Reunião do C3SL e Ministério da Saúde marca nova etapa do projeto que aprimorar comunicação da atenção primária à saúde

Encontro em Brasília alinha ações para implantar sistema que conecta agentes de saúde e cidadãos, promovendo avanços no sistema público de saúde brasileiro

A vice-reitora da UFPR, Camila Fachin, e os professores do Departamento de Informática da UFPR e pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), André Grégio e Simone Dominico, participaram no último dia 25/04 de reuniões estratégicas com o secretário executivo do Ministério da Saúde, Adriano Massuda, e com a equipe da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), em Brasília. Os encontros tiveram como foco a apresentação de resultados e prospecção de novos projetos entre a UFPR e Ministério da Saúde, bem como o alinhamento e a reorganização do plano de ação do projeto em desenvolvimento pelo C3SL para a criação de uma solução tecnológica e de comunicação para o fortalecimento do Atendimento Primário à Saúde (APS) em todo o país. Também participaram do encontro o Diretor Superintendente da Fundação da UFPR (Funpar), Edemir Reginaldo Maciel; e a gestora de projetos de pesquisa e desenvolvimento do C3SL, Ianka Antunes. 

No encontro com o secretário executivo do Ministério da Saúde, Adriano Massuda, o pesquisador e coordenador do projeto do C3SL e UFPR com a SAPS, André Grégio, apresentou os resultados do trimestre e demonstrou as funcionalidades do protótipo funcional do aplicativo de telemedicina que está em desenvolvimento pela equipe.  Segundo Grégio, o sistema apresenta funcionalidades que potencializam o atendimento remoto, permitindo que pacientes sejam acompanhados à distância, sem a necessidade de deslocamento até unidades de saúde. Entre os principais avanços, destaca-se a possibilidade de realização de interconsultas, em que médicos da Atenção Primária podem consultar outros profissionais de diferentes especialidades para discutir casos clínicos complexos. “O sistema também viabiliza o atendimento de pacientes em localidades remotas, um aplicativo como este permite que se promova  interconsultas, possibilitando que outros  médicos sejam consultados para auxiliar em diagnósticos complexos para os quais não se têm especialistas”, pontua o pesquisador. 

Já na reunião com a equipe da SAPS, o foco foi a definição de novas marcas para o projeto do C3SL com o Ministério da Saúde. Segundo a pesquisadora do C3SL, Simone Dominico, a equipe do laboratório de inovação em computação científica da UFPR apresentou ao Ministério da Saúde um panorama das atividades já realizadas, incluindo um relatório das entregas e avanços do projeto. “Discutimos os encaminhamentos dos projetos, reorganizando o plano de atividade para elencar as próximas tarefas. Também discutimos a continuidade do projeto, dimensionando os desafios que ainda temos a enfrentar na pesquisa e desenvolvimento do sistema para o APSUS”, explicou a pesquisadora.

Na avaliação da vice-reitora da UFPR, Camila Fachin, sobre os encontros em Brasília, a “parceria do C3SL com o Ministério da Saúde que foi iniciada com projeto na SAPS com o intuito de melhorar a comunicação da Secretaria de Atenção Primária do Ministério da Saúde com o usuário final do SUS, tem rendido muitos frutos e diversas outras parcerias para além do projeto inicial. Destacam-se atividades como capacitação dos servidores do Ministério, oferta de pós-graduação stricto sensu, e apresentação de protótipo de aplicativo para teleconsulta feito todo com base em software livre, apresentado recentemente para o secretário executivo do Ministério da Saúde, Dr Adriano Massuda”. Para Camila, essa colaboração exemplifica um modelo inovador de cooperação entre academia e governo, que impulsiona a inovação, a inclusão digital, a gestão baseada em dados e a eficiência na saúde pública brasileira, beneficiando milhões de cidadãos e fortalecendo o vínculo entre agentes de saúde e comunidade.

A SAPS, responsável pela gestão da parceria junto ao Ministério da Saúde, destacou a necessidade de alinhamento contínuo e acompanhamento próximo das atividades. O objetivo é garantir que as demandas do órgão sejam atendidas de forma ágil e eficiente, especialmente em questões como a comunicação direta com os pacientes do SUS e o trabalho com dados do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB). “A SAPS definirá um caminho que eles querem para ajudar a organizar, tanto para a questão da comunicação direta com o paciente, quanto a questões como a comunicação direta com os pacientes do SUS e promover o processamento, o gerenciamento e o armazenamento eficiente dos dados”, completou Simone Dominico.

