EPR Litoral: pesquisadores do C3SL fazem visita técnica à concessionária

Nesta segunda-feira (29), a concessionária de rodovias EPR recebeu, para uma visita técnica, pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da UFPR. O grupo foi recebido pelo gestor de Operações da EPR, Fernando Miléo, que busca no C3SL um parceiro para desenvolver soluções que possam melhorar os serviços prestados à população pela concessionária.

A comitiva de pesquisadores do Departamento de Informática da UFPR foi composta por Marcos Castilho, Andre Grégio, Eduardo Todt, Marco Zanata, Paulo de Almeida e Vinícius Fülber, acompanhados de Edemir Maciel, gestor de Projetos Gerenciais. Eles conheceram a estrutura da concessão EPR Litoral Pioneiro, no trecho que liga Curitiba ao Porto de Paranaguá e às praias do Paraná.

A etapa seguinte da aproximação entre a concessionária de infraestrutura e o C3SL é a apresentação, pelos pesquisadores, das soluções computacionais e tecnológicas que podem ser desenvolvidas ou aperfeiçoadas para operações de grande porte. Hoje, a EPR administra quatro concessões de rodovias, três em Minas Gerais e uma no Paraná (abrangendo 26 municípios, 9 bases operacionais e 6 praças de pedágio).

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C3SL é tema de palestra no Erad, evento sobre computação e alto desempenho em Santa Catarina

Promovido pela Sociedade Brasileira de Computação, evento reúne pesquisadores e alunos de iniciação científica da Região Sul

Os desafios em projetos complexos de informática para políticas públicas e o compromisso do C3SL com propostas de inovação a partir do software livre foram destaque na vigésima quarta edição da Escola Regional de Alto Desempenho da Região Sul, em Santa Catarina. A palestra foi realizada nesta quinta-feira (25) pelo professor da UFPR e pesquisador do C3SL, Luís Bona. O evento reúne alunos de graduação, pós-graduação, pesquisadores e profissionais da computação para debater o cenário do Processamento de Alto Desempenho, Arquitetura de Computadores e Sistemas Distribuídos.

Com o tema “C3SL: 22 anos! Software livre, cidadania e liberdade”, a palestra evidencia os grandes desafios nacionais enfrentados pelo centro de computação no uso de software livre como instrumento para a construção de sistemas inovadores. Com diversos projetos de impacto público nas áreas da saúde, educação, direitos humanos e comunicação, o C3SL vem há mais de duas décadas reiterando em seus esforços o papel da universidade na construção da soberania tecnológica do país.

Para Bona, além de um reconhecimento à importância e ao papel do centro de computação, ter o C3SL como um dos temas de relevância nas palestras do evento regional é uma oportunidade de reforçar à comunidade acadêmica e ao mercado o compromisso do grupo com soluções tecnológicas abertas.

Promovido pela Sociedade Brasileira de Computação com apoio da UFPR e demais instituições de ensino, e com patrocínio de grandes empresas de tecnologia, o evento tem foco na qualificação dos profissionais dos estados da região sul do país para processamento de alto desempenho. “Este é o principal evento da região sul para debater inovação e pesquisa científica em processamento de alto desempenho. Com grande participação de alunos de iniciação científica a preocupação é promover a reflexão da responsabilidade do papel que eles desempenharão na sociedade. Entendemos que a filosofia que guia a pesquisa e os projetos do C3SL pode contribuir muito para a formação das novas gerações de pesquisadores”, destaca.

INOVAÇÃO ABERTA: governo deve buscar cooperação com sociedade para demandas em políticas públicas

Evento promovido pelo C3SL evidencia a necessidade de uma gestão descentralizada do governo, integrada à iniciativa privada e startups com foco em inovação

Gerar ideias e iniciativas inovadoras para a sociedade a partir de um sistema de parceria entre os governos municipais, estaduais e federal com agentes externos, como entidades e empresas privadas. Este é o cerne do conceito de Inovação Aberta nos Governos, tema da mesa redonda promovida nesta quarta-feira (24) pelo Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e pelo Departamento de Informática (Dinf) da UFPR.

O evento reuniu cerca de 50 alunos, pesquisadores e professores da universidade e contou com palestras do assessor Técnico na GNova, laboratório de inovação da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Luís Guilherme Izycki, do pesquisador do C3SL, professor Marcos Sfair Sunye, e da coordenadora do Curso de Medicina da UFPR, Camila Girardi Fachin.

