O artigo “SIMCAQ: Um Diagnóstico Sociotécnico”, classificado para a final do prêmio, é resultado da conclusão do curso de bacharelado em Ciência da Computação, junto ao Departamento de Informática da UFPR. Sob a orientação do professor do Dinf, Roberto Pereira, o trabalho inscrito por Mathias foi aprovado na fase eliminatória e concorre ao título de melhor TCC em IHC.
Segundo Mathias, estar na final do prêmio Junia Coutinho Anacleto é o início de uma carreira promissora na pesquisa em computação, um sonho que ele vem perseguindo desde a graduação. “Representa bastante para mim ter esse primeiro artigo publicado e apresentá-lo em Brasília. Ressalta o potencial de todo mundo que está se formando em Ciência da Computação e que quer seguir essa área acadêmica”, destaca.
O trabalho inscrito por Mathias no prêmio do IHC é focado no Simulador de Custo-Aluno Qualidade (SIMCAQ), projeto desenvolvido pelo C3SL com o Ministério da Educação. O bacharel em Ciência da Computação foi um dos bolsistas do projeto junto ao centro de pesquisa em 2023. O SIMCAQ é um sistema online gratuito para estimar o custo de proporcionar educação de qualidade em escolas públicas de educação primária. O objetivo do projeto é servir como uma ferramenta de planejamento educacional que enfatiza o aspecto orçamentário, diagnosticando o contexto educacional em níveis municipal, estadual e nacional.
No paper que é finalista do prêmio nacional, Mathias propõe um diagnóstico sociotécnico do SIMCAQ, identificando aspectos de melhorias para o sistema, como aprimoramento na interface e usabilidade da plataforma, bem como melhorias na cultura de trabalho das equipes do projeto. “Durante o período em que fui bolsista no C3SL, convivi com toda a equipe do projeto e pude observar as reformulações e os benefícios que a ferramenta proporcionava. No entanto, percebi que, apesar de ser uma ferramenta muito boa e importante, não havia nenhum trabalho que destacasse sua relevância para pessoas externas, nem como ela era desenvolvida. Não existia um diagnóstico sociotécnico que analisasse o sistema de uma perspectiva mais ampla. Esse foi o meu ponto de partida”, revela o bacharel.
Em suas considerações, Mathias aponta que as equipes devem incorporar práticas de Interação Humano-Computador (IHC) e User Experience (UX) de maneira transversal ao projeto. Além disso, é essencial que novas estratégias de comunicação e organização do trabalho sejam experimentadas, buscando um equilíbrio entre flexibilidade e estrutura. “Sob a orientação do professor Roberto Pereira, utilizamos instrumentos semióticos para realizar uma análise mais profunda. Realizamos entrevistas com a equipe e deixamos clara a divisão de trabalho e a cultura do projeto. É importante ressaltar que os problemas do simulador não se restringem apenas à parte técnica; a cultura do projeto também desempenha um papel fundamental. Discutimos o que poderia ser feito para melhorar essa cultura dentro do C3SL. Acredito que deixei um legado positivo com a pesquisa”, conclui.
Publicação de pesquisadores do Departamento de Informática da UFPR apresenta etapas de sistematização informacional na entrega de 153 milhões de livros no ensino público brasileiro
O entendimento e a análise sobre como garantir a entrega de cerca de 153 milhões de livros didáticos em 130 mil escolas públicas em um país de dimensão continental como o Brasil. Este foi o escopo do projeto desenvolvido pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) junto ao Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), gerido pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), garantindo o acesso a materiais didáticos para alunos e professores de escolas públicas. As etapas informacionais de um dos maiores programas logísticos do mundo são mapeadas e debatidas em um artigo publicado na atual edição do Journal on Interactive Systems, publicação científica da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) indexada internacionalmente.
Intitulado “Analisando a Logística do Programa Nacional do Livro e do Material Didático: uma estratégia sociotécnica para informar a otimização”, o artigo é encabeçado pelo pesquisador e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Informática (PPGInf) da UFPR, Roberto Pereira. O artigo destaca a importância de uma análise sociotécnica para entender os desafios logísticos do PNLD, considerando não apenas os aspectos técnicos, mas também os sociais e normativos que influenciam a operação do programa.