A solução de tecnologia em desenvolvimento pelo C3SL surge como resposta a desafios históricos da APS, como a necessidade de integrar políticas públicas, garantir comunicação acessível e apoiar agentes de saúde na gestão de campanhas. O sistema também facilitará o trabalho dos profissionais da APS, oferece ferramentas para planejamento e monitoramento de indicadores, e promove inclusão digital ao atingir milhões de brasileiros

Sistema do C3SL busca aproximar o Ministério da Saúde aos usuários do SUS

Iniciado em janeiro de 2024, o projeto é fruto da parceria entre o C3SL e o Ministério da Saúde e tem previsão de desenvolvimento até 2027. Desde o início, o grupo de pesquisa da UFPR tem antecipado entregas do cronograma, adaptando-se às demandas da SAPS para garantir o máximo impacto das soluções propostas. A iniciativa busca aprimorar a comunicação entre a Atenção Primária à Saúde e a população brasileira, utilizando tecnologia para fortalecer o vínculo entre agentes de saúde e cidadãos.

Uma das etapas em andamento do projeto é a implantação de um sistema de envio de mensagens direcionadas para grupos específicos, focado em campanhas informativas massivas. Essa solução, que segue em breve para a fase piloto, permitirá que gestores e agentes de saúde se comuniquem de forma mais eficiente com a comunidade, promovendo campanhas de vacinação, orientações sobre hábitos saudáveis e acompanhamento de condições crônicas

Segundo André Grégio, coordenador do projeto, o sistema representa uma inovação na forma como o SUS se comunica com a população, tornando as campanhas mais direcionadas e com maior impacto no bem-estar coletivo. O sistema utiliza um banco de dados para organizar informações sobre informativos, usuários e grupos, evitando duplicidade de mensagens e reduzindo o risco de SPAM

Além disso, o projeto prevê uma segunda etapa de pesquisa, que integrará Inteligência Artificial (IA) para criar um sistema de comunicação individualizada. A IA permitirá automatizar interações, coletar dados estratégicos e personalizar o diálogo com os usuários do SUS, otimizando a experiência do paciente e fornecendo informações valiosas para a gestão pública de saúde. A interação da IA com os usuários do SUS também resulta em um sistema aprimorado de avaliação sobre o atendimento. Essa análise personalizada permite que os gestores identifiquem padrões regionais e tomem decisões mais assertivas para melhorar os serviços.

Projeto da UFPR emprega Inteligência Artificial para melhorar atendimento no SUS

Solução busca automatiza interações, coleta dados estratégicos e aprimora a experiência dos pacientes na Atenção Primária à Saúde

Pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão desenvolvendo um sistema baseado em Inteligência Artificial para melhorar o atendimento na Atenção Primária à Saúde do SUS. O projeto, realizado em parceria com o Ministério da Saúde, visa criar uma solução capaz de interagir com milhões de brasileiros, coletando dados e promovendo melhorias nos serviços de saúde pública. “Com o uso da IA, podemos transformar a APS, criando um canal direto do SUS com os cidadãos, que não apenas melhora a experiência do paciente, mas também fornece dados estratégicos para uma gestão mais assertiva e inclusiva”, destaca André Grégio, pesquisador do C3SL e coordenador do projeto com o Ministério da Saúde.

Uso de IA no pós-atendimento do SUS pode automatizar a comunicação e criar uma gestão otimizada da saúde. Foto: Juliana Telesse

A cada minuto, três mil pessoas passam pela APS no país, a principal porta de entrada para os serviços básicos do SUS, caracterizando-se por um conjunto abrangente de ações voltadas tanto para o indivíduo quanto para a coletividade. Somente em 2024, foram mais de quatro milhões de atendimentos individuais, registrando um aumento de 18% em comparação ao ano anterior. A solução promete aprimorar a gestão da saúde pública no país na medida em que busca automatizar a comunicação, é o que aponta o pesquisador do C3SL e especialista em Inteligência Artificial, Paulo Almeida.