Apesar de ser o principal responsável por desenvolver políticas públicas, o governo não precisa estar sozinho na busca por soluções que atendam as necessidades da sociedade, é o que defende Luís Guilherme Izycki, da GNova/Enap. Para isso, segundo Luís Izycki, o governo deve optar por uma gestão descentralizada de projetos, com foco na cooperação entre a iniciativa privada e setores da sociedade civil para resolver problemas sociais.

Com origem no campo econômico, a proposta da Inovação Aberta propõe a quebra do paradigma de uma inovação centrada na rivalidade e falta de cooperativismo entre instituições e o governo. A competitividade entre governo e iniciativa privada ou sociedade é trocada por um ecossistema de inovação em que os entes públicos passam a fomentar a integração entre os agentes da sociedade para busca de soluções.

“Como governo, nosso investimento e a nossa intenção é trazer possibilidades, do ponto de vista da oferta e demanda, a partir das mentes criativas da sociedade. É isso que resultará em um horizonte de soluções. Nem sempre terá capacidade de alcançar resoluções de problemas focados nas demandas de política públicas a partir de ações próprias. É neste ponto que ele deve buscar na Inovação Aberta para Governos uma forma de atuar em cocriação com agentes da sociedade que apresentem condições de resolver os problemas que fogem da possibilidade de resposta do poder público”, aponta Luís Izycki.

Uma das frentes do Governo Federal no uso de gestão de Inovação Aberta é o Laboratório de Inovação em Governo (GNova), vinculado à Escola Nacional de Administração Pública (Enap). O Gnova atua como uma assessoria técnica que auxilia os entes públicos e a sociedade no desenvolvimento de projetos com foco em soluções para políticas públicas. “O papel da GNova é de ser a viabilizadora da cooperação e do processo. O problema público a ser resolvido continua sendo do ente, como o município, por exemplo. Os processos formais continuam sendo responsabilidade dele, com contratações por meio de editais. Mas a forma de produzir e organizar os editais, de pensar em estratégias disruptivas e de inovação para buscar solução aos seus problemas, conta com a expertise da GNova”, destaca o assessor técnico.

INOVAÇÃO DEPENDE DE UMA POLÍTICA DE DADOS – Alinhado à ideia de descentralização do governo sobre os projetos com impacto na sociedade e de uma desburocratização da gestão pública, o pesquisador do C3SL, Marcos Sfair Sunye, reforçou na mesa redonda a importância de uma política efetiva de dados abertos.

Um cenário com oferta de dados brutos por parte dos entes públicos pode permitir por parte da sociedade e de instituições de incentivo à pesquisa a oferta de soluções que atendam às demandas da população.

Sunye rememorou como exemplo a criação em 2013 de um aplicativo desenvolvido por alunos de informática da UFPR que permitia ao usuário do transporte público de Curitiba acompanhar em tempo real o fluxo dos ônibus. Isso foi possível pelo acesso aos dados que estavam disponíveis no site da Urbs, e que indicavam ponto a ponto a localização dos ônibus. “Foi um exemplo de uma ação que gerou uma repercussão social muito grande, e que deu dimensão do impacto da inovação a partir dos dados abertos. Não que os governos deixem de usar estes dados. Muitas vezes até percebemos iniciativas da gestão pública em desenvolver alguma aplicação para alcançar a população. Mas nem sempre o resultado é satisfatório. Neste caso, o ideal é que mantenha os dados abertos para que outros agentes possam desenvolver inovações que deem conta das demandas da sociedade”, reforça o pesquisador da UFPR.

Neste aspecto, o papel da universidade é aumentar a qualidade e a continuidade para os dados públicos. “É função da Universidade pegar os dados brutos e disponibilizar eles para a sociedade. Dados brutos, não dados trabalhados. Os dados com intervenção apresentam um alinhamento ou ainda um recorte que pode ser limitador do seu uso. Precisamos trabalhar melhor os dados com a sociedade. E é isso que buscamos aqui no C3SL como laboratório. Criar alternativas de tecnologias de software livre, sem aprisionamento de dados, que tenham impacto na sociedade de forma geral, em áreas como saúde, educação, comunicação e questões sociais”, reitera.