“O PNLD é um programa que vem sendo aperfeiçoado ao longo de décadas. Para garantir que todas as crianças de todas as escolas públicas do país recebam seus livros antes do início das aulas, o FNDE e o MEC apoiam projetos de pesquisa que contribuam com a melhoria continuada do programa. O Projeto conduzido pelo C3SL contribuiu com a sistematização do conhecimento desenvolvido no âmbito no PNLD e a identificar possibilidades de otimização do programa”, destaca Pereira.
A logística do programa envolve múltiplas etapas, desde a seleção de materiais até a distribuição, sendo gerida pelos Correios, que enfrentam a necessidade de entregar milhões de pedidos em um curto espaço de tempo, respeitando o calendário escolar. O trabalho destaca que a complexidade do PNLD não se limita a questões logísticas, mas envolve um ecossistema de partes interessadas que interagem em um ambiente regulatório e cultural específico.
Diante de um cenário com diversos atores, o estudo evidencia a necessidade de comunicação intensa e direta entre os diversos stakeholders envolvidos, incluindo escolas, professores, distribuidores e editores, para garantir a eficácia do programa. É neste aspecto que se evidencia a necessidade de recursos permitam a transparência e fluidez na comunicação, a partir da implementação de tecnologias da informação e melhorias na infraestrutura logística, mediante o entendimento das dinâmicas sociais que permeiam o programa.
“Os resultados publicados no artigo informam a condução de estudos e o desenvolvimento de soluções que entendam o propósito social da logística do PNLD, informando a otimização do processo e o desenvolvimento de soluções que apoiem o trabalho das diferentes partes interessadas envolvidas”, aponta o coordenador do PPGinf da UFPR.
Também assinam o trabalho a professora da Universidade Federal da Fronteira Sul, Andressa Sebben; os professores do DINF e pesquisadores do C3SL, Marcos Castilho, Guilherme Derenievicz e Letícia Mara Peres; os bolsistas de pós-graduação do PPGInf, Krissia Menezes e Patricia Castellano; e os coordenadores de logística do FNDE, Nadja Cézar Ianzer Rodrigues e Silvério Morais da Cruz. Clique aqui e confira a íntegra do artigo no Journal on Interactive Systems.
Delegação formada por nove bolsistas de graduação e mestrado participam do evento em Maringá entre 17 e 20 de julho
Uma equipe de nove bolsistas de graduação e de mestrado do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) participa do 42º Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia, em Maringá. O evento começou nesta quarta-feira (17) e segue até o dia 20 de julho com palestras e apresentação de trabalhos acadêmicos. Durante o encontro, os bolsistas apresentarão resultados de pesquisas vinculados aos projetos em desenvolvimento junto ao C3SL.
Um dos trabalhos em apresentação pelos bolsistas é o projeto de atualização da plataforma MECRED, uma iniciativa do C3SL com o Ministério da Educação (MEC) que disponibiliza recursos educacionais digitais para escolas públicas. Destaque na reunião do Grupo de Trabalho de Educação do G20 no início deste mês, a plataforma que reúne cerca de 320 mil recursos educacionais foi publicada em 2017 pelo centro de pesquisa, e recentemente recebeu um upgrade de usabilidade, acessibilidade e protocolos de segurança para o encontro do G20.
Além da apresentação sobre o processo de atualização da plataforma e o potencial do MECRED para a educação básica e fundamental brasileira nos grupos de trabalhos do evento, o projeto também é apresentado pelos bolsistas em stand permanente nos quatro dias do ENEPe. Afora o repositório, o projeto de Dados Educacionais para Políticas Públicas (DEPP) também será foco de divulgação científica no evento. O projeto busca disponibilizar dados e indicadores da educação básica e superior em série histórica em diferentes níveis de desagregação e de maneira acessível.
Parceria é formalizada em visita técnica de pesquisador do C3SL e um dos líderes do projeto, Eduardo Todt, à universidade alemã.
A pesquisa e desenvolvimento de sistemas para digitalização de arquivos históricos de jornais dá início à cooperação entre a UFPR e a Academia de Ciências de Berlim-Brandemburgo (BBAW Berlin-Brandenburguishe Akademie der Wissenschaften). Os atores da cooperação são o Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e o Laboratório Visão Robótica e Imagem (VRI), que integram o Departamento de Informática (Dinf) da UFPR, e o The Electronic Life Of The Academy (Telota), departamento de pesquisa em humanidades digitais da BBAW. Após formalizada por termo de convênio entre a UFPR e a BBAW, a cooperação teve uma primeira reunião técnica do pesquisador do C3SL e VRI e líder do projeto, Eduardo Todt, com o diretor do Telota, Alexander Czmiel, no último dia 11 de julho, em Berlim.