Projeto propõe uso de IA no retorno dos atendimentos na APS. Foto: Jerônimo Gonzalez/MS

“Imagine receber uma ligação após sua consulta no posto de saúde. Neste contato, a IA pergunta sobre a qualidade do atendimento, se o problema foi resolvido ou se há sugestões de melhoria. Essas interações, realizadas com uma voz humanizada e natural, têm o potencial de transformar a relação entre o SUS e seus usuários”, destaca Almeida. O projeto utiliza tecnologias avançadas de Speech-to-Text (transcrição de áudio para texto) e Text-to-Speech (texto para áudio), permitindo que sistemas automatizados interajam diretamente com os cidadãos.

Mais que acompanhar o atendimento, o foco é dar subsídio concreto a partir de dados para que o governo possa gerir com maior eficiência a saúde pública, destaca Grégio. Foto: Juliana Telesse

Dados que valem saúde

O objetivo com a aplicação da IA não é apenas automatizar a comunicação, mas sim reunir e processar dados que possam melhorar a cobertura da saúde pública. A APS se concentra em ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, como campanhas de vacinação, orientações sobre hábitos saudáveis e acompanhamento de condições crônicas. A coleta e processamento desses dados em grande escala possibilita análises detalhadas sobre questões específicas, como o atendimento a mulheres grávidas em pré-natal ou a qualidade dos serviços em áreas rurais.

A interação da IA com os usuários do SUS também resulta em um sistema aprimorado de avaliação sobre o atendimento. “Mais do que simples perguntas, o sistema busca estabelecer um diálogo dinâmico. Por exemplo, se um cidadão relata que esperou muito tempo para ser atendido, a IA pode identificar automaticamente que o problema não foi causado pelo médico, mas pela sobrecarga do posto de saúde. Essa análise personalizada permite que os gestores identifiquem padrões regionais e tomem decisões mais assertivas para melhorar os serviços. Essa abordagem coloca o SUS na vanguarda da gestão pública baseada em dados”, avalia Almeida.

Solução de compactação de dados do C3SL pode reduzir custos de processamento de IA

Com previsão de desenvolvimento do projeto até 2027, o grupo de pesquisa da UFPR tem antecipado entregas do cronograma, adequando-se às demandas da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), órgão que faz a gestão da parceria junto ao Ministério da Saúde. Uma das soluções em via de implantação neste primeiro semestre é um sistema de envio de mensagens direcionadas de comunicação para um grupo, com foco em campanhas informativas massivas. A aplicação da IA no projeto integra uma segunda etapa da pesquisa, em um sistema de comunicação individualizada, com foco no usuário.

Segundo Almeida, um dos desafios desta segunda etapa do projeto é o alto custo de processamento de dados. Os modelos avançados de IA utilizados em Speech-to-Text e Text-to-Speech demandam grande poder computacional. Com cerca de 220 milhões de habitantes no Brasil e milhões de interações previstas diariamente, reduzir custos sem comprometer a qualidade é uma prioridade. O C3SL já apresentou avanços nesse sentido.

“Um dos nossos avanços mais promissores mostra que, ao modificar a forma como os arquivos de áudio são armazenados e comprimidos, conseguimos reduzir em até nove vezes o espaço necessário para armazená-los – o que também reduz os custos com hardware e consumo de energia – sem comprometer significativamente a qualidade da transcrição. Esse tipo de otimização pode ser fundamental para viabilizar a implementação desses modelos em larga escala dentro do SUS. Essa inovação diminui os custos com hardware e energia elétrica, tornando o projeto mais viável economicamente”, destaca o pesquisador.

Pesquisadores do C3SL têm trabalhos aprovados em seminário que debate os desafios da computação no país

Evento promovido pela Sociedade Brasileira de Computação reúne contribuições de especialistas do Brasil sobre as lacunas e problemas que a área precisa enfrentar nos próximos dez anos

Pesquisador do C3SL e professor do Dinf, Eduardo Almeida, coautor “This Future Without SQL”

Quais os desafios a serem enfrentados para garantir o avanço tecnológico e a inclusão digital no país nos próximos dez anos? A resposta a tal questionamento será foco do IV Seminário de Grandes Desafios da Computação, evento promovido pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC), entre os dias 27 e 28 de novembro. O seminário reunirá especialistas, acadêmicos, representantes da indústria e da sociedade civil de todo o país para identificar lacunas e problemas que a área precisa enfrentar no decênio 2025-2035. Com dois trabalhos aprovados para apresentação no evento, os pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e professores do Departamento de Informática (Dinf) da UFPR, André Grégio e Eduardo Almeida, estão entre os especialistas que definirão as diretrizes da computação do país.