Para o pesquisador, falta a percepção dos gestores públicos sobre a relevância e real valor dos dados. Como exemplo disso, Sunye destacou situações em que grandes empresas de tecnologia cedem o uso de sistemas com código proprietário em hospitais. O que esta ação supostamente altruísta não revela é que a empresa de tecnologia acaba tendo acesso a todos os dados de diagnósticos e demais informações que passam a circular neste sistema.  É na contramão dessa postura que atua o C3SL, com projetos que têm como razão o desaprisionamento dos dados, e incentivo ao Software Livre. Prova disso é a iniciativa inovadora do C3SL tornar a filosofia do Software Livre como princípio para seus próprios projetos, que são publicados com o código-fonte aberto, disponíveis para acesso público (https://gitlab.c3sl.ufpr.br/explore/projects). Outro ponto é o projeto de espelhamento dos programas, que faz do C3SL a maior referência do hemisfério Sul dedicado a software livre. Há duas décadas o C3SL hospeda e distribui uma série de programas como Ubuntu, Debian, Kurumin Linux e SurceForge. “Por sermos referência, somos procurados de forma recorrente por desenvolvedores de sistemas e programas em software livre para hospedarmos novos projetos”, diz Sunye.

A BUROCRACIA COMO ENTRAVE DA INOVAÇÃO – Refletindo sobre a realidade da pesquisa em saúde, sobretudo com foco no Hospital de Clínicas, a coordenadora do Curso de Medicina da UFPR, Camila Girardi Fachin, apontou a urgência da desburocratização como forma de incentivar a inovação. Apesar de ser um dos principais centros de pesquisa e referência como hospital público, de acordo com Camila, o HC tem sofrido um êxodo de pesquisadores quando o assunto é pesquisa, devido a um sistema altamente burocratizado. Segundo a professora da UFPR, isso se agrava ainda mais nos casos de pesquisa clínica. “Quando o assunto é a pesquisa clínica, a burocracia é maior. Quando estamos no processo de testagem de um medicamento ou um dispositivo, isso fica mais evidente, sobretudo considerando que estamos em um cenário de competitividade com laboratórios ou entidade privada, em pesquisa também nas mesmas áreas. Logicamente que temos regras de trâmite legal, mas o excesso de burocracia prejudica principalmente na demora para aprovação, o que favorece o mercado externo”, critica.

Inovação Aberta nos Governos é tema de evento no C3SL nesta quarta

Laboratório de Inovação da ENAP participa de Mesa Redonda na UFPR nesta quarta-feira, 24, às 10 horas. Evento é aberto à comunidade

Na próxima quarta-feira (24), às 10 horas, no auditório do Departamento de Informática da UFPR, o engenheiro Luís Guilherme Izycki apresentará para o público curitibano os conceitos da Inovação Aberta em Governos. Criada há poucos anos nos EUA, a Open Innovation, como ficou conhecida, consiste em pôr organizações e governos para colaborarem, em vez de competirem, na busca por tecnologias disruptivas, soluções sociais e modelos de negócios. A Mesa Redonda é uma iniciativa do C3SL (Centro de Computação Científica e Software Livre) da UFPR.

Membro do Laboratório de Inovação em Governo da Escola Nacional de Administração Pública (GNOVA/ENAP), Luís Guilherme Izycki participou de projetos disruptivos no governo federal, como  o Almoxarifado Virtual Nacional. o Serviço Centralizado de Limpeza e o premiado TáxiGov – que mudou a forma como servidores públicos federais se deslocam, migrando para um aplicativo de transporte administrativo. Hoje, além dos cursos sobre inovação, Luís Izycki integra as equipes do Centro de Lideranças Políticas e da Vetor Brasil.

Inovação em Saúde será debatida na Mesa Redonda sobre Open Innovation

Para debater a Inovação Aberta em Governos com Luís Izycki, o C3SL convidou o pesquisador Marcos Sfair Sunye, para apresentar um projeto do Centro de Computação Científica e Software Livre focado na desburocratização do acesso à Atenção Primária à Saúde, e a médica Camila Girardi Fachin, coordenadora do curso de Medicina da instituição, que trará as experiências em inovação no Hospital de Clínicas da UFPR. No modelo de Mesa Redonda, as pessoas e startups presentes poderão fazer perguntas e discutir a Open Innovation com os palestrantes do evento. 


SERVIÇO
Mesa Redonda: Inovação Aberta em Governos: um caminho para o desenvolvimento


Palestrantes: Luís Guilherme Izycki, do Laboratório de Inovação em Governo da Escola Nacional de Administração Pública (GNova/Enap); Marcos Sfair Sunye, pesquisador do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL/UFPR); e Camila Girardi Fachin, coordenadora do Curso de Medicina da UFPR. A mediação será feira por Carla Marcondes, administradora e assessora de projetos da UFPR.

Quando: no dia 24 de abril, quarta-feira, às 10 horas.

Onde: no Auditório Alexandre Direne, do Departamento de Informática da UFPR, no Centro Politécnico (rua Evaristo F. Ferreira da Costa, 383-391, bairro Jardim das Américas).

ENTRADA LIVRE, SEM NECESSIDADE DE INSCRIÇÃO PRÉVIA

Novos bolsistas do C3SL participam de semana de integração na UFPR

Seleção contou com inscrição de 70 alunos de graduação dos cursos de Ciência da Computação e Informática Biomédica

Começaram nesta segunda-feira (15) as atividades de integração dos novos bolsistas de pesquisa do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). As atividades de capacitação seguem até quarta-feira (17). Neste primeiro edital de 2024, foram selecionados 21 alunos de graduação de um total de 70 inscritos dos cursos de Ciência da Computação e Informática Biomédica.

Os alunos foram recepcionados pelo bolsista e gerente de projetos, Richard Heise, que apresentou as atividades de pesquisa e os projetos desenvolvidos pelo C3SL. Formando em Ciência da Computação e responsável pela gestão do projeto do repositório de recursos educacionais do MEC, Heise destacou na dinâmica com os alunos o uso do método ágil como forma de organização dos projetos do centro de computação.

Com 15 professores doutores vinculados ao grupo e cerca de 30 alunos de graduação, mestrado e doutorado, o C3SL conta atualmente com três grandes projetos em andamento: Pesquisa e Inovação em Sistemas de Informação para Saúde; o Laboratório de Dados Educacionais, que abrange as plataformas MapFor, SIMCAQ e um repositório de indicadores; e a plataforma de Recursos Educacionais Digitais do MEC.

Cada um dos novos bolsistas integrará as equipes de professores e demais pesquisadores por projeto. A distribuição entre os programas em desenvolvimento é definida pelo perfil e habilidade do bolsista, bem como das preferências de atuação indicadas na entrevista no processo seletivo. Junto ao C3SL, os novos bolsistas terão 20 horas de dedicação semanal presencial nas dependências do Departamento de Informática (Dinf) da UFPR.

Apesar do foco em desenvolvimento de projetos com parcerias externas, Heise reforçou aos bolsistas que a preocupação é o fomento à pesquisa. Desta forma, os alunos são fortemente convidados a desenvolverem pesquisas nas diversas áreas da computação e têm a oportunidade de interagir com outros alunos que já até publicaram e apresentaram artigos. Segundo o gerente de projetos, diversas publicações científicas, divulgação em eventos, dissertações e trabalhos de conclusão de curso foram produzidos por ex-bolsistas tendo como objeto de pesquisa a atividades do C3SL.  

No encontro com os novos bolsistas, o pesquisador e um dos fundadores do C3SL, Marcos Castilho, reforçou a centralidade do aprendizado e do caráter de experimentação dos alunos durante as atividades junto ao centro de computação. “O C3SL não é uma fábrica de software. Nós estamos dentro de uma universidade. Vocês serão programadores. Mas, antes de tudo, aqui são estudantes. E o que faz um estudante? Pesquisam, propõem soluções, medidas alternativas e inovadoras para um problema. E é a partir desta perspectiva que devem compreender a sua atuação junto ao C3SL”.

Também presente na atividade de boas-vindas aos bolsistas, o professor do Dinf e pesquisador do C3SL, Eduardo Todt, frisou o papel do interesse público nos projetos encabeçados pelo centro de computação, sobretudo em parceria com governos federal, estadual e municipal. “O C3SL sempre faz projetos importantes para a sociedade. E vocês agora são do C3SL e passam a contribuir com atividades de ação social, com impacto na sociedade”.