O sistema OCR (Optical Character Recognition) em pesquisa utilizará técnicas de aprendizado de máquina e processamento de linguagem natural para lidar com a complexidade dos textos antigos, muitos dos quais contêm gráficos, tabelas e anotações manuscritas. Essa tecnologia permitirá que os pesquisadores acessem o conteúdo desses arquivos de forma eficiente e abrangente, permitindo que o público tenha acesso a esse importante registro da história da imprensa alemã.
“Essa parceria é um marco importante para o Dinf e UFPR, pois nos permite colaborar com uma das mais renomadas instituições de pesquisa do mundo no desenvolvimento de tecnologias avançadas de digitalização, propondo um intercâmbio de conhecimento que beneficiará nossos alunos, ao mesmo tempo em que contribuiremos para a preservação desse importante patrimônio documental”, destaca Todt.
O projeto entre o C3SL, VRI e Telota integra o acordo de cooperação firmado entre a UFPR e Academia de Ciências de Berlim-Brandemburgo, para edição digital de documentos históricos, pesquisa sobre periódicos brasileiros em língua alemã, e demais estudos sob perspectiva histórica e de teoria da comunicação. Pelo DINF e UFPR, a parceria no Brasil é coordenada pelo pesquisador do C3SL, Marcos Sfair Sunye.
O acordo entre as instituições foi fomentado a partir de parcerias entre o VRI do Dinf com o Departamento de Polonês, Alemão e Letras Clássicas da UFPR, na figura do professor Paulo Soethe, no desenvolvimento de sistemas para modernização de acesso a documentos acadêmicos e culturais de relevância internacional. “A iniciativa do professor Paulo Soethe no desenvolvimento de pesquisa com as instituições alemãs foi fundamental para que pudéssemos firmar este acordo entre o C3Sl e VRI com a BBAW. É uma prova de que projetos multidisciplinares em parcerias com diversos departamentos têm demonstrado diversos benefícios, tanto para os alunos quanto para os pesquisadores, a partir de propostas inovadoras como estas, bem como para o desenvolvimento de habilidades transversais”, conclui Todt.
Com 319 mil recursos educacionais à disposição dos professores brasileiros, a plataforma MECRED foi um dos destaques do Ministério da Educação (MEC) na última reunião do G20, realizada dia 8 de julho, na cidade do Rio de Janeiro. Bem recebida pelas 31 delegações internacionais, a ferramenta fará parte do manual de boas práticas que o Grupo de Trabalho de Educação do G20 distribuirá aos países membros. A MECRED foi desenvolvida por pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e funciona em um datacenter do Departamento de Informática (Dinf), no Centro Politécnico.
O Grupo dos Vinte, mais conhecido pela sigla G20, é um fórum de cooperação internacional, formado pelos países com as maiores economias do mundo. A presidência dos trabalhos é rotativa e, em 2024, está sob os cuidados do Brasil, que vem realizando reuniões preliminares, para formatar as propostas que serão debatidas na reunião de cúpula, marcada para os dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.
MEC elogia ferramenta desenvolvida por pesquisadores do C3SL-UFPR
“Há espaço para colaboração entre os países no desenvolvimento de plataformas, incluindo o uso de inteligência artificial, bem como regulamentação de segurança de dados de professores e estudantes, critérios para a curadoria de recursos educacionais digitais e normas sobre o uso ético de inteligência artificial na educação”, afirmou Ana Úngari Dal Fabbro, coordenadora-geral de Tecnologia e Inovação da Educação Básica (Seb\MEC), na reunião do G20.
Na sua fala, Ana Dal Fabbro elogiou o potencial de disseminação de conteúdo pedagógico da MECRED, dando como exemplo a coleção sobre desenvolvimento sustentável criada em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO-Brasil). O material foi utilizado em curso do MEC sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para as secretarias estaduais e municipais de Educação no país.