Os desafios abordados no evento não se limitam a temas tradicionais de pesquisa, mas buscam uma abordagem multidisciplinar que considere as interações entre tecnologia, sociedade e ética. Os participantes são incentivados a propor novas questões que refletem a rápida evolução da tecnologia e suas implicações. A escassez de profissionais qualificados na área de tecnologia da informação, a preocupação com inclusão digital, o aumento do cenário da desinformação e a preocupação com medidas de cibersegurança são alguns dos pontos que devem balizar os debates nos dois dias de evento em São Paulo.

Para o pesquisador do C3SL e especialista na área de cibersegurança, André Grégio, os desafios da computação nos próximos dez anos exigem uma abordagem colaborativa entre academia, indústria e sociedade, focando na formação de profissionais qualificados e na promoção de políticas públicas que garantam a inclusão digital e a segurança cibernética.  “Após ingresso na CESeg – Comissão Especial de Cibersegurança da SBC – e convite para participar como co-autor do artigo, pude trazer um pouco da experiência de ter criado a disciplina de Segurança Computacional há 8 anos no Departamento de Informática da UFPR (tornada obrigatória para os cursos de Bacharelado em Ciência da Computação e Informática Biomédica) e introduzido conceitos básicos de programação segura em disciplinas de início de curso. Foi uma honra poder escrever em conjunto com meus notórios colegas, professores e pesquisadores de cibersegurança em diversas universidades públicas e privadas do país e ter essa visão abrangente da área”.

As duas publicações com participação dos pesquisadores da UFPR no evento serão apresentadas no eixo Grandes Desafios da Computação, nesta quarta-feira (27/11/2024). Uma das contribuições do C3SL para o debate centraliza os olhares para uma série de desafios na área da computação segura, como contra-ataques cibernéticos e salvaguarda da privacidade dos usuários. Intitulado “Os Desafios de Cibersegurança dos Referenciais do BCS/SBC”, o artigo parte da leitura dos documentos de formação de curso de Bacharelado em Cibersegurança, idealizados pela Comissão Especial de Cibersegurança da SBC, para estruturar oito eixos de debate sobre o tema para o próximo decênio.

Uma das principais contribuições é propor diretrizes para a formação de novos especialistas na área. Os desafios destacados no trabalho incluem Segurança de Dados, Segurança de Sistemas, Segurança de Conexão, Segurança Organizacional, Fatores Humanos em Segurança, Segurança e Sociedade, Segurança de Software e Segurança de Componentes. A educação é um elemento central em todos esses eixos, refletindo a necessidade urgente de capacitar profissionais qualificados.

Entre os desafios destacados, está a mitigação dos riscos associados à computação quântica, que ameaça a segurança dos dados atualmente protegidos por criptografia convencional. A pesquisa em criptografia pós-quântica (PQC) é uma das soluções propostas para enfrentar essa nova realidade. No debate proposto pelos autores do artigo para o evento da SBC, destaca-se também uma preocupação com ações que fomentem a educação em cibersegurança no país. Para tanto, é fundamental a promoção de políticas públicas com foco em programas educativos, na capacitação de professores para formar as próximas gerações em boas práticas de segurança digital, e na parceria entre as instituições públicas e a indústria.

Além de Grégio, o artigo é assinado pelos pesquisadores: Aldri Santos (UFMG), Altair Santin (PUCPR), Carlos Raniery (UFSM), Daniel Batista (USP), Dianne Medeiros (UFF), Diego Kreutz (UNIPAMPA), Diogo Mattos (UFF), Edelberto Franco (UFJF), Igor Moraes (UFF), Lourenco Pereira Jr (ITA), Marcos Simplício (USP), Michele Nogueira (UFMG), Michelle Wangham (UNIVALI, RNP), Natalia Fernandes (UFF), e Rodrigo Miani (UFU).

