para discutir estratégias de prevenção e enfrentamento das violências

Para a coordenadora do Proteca, o evento é uma oportunidade para que profissionais de diversas áreas unam conhecimentos e experiências na construção de estratégias efetivas de proteção aos jovens em situação de fragilidade física, emocional e vulnerabilidade digital. “Somente através de um olhar integrado e colaborativo poderemos criar redes de proteção capazes de garantir o desenvolvimento seguro e saudável de nossas crianças e adolescentes. O caráter multidisciplinar do evento, com participação de pesquisadores de diversas áreas é fundamental para que possamos compreender o fenômeno da violência em toda sua complexidade e elaborar intervenções mais eficazes e abrangentes, reconhecendo que a proteção integral não se restringe a uma única área de conhecimento, mas demanda o engajamento conjunto de diferentes saberes e instituições comprometidas com o bem-estar infantojuvenil”, destaca Elenice.

O seminário tem o apoio da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), do Serviço Social do Comércio (Sesc) Paraná, do Departamento de Informática da UFPR,  do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e da Associação Brasileira de Direito Educacional (ABRADE).

Eixos temáticos –  O seminário contará com uma programação dividida em eixos temáticos que refletem a complexidade do fenômeno das violências. O primeiro dia do evento abordará os eixos sobre saúde e educação. As implicações da violência na saúde física e mental dos jovens serão debatidas nas palestras da Dra Maria Cristina Marcelo da Silveira, do Hospital Pequeno Príncipe, da professora Associada de Odontopediatria da UFMG, Dra. Patrícia Maria Zarzar, e da psicóloga e doutoranda em Educação pela UFPR, Thais da Costa Paula.

No mesmo dia, a importância da conscientização nas escolas será foco das palestras da professora do Departamento de Teoria e Fundamentos da Educação da UFPR, Dra Gabriela Ormeno Reyes, da diretora da Associação Brasileira de Direito Educacional (Abrade), Dra Angela Christianne Lunedo de Mendonça, e do coordenador nacional do Programa Proteger e procurador da república, Dr Guilherme Schelb.

O segundo dia do evento será balizado pelos eixos tecnologia, segurança e justiça, com palestra sobre as questões relacionadas à segurança digital das crianças, e debate sobre o tema “Dados das violências praticadas contra crianças e adolescentes: realidade e desafios”. A mesa sobre direito e tecnologia será composta pelo Procurador de Justiça do Ministério Público do Paraná, Dr. Eduardo Monteiro, pela pesquisadora da Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, Dra. Elora Fernandes (Katholieke Universiteit Leuven, Bélgica) e do pesquisador científico em pós-doutorado no departamento de informática da Unicamp, Dr. Carlos Antônio Caetano Júnior. Na sequência, o painel sobre os indicadores de violência terá palestras da Coordenadora da Pesquisa TIC Kids Online Brasil, Luísa Adib Dino, da Executiva de Cibersegurança e Fundadora do Teckids, Karina Morato Queiroz, e do Diretor de País do ChildFund Brasil, Maurício José Cunha.

Apresentação de trabalhos– Além das palestras, o evento também servirá como um espaço para a apresentação de trabalhos como pesquisas e projetos extensionistas relacionados ao tema. A expectativa é que o seminário promova articulações intersetoriais que possam resultar em ações concretas para a proteção das crianças e adolescentes. A participação com trabalhos será por apresentação de pôster (apresentação visual de pesquisas, relatos de experiências ou boas práticas) ou de roda de conversa com apresentação oral (discussões interativas sobre projetos, produtos ou casos relevantes no contexto da violência infantil). Os trabalhos devem abordar temas relacionados à saúde, educação, tecnologia, direito e segurança, com foco na prevenção e enfrentamento das violências na infância e adolescência.

Seminário Multiprofissional de Prevenção e Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes

Quando? 24 a 26 de abril de 2025

Onde? UFPR – Campus Jardim Botânico (Auditório Gralha Azul)

Qual é o objetivo? Aprofundar o debate sobre formas de prevenção e enfrentamento das violências que atingem crianças e adolescentes, promovendo redes de proteção e fortalecendo ações efetivas na defesa dos direitos infantojuvenis.

Certificado: O evento oferecerá certificado de participação e apresentação de trabalhos.