No dia 10, ao término das reuniões do GT de Educação, o assessor especial para Assuntos Internacionais do MEC, Francisco Figueiredo de Souza, avaliou que a plataforma MECRED foi um dos destaques dos projetos compartilhados pelos países do G20. “Existe muita desinformação circulando nas redes sociais e plataformas de conteúdo pedagógico como essa procuram trazer informação de qualidade para os docentes, com informação baseada na ciência, valorizando experiências de sala de aula”, elogiou.
Rede social dos professores brasileiros funciona em datacenter do Dinf
Criada para ser a rede social dos professores brasileiros, a plataforma MECRED é um local de integração e de troca pedagógica, em que são compartilhados de planos de aula a vídeos e audiobooks, passando por jogos de tabuleiros, exercícios e cartilhas de todas as áreas do conhecimento. Hoje, ela conta com 31 mil usuários cadastrados.
Concebida dentro do Departamento de Informática da UFPR, a plataforma MECRED começou a ser desenvolvida em 2015 pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da UFPR, em colaboração com a equipe técnica do MEC, outras universidades federais e professores da Educação Básica de diversas regiões do Brasil.
Base de dados da Atenção Primária à Saúde (APS) foi foco da visita técnica em Brasília
O Centro de Computação Científica e Desenvolvimento de Software (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) se reuniu com representantes do Ministério da Saúde em Brasília no dia 21 de junho para discutir melhorias no processamento e armazenamento dos dados de saúde provenientes dos atendimentos da Atenção Primária à Saúde (APS). Participaram do encontro com representantes do ministério a pesquisadora especialista em banco de dados e bolsista do C3SL, Simone Dominico, e o gestor de projetos de pesquisa e desenvolvimento do C3SL, Edemir Reginaldo Maciel.
Durante o encontro, a equipe do C3SL buscou entender detalhadamente o fluxo atual de captação, limpeza e adequação desses dados até seu armazenamento no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB), gerenciado pelo Ministério. “O nosso papel lá foi entender como estava acontecendo esse processo de organização da base e alimentação dos dados para sugerir e desenvolver alguma mudança para que esse processo seja mais otimizado”, aponta Simone.
O aprimoramento da base de dados integra as atividades do projeto do C3SL com o Ministério da Saúde, coordenado pelos pesquisadores Marcos Sunye e Grégio André, para desenvolvimento de um sistema que permite comunicação direta entre agentes de saúde e usuários da APS. Atualmente, o processo de organização da base de dados em discussão na reunião resulta em performance aquém da desejada pelos técnicos do ministério, especialmente devido ao grande volume de dados recebidos diariamente, em torno de 30 terabytes.
Projeto permite que usuários avaliem atendimento no SUS e fornece indicadores para políticas públicas em saúde
Sistema em desenvolvimento pelo C3SL permite criar indicativos de qualidade do SUS. Foto: Agência Brasil
Pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), grupo de pesquisa vinculado ao Departamento de Informática (Dinf) da UFPR, apresentaram ao Ministério da Saúde (MS), em Brasília, no último dia 27/06, um protótipo do sistema que permite comunicação direta entre agentes de saúde e usuários da Atenção Primária à Saúde (APS). Um protótipo da interface web do projeto, desenvolvido pelo grupo de pesquisa em parceria com o MS, foi testado em reunião do coordenador do projeto e pesquisador do C3SL, Marcos Sfair Sunye, do líder da pesquisa, André Grégio, com o Coordenador-Geral de Inovação e Aceleração Digital da Atenção Primária, Rodrigo Gaete. Também participaram do encontro o gestor de projetos de pesquisa e desenvolvimento do C3SL, Edemir Reginaldo Maciel, e a secretária de projetos do Setor de Ciências Exatas da UFPR, Carla Marcondes.
O projeto propõe a colaboração e o compartilhamento de informações entre gestores e profissionais de saúde na implementação de iniciativas de conscientização sobre serviços do SUS e na coleta de dados para indicadores de avaliação da APS. No encontro com o Ministério da Saúde, o C3SL apresentou prova de conceito do sistema demonstrando a viabilidade de uma arquitetura distribuída para comunicação entre gestores e agentes de saúde. De acordo com Grégio, pesquisador que lidera o projeto na fase atual, o sistema busca contribuir para uma integração maior entre os cidadãos e o sistema de saúde, a partir de um canal de comunicação direto. “Além dos cidadãos poderem participar ativamente da construção de um SUS melhor, com suas avaliações sobre os serviços oferecidos, um sistema do porte do que estamos planejando contando com a coleta de informações para produção de indicadores permite que o Ministério e seus gestores diagnostiquem situações regionalizadas e preparem os estados e municípios para iniciativas de saúde mais efetivas”, aponta o pesquisador.