Outro trabalho com professor da UFPR no evento é o artigo “This Future Without SQL”, de autoria do pesquisador do C3SL, Eduardo Almeida, em parceria com os pesquisadores Eduardo Pena (UTFPR) e Altigran Silva (UFAM). O trabalho propõe um paradigma de interação em base de dados sem o SQL (Structured Query Language), hoje a principal linguagem para consulta e manipulação de dados em bancos relacionais. Neste novo paradigma, as consultas podem ser realizadas diretamente em linguagem natural, eliminando a necessidade de conhecimentos técnicos avançados.

Segundo os pesquisadores, dentre as vantagens do novo paradigma, destaca-se a acessibilidade, na medida em que usuários não técnicos poderiam interagir com os dados sem a necessidade de conhecimento de linguagem; a efici6encia, na medida em que consultas complexas poderiam ser realizadas com mais rapidez e precisão, capturando a intenção do usuário de forma mais eficaz; e o aspecto de inovação, a considerar que uma nova interface abriria caminho para serviços personalizados em áreas como suporte ao cliente e recomendações rápidas.

Tecnologia de videoconferência do C3SL será usada no Workshop on Robotics in Education 2024

Evento nacional para debater aspectos científicos e educacionais da robótica será sediado em Goiânia, entre os dias 13 e 15 de novembro

As apresentações de trabalhos e as atividades online de transmissão de vídeos do 15th Workshop on Robotics in Education (WRE 2024), serão realizadas pela plataforma de conferência BigBlueButton, ancorada nos servidores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL). O WRE é um fórum de discussão científica, técnica e educacional que envolve o uso de robôs no processo de aprendizagem.

Realizado anualmente pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC), neste ano, o evento é realizado entre os dias 13 e 15 de novembro, em Goiânia. Além de fornecer a tecnologia para as conferências, o C3SL também participa do comitê de organização do evento, representado pelo pesquisador Eduardo Todt.

A ser usada na WRE, a solução baseada em software livre foi adotada pelo C3SL durante o momento de pandemia e de uso de sistemas de conferência para auxílio no ensino remoto. Segundo o pesquisador do C3SL, Marcos Castilho, o uso do BBB, foi uma forma de buscar alternativas em software livre, em meio ao cenário de soluções da iniciativa privada. “Enquanto todo mundo foi para soluções privadas como da Microsoft, Google, e outras, nós provamos que uma proposta robusta e completa baseada em software livre era possível. Neste momento, usamos o BBB para dar aulas. Uma das vantagens é a possibilidade de gravação dos conteúdos. A partir disso, alguns professores compartilharam os materiais de aula em plataformas como Opencast”, destaca.

Pesquisadores do C3SL têm trabalhos sobre plataforma MECRED aprovados no CBIE

Evento anual promovido pela SBC para debater o desenvolvimento e integração da tecnologia na educação no Brasil será em novembro, no Rio de Janeiro

Dois artigos dos pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) sobre o processo de atualização da plataforma MECRED foram aprovados para apresentação no Congresso Brasileiro de Informática na Educação (CBIE). Classificado como um evento de alta qualidade, o CBIE é promovido pela Comissão Especial de Informática na Educação (CEIE) da Sociedade Brasileira de Computação (SBC). Neste ano, sob o tema “O papel das tecnologias digitais na Educação Inclusiva”, o evento será realizado em novembro, na sede do Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro.

O evento reúne trabalhos que debatem a concepção, o desenvolvimento e a avaliação de soluções que utilizem métodos e técnicas de computação para promoção da aprendizagem e/ou para solução de problemas em temas ligados à educação. Os trabalhos do C3SL aprovados para apresentação e publicação nos anais do evento abordam os estudos que sustentaram o processo de redesign da plataforma na nova versão, bem como apresentam as melhorias realizadas pelo grupo no projeto de repositório do MEC.

A plataforma MECRED foi criada em 2017 pelo C3SL em parceria com o MEC. O principal repositório de recursos educacionais digitais do país tem hoje mais de 30 mil usuários cadastrados, e 320 mil conteúdos, ferramentas, plataformas e equipamentos digitais com finalidade pedagógica, que buscam potencializar a aprendizagem. Neste ano, o C3SