Rede social do MEC desenvolvida pelo C3SL é tema de artigo aprovado no Interact 2025

Estudo explora o potencial das Leis da Simplicidade para criar redes sociais acessíveis e engajadoras para professores e alunos

A rede social MECRED, criada pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) em parceria com o Ministério da Educação (MEC), é tema de pesquisa sobre aprimoramento do design de experiência do usuário, a ser apresentada na International Conference on Human-Computer Interaction (INTERACT) 2025, um dos eventos científicos mais tradicionais e importantes da área de Interação Humano-Computador (IHC). Intitulado “Applying the Laws of Simplicity to Redesign an Educational Social Network”, o trabalho debate como as 10 Leis da Simplicidade formuladas pelo professor e pesquisador do MIT John Maeda, foram aplicadas no redesenho da plataforma, maior rede social dedicada à educação no Brasil. Orientado pelo professor do Departamento de Informática (Dinf), Roberto Pereira, o trabalho é assinado em coautoria do pesquisador de pós-graduação do C3SL, Jonas Lupus, e dos pesquisadores do Dinf, Krissia Menezes e Deógenes Pereira Da Silva Junior. 

Segundo Jonas, a missão de redesenhar uma rede social brasileira que tem como público-alvo professores, alunos e pessoas interessadas na relação educação e tecnologia, é de uma complexidade muito grande, e, portanto, demandou uma abordagem pautada na simplicidade. “Nós buscamos simplificar tanto a interface quanto o entendimento do funcionamento da MECRED, e para isso estudamos a fundo as Leis da Simplicidade e desenvolvemos uma série de protótipos para avaliar as soluções que geramos a partir das Leis, antes de implementá-las. O artigo aprovado no Interact, descreve como foi o processo de redesign da MECRED, pautado na simplicidade”, destaca.

Neste ano, a INTERACT será realizada entre os dias 8 e 12 de setembro, em Belo Horizonte (MG). O tema central desta edição é “Blending Experiences in Interaction Design” (Misturando Experiências em Design de Interação). O evento reúne pesquisadores, profissionais e estudantes do mundo todo para discutir avanços, tendências e desafios na área de interação entre pessoas e sistemas computacionais.

Em um cenário digital cada vez mais marcado pelo excesso de informações e interfaces complexas, o desafio da pesquisa desenvolvida por Lupus é seguir a ótica da simplicidade. Lançada em 2015, a MECRED foi criada para reunir e compartilhar recursos educacionais, como planos de aula, materiais multimídia e coleções personalizadas. Com o tempo, a plataforma cresceu, acumulando funcionalidades e informações, o que acabou tornando a navegação e o uso mais desafiador para seus usuários.

Com isso, o foco da pesquisa foi explorar o potencial as Leis da Simplicidade para dar suporte no processo de redesign da plataforma, que combina funcionalidades de rede social e repositório de recursos, atendendo às necessidades de diversos usuários em um contexto socioeconômico diverso.

A pesquisa utilizou a metodologia de Action Research, combinando a prática do Design Reflexivo para desenvolver os protótipos e sessões de Thinking Aloud para avaliar o resultado dos protótipos, envolvendo o time de desenvolvimento e a equipe técnica do MEC. Os usuários eram convidados a navegar pela plataforma enquanto compartilhavam suas impressões e dificuldades, permitindo aos pesquisadores identificar pontos críticos e testar melhorias em tempo real.

A aplicação das Leis da Simplicidade resultou em uma interface mais simples, com navegação mais intuitiva e redução do tempo necessário para completar tarefas na plataforma. A pesquisa também gerou um conjunto de questões orientadoras para o uso das Leis da Simplicidade no design da experiência do usuário, além de explorar possibilidades para  pesquisas futuras sobre a relação da Simplicidade com a Experiência do Usuário.

Centro de Computação da UFPR divulga áreas para novas parcerias em 2025


Empresas e órgãos públicos podem apresentar projetos de cooperação ao Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL)

Com foco em superar obstáculos à inovação e desenvolver soluções para problemas complexos na gestão pública e privada, o Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), divulgou, nesta segunda-feira (24), a lista de áreas para novas parcerias em 2025. A relação inclui Inteligência Artificial, blockchain e robótica.

Dispondo de um computador de alta performance, servidor com 1 petabyte de armazenamento e cerca de 50 especialistas, entre professores, pós-graduandos e estudantes, o C3SL tem mais de 20 anos de experiência com encomendas tecnológicas e parcerias acadêmicas. O centro já desenvolveu projetos interdisciplinares na UFPR, para empresas e para os ministérios da Educação, da Saúde e das Comunicações.

“Nós temos a missão, enquanto universidade pública, de contribuir para o desenvolvimento da sociedade. É o que fazemos com esses projetos, que nos ajudam a capacitar os estudantes de graduação e pós, onde eles têm contato com problemas e pessoas reais. Colocamos a mesma energia criativa nas parcerias acadêmicas e nos projetos com apoio financeiro, que são importantes para nossa política de redução da evasão”, destaca o coordenador do C3SL, Marcos Castilho, professor da UFPR.

C3SL aceita parcerias em 10 áreas estratégicas da computação

Confira a lista divulgada pela coordenação do Centro de Computação Científica e Software Livre e veja como se conectar ao C3SL para desenvolver projetos, seja acadêmico, startup ou gestor público:

  1. Processamento de Dados e Computação em Nuvem
    Hospedagem e serviços em nuvem
    Processamento e análise de Big Data
    Armazenamento, backup e recuperação de dados

  2. Inteligência Artificial e Machine Learning
    Modelagem de Inteligência Artificial
    Automação de textos e documentos
    Reconhecimento de padrões, imagens e vídeos
    Processamento de Linguagem Natural (documentos, livros, jornais e processos)

  3. Cibersegurança e Privacidade
    Auditoria de segurança digital
    Testes de invasão
    Criptografia e proteção de dados
    Monitoramento a incidentes de segurança

  4. Desenvolvimento de Softwares e Sistemas
    Criação de sistemas personalizados
    Aplicações web e mobile
    Integração de APIs

  5. Ciência de Dados e Estatística Aplicada
    Modelagem estatística
    Simulações computacionais
    Visualização e dashboards interativos
    Análise de dados para políticas públicas

  6. Infraestrutura e Engenharia de Software
    Virtualização e gerenciamento de clusters
    Processamento paralelo e simulações científicas
    Modelagem matemática avançada
    Otimização de sistemas computacionais

  7. Robótica, Automação e Internet das Coisas
    Desenvolvimento de sensores e dispositivos inteligentes
    Aplicação de IA em robôs e sistemas autônomos
    Soluções de IoT para monitoramento remoto e eficiência
    Aplicações de automação para indústrias e cidades inteligentes

  8. UX e Sistemas Interativos
    Design de experiência do usuário (UX)
    Avaliação de usabilidade e acessibilidade digital
    Desenvolvimento de interfaces intuitivas e interativas
    Implementação de chatbots e assistentes
    Prototipação, wireframing e design de gamificação

  9. Otimização Matemática e Operacional
    Algoritmos para logística e planejamento
    Otimização de custos e eficiência operacional

  10. Blockchain e Sistemas Descentralizados
    Desenvolvimento de aplicações blockchain
    Rastreabilidade e auditoria digital
    Soluções para identidade digital e certificação

Em todas essas áreas, o C3SL trabalha com transferência de tecnologia ao final dos projetos, além de prestar consultoria e capacitação para transformação digital dos seus parceiros. No caso de colaborações entre universidades e institutos científicos, o Centro de Computação oferece mentoria e suporte para pesquisa acadêmica.

“Ao longo de 20 anos de trabalho, o C3SL constituiu um parque tecnológico relevante, com um computador de alto desempenho e infraestrutura capaz de executar com qualidade diversos projetos simultaneamente. Abrir o Centro de Computação para parcerias otimiza os recursos públicos e devolve à sociedade esses investimentos que recebemos nas últimas décadas”, justifica Marcos Castilho.

O contato com a coordenação do C3SL deve ser feita exclusivamente pelo e-mail contato@c3sl.ufpr.br, com a indicação da parceria desejada e os objetivos do projeto. Após esse primeiro contato, serão marcadas reuniões para delimitação, estruturação e otimização dos projetos.

Seminário na UFPR debate soluções para enfrentamento da violência infantojuvenil no Brasil

O encontro entre os dias 24 e 26 de abril trará especialistas para abordar impactos, desafios e soluções para a proteção às crianças e adolescentes

O combate à violência contra crianças e adolescentes exige conhecimento, políticas públicas eficazes e a mobilização de toda a sociedade. Com esse objetivo, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) será palco do Seminário Multiprofissional de Prevenção e Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes, entre os dias 24 e 26 de abril, no Auditório Gralha Azul, no campus do Jardim Botânico. O evento reunirá profissionais de diversas áreas para discutir soluções e fortalecer redes de proteção. O seminário é uma promoção do projeto de Prevenção ao Aliciamento de Crianças e Adolescentes (Proteca), atividade de extensão da UFPR voltada para a proteção infantojuvenil. A inscrição é gratuita pelo site do evento, e as vagas são limitadas.

O seminário é realizado em um contexto de aumento de 20% no número de denúncias de violência contra crianças e adolescentes no último ano. Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, em 2023, foram registradas 228 mil denúncias. Em 2024, este número saltou para cerca de 290 mil casos de violência. Somente nestes três primeiros meses de 2025, foram contabilizadas 56 mil denúncias, uma média de 622 casos por dia. Os dados de violações também saltaram de 1,3 milhão para 1,6 milhão no período. O MDHC considera como violações de direitos humanos ações que atentam contra os direitos de uma pessoa, como ameaças, violência, discriminação, tortura, trabalho escravo, entre outros.

De acordo com a coordenadora do Proteca e professora do Departamento de Informática da UFPR, Elenice Novak, o seminário é uma iniciativa fundamental para discutir e enfrentar as diversas formas de violência que afetam crianças e adolescentes. “O evento que será promovido pelo Proteca na UFPR é um passo crucial na luta contra a violência infanto-juvenil, oferecendo um espaço para reflexão e propostas concretas de combate a essas violações. Com a participação ativa de diversos setores, o evento promove uma abordagem integral para proteger crianças e adolescentes em situações de vulnerabilidade”, destaca a pesquisadora.

Outro aspecto em destaque no evento é a vulnerabilidade digital, que também é um desafio significativo, com a internet sendo frequentemente utilizada para aliciar e abusar de menores. Dados de levantamento feito pela ONG ChildFund Brasil em pesquisa com 8,4 mil estudantes de escolas públicas nas regiões nordeste e sudeste do país denunciam alto índice de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual on-line. Cerca de um terço dos estudantes disseram ter sofrido algum tipo de agressão virtual, aponta o estudo. É justamente considerando a multiplicidade de cenários e de situações adversas em que ocorrem a violência que o seminário se baseia na perspectiva multiprofissional, reunindo especialistas nas áreas de saúde, educação, direito, segurança e tecnologia para discutir estratégias de prevenção e enfrentamento das violências

Para a coordenadora do Proteca, o evento é uma oportunidade para que profissionais de diversas áreas unam conhecimentos e experiências na construção de estratégias efetivas de proteção aos jovens em situação de fragilidade física, emocional e vulnerabilidade digital. “Somente através de um olhar integrado e colaborativo poderemos criar redes de proteção capazes de garantir o desenvolvimento seguro e saudável de nossas crianças e adolescentes. O caráter multidisciplinar do evento, com participação de pesquisadores de diversas áreas é fundamental para que possamos compreender o fenômeno da violência em toda sua complexidade e elaborar intervenções mais eficazes e abrangentes, reconhecendo que a proteção integral não se restringe a uma única área de conhecimento, mas demanda o engajamento conjunto de diferentes saberes e instituições comprometidas com o bem-estar infantojuvenil”, destaca Elenice.

O seminário tem o apoio da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), do Serviço Social do Comércio (Sesc) Paraná, do Departamento de Informática da UFPR,  do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e da Associação Brasileira de Direito Educacional (ABRADE).

Eixos temáticos –  O seminário contará com uma programação dividida em eixos temáticos que refletem a complexidade do fenômeno das violências. O primeiro dia do evento abordará os eixos sobre saúde e educação. As implicações da violência na saúde física e mental dos jovens serão debatidas nas palestras da Dra Maria Cristina Marcelo da Silveira, do Hospital Pequeno Príncipe, da professora Associada de Odontopediatria da UFMG, Dra. Patrícia Maria Zarzar, e da psicóloga e doutoranda em Educação pela UFPR, Thais da Costa Paula.

No mesmo dia, a importância da conscientização nas escolas será foco das palestras da professora do Departamento de Teoria e Fundamentos da Educação da UFPR, Dra Gabriela Ormeno Reyes, da diretora da Associação Brasileira de Direito Educacional (Abrade), Dra Angela Christianne Lunedo de Mendonça, e do coordenador nacional do Programa Proteger e procurador da república, Dr Guilherme Schelb.

O segundo dia do evento será balizado pelos eixos tecnologia, segurança e justiça, com palestra sobre as questões relacionadas à segurança digital das crianças, e debate sobre o tema “Dados das violências praticadas contra crianças e adolescentes: realidade e desafios”. A mesa sobre direito e tecnologia será composta pelo Procurador de Justiça do Ministério Público do Paraná, Dr. Eduardo Monteiro, pela pesquisadora da Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, Dra. Elora Fernandes (Katholieke Universiteit Leuven, Bélgica) e do pesquisador científico em pós-doutorado no departamento de informática da Unicamp, Dr. Carlos Antônio Caetano Júnior. Na sequência, o painel sobre os indicadores de violência terá palestras da Coordenadora da Pesquisa TIC Kids Online Brasil, Luísa Adib Dino, da Executiva de Cibersegurança e Fundadora do Teckids, Karina Morato Queiroz, e do Diretor de País do ChildFund Brasil, Maurício José Cunha.

Apresentação de trabalhos– Além das palestras, o evento também servirá como um espaço para a apresentação de trabalhos como pesquisas e projetos extensionistas relacionados ao tema. A expectativa é que o seminário promova articulações intersetoriais que possam resultar em ações concretas para a proteção das crianças e adolescentes. A participação com trabalhos será por apresentação de pôster (apresentação visual de pesquisas, relatos de experiências ou boas práticas) ou de roda de conversa com apresentação oral (discussões interativas sobre projetos, produtos ou casos relevantes no contexto da violência infantil). Os trabalhos devem abordar temas relacionados à saúde, educação, tecnologia, direito e segurança, com foco na prevenção e enfrentamento das violências na infância e adolescência.

Seminário Multiprofissional de Prevenção e Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes

Quando? 24 a 26 de abril de 2025

Onde? UFPR – Campus Jardim Botânico (Auditório Gralha Azul)

Qual é o objetivo? Aprofundar o debate sobre formas de prevenção e enfrentamento das violências que atingem crianças e adolescentes, promovendo redes de proteção e fortalecendo ações efetivas na defesa dos direitos infantojuvenis.

Certificado: O evento oferecerá certificado de participação e apresentação de trabalhos.

Evento Gratuito: A inscrição para o seminário é gratuita pelo link https://www.sympla.com.br/evento/seminario-multiprofissional-de-prevencao-e-enfrentamento-a-violencia-contra-criancas-e-adolescentes/2867505

 Normas para submissão de resumos (até 20/03): https://proteca.ufpr.br/submissao-de-trabalhos/

Programação completa: https://proteca.ufpr.br/seminario-proteca-palestras/Dúvidas? E-mail: eventoproteca@ufpr.br

Projeto da UFPR emprega Inteligência Artificial para melhorar atendimento no SUS

Solução busca automatiza interações, coleta dados estratégicos e aprimora a experiência dos pacientes na Atenção Primária à Saúde

Pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão desenvolvendo um sistema baseado em Inteligência Artificial para melhorar o atendimento na Atenção Primária à Saúde do SUS. O projeto, realizado em parceria com o Ministério da Saúde, visa criar uma solução capaz de interagir com milhões de brasileiros, coletando dados e promovendo melhorias nos serviços de saúde pública. “Com o uso da IA, podemos transformar a APS, criando um canal direto do SUS com os cidadãos, que não apenas melhora a experiência do paciente, mas também fornece dados estratégicos para uma gestão mais assertiva e inclusiva”, destaca André Grégio, pesquisador do C3SL e coordenador do projeto com o Ministério da Saúde.