A APS é a principal porta de entrada e o primeiro nível de atenção à saúde da população, caracterizando-se por um conjunto abrangente de ações voltadas tanto para o indivíduo quanto para a coletividade. Dentre outras funções, a APS se concentra em ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, como campanhas de vacinação, orientações sobre hábitos saudáveis e acompanhamento de condições crônicas. É neste aspecto que o sistema se torna fundamental para o aprimoramento do sistema de saúde, pois permitirá que os gestores se comuniquem com os agentes de saúde e que iniciativas de saúde cheguem mais rápido ao cidadão, promovendo não só a inclusão digital, mas a conscientização e disseminação de informações importantes sobre saúde.
O impacto social e a centralidade do sistema para programa e ações de saúde coletiva por parte do Governo Federal beneficiando milhões de cidadãos reforça a lista de trabalhos encabeçados pelo C3SL que demonstram a sólida capacidade grupo de pesquisa na execução de projetos de grande escala e complexidade, envolvendo equipes interdisciplinares, infraestrutura de alto nível e impacto significativo na sociedade brasileira. “A experiência dos pesquisadores do C3SL e sua característica de multidisciplinaridade traz a vantagem do planejamento e execução de projetos de grande porte de ponta-a-ponta: da infraestrutura de coleta, armazenamento, processamento e visualização de dados à criação de modelos de inteligência artificial e aprendizado de máquina próprios, culminando na preocupação com soluções inovadoras robustas, seguras e voltadas à experiência do usuário”, complementa Grégio.
Controle de dados e soberania nacional– Além de promover um sistema de comunicação e de avaliação dos usuários da APS, outro benefício do projeto é a autonomia que o sistema permitirá ao Ministério da Saúde na governança e gestão das informações dos usuários. Para o coordenador do projeto e especialista em banco de dados, Marcos Sunye, o projeto dá autonomia ao Governo Federal no controle das informações que são coletadas sobre os usuários do SUS.
Neste aspecto, há um duplo benefício. Primeiro, por evitar que os dados sejam usados para benefício do capital privado. “Ao desenvolver um sistema de mensageria independente, o Brasil pode garantir que os dados sensíveis de pacientes permaneçam sob o controle das autoridades nacionais, em vez de serem gerenciados por empresas privadas. Isso é crucial para proteger a privacidade dos pacientes e evitar o uso indevido dessas informações para fins comerciais ou outros que possam não estar alinhados com o interesse público”, aponta Sunye. A segunda vantagem é a possibilidade de uso dos dados para propor políticas públicas na área da saúde. “Tendo acesso direto a dados de saúde abrangentes e confiáveis, o governo pode tomar decisões mais informadas sobre a alocação de recursos, o desenvolvimento de programas e a implementação de estratégias eficazes de assistência à saúde”, conclui.
Economia aos cofres públicos – O protótipo apresentado pelo C3SL ao Ministério da Saúde demonstrou de forma prática como o sistema funcionará estabelecendo um contato direto com os usuários do SUS. A interface web desenvolvida é um sistema de informação que se comunica com uma infraestrutura de comunicação, também montada no C3SL, de forma a permitir que o usuário seja contactado. Usando software livre no conceito de desenvolvimento da solução para o MS, sem a necessidade de acessar serviços de empresas de telefonia para estabelecer a comunicação com os usuários, a ferramenta resulta em economia milionária para a pasta.
Apenas para ilustrar a dimensão de recursos despendidos em uma comunicação focada em SMS para a APS, consideremos o menor valor registrado no site do Ministério do Planejamento (portal Painel de Preços, base que registra todos os dados de compras de bens e serviços feitos pelos órgãos do poder público federal) relativo às licitações feitas pelo poder público em 2023, de R$ 0,04. Se cada atendimento gerasse um SMS de notificação para o usuário, considerando que segundo dados do portal do Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (Sisab), em 2022 o total de produções da APS pelo SUS foi de 1,4 bilhão de atendimento (que vai de serviços simples a procedimentos complexos), o custo da comunicação digital resultaria algo em torno de R$ 56 milhões. Em 2023, ainda com base no portal Sisab, com a APS registrando um aumento de 16% no total de procedimentos, alcançando um total de 1,6 bilhão de atendimentos, o custo passaria para quase R$ 64 milhões.