Evento Gratuito: A inscrição para o seminário é gratuita pelo link https://www.sympla.com.br/evento/seminario-multiprofissional-de-prevencao-e-enfrentamento-a-violencia-contra-criancas-e-adolescentes/2867505

 Normas para submissão de resumos (até 20/03): https://proteca.ufpr.br/submissao-de-trabalhos/

Programação completa: https://proteca.ufpr.br/seminario-proteca-palestras/Dúvidas? E-mail: eventoproteca@ufpr.br

Processo Seletivo 2025.1

São bolsas de pesquisa para alunos de graduação e pós dos cursos de Ciência da Computação, Informática Biomédica. É necessário que o aluno tenha disponibilidade para se dedicar 20 horas semanais, das 8h ao 12h, com atividades presenciais.

Os bolsistas atuarão nos projetos de pesquisa e desenvolvimento do C3SL, localizado no Departamento de Informática da UFPR. Os candidatos que participaram de seleções anteriores podem realizar o processo seletivo novamente para melhorar sua nota.

O tempo no C3SL pode ser validado como estágio obrigatório e projeto de IC. Os alunos são fortemente convidados a desenvolverem pesquisas nas diversas áreas da computação e têm a oportunidade de interagir com outros pesquisadores.

As inscrições começam dia 17/03 (segunda-feira) e vão até 29/03 (sexta-feira), às 23:59h.

A bolsa para graduação começa em R$1.000,00.
A bolsa de mestrado começa em R$3.800,00.
A bolsa de doutorado começa em R$6.000,00.

A documentação necessária é seu histórico acadêmico atualizado, carta de motivação, frente e verso do RG, currículo e declaração de não beneficiário de bolsa assinada (há um template anexado ao edital).

Informações extras são encontradas no Edital de Seleção.

O Edital sofreu alterações e uma declaração de não recebimento de bolsa é necessária (em anexo no Edital), caso o candidato possua bolsa de outro projeto ou vínculo empregatício vigente, pode fazer a entrevista normalmente, caso seja selecionado, poderá decidir ficar ou não no laboratório.

O Edital, para fins de esclarecimento, não está completamente atualizado e é de fluxo contínuo, o que significa que não precisamos relançá-lo para abrir um novo PS, como este. Portanto, confiem neste post do processo seletivo deste ano.

Mesmo que o candidato já receba bolsa de alguma IC, mande para nós a declaração assinada, pois caso o candidato seja selecionado não precisamos requerer o documento novamente.

Confira o nosso guia do candidato.

A inscrição deste ano será realizada através da plataforma Ademir, desenvolvida pelo C3SL para metagestão do laboratório.

Acessem https://ademir.c3sl.ufpr.br/processoseletivo, adicionem o email mais usado de vocês e sigam os passos do formulário.

É importante ressaltar que a plataforma está em constante desenvolvimento, portanto podem ocorrer bugs ou erros. Caso algum erro aconteça, contate-nos via email enviando uma mensagem para selecao@c3sl.ufpr.br.

O prazo de inscrição vai até 29 de Março às 23:59h!

As entrevistas serão realizadas presencialmente. Aguarde informações por e-mail.

Projeto da UFPR emprega Inteligência Artificial para melhorar atendimento no SUS

Solução busca automatiza interações, coleta dados estratégicos e aprimora a experiência dos pacientes na Atenção Primária à Saúde

Pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão desenvolvendo um sistema baseado em Inteligência Artificial para melhorar o atendimento na Atenção Primária à Saúde do SUS. O projeto, realizado em parceria com o Ministério da Saúde, visa criar uma solução capaz de interagir com milhões de brasileiros, coletando dados e promovendo melhorias nos serviços de saúde pública. “Com o uso da IA, podemos transformar a APS, criando um canal direto do SUS com os cidadãos, que não apenas melhora a experiência do paciente, mas também fornece dados estratégicos para uma gestão mais assertiva e inclusiva”, destaca André Grégio, pesquisador do C3SL e coordenador do projeto com o Ministério da Saúde.

Uso de IA no pós-atendimento do SUS pode automatizar a comunicação e criar uma gestão otimizada da saúde. Foto: Juliana Telesse

A cada minuto, três mil pessoas passam pela APS no país, a principal porta de entrada para os serviços básicos do SUS, caracterizando-se por um conjunto abrangente de ações voltadas tanto para o indivíduo quanto para a coletividade. Somente em 2024, foram mais de quatro milhões de atendimentos individuais, registrando um aumento de 18% em comparação ao ano anterior. A solução promete aprimorar a gestão da saúde pública no país na medida em que busca automatizar a comunicação, é o que aponta o pesquisador do C3SL e especialista em Inteligência Artificial, Paulo Almeida.

Projeto propõe uso de IA no retorno dos atendimentos na APS. Foto: Jerônimo Gonzalez/MS

“Imagine receber uma ligação após sua consulta no posto de saúde. Neste contato, a IA pergunta sobre a qualidade do atendimento, se o problema foi resolvido ou se há sugestões de melhoria. Essas interações, realizadas com uma voz humanizada e natural, têm o potencial de transformar a relação entre o SUS e seus usuários”, destaca Almeida. O projeto utiliza tecnologias avançadas de Speech-to-Text (transcrição de áudio para texto) e Text-to-Speech (texto para áudio), permitindo que sistemas automatizados interajam diretamente com os cidadãos.

Mais que acompanhar o atendimento, o foco é dar subsídio concreto a partir de dados para que o governo possa gerir com maior eficiência a saúde pública, destaca Grégio. Foto: Juliana Telesse

Dados que valem saúde

O objetivo com a aplicação da IA não é apenas automatizar a comunicação, mas sim reunir e processar dados que possam melhorar a cobertura da saúde pública. A APS se concentra em ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, como campanhas de vacinação, orientações sobre hábitos saudáveis e acompanhamento de condições crônicas. A coleta e processamento desses dados em grande escala possibilita análises detalhadas sobre questões específicas, como o atendimento a mulheres grávidas em pré-natal ou a qualidade dos serviços em áreas rurais.

A interação da IA com os usuários do SUS também resulta em um sistema aprimorado de avaliação sobre o atendimento. “Mais do que simples perguntas, o sistema busca estabelecer um diálogo dinâmico. Por exemplo, se um cidadão relata que esperou muito tempo para ser atendido, a IA pode identificar automaticamente que o problema não foi causado pelo médico, mas pela sobrecarga do posto de saúde. Essa análise personalizada permite que os gestores identifiquem padrões regionais e tomem decisões mais assertivas para melhorar os serviços. Essa abordagem coloca o SUS na vanguarda da gestão pública baseada em dados”, avalia Almeida.

Solução de compactação de dados do C3SL pode reduzir custos de processamento de IA

Com previsão de desenvolvimento do projeto até 2027, o grupo de pesquisa da UFPR tem antecipado entregas do cronograma, adequando-se às demandas da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), órgão que faz a gestão da parceria junto ao Ministério da Saúde. Uma das soluções em via de implantação neste primeiro semestre é um sistema de envio de mensagens direcionadas de comunicação para um grupo, com foco em campanhas informativas massivas. A aplicação da IA no projeto integra uma segunda etapa da pesquisa, em um sistema de comunicação individualizada, com foco no usuário.

Segundo Almeida, um dos desafios desta segunda etapa do projeto é o alto custo de processamento de dados. Os modelos avançados de IA utilizados em Speech-to-Text e Text-to-Speech demandam grande poder computacional. Com cerca de 220 milhões de habitantes no Brasil e milhões de interações previstas diariamente, reduzir custos sem comprometer a qualidade é uma prioridade. O C3SL já apresentou avanços nesse sentido.

“Um dos nossos avanços mais promissores mostra que, ao modificar a forma como os arquivos de áudio são armazenados e comprimidos, conseguimos reduzir em até nove vezes o espaço necessário para armazená-los – o que também reduz os custos com hardware e consumo de energia – sem comprometer significativamente a qualidade da transcrição. Esse tipo de otimização pode ser fundamental para viabilizar a implementação desses modelos em larga escala dentro do SUS. Essa inovação diminui os custos com hardware e energia elétrica, tornando o projeto mais viável economicamente”, destaca o pesquisador.

C3SL desenvolve sistema para campanhas de saúde na Atenção Primária

Utilizada para disparo de informes para os usuários do SUS, solução do C3SL fortalece comunicação entre agentes de saúde e comunidade, impulsionando a prevenção e o cuidado

A Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil acaba de ganhar um importante aliado tecnológico na comunicação com a sociedade. Um sistema de comunicação direta entre usuários e a APS desenvolvido pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), grupo de pesquisa vinculado ao Departamento de Informática da UFPR, promete otimizar as campanhas de saúde e fortalecer o vínculo entre os agentes de saúde e a população. Segundo o coordenador do projeto e pesquisador do C3SL, André Grégio, o sistema busca melhorar o acesso à informação sobre saúde e o monitoramento das relações com os usuários do SUS. “A solução que projetamos inova na forma como a APS se comunica com a população, permitindo campanhas mais direcionadas, eficientes e com maior impacto na saúde e bem-estar da comunidade”, afirma.

Projeto inova na forma como o SUS se comunica com a população, afirma Grégio. Foto: Juliana Telesse

A cada minuto, três mil pessoas passam pela APS no país, a principal porta de entrada para os serviços básicos do SUS, caracterizando-se por um conjunto abrangente de ações voltadas tanto para o indivíduo quanto para a coletividade. Somente em 2024, foram mais de quatro milhões de atendimentos individuais, registrando um aumento de 18% em comparação ao ano anterior. Dentre outras funções, a APS se concentra em ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, como campanhas de vacinação, orientações sobre hábitos saudáveis e acompanhamento de condições crônicas.

Tela do sistema de campanha do APSUS. Crédito: divulgação

É neste contexto que a solução se torna fundamental para o aprimoramento do sistema de saúde, pois permitirá que os gestores se comuniquem com os agentes de saúde e que iniciativas de saúde cheguem mais rápido ao cidadão, promovendo não só a inclusão digital, mas a conscientização e disseminação de informações importantes sobre saúde. Neste primeiro semestre, o projeto inicia seu piloto de testes para realizar a comunicação entre a SAPS/SUS/MS e profissionais de saúde. Os profissionais da SAPS terão tutoriais de como utilizar o sistema e participarão do levantamento de requisitos para a próxima versão, com mais funcionalidades.

De acordo com a pesquisadora especialista em banco de dados do C3SL, Simone Dominico, o sistema de disparos de informes da APS utiliza um banco de dados para armazenar informações sobre os informativos, usuários e grupos. No processo de envio, os usuários são cadastrados e organizados em grupos, permitindo o envio de informes com base no interesse do usuário. Os grupos cadastrados no sistema são transformados em listas de distribuição, para realizar o envio dos informes. O sistema busca garantir que não sejam enviados informes em duplicidade, minimizando assim a probabilidade dos e-mails serem classificados como SPAM. 

Sistema apresenta uma interface intuitiva, similar às plataformas usadas pelos gestores do SUS, destaca Simone. Foto: Juliana Telesse

“Quando um informe precisa ser enviado, é encaminhado à lista correspondente, que distribui a mensagem automaticamente para todos os integrantes do grupo. Caso o informe seja para vários grupos, as listas são combinadas, mas os usuários que fazem parte de vários grupos receberão apenas um e-mail, evitando assim a duplicidade. O sistema possui dois ambientes, o público, onde qualquer pessoa interessada pode se cadastrar para receber os informes, e o ambiente restrito desenvolvido para gestores da APS para o cadastro de novos informes, acompanhamento e agendamento de envios e gerenciamento de listas de usuários. O desenvolvimento seguiu as diretrizes do e-Gestor da SAPS, garantindo uma interface intuitiva,  alinhada às plataformas já utilizadas pelos gestores”, explica.

O objetivo é que o sistema seja implantado na APS a partir do segundo semestre deste ano, beneficiando os agentes de saúde e os usuários do SUS com a inclusão digital e a conscientização e disseminação de informações importantes sobre saúde. “O impacto social e a centralidade do sistema para programas e ações de saúde coletiva por parte do Governo Federal têm o potencial de beneficiar milhões de cidadãos. Isso reforça a lista de trabalhos encabeçados pelo C3SL, os quais demonstram a sólida capacidade do grupo de pesquisa na execução de projetos de grande escala e complexidade, envolvendo equipes interdisciplinares, infraestrutura de alto nível e impacto significativo na sociedade brasileira”, avalia Grégio.

Sistema atende demandas dos usuários e dos agentes de saúde

O projeto do C3SL com o Ministério da Saúde foi iniciado em janeiro de 2024, com o foco no aprimoramento da comunicação na APS. O sistema surge como uma resposta aos desafios enfrentados na APS, como a necessidade de integrar políticas públicas e ações programáticas de saúde, garantir uma comunicação efetiva para promover a saúde e o bem-estar, e apoiar os agentes de saúde no gerenciamento de campanhas.

Junto aos usuários do SUS, o sistema busca reduzir a falta de acesso à comunicação e a dificuldade em compreender instruções a partir de uma comunicação inclusiva e acessível. Junto aos profissionais da APS, o foco é facilitar a operação de sistemas do SUS, por meio de uma estrutura intuitiva e de fácil uso.

Com os agentes comunitários de saúde, a solução reduz as dificuldades na criação de vínculos com as famílias, a partir de funcionalidades para facilitar a criação e atualização de dados. Para os agentes de combate às endemias, que atuam a partir de alto custo de deslocamento, em situações adversas, o sistema inclui recursos de deslocamento no planejamento. Para os gestores municipais da APS, a solução do C3SL oferece uma série de ferramentas para planejamento local e monitoramento de indicadores.

Rede social para educadores cresce 15% e busca novos usuários

A plataforma MEC RED chegou a 37 mil usuários em 2024. Rede social é utilizada por educadores que querem trocar conteúdo inovador para suas aulas.

Cada vez mais educadores do Brasil estão compartilhando ideias, recursos pedagógicos e experiências que deram certo em sala de aula uns com os outros, graças a uma rede social 100% brasileira. É a MEC RED, uma plataforma do Ministério da Educação (MEC), para compartilhamento de Recursos Educacionais Digitais (RED), desenvolvida pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A rede social dos educadores brasileiros chegou aos 37 mil usuários em 2024. Foram 5 mil novos educadores se cadastrando ao longo do ano, o que significa um crescimento de 15%. É o melhor resultado dos últimos cinco anos e o terceiro maior da série história, atrás somente de 2020 (6.700) e 2018 (6.611). Ele também veio acompanhado de um salto de 24% na média de novos usuários mensais, que subiu de 337 para 419 por mês de 2023 para 2024.

O bom resultado reflete um ano de conquistas para a equipe do C3SL, cujo trabalho ao longo de 2024 deu uma nova cara à MEC RED. Para atrair mais educadores, novas funcionalidades foram incorporadas ao projeto inicial, de 2017, fazendo com que a iniciativa do Ministério da Educação seja cada vez mais uma rede social, onde os usuários estão por vontade própria, em vez de só outra plataforma de uso obrigatório.

Mirando a inclusão dos quase 3 milhões de professores da Educação Básica, o Centro de Computação Científica da UFPR reforçou a infraestrutura de dados e de segurança. Hoje, a rede social dos educadores brasileiros está hospedada dentro da Universidade Federal do Paraná, no supercomputador do Departamento de Informática, que é o lar do C3SL, e já contabilizou mais de 187 mil downloads de recursos educacionais.

Como a MEC RED funciona na prática

Para quem busca formas de incrementar suas aulas, a rede social MEC RED funciona como uma biblioteca gratuita de conteúdos. Usando o buscador, na página principal, basta digitar o assunto de interesse para ter acesso instantâneo à relação de recursos educacionais. Com mais um clique, sobre o item que chamou sua atenção, o usuário é redirecionado para a página dele, onde pode fazer uma cópia para usar em sala de aula como quiser.

Para o acesso básico aos conteúdos, não é necessário fazer login na rede social, mas os educadores que se registram na MEC RED ganham o poder de compartilhar itens com os outros usuários. Eles também avaliam aquilo que foi colocado na plataforma, de forma que os próprios educadores destacam os recursos digitais que mais ajudaram em sala de aula, melhorando sua exibição no ranking de respostas às buscas dentro da rede social.

Se um usuário compartilhou conteúdos muito bons para a sua área de interesse, você pode segui-lo na rede social, para saber sempre que essa pessoa disponibilizar novos recursos educacionais à comunidade de educadores. Graças a parcerias com programas do Governo Federal, hoje já são mais de 320 mil conteúdos à disposição dos professores brasileiros na MEC RED.

Rede social dos educadores foi destaque no G20

Além de várias premiações em congressos científicos ao longo de 2024, o maior reconhecimento à rede social dos educadores veio em julho, no Rio de Janeiro, quando ela foi apresentada na reunião do G20. O Grupo dos Vinte, mais conhecido pela sigla G20, é um fórum de cooperação internacional, formado pelos países com as maiores economias do mundo.

Quando o Ministério da Educação mostrou a MEC RED às maiores economias do mundo, elas decidiram incluir a rede social no manual de boas práticas do evento. Isso mostra que a rede social dos educadores brasileiros continua sendo tão inovadora quanto era em 2021, quando foi premiada no concurso internacional Open Government Awards, na categoria Educação.

Centro de Computação da UFPR, o C3SL é referência em políticas públicas

Criado há 20 anos, o Centro de Computação Científica é Software Livre é um laboratório de pesquisa e inovação ligado à Pós-Graduação e ao Departamento de Informática da UFPR. Hoje, são quase 100 pessoas, entre professores, pós-graduandos e estudantes ligados aos projetos executados pelo C3SL, que incluem a administração do maior espelho de distribuição de software livre do hemisfério sul.

Desde a sua criação, o C3SL já executou 27 projetos, atendendo a encomendas tecnológicas de órgãos públicos das esferas federal, estadual e municipal, além de parcerias com a iniciativa privada. Em valores atualizados, são R$ 141 milhões em recursos administrados, que foram revertidos em pesquisa, conhecimento aberto e políticas de combate à evasão no ensino superior.

Parceria entre C3SL e Labmater propõe sistemas de automação em hidrogênio renovável

O projeto integra tecnologia da informação e inteligência artificial, e busca estabelecer um modelo para a produção eficiente de energia renovável no Centro Politécnico

Unidade do Labmater no Centro Politécnico

O Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) firmou parceria com a equipe de computação do Laboratório de Materiais e Energias Renováveis (Labmater), do Setor Palotina da Universidade Federal do Paraná (UFPR), cedendo infraestrutura de tecnologia da informação para um dos projetos de P&D desenvolvido no laboratório intitulado: “Tecnologia para produção de hidrogênio renovável a partir de biomassa como fonte de recurso energético distribuído assistida por inteligência artificial”.  O projeto é financiado pela Copel e será implantado no Centro Politécnico. A iniciativa também conta com a parceria de empresas do ramo como a Gás Futuro, atuante no mercado de fabricação e manutenção de sistemas de compressão de gás natural.

Na parceria, o C3SL disponibilizará infraestrutura computacional para virtualização robusta dos dados relacionados a automação do processo de geração de hidrogênio. O biogás é um tipo de combustível que pode ser obtido a partir de biomassa como, por exemplo, os resíduos tratados do restaurante universitário. De acordo com os professores Marcos Schreiner e Paola Ponciano, pesquisadores do Labmater, a equipe de computação do laboratório tem se dedicado à pesquisa e desenvolvimento de sistemas computacionais que automatizam o processo de produção de hidrogênio renovável. Além disso, a proposta é implementar algoritmos de Inteligência Artificial que possam auxiliar na operação da unidade piloto. O projeto também prevê a implantação de bicicletas movidas a hidrogênio, a serem testadas no politécnico.

Equipe de computação do Labmater

Os dados operacionais que serão hospedados no C3SL incluem informações coletadas dos sensores e atuadores instalados nos módulos da unidade piloto como: temperatura, umidade, pressão e outras variáveis. Tais informações serão armazenadas em um banco de dados, permitindo análises que gerarão informações valiosas para os operadores por meio de sistemas web e um sistema especialista. A colaboração também inclui a disponibilização de uma máquina virtual (VM) com configurações específicas para rodar sistemas web que monitoram e suportam as operações da unidade piloto. Além disso, haverá comunicação via VPN com os equipamentos e backups regulares para garantir a segurança dos dados.

Para o pesquisador do C3SL, Marcos Castilho, a parceria representa um marco importante na busca por soluções sustentáveis. “Estamos muito satisfeitos em colaborar com o LABMATER neste projeto inovador que visa a produção de energia renovável a partir de resíduos. A experiência do C3SL em projetos complexos, que têm impactos sociais e ambientais significativos, nos permite contribuir efetivamente para soluções sustentáveis a partir de soluções em computação. Acreditamos que essa parceria não apenas promoverá a eficiência energética, mas também servirá como um modelo para outras iniciativas semelhantes no futuro”.