Computação na Educação Básica: caminhos, desafios e possibilidades no letramento digital de crianças

Marcos Castilho
Fundador e professor pesquisador do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

2024 será o primeiro ano em que as escolas terão que obrigatoriamente colocar em prática atividades que incluam a computação em toda a Educação Básica. Uma resolução publicada pela Câmara de Educação Básica, do Conselho Nacional de Educação, em 2022, em complemento à BNCC – Base Nacional Comum Curricular – fez do Brasil um dos países em que a computação se torna obrigatória em todo o ciclo de formação do aluno. A resolução ficou conhecida como BNCC – Computação e propõe ações pedagógicas voltadas para o letramento da cultura digital em todas as fases da educação formal.

A norma foi construída com base em três eixos: cultura digital, mundo digital e pensamento computacional. As três essenciais para que o indivíduo que se forma tenha acesso não só a como utilizar, mas sobretudo, usos digitais, funcionamento da tecnologia, lógica computacional e diversos outros pontos estratégicos para que as crianças e adolescentes desenvolvam autonomia e responsabilidade no uso da cultura digital.

Ora, falar sobre computação é falar de dia a dia. A rotina da criança atualmente é guiada pela tecnologia. As telas preenchem a rotina das famílias, e a escola, e principalmente as políticas públicas, têm a obrigação de orientar as crianças num processo crítico, responsável e seguro. O uso de computadores, celulares, apps, softwares, não pode ser feita de forma aleatória, mas sim, reflexiva, levando as próprias crianças a entenderem essa dinâmica, enxergar soluções para os desafios e lidar de maneira simplificada com inteligência lógica. Podemos dizer que atualmente, o pensamento computacional é uma habilidade tão importante quanto ler e escrever sim, quer a gente queira ou não. E a prática desse pensamento é trabalhar com características que são próprias de computadores, baseado nas quatro definições básicas da computação, que são: abstração, reconhecimento de padrões, decomposição e algoritmos.

Dois pontos são fundamentais nessa discussão. O primeiro diz respeito às formas que conduzem essas três esferas a que se propõe a BNCC- Computação. Por isso, falar em letramento digital é falar sobre transversalidade. É incluir, de maneira desplugada inclusive, atividades que suscitem, por exemplo, maneiras que a ciência computacional propõe para resolver problemas e desafios. Hoje, muitas pesquisas na área da informática são desenvolvidas com o objetivo de pensar nas formas como crianças de 7 a 11 anos podem pensar sim com o computador e celular em mãos, mas sobretudo sem esses dispositivos. São atividades que envolvem movimentos, recortes, auxiliando até mesmo o desenvolvimento motor das crianças. São atividades direcionadas a desenvolver habilidades como decompor problemas em partes menores, reconhecer padrões, focar nas partes mais importantes de um problema, entre outras. Isso é pensamento computacional.

Outro ponto fundamental ao se falar em pensamento computacional para crianças e adolescentes é pensar na questão do software livre. Estamos falando de política pública. Estamos falando de recursos públicos. São milhares de crianças que ainda não têm acesso a computadores ou celulares. São muitas escolas que possuem um computador para quatro, cinco crianças. Adaptar o pensamento computacional para esta realidade é propor soluções que tornem a educação cada vez menos refém das bigtechs e da política de dados a que a sociedade está sujeita. O código aberto possibilita que os impostos sejam investidos em uma computação mais democrática, e que ainda tem o poder de proporcionar ao país a tão sonhada soberania digital.

Para isso, é preciso investir em educação, ciência e tecnologia e em programas que formem professores capazes de reproduzir essas técnicas. As universidades públicas são grandes sujeitos dessa dinâmica. É preciso incentivar pesquisas na área da informática que saiam do óbvio, que debatam políticas públicas e soberania. Que tragam para o governo novos horizontes e possibilidades de investimento e de retorno para a sociedade. Nossas crianças agradecem.

C3SL na SBPC

O professor e pesquisador do C3SL Luis Bona foi moderador da mesa “Infraestrutura para Cidades Sustentáveis” durante a programação da 75ª reunião anual da SBPC, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. O evento é um dos maiores de ciência e neste ano acontece em Curitiba, na Universidade Federal do Paraná, UFPR.

A mesa contou com a participação de Gustavo Possetti, da Sanepar, Ana Jayme, do IPPUC, Isac Roizenblatt, da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação, a ABILUX, e Manuel Steidle, da Fundação CERTI. O encontro ouviu especialistas comprometidos com políticas públicas e debateu sobre desafios e dificuldades da transformação digital no âmbito da cidade.

A SBPC vai até dia 29 de julho, com diversas atividades em todos os campi da Universidade. Acompanhe a programação no site https://ra.sbpcnet.org.br/75RA/.

Pesquisa de doutorando do DInf fica entre as 3 melhores em Congresso Internacional

O doutorando do Departamento de Informática e orientando do professor do C3SL, Eduardo Almeida, Sérgio Luiz Marques Filho, teve seu trabalho reconhecido como uma das 3 melhores pesquisas durante a edição de 2023 do Congresso ACM SIGMOD/PODS, realizado em Seattle, nos EUA. A apresentação do pesquisador foi custeada pelo C3SL.

O Congresso aconteceu dos dias 18 a 23 de junho e é um dos mais importantes fóruns internacional para pesquisadores, profissionais, desenvolvedores e usuários de bancos de dados para explorar ideias e resultados de ponta, além de uma grande oportunidade de  troca de técnicas, ferramentas e experiências.

A pesquisa do Sérgio, intitulada “Discovering Denial Constraints Using Boolean Patterns”, trata da descoberta de Restrições de Negação (RN) utilizando um novo método denominado Boolean Patterns, que reduz drasticamente as estruturas intermediárias necessárias para a descoberta de RN e que pode ser implementado em software e em hardware utilizando FPGA para acelerar a descoberta de RN.

“Depois de apresentarmos o poster, fomos convidados a apresentar o trabalho junto com os demais, isso foi muito positivo. Somos os primeiros brasileiros a chegar tão longe nessa competição”, disse Sérgio. O trabalho faz parte da sua pesquisa de doutorado, e a partir de agora terá continuidade.

Pesquisadores do C3SL têm artigo aceito em maior Congresso de Computação no Brasil

Pesquisadores do C3SL e professores do Departamento de Informática tiveram um artigo aceito – com excelentes comentários nas revisões – no maior e mais importante Congresso de computação no Brasil, o Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (CSBC), que será realizado em João Pessoa, capital do estado da Paraíba, de 6 a 11 de agosto.

O trabalho “Do Social ao Técnico: Uma Análise Sociotécnica para a Otimização da Logística do Programa Nacional do Livro e do Material Didático” faz parte de um grupo de trabalho do qual participam os pesquisadores Roberto, Pereira, Leticia Peres, Guilherme Derenievicz e Marcos Castilho, que é o coordenador do projeto. O artigo conta ainda com a participação de duas alunas: Patricia Castellano e Krissia Menezes, e com dois parceiros do FNDE: Nadjia Rodrigues e Silvério da Cruz.

O estudo faz parte de uma parceria com os Correios que busca realizar um diagnóstico do processo logístico do PNLD, o maior Programa Nacional de Livro Didático.

Para mais informações sobre o Congresso: https://csbc.sbc.org.br/2023/wcge/

UFPR lança plataforma que mapeia formação docente dos mais de 2 milhões de professores no Brasil 

Entre os dados do Mapfor estão os de que 43% dos docentes do Brasil possuem pós-graduação, 5% não possuem uma formação mínima e 38% das docências não estão com formação adequada.

Qual é a formação dos professores brasileiros? Essa é a reposta que o projeto Mapfor, lançado nesta semana procura responder. A plataforma foi desenvolvida por meio de uma parceria entre o Grupo de pesquisa interinstitucional Laboratório de Dados Educacionais (LDE), que reúne a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Federal de Goiás (UFG) e o Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da UFPR. O projeto mapeia a formação dos docentes atuantes em escolas públicas e privadas seja no contexto brasileiro, de um estado, município ou mesmo de cada escola por meio de dados do Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Também apresenta dados das matrículas e cursos de licenciatura no Brasil, estados, municípios, instituições ou ainda em cada local de oferta com base nos dados do Censo da Educação Superior (Inep).

A plataforma foi pensada para ser um instrumento de planejamento e acompanhamento das políticas de formação de professores, tanto em instituições formadoras (universidades e demais instituições de ensino superior), quanto nas unidades governamentais responsáveis pela gestão da educação básica (secretarias de educação, conselhos de educação, comissões parlamentares etc.). Também busca apresentar um diagnóstico da realidade da formação dos mais de 2 milhões de docentes brasileiros, bem como das mais de 1.500 mil matrículas em cursos de licenciatura.