Sistema propõe indicadores para financiamento do APS nos municípios – Para a prova de conceito apresentada ao Ministério da Saúde, a equipe do C3SL mostrou um fluxo do sistema em que uma iniciativa de saúde foi cadastrada com duração de um dia, indicando um grupo populacional formado por membros do grupo de pesquisa. A ideia era criar uma simulação da ferramenta em operação. Após o cadastro da iniciativa, o sistema disparou uma ligação telefônica com um áudio perguntando qual a nota do atendimento realizado, a qual, ao ser digitada pelo usuário em seu celular, retornou em tempo real para a interface Web no painel de indicadores.As métricas de avaliação do sistema, além de alimentar base de dados do SUS para avaliação dos serviços, e consequentemente em planos de ação de prevenção de problemas e manutenção das políticas públicas para a saúde nacional, também servirá como fornecedor de indicadores para repasse de recursos aos municípios. Isso porque em abril deste ano, o Ministério da Saúde publicou a Portaria GM/MS nº: 3.493, que trata da nova metodologia de cofinanciamento federal do Piso de APS no SUS. Parte do cálculo para repasse de recursos para os municípios passa pela avaliação dos serviços de saúde. Desta forma, o sistema em desenvolvimento pelo C3SL está ligado diretamente ao componente de qualidade que visa estimular a melhoria do acesso e da qualidade dos serviços ofertados pela APS, buscando induzir boas práticas e aperfeiçoar os resultados em saúde.
Encontro foi marcado por debate sobre soluções tecnológicas em computação para aprimoramento da atuação do centro de distribuição da empresa pública no Paraná
Debate sobre demandas de tecnologia dos Correios partiu de diagnóstico prévio feito pelo C3SL no CTCE, no Paraná. Foto: Sara Barbosa (CCOM/PR)
Pesquisadores e técnicos do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) realizaram visita técnica à diretoria executiva dos Correios na última quarta-feira (26) em Brasília. Em reunião com a diretora do setor Econômico-Financeiro, Tecnologia e Segurança da Informação dos Correios, Maria do Carmo Lara Perpétuo, foram debatidas as demandas de tecnologias em computação da superintendência da empresa pública no Paraná e no Brasil. O C3SL foi representado na visita técnica pelo pesquisador e professor do Departamento de Informática da UFPR (Dinf-UFPR), André Ricardo Abed Grégio, pelo gestor de projetos de pesquisa e desenvolvimento do C3SL, Edemir Reginaldo Maciel, e pela secretária de projetos do Setor de Ciências Exatas da UFPR, Carla Marcondes.
No encontro em Brasília, a delegação do C3SL apresentou propostas de soluções em termos de computação para as mais variadas demandas dos Correios no Paraná, como uma implantação de infraestrutura de virtualização e simulação para testes de novos projetos. Também foram evidenciados na oportunidade os desafios da empresa pública para as áreas de governança e segurança da informação, computação de alto desempenho, bases de dados e sistemas computacionais robustos e eficientes. As medidas debatidas na reunião com a diretora Maria do Carmo, com o superintendente dos Correios do Paraná, Marcos Paulo da Silva Paim, com o superintendente executivo de tecnologia da informação e comunicação, Helder Mota Gomes, com o chefe do laboratório de pesquisa, desenvolvimento e inovação operacional, Otávio Augusto Morais Arantes, e com o coordenador de pesquisa e desenvolvimento operacional da empresa pública, Henrique Massaro, são resultados de diagnóstico prévio feito pelo C3SL em acompanhamento técnico do centro de pesquisa às instalações do Centro de Tratamento de Cartas e Encomendas (CTCE), um dos principais centros logísticos da empresa pública próximo da capital paranaense.
De acordo com o superintendente dos Correios do Paraná, Marcos Paim, é um fomento à inovação no setor logístico a consolidação de projetos aliando a expertise do C3SL em soluções complexas a partir da computação científica e o legado e dimensão dos Correios. “A parceria com o C3SL pode contribuir para acelerar a nossa Transformação Digital e também a Modernização Operacional da nossa Empresa, a fim de consolidar os Correios à frente do mercado e reafirmar sua posição de maior operador logístico do Brasil. Temos buscado a inovação impulsionada pela tecnologia para aumentar a entrega de valor aos nossos clientes e à sociedade”, afirma o superintendente dos Correios.