De acordo com os professores Marcos Schreiner e Paola Ponciano, a unidade piloto desenvolvida representa um passo inicial na pesquisa sobre produção de hidrogênio e energia. Há planos para expandir a parceria entre a equipe de computação do Labmater e o C3SL na criação de projetos futuros, com o objetivo de transformar os sistemas computacionais e as inovações em produtos viáveis que atendam às demandas energéticas sustentáveis.

Vinculado ao Departamento de Engenharias e Exatas (DEE) do Setor Palotina, o projeto do Labmater tem caráter multidisciplinar e reúne pesquisadores dos cursos de Engenharia de Energia, Licenciatura em Computação, Engenharia Elétrica e Engenharia Química. Além dos professores Me. Marcos Antônio Schreiner e Me. Paola Cavalheiro Ponciano, também são integrantes desta iniciativa o coordenador do projeto, professor Dr. Helton José Alves; o atual coordenador do Labmater, professor Dr. Mauricio Romani; o responsável técnico do Labmater, Me. Lazaro Jose Gasparrin; e os professores pesquisadores: Dr.Gustavo Henrique da Costa Oliveira, Dr.João Américo Vilela Júnior, Dr Luiz Fernando de Lima Luz Junior, Dr. Marcelo Arnoldo Hartman, Dr. Marcos Lúcio Corazza, Renan Akira Nascimento Escribano, e Julio Cezar da Silva Ferreira.

Cenário atual de desconfiança com IA reflete a recepção dos primeiros computadores, diz professor Álvaro Freitas Moreira


Fala foi feita pelo professor da UFRGS em palestra sobre IA no desenvolvimento de softwares durante o 3° Encontro de Data Science & Big Data UFPR

Por Felipe Azambuja

Durante o 3º Encontro de Data Science e Big Data na UFPR, o professor Álvaro Freitas Moreira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), refletiu sobre o impacto da inteligência artificial (IA) no desenvolvimento de software.  Moreira traçou paralelos entre a recepção dos pioneiros da computação e as reações atuais à IA: “o clima atual é muito parecido com aquele dos primórdios”, disse o professor, em uma comparação entre a desconfiança gerada pelas ferramentas de IA e o assombro visto nas décadas de 1940 e de 1950 com o surgimento das primeiras tecnologias das então chamada programação automática.

Segundo Moreira, as ferramentas baseadas em IA “prometem melhorar significativamente a produtividade,” no desenvolvimento de software, ao permitir a criação de códigos a partir de comandos em linguagem natural. Apesar desse potencial, ele ressalta que as preocupações persistem: “a gente não sabe exatamente como funciona o mecanismo […] a gente espera que preserve a intenção que foi expressa ali no prompt.”

O professor apontou que o uso de modelos de linguagem a exemplo do ChatGPT para gerar códigos é um exemplo claro de como a IA está sendo integrada ao desenvolvimento de software. Contudo, isso também traz desafios. Um deles é a falta de transparência nos mecanismos que traduzem as intenções dos programadores para linhas de código. Outro é a necessidade de validação constante do código gerado, o que contrasta com a confiança já estabelecida nos compiladores tradicionais.

Paralelos com o passado

O professor iniciou sua fala à plateia do auditório do Setor de Tecnologia, no Centro Politécnico, relembrando o impacto do ENIAC, um dos primeiros computadores, que na década de 1940 causou furor com sua capacidade de realizar cálculos em minutos, “nada muito diferente do que se andou dizendo recentemente, no final de 2022, quando foi anunciado o ChatGPT”.

Moreira destacou que, nos anos 1950, a introdução de linguagens de programação como COBOL provocou reações similares às que vemos hoje: desconfiança em relação à confiabilidade dos códigos gerados automaticamente e preocupação com a perda de controle pelos programadores. Essa resistência inicial, no entanto, foi superada pela eficiência e praticidade proporcionadas pelas novas ferramentas.