Uso de IA no pós-atendimento do SUS pode automatizar a comunicação e criar uma gestão otimizada da saúde. Foto: Juliana Telesse

A cada minuto, três mil pessoas passam pela APS no país, a principal porta de entrada para os serviços básicos do SUS, caracterizando-se por um conjunto abrangente de ações voltadas tanto para o indivíduo quanto para a coletividade. Somente em 2024, foram mais de quatro milhões de atendimentos individuais, registrando um aumento de 18% em comparação ao ano anterior. A solução promete aprimorar a gestão da saúde pública no país na medida em que busca automatizar a comunicação, é o que aponta o pesquisador do C3SL e especialista em Inteligência Artificial, Paulo Almeida.

Projeto propõe uso de IA no retorno dos atendimentos na APS. Foto: Jerônimo Gonzalez/MS

“Imagine receber uma ligação após sua consulta no posto de saúde. Neste contato, a IA pergunta sobre a qualidade do atendimento, se o problema foi resolvido ou se há sugestões de melhoria. Essas interações, realizadas com uma voz humanizada e natural, têm o potencial de transformar a relação entre o SUS e seus usuários”, destaca Almeida. O projeto utiliza tecnologias avançadas de Speech-to-Text (transcrição de áudio para texto) e Text-to-Speech (texto para áudio), permitindo que sistemas automatizados interajam diretamente com os cidadãos.

Mais que acompanhar o atendimento, o foco é dar subsídio concreto a partir de dados para que o governo possa gerir com maior eficiência a saúde pública, destaca Grégio. Foto: Juliana Telesse

Dados que valem saúde

O objetivo com a aplicação da IA não é apenas automatizar a comunicação, mas sim reunir e processar dados que possam melhorar a cobertura da saúde pública. A APS se concentra em ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, como campanhas de vacinação, orientações sobre hábitos saudáveis e acompanhamento de condições crônicas. A coleta e processamento desses dados em grande escala possibilita análises detalhadas sobre questões específicas, como o atendimento a mulheres grávidas em pré-natal ou a qualidade dos serviços em áreas rurais.

A interação da IA com os usuários do SUS também resulta em um sistema aprimorado de avaliação sobre o atendimento. “Mais do que simples perguntas, o sistema busca estabelecer um diálogo dinâmico. Por exemplo, se um cidadão relata que esperou muito tempo para ser atendido, a IA pode identificar automaticamente que o problema não foi causado pelo médico, mas pela sobrecarga do posto de saúde. Essa análise personalizada permite que os gestores identifiquem padrões regionais e tomem decisões mais assertivas para melhorar os serviços. Essa abordagem coloca o SUS na vanguarda da gestão pública baseada em dados”, avalia Almeida.

Solução de compactação de dados do C3SL pode reduzir custos de processamento de IA

Com previsão de desenvolvimento do projeto até 2027, o grupo de pesquisa da UFPR tem antecipado entregas do cronograma, adequando-se às demandas da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), órgão que faz a gestão da parceria junto ao Ministério da Saúde. Uma das soluções em via de implantação neste primeiro semestre é um sistema de envio de mensagens direcionadas de comunicação para um grupo, com foco em campanhas informativas massivas. A aplicação da IA no projeto integra uma segunda etapa da pesquisa, em um sistema de comunicação individualizada, com foco no usuário.

Segundo Almeida, um dos desafios desta segunda etapa do projeto é o alto custo de processamento de dados. Os modelos avançados de IA utilizados em Speech-to-Text e Text-to-Speech demandam grande poder computacional. Com cerca de 220 milhões de habitantes no Brasil e milhões de interações previstas diariamente, reduzir custos sem comprometer a qualidade é uma prioridade. O C3SL já apresentou avanços nesse sentido.

“Um dos nossos avanços mais promissores mostra que, ao modificar a forma como os arquivos de áudio são armazenados e comprimidos, conseguimos reduzir em até nove vezes o espaço necessário para armazená-los – o que também reduz os custos com hardware e consumo de energia – sem comprometer significativamente a qualidade da transcrição. Esse tipo de otimização pode ser fundamental para viabilizar a implementação desses modelos em larga escala dentro do SUS. Essa inovação diminui os custos com hardware e energia elétrica, tornando o projeto mais viável economicamente”, destaca o pesquisador.

Rede social para educadores cresce 15% e busca novos usuários

A plataforma MEC RED chegou a 37 mil usuários em 2024. Rede social é utilizada por educadores que querem trocar conteúdo inovador para suas aulas.

Cada vez mais educadores do Brasil estão compartilhando ideias, recursos pedagógicos e experiências que deram certo em sala de aula uns com os outros, graças a uma rede social 100% brasileira. É a MEC RED, uma plataforma do Ministério da Educação (MEC), para compartilhamento de Recursos Educacionais Digitais (RED), desenvolvida pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A rede social dos educadores brasileiros chegou aos 37 mil usuários em 2024. Foram 5 mil novos educadores se cadastrando ao longo do ano, o que significa um crescimento de 15%. É o melhor resultado dos últimos cinco anos e o terceiro maior da série história, atrás somente de 2020 (6.700) e 2018 (6.611). Ele também veio acompanhado de um salto de 24% na média de novos usuários mensais, que subiu de 337 para 419 por mês de 2023 para 2024.

O bom resultado reflete um ano de conquistas para a equipe do C3SL, cujo trabalho ao longo de 2024 deu uma nova cara à MEC RED. Para atrair mais educadores, novas funcionalidades foram incorporadas ao projeto inicial, de 2017, fazendo com que a iniciativa do Ministério da Educação seja cada vez mais uma rede social, onde os usuários estão por vontade própria, em vez de só outra plataforma de uso obrigatório.

Mirando a inclusão dos quase 3 milhões de professores da Educação Básica, o Centro de Computação Científica da UFPR reforçou a infraestrutura de dados e de segurança. Hoje, a rede social dos educadores brasileiros está hospedada dentro da Universidade Federal do Paraná, no supercomputador do Departamento de Informática, que é o lar do C3SL, e já contabilizou mais de 187 mil downloads de recursos educacionais.

Como a MEC RED funciona na prática

Para quem busca formas de incrementar suas aulas, a rede social MEC RED funciona como uma biblioteca gratuita de conteúdos. Usando o buscador, na página principal, basta digitar o assunto de interesse para ter acesso instantâneo à relação de recursos educacionais. Com mais um clique, sobre o item que chamou sua atenção, o usuário é redirecionado para a página dele, onde pode fazer uma cópia para usar em sala de aula como quiser.

Para o acesso básico aos conteúdos, não é necessário fazer login na rede social, mas os educadores que se registram na MEC RED ganham o poder de compartilhar itens com os outros usuários. Eles também avaliam aquilo que foi colocado na plataforma, de forma que os próprios educadores destacam os recursos digitais que mais ajudaram em sala de aula, melhorando sua exibição no ranking de respostas às buscas dentro da rede social.

Se um usuário compartilhou conteúdos muito bons para a sua área de interesse, você pode segui-lo na rede social, para saber sempre que essa pessoa disponibilizar novos recursos educacionais à comunidade de educadores. Graças a parcerias com programas do Governo Federal, hoje já são mais de 320 mil conteúdos à disposição dos professores brasileiros na MEC RED.

Rede social dos educadores foi destaque no G20

Além de várias premiações em congressos científicos ao longo de 2024, o maior reconhecimento à rede social dos educadores veio em julho, no Rio de Janeiro, quando ela foi apresentada na reunião do G20. O Grupo dos Vinte, mais conhecido pela sigla G20, é um fórum de cooperação internacional, formado pelos países com as maiores economias do mundo.

Quando o Ministério da Educação mostrou a MEC RED às maiores economias do mundo, elas decidiram incluir a rede social no manual de boas práticas do evento. Isso mostra que a rede social dos educadores brasileiros continua sendo tão inovadora quanto era em 2021, quando foi premiada no concurso internacional Open Government Awards, na categoria Educação.

Centro de Computação da UFPR, o C3SL é referência em políticas públicas

Criado há 20 anos, o Centro de Computação Científica é Software Livre é um laboratório de pesquisa e inovação ligado à Pós-Graduação e ao Departamento de Informática da UFPR. Hoje, são quase 100 pessoas, entre professores, pós-graduandos e estudantes ligados aos projetos executados pelo C3SL, que incluem a administração do maior espelho de distribuição de software livre do hemisfério sul.

Desde a sua criação, o C3SL já executou 27 projetos, atendendo a encomendas tecnológicas de órgãos públicos das esferas federal, estadual e municipal, além de parcerias com a iniciativa privada. Em valores atualizados, são R$ 141 milhões em recursos administrados, que foram revertidos em pesquisa, conhecimento aberto e políticas de combate à evasão no ensino superior.

Parceria entre C3SL e Labmater propõe sistemas de automação em hidrogênio renovável

O projeto integra tecnologia da informação e inteligência artificial, e busca estabelecer um modelo para a produção eficiente de energia renovável no Centro Politécnico

Unidade do Labmater no Centro Politécnico

O Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) firmou parceria com a equipe de computação do Laboratório de Materiais e Energias Renováveis (Labmater), do Setor Palotina da Universidade Federal do Paraná (UFPR), cedendo infraestrutura de tecnologia da informação para um dos projetos de P&D desenvolvido no laboratório intitulado: “Tecnologia para produção de hidrogênio renovável a partir de biomassa como fonte de recurso energético distribuído assistida por inteligência artificial”.  O projeto é financiado pela Copel e será implantado no Centro Politécnico. A iniciativa também conta com a parceria de empresas do ramo como a Gás Futuro, atuante no mercado de fabricação e manutenção de sistemas de compressão de gás natural.

Na parceria, o C3SL disponibilizará infraestrutura computacional para virtualização robusta dos dados relacionados a automação do processo de geração de hidrogênio. O biogás é um tipo de combustível que pode ser obtido a partir de biomassa como, por exemplo, os resíduos tratados do restaurante universitário. De acordo com os professores Marcos Schreiner e Paola Ponciano, pesquisadores do Labmater, a equipe de computação do laboratório tem se dedicado à pesquisa e desenvolvimento de sistemas computacionais que automatizam o processo de produção de hidrogênio renovável. Além disso, a proposta é implementar algoritmos de Inteligência Artificial que possam auxiliar na operação da unidade piloto. O projeto também prevê a implantação de bicicletas movidas a hidrogênio, a serem testadas no politécnico.

Equipe de computação do Labmater

Os dados operacionais que serão hospedados no C3SL incluem informações coletadas dos sensores e atuadores instalados nos módulos da unidade piloto como: temperatura, umidade, pressão e outras variáveis. Tais informações serão armazenadas em um banco de dados, permitindo análises que gerarão informações valiosas para os operadores por meio de sistemas web e um sistema especialista. A colaboração também inclui a disponibilização de uma máquina virtual (VM) com configurações específicas para rodar sistemas web que monitoram e suportam as operações da unidade piloto. Além disso, haverá comunicação via VPN com os equipamentos e backups regulares para garantir a segurança dos dados.

Para o pesquisador do C3SL, Marcos Castilho, a parceria representa um marco importante na busca por soluções sustentáveis. “Estamos muito satisfeitos em colaborar com o LABMATER neste projeto inovador que visa a produção de energia renovável a partir de resíduos. A experiência do C3SL em projetos complexos, que têm impactos sociais e ambientais significativos, nos permite contribuir efetivamente para soluções sustentáveis a partir de soluções em computação. Acreditamos que essa parceria não apenas promoverá a eficiência energética, mas também servirá como um modelo para outras iniciativas semelhantes no futuro”.

De acordo com os professores Marcos Schreiner e Paola Ponciano, a unidade piloto desenvolvida representa um passo inicial na pesquisa sobre produção de hidrogênio e energia. Há planos para expandir a parceria entre a equipe de computação do Labmater e o C3SL na criação de projetos futuros, com o objetivo de transformar os sistemas computacionais e as inovações em produtos viáveis que atendam às demandas energéticas sustentáveis.

Vinculado ao Departamento de Engenharias e Exatas (DEE) do Setor Palotina, o projeto do Labmater tem caráter multidisciplinar e reúne pesquisadores dos cursos de Engenharia de Energia, Licenciatura em Computação, Engenharia Elétrica e Engenharia Química. Além dos professores Me. Marcos Antônio Schreiner e Me. Paola Cavalheiro Ponciano, também são integrantes desta iniciativa o coordenador do projeto, professor Dr. Helton José Alves; o atual coordenador do Labmater, professor Dr. Mauricio Romani; o responsável técnico do Labmater, Me. Lazaro Jose Gasparrin; e os professores pesquisadores: Dr.Gustavo Henrique da Costa Oliveira, Dr.João Américo Vilela Júnior, Dr Luiz Fernando de Lima Luz Junior, Dr. Marcelo Arnoldo Hartman, Dr. Marcos Lúcio Corazza, Renan Akira Nascimento Escribano, e Julio Cezar da Silva Ferreira.

Cenário atual de desconfiança com IA reflete a recepção dos primeiros computadores, diz professor Álvaro Freitas Moreira


Fala foi feita pelo professor da UFRGS em palestra sobre IA no desenvolvimento de softwares durante o 3° Encontro de Data Science & Big Data UFPR

Por Felipe Azambuja

Durante o 3º Encontro de Data Science e Big Data na UFPR, o professor Álvaro Freitas Moreira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), refletiu sobre o impacto da inteligência artificial (IA) no desenvolvimento de software.  Moreira traçou paralelos entre a recepção dos pioneiros da computação e as reações atuais à IA: “o clima atual é muito parecido com aquele dos primórdios”, disse o professor, em uma comparação entre a desconfiança gerada pelas ferramentas de IA e o assombro visto nas décadas de 1940 e de 1950 com o surgimento das primeiras tecnologias das então chamada programação automática.

Segundo Moreira, as ferramentas baseadas em IA “prometem melhorar significativamente a produtividade,” no desenvolvimento de software, ao permitir a criação de códigos a partir de comandos em linguagem natural. Apesar desse potencial, ele ressalta que as preocupações persistem: “a gente não sabe exatamente como funciona o mecanismo […] a gente espera que preserve a intenção que foi expressa ali no prompt.”

O professor apontou que o uso de modelos de linguagem a exemplo do ChatGPT para gerar códigos é um exemplo claro de como a IA está sendo integrada ao desenvolvimento de software. Contudo, isso também traz desafios. Um deles é a falta de transparência nos mecanismos que traduzem as intenções dos programadores para linhas de código. Outro é a necessidade de validação constante do código gerado, o que contrasta com a confiança já estabelecida nos compiladores tradicionais.

Paralelos com o passado

O professor iniciou sua fala à plateia do auditório do Setor de Tecnologia, no Centro Politécnico, relembrando o impacto do ENIAC, um dos primeiros computadores, que na década de 1940 causou furor com sua capacidade de realizar cálculos em minutos, “nada muito diferente do que se andou dizendo recentemente, no final de 2022, quando foi anunciado o ChatGPT”.

Moreira destacou que, nos anos 1950, a introdução de linguagens de programação como COBOL provocou reações similares às que vemos hoje: desconfiança em relação à confiabilidade dos códigos gerados automaticamente e preocupação com a perda de controle pelos programadores. Essa resistência inicial, no entanto, foi superada pela eficiência e praticidade proporcionadas pelas novas ferramentas.

Adaptações à nova realidade

Amarrando os paralelos, Moreira refletiu sobre o futuro do uso das inteligências artificiais na área do desenvolvimento de software. Ele apontou a possibilidade do surgimento de um novo dialeto para lidar com as linguagens da IA. O professor também questionou “será que um dia a gente vai confiar na IA e deixar de inspecionar visualmente o código gerado por ela?”

Moreira especulou que o tempo economizado com a automação de tarefas poderia ser redirecionado para atividades criativas ou para o aprimoramento da confiabilidade dos sistemas gerados. Ele ainda disse que ferramentas mais robustas para verificação formal de códigos podem ganhar espaço com o avanço da IA.

“A estatística é a espinha dorsal da ciência de dados”, afirma o Prof.Dr. Hedibert Lopes, em palestra na UFPR 


Mesa de abertura do 3º encontro de Data Science & Big Data trouxe importantes discussões acerca do papel da Estatística na Ciência de Dados

Texto: Eduardo Perry

A importância crescente da estatística em um mundo dominado por dados foi o foco da palestra do professor do Insper, Hedibert Lopes, realizada no 3° Encontro de Data Science e Big Data promovido pela UFPR. Durante sua apresentação, o pesquisador destacou como as fronteiras entre as duas áreas do conhecimento estão se tornando cada vez mais nebulosas, uma vez que a chamada Data Science evolui em direção a análises e interpretações mais complexas de dados, enquanto o estatístico de século XXI está se aproximando de ferramentas computacionais avançadas, como o machine learning e a inteligência artificial. 

Nos Estados Unidos, os primeiros programas acadêmicos de ciência de dados começaram a surgir em meados dos anos 2010. No entanto, à medida que a área se consolidava, universidades de ponta passaram a incorporar a ciência de dados em seus currículos, muitas vezes renomeando departamentos de estatística e outras áreas para refletir essa integração. Hoje, instituições renomadas, como o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a Universidade de Stanford, oferecem programas robustos que combinam estatística, ciência da computação e análise de dados, refletindo a natureza interdisciplinar e prática do campo.

De acordo com Lopes, o “boom” do Data Science é consequência direta do aumento da quantidade de dados produzidos, assim como a capacidade computacional disponível nos dias de hoje, “Eu tô aqui e meu celular tá ali me escutando. Quando eu abrir ele, ele vai sugerir pra mim: ‘Ah, você tá em Curitiba. Que tal fazer isso? Nosso trabalho estatístico, ou de ciência de dados, serve para compilar e interpretar todas essas coisas”, explicou. 

O professor também ressaltou que a consolidação da ciência de dados como um campo próprio também significou a incorporação e a ampliação de técnicas estatísticas, que passaram a servir não apenas como base, mas como motor de desenvolvimento para novas abordagens tanto na estatística quanto na ciência da computação. “Muitas das técnicas utilizadas hoje em machine learning, por exemplo, advêm do universo da estatística, mas ao mesmo tempo foram criadas muitas coisas novas e interessantes”. Para ele, isso significa principalmente duas coisas: não se pode minimizar a importância da matemática e da estatística, no que diz respeito à ciência de dados; e o papel do estatístico no mundo do data Science precisa ser repensado para que ele esteja mais bem equipado com novas habilidades que o tornem atualizado e efetivo”, refletiu.

É preciso democratizar a área

Lopes ainda lamentou o fato de que poucas pessoas procuram pelo bacharelado em Estatística, enquanto muitos vão atrás do diploma de Ciência da Computação. Segundo ele, não é interessante que a área tenha tão pouca visibilidade. O pesquisador ainda trouxe dados que indicam que por volta de 2015 houve um aumento na procura pelo curso, mas menciona que esse fenômeno deve ter sido provocado pela maior adesão que o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) teve na época, o que acabou significando em um aumento na procura por todos os cursos, e não só o de estatística. Hoje, o número de inscritos em vestibulares de estatística no Brasil está caindo e de 2013 para cá, a média anual de término do curso é de um terço, segundo estudo citado pelo professor. 

Perguntado sobre ausência de mulheres, sobretudo pretas e pardas na área, Lopes ressaltou que esse é um problema sério a ser resolvido. “Sempre que fazemos seminários no Insper, eu busco trazer o mesmo tanto de homens e mulheres para falar. Mas, elas são minoria, e quanto mais você sobe na carreira, mais você percebe a predominância masculina”, enfatizou. 

Seminário de transferência de conhecimento no DInf aborda inovação e dados educacionais

Evento reuniu pesquisadores do projeto PDE/LDE para apresentação dos resultados de 2024, e abordou experiências práticas e desafios no acesso aos dados públicos do setor de educação

Os pesquisadores do projeto Plataforma de Dados Educacionais (PDE) promoveram na manhã desta sexta-feira (13) o seminário de transferência de conhecimento sobre o andamento da pesquisa e participação nos eventos científicos de 2024. Aberta à toda comunidade acadêmica, a atividade foi realizada no Auditório do Departamento de Informática (DInf). O projeto PDE é uma plataforma de indicadores educacionais sobre bases de dados abertas desenvolvida pelos grupos de pesquisa Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e Laboratório de Dados Educacionais (LDE), com apoio do MEC.

Para o pesquisador do C3SL e integrante do projeto DPE, Josiney de Souza, a atividade reflete um dos principais objetivos do grupo de pesquisa, que é promover a extensão universitária através de atividades que não apenas disseminam conhecimento, mas também fomentam um diálogo aberto entre pesquisadores e a sociedade. “Como estiveram presentes pessoas externas ao C3SL, esse tipo de evento é bom para compartilhar conhecimento e aproximar a sociedade da universidade, pois é uma típica atividade de extensão universitária. Além disso, permite que o próprio grupo de pesquisa conheça o que os demais colegas estão desenvolvendo em suas áreas de atuação. E dessas falas podem surgir parcerias ou continuidade de trabalho entre esse, aquele ou um novo projeto”, destaca.

O objetivo do encontro foi compartilhar as experiências e resultados da plataforma MEC-DEPP (Dados Educacionais para Políticas Públicas), protótipo funcional da nova versão da PDE, ambas iniciativas que utilizam dados abertos para embasar políticas públicas na área da educação, e apresentar a participação do projeto na XVII Mostra Nacional de Iniciação Científica e Tecnológica Interdisciplinar (MICTI 2024). Por enquanto, como a nova versão da PDE ainda é um protótipo, seu acesso está restrito aos desenvolvedores.

Para Fernando Gbur, pesquisador de graduação do C3SL que representou o projeto na mostra nacional, o seminário representa uma oportunidade de amplificar o conhecimento adquirido no evento.  “Fazer a transferência da minha experiência em Blumenau foi muito importante para trazer os comentários recebidos no evento para a equipe e mostrar todo o trabalho que vem sendo realizado para os outros integrantes do C3SL”, aponta.

O seminário contou com a presença dos pesquisadores: Fernando Gbur dos Santos, graduando do Departamento de Informática da UFPR e bolsista do C3SL; Josiney de Souza, professor do IFC Brusque, doutorando do DInf e bolsista do C3SL; e Mateus Pelloso, professor do IFC Concórdia e doutorando do DInf.

UFPR promove debate sobre inovação em Data Science com especialistas e profissionais do setor

Evento reúne empresas como Volvo, Will Bank, O Boticário e Mirum para debater tendências no tratamento de Big Data e o perfil do profissional do futuro em ciência de dados

Nesta sexta-feira (13), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) sediará o 3º Encontro de Data Science & Big Data, evento que busca discutir as tendências e desafios da área de dados, reunindo acadêmicos e profissionais do setor. Em um cenário de intensa produção de dados, as empresas e profissionais que desejam não apenas sobreviver, mas também prosperar em um mercado competitivo precisam adotar estratégias eficazes para coletar e analisar estas informações. É aqui que entram as ferramentas e métodos de ciência de dados. Para apresentar as inovações da área, o evento tem uma programação com palestras, cases de sucesso e mesa redonda para debater o futuro do Data Science.

O evento que conecta teoria e prática é promovido pelo Programa de Especialização em Data Science e Big Data da UFPR com o apoio do Departamento de Estatística da UFPR, do Laboratório de Estatística e Geoinformação (LEG) e do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL). O professor Wagner Bonat, coordenador do programa, destaca que o encontro é uma oportunidade única para que alunos e profissionais compreendam como a análise de dados pode transformar desafios em oportunidades. “O encontro é voltado à comunidade acadêmica, aos profissionais que atuam na área de análise de dados, pesquisadores com foco em inovação, e empresas e startups que buscam aprimorar suas estratégias de dados. Com isso, é um espaço rico para networking e para conhecer as principais tendências em ciências de dados”, destaca Bonat.

A abertura do encontro, no Auditório de Administração, no Centro Politécnico, será com o renomado doutor Hedibert Lopes, professor de Estatística e Econometria do Insper e doutor em Estatística pela Duke University. Na palestra intitulada “Estatísticas ou Ciência de Dados?”, Lopes irá explorar como áreas como Estatística, Bioestatística, Econometria, Bioinformática e outras estão se entrelaçando com novos conceitos como Ciência de Dados, Aprendizado de Máquina e Big Data.

O encontro também terá palestra sobre uso de Inteligência Artificial para otimização de processos e desenvolvimento de sistemas com a palestra “O papel das Ferramentas de Inteligência Artificial no Desenvolvimento de Software”, a ser ministrada por Álvaro Moreira, professor do Departamento de Informática da UFRGS e doutor em Ciência da Computação pela University of Edinburgh. Durante sua apresentação, o professor deve abordar como as ferramentas modernas podem auxiliar desenvolvedores a resolver problemas complexos, melhorar a eficiência e garantir a qualidade do software.

Cases de inovações em biometria e saúde mental

Na programação, além de palestras sobre inteligência artificial e conceitos de ciência de dados e aprendizado de máquinas no cenário de Data Science, também terá apresentação de casos aplicados, com mesas coordenadas por professores da UFPR. As técnicas avançadas de IA em sistemas de segurança é o foco da apresentação do case “Explorando Representações Robustas com Deep Learning para Biometria e Vigilância”, a ser ministrado pelo professor do Departamento de Informática (Dinf), David Menotti. Um dos 200 mil pesquisadores mais citados no mundo na atual edição da “Updated science-wide author databases of standardized citation indicators”, levantamento anual realizado pela Universidade Stanford (EUA) e a editora de títulos acadêmicos, Elsevier, Menotti liderou a parceria de P&D da startup com a UFPR para estudos de desenvolvimento de um novo modelo de identificação, a biometria periocular.

Outro case de destaque será sobre “Integrando dados para diagnóstico e tratamento de transtornos mentais”, a ser apresentado pela professora do Departamento de Estatística, Deisy Morselli Gysi. Com a crescente disponibilidade de dados clínicos e comportamentais, a utilização de técnicas de ciência de dados pode fornecer insights valiosos para profissionais da saúde. A palestra abordará métodos inovadores que permitem uma compreensão mais holística dos pacientes, melhorando a personalização dos tratamentos e o acompanhamento dos progressos.

Mesa Redonda: o profissional do futuro

Uma das atividades de destaque do Encontro será a mesa redonda sobre o futuro do profissional da área, com participação de empresas como Volvo, Will Bank, O Boticário e Mirum. A crescente importância da ciência de dados no mundo contemporâneo está moldando o perfil do profissional do futuro, que deve ser multifacetado e preparado para enfrentar os desafios de um mercado em constante evolução. Em um cenário onde a análise de grandes volumes de dados se torna essencial, as habilidades requeridas vão muito além do conhecimento técnico. 

Marco Zanata, vice-coordenador do curso de especialização em Data Science e Big Data, enfatiza que os profissionais precisam ter um conjunto diversificado de habilidades interdisciplinares. “O profissional de data science precisa dominar uma variedade de habilidades interdisciplinares. Isso inclui conhecimentos em programação (como Python e R), estatística avançada, técnicas de inteligência artificial e machine learning, além de uma compreensão sólida sobre ética e privacidade no uso de dados, especialmente em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Além disso, é importante destacar que os melhores profissionais são aqueles que se mantêm atualizados com as últimas tendências e tecnologias. O aprendizado contínuo é vital em um campo tão dinâmico”.