Em visão complementar, o coordenador de pesquisa dos Correios, Henrique Massaro, destaca a preocupação da empresa pública em buscar na inovação tecnológica formas de aprimorar a performance dos Correios. “Temos buscado a aproximação com o ecossistema de inovação do Paraná, a fim de identificar potenciais projetos de relevância para os Correios. A parceria com o C3SL pode contribuir para modernizar, de forma efetiva, nosso processo operacional e com isso otimizar a jornada dos nossos clientes, agregando tecnologia, valor e inteligência por meio da união de expertises entre as duas instituições, consolidando assim, nossa vantagem competitiva. A computação tem um papel crucial na logística pq pode oferecer oportunidades para melhorar nossa eficiência, reduzir nossos custos e melhorar a satisfação dos nossos clientes”, destaca Massaro.
Da esquerda para direita: Edemir Maciel, Helder Gomes, Marcos Paim, Henrique Massaro, Carla Marcondes e André Grégio. Foto: Sara Barbosa (CCOM/PR).
Um dos principais instrumentos do governo federal na integração e desenvolvimento do Brasil, os Correios desempenham função que ultrapassa a entrega de cartas e encomendas. Com uma capilaridade que abrange os 5,5 mil municípios do país, a empresa desempenha uma função de apoio logístico ao Estado como suporte às políticas públicas, como distribuição de vacinas, e das urnas eletrônicas nas eleições municipais e estaduais. Na área da educação, por exemplo, é a principal transportadora de livros didáticos e das provas do Enem. Segundo dados do relatório de administração dos Correios, em 2023, por exemplo, a empresa pública foi responsável pela distribuição de 166,5 milhões de livros didáticos, atendendo cerca de 152 mil instituições de ensino, e fez a entrega de 7,9 milhões de provas do Enem em 1,7 mil municípios do país.
A fundamental relevância dos Correios no papel essencial para a integração, desenvolvimento e garantia de direitos da população em todo o território brasileiro e como suporte de políticas públicas, bem como a complexidade e volume dos serviços realizados pela empresa vão ao encontro da experiência do C3SL em promover soluções de computação para problemas complexos, a partir de uma expertise de duas décadas em projetos com equipe multidisciplinar na Ciência da Computação.
A 15 ª edição do tradicional prêmio reuniu pesquisadores e bolsistas na sede da APUFPR
A confraternização anual do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) reuniu dezenas de bolsistas e pesquisadores na sede da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR-SSind), na última quinta-feira (27). O evento, que marca um novo ciclo de atividades no grupo de pesquisa, também é conhecido pela tradicional entrega do Troféu Horário, um descontraído prêmio que registra os principais fatos engraçados e obrigatoriamente vexatórios vivenciados por técnicos, bolsistas ou pesquisadores. Afinal de contas, o C3SL é reconhecido por sua pesquisa séria e rigorosa. No entanto, até os programadores mais experientes escorregam o dedo no código vez ou outra.
Apesar do tom humorístico, o Troféu Horácio, que já está na sua 15 ª edição, reflete a cultura de aprendizado e melhoria contínua do C3SL. Ao reconhecer e celebrar erros de uma forma descontraída, o prêmio incentiva os pesquisadores a não terem medo de errar e a encararem os deslizes como oportunidades de crescimento. O Troféu Horácio é uma iniciativa divertida e construtiva do C3SL para celebrar os momentos engraçados e humanos da pesquisa científica, momento em que o grupo de pesquisa demonstra sua maturidade e compromisso com a excelência acadêmica.
As indicações são realizadas ao longo do ano pelos próprios bolsistas e professores do C3SL. Todo ano é definida uma comissão julgadora que analisa os casos relatados e define os ganhadores. O prêmio neste ano recebeu 12 indicações, que disputaram a definição da comissão nas categorias: menção honrosa – indicação que não alcançou um troféu, mas que merece memória na lista dos premiados; categoria Déjà vu – em que são indicados os causos que já foram cometidos em momentos anteriores por outros ganhadores do Troféu Horácio; categoria Pequeno Gafanhoto – dedicada a marcar o feitos de bolsistas ao longo das suas pesquisas; e o troféu “Galo Véio”- que busca registrar os causos dos veteranos pesquisadores.