Adaptações à nova realidade

Amarrando os paralelos, Moreira refletiu sobre o futuro do uso das inteligências artificiais na área do desenvolvimento de software. Ele apontou a possibilidade do surgimento de um novo dialeto para lidar com as linguagens da IA. O professor também questionou “será que um dia a gente vai confiar na IA e deixar de inspecionar visualmente o código gerado por ela?”

Moreira especulou que o tempo economizado com a automação de tarefas poderia ser redirecionado para atividades criativas ou para o aprimoramento da confiabilidade dos sistemas gerados. Ele ainda disse que ferramentas mais robustas para verificação formal de códigos podem ganhar espaço com o avanço da IA.

“A estatística é a espinha dorsal da ciência de dados”, afirma o Prof.Dr. Hedibert Lopes, em palestra na UFPR 


Mesa de abertura do 3º encontro de Data Science & Big Data trouxe importantes discussões acerca do papel da Estatística na Ciência de Dados

Texto: Eduardo Perry

A importância crescente da estatística em um mundo dominado por dados foi o foco da palestra do professor do Insper, Hedibert Lopes, realizada no 3° Encontro de Data Science e Big Data promovido pela UFPR. Durante sua apresentação, o pesquisador destacou como as fronteiras entre as duas áreas do conhecimento estão se tornando cada vez mais nebulosas, uma vez que a chamada Data Science evolui em direção a análises e interpretações mais complexas de dados, enquanto o estatístico de século XXI está se aproximando de ferramentas computacionais avançadas, como o machine learning e a inteligência artificial. 

Nos Estados Unidos, os primeiros programas acadêmicos de ciência de dados começaram a surgir em meados dos anos 2010. No entanto, à medida que a área se consolidava, universidades de ponta passaram a incorporar a ciência de dados em seus currículos, muitas vezes renomeando departamentos de estatística e outras áreas para refletir essa integração. Hoje, instituições renomadas, como o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a Universidade de Stanford, oferecem programas robustos que combinam estatística, ciência da computação e análise de dados, refletindo a natureza interdisciplinar e prática do campo.

De acordo com Lopes, o “boom” do Data Science é consequência direta do aumento da quantidade de dados produzidos, assim como a capacidade computacional disponível nos dias de hoje, “Eu tô aqui e meu celular tá ali me escutando. Quando eu abrir ele, ele vai sugerir pra mim: ‘Ah, você tá em Curitiba. Que tal fazer isso? Nosso trabalho estatístico, ou de ciência de dados, serve para compilar e interpretar todas essas coisas”, explicou. 

O professor também ressaltou que a consolidação da ciência de dados como um campo próprio também significou a incorporação e a ampliação de técnicas estatísticas, que passaram a servir não apenas como base, mas como motor de desenvolvimento para novas abordagens tanto na estatística quanto na ciência da computação. “Muitas das técnicas utilizadas hoje em machine learning, por exemplo, advêm do universo da estatística, mas ao mesmo tempo foram criadas muitas coisas novas e interessantes”. Para ele, isso significa principalmente duas coisas: não se pode minimizar a importância da matemática e da estatística, no que diz respeito à ciência de dados; e o papel do estatístico no mundo do data Science precisa ser repensado para que ele esteja mais bem equipado com novas habilidades que o tornem atualizado e efetivo”, refletiu.

É preciso democratizar a área

Lopes ainda lamentou o fato de que poucas pessoas procuram pelo bacharelado em Estatística, enquanto muitos vão atrás do diploma de Ciência da Computação. Segundo ele, não é interessante que a área tenha tão pouca visibilidade. O pesquisador ainda trouxe dados que indicam que por volta de 2015 houve um aumento na procura pelo curso, mas menciona que esse fenômeno deve ter sido provocado pela maior adesão que o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) teve na época, o que acabou significando em um aumento na procura por todos os cursos, e não só o de estatística. Hoje, o número de inscritos em vestibulares de estatística no Brasil está caindo e de 2013 para cá, a média anual de término do curso é de um terço, segundo estudo citado pelo professor. 

Perguntado sobre ausência de mulheres, sobretudo pretas e pardas na área, Lopes ressaltou que esse é um problema sério a ser resolvido. “Sempre que fazemos seminários no Insper, eu busco trazer o mesmo tanto de homens e mulheres para falar. Mas, elas são minoria, e quanto mais você sobe na carreira, mais você percebe a predominância masculina”, enfatizou.