“O lançamento da Plataforma foi uma atividade vinculada aos 50 anos do Setor de Educação da UFPR, setor a qual se vincula o grupo do LDE. A plataforma foi desenvolvida com recursos de Emenda Parlamentar da Senadora Gleisi Hoffmann. O Mapfor tem sua origem ainda em 2018 quando foi desenvolvida a Plataforma Mapfor Paraná, financiada pela Prograd da UFPR.  O projeto foi ampliado pelo entendimento que fazer um diagnóstico da realidade com base em dados e indicadores como os apresentados pela plataforma é apenas uma das maneiras que a universidade tem de contribuir na promoção de políticas públicas para o país”, disse Gabriela Schneider, coordenadora do LDE.

Entre os dados coletados, tratados e disponibilizados no formato aberto, de software livre, é possível observar especificações sobre a formação docente, a oferta e a demanda dessa formação. “A gente viveu nos últimos anos o que chamamos de apagão de dados de várias áreas, e a educação foi uma delas. Então, hoje, termos um projeto como Mapfor, que traz transparência em formato de código aberto é uma grande vitória para a Educação e para o desenvolvimento da pesquisa e da ciência. A questão da Lei de Proteção de Dados vem sendo usada como ferramenta para chancelar a falta de transparência dos dados públicos, e projetos como este devem ser cada vez mais produzidos e divulgados”, explica Eduardo Almeida, professor do Departamento de Informática da UFPR e pesquisador do C3SL.

Dados e políticas públicas

O raio-x da formação docente revelou, entre muitos resultados, que a Região Sul é quem mais possui professores com pós-graduação (62,4%), seguido pela Região Centro-Oeste (49,8%), Nordeste (39,7%), Sudeste (38,8%) e Norte (33%). É possível ainda filtrar por estado, município e até mesmo por escola. Além disso, é possível acompanhar de 2012 a 2019, a quantidade de cursos de licenciatura ofertado, assim como o número de matrículas realizadas em cursos de licenciaturas, que vem aumentando: em 2012 foram pouco mais de 1.300.000 e em 2019 esse dado cresceu para 1.687.000.

“Esse é um levantamento muito importante para a Educação, que somente a universidade consegue realizar. Claro que grandes empresas de informática têm essa capacidade, mas não têm interesse, assim como o governo por si próprio não tem ferramenta, nem mão-de-obra para tal. É aí que entra a universidade pública como braço para que, a partir desses dados, possam existir políticas de formação dos professores”, disse Luiz Bona, chefe do departamento de Informática e pesquisador do C3SL.

Para a execução do projeto, levantamento, tratamento, criação da plataforma, foram envolvidos mais de 15 estudantes bolsistas da Universidade, que trabalharam durante mais de um ano e maio para colocar a plataforma no ar. “É muito muito interessante participar deste espaço que a universidade proporciona, onde projetos e pesquisas interdisciplinares podem acontecer com facilidade. Além, é claro da importância pra gente como estudante de participar de um projeto tão grande e que pode contribuir muito com a educação. Saber que a universidade pode ser um espaço não só de aprendizado, mas também de execução de projetos aplicáveis à realidade do país, é um grande passo na carreira”, finalizou Fernando Gbur, um dos bolsistas do Mapfor.

Sobre o C3SL

O Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) é um grupo de pesquisa do Departamento de Informática da UFPR que realiza pesquisas em diferentes áreas do conhecimento e que podem ser empregadas para aprimorar processos e serviços tanto para empresas  por meio da Lei de Informática e Lei do Bem, quanto para instituições e órgãos públicos. São seis linhas de pesquisa ativas no grupo: Ciências Forenses Computacionais; Inteligência Artificial Aplicada; Medicina Assistida por Computação Científica; Preservação Digital; Sistemas Computacionais Avançados; Sistemas para Informática na Educação. Os projetos realizados pelo grupo de pesquisadores são direcionados para a inclusão digital, buscando sempre beneficiar a sociedade brasileira de maneira geral. Assim, todo pacote de software que resulta destes estudos é publicado em forma de software livre.

www.c3sl.ufpr.br