Nesta 15 ª edição, entraram para o panteão os “Horácios”, os seguintes bolsistas e pesquisadores: Marcus Vinícius Reisdoefer Pereira, com menção honrosa; Odair Mario Ditkun Junior e Fernando Kiotheka, que juntos ganharam como autores do mesmo causo na categoria Déjà vu; Muriki Gusmão Yamanaka e Marcus Vinícius Reisdoefer Pereira na categoria Pequeno Gafanhoto; e na categoria “Galo Véio”, o veterano Odair Mario Ditkun Junior.
O “causo” que deu origem ao prêmio – tudo começou em 2012, na sala do C3SL, e envolve uma impressora, um manual, uma chave de fenda, um toner, e uma dose cavalar de desatenção. Quem faz este resgate para nós é um dos fundadores do C3SL, o professor Marcos Castilho. “Um dia, ao entrar na sala do C3SL retornando do almoço com o Bona, deparei-me com três bolsistas. Eles estavam ali ao redor da impressora. Um tinha o toner na mão, outro tinha uma chave de fenda e um terceiro tinha o manual da impressora. Estranhando aquela situação, questionei: ‘Vocês estão fazendo o quê?’. Eles me responderam: ‘Vamos trocar o toner’. Perguntei para eles: ‘Mas por que você precisa da chave de fenda?’. Responderam: ‘Não, é que no manual aqui está dizendo que tem que tirar uma fita amarela do toner. Mas o toner não tem fita amarela. Então a gente está achando que tem que abrir o toner para ver se a fita amarela está dentro’. E qual era o problema em tudo isso? É que o toner era da Epson, o manual da impressora que estavam usando era da Lexmark, e a impressora era uma HP”, conta Castilho.
Evento busca fomentar o interesse pela computação entre mulheres e pessoas não-binárias da América Latina
Evento reuniu participantes de universidades brasileiras e de outros países da América Latina. Foto: Instagram da MPF
Neste fim de semana foi realizada no Instituto de Computação (IC) da Unicamp a final da Maratona Feminina de Programação (MFP), evento que reúne mulheres e pessoas não binárias da América Latina para uma rodada de dois dias de desafios de programação esportiva. A bolsista do Centro de Computação Científica e Software Livre, Luize Duarte, participou como finalista da MPF e na assessoria do time do curso de programação. Daqui do Paraná, representando o Dinf e a UFPR, também esteve no evento a acadêmica Juliana Zambon, que integra a equipe da organização da maratona como coordenadora de comunicação da MPF.
Participam da MPF mulheres e pessoas não-binárias que estejam regularmente matriculadas na graduação de alguma instituição latino-americana de ensino superior. Para Juliana, o evento é uma oportunidade de incentivar o interesse pela computação entre o público feminino. “O evento representa a esperança de que você, mulher ou pessoa não binária, também pode conquistar seu lugar no mundo da programação. A esperança de criar uma comunidade onde você possa ser e se sentir acolhida nesse ambiente, atualmente permeado por uma grande presença masculina. A Maratona Feminina de Programação é a esperança da inclusão”, destaca a coordenadora de comunicação da MPF.
Esta é a segunda edição da maratona feminina, que já bateu recorde de inscrições, passando de 280 estudantes no evento em 2023, para mais de mil inscrições neste ano. Além de universidade e faculdades no Brasil, o evento também recebeu inscrições de instituições de ensino superior de outros países da América Latina, como Facultad de Física de la Universidad de la Habana, Pontificia Universidad Católica de Chile e Universidade Nacional de Colombia. Outra novidade é que neste ano a MPF se vinculou à Sociedade Brasileira de Computação (SBC). Nos desafios de computação, as competidoras podem usar soluções em linguagens Pascal, C, C++, Java, Python e Javascript.
Dentre as propostas do evento, destaca-se o estímulo à participação feminina na programação esportiva, a ampliação da participação feminina na Maratona de Programação (SBC) promovida anualmente pela SBC, contribuir para a formação de uma comunidade latino-americana feminina de computação e proporcionar um ambiente mais inclusivo, acessível, acolhedor e diverso na área das ciências exatas em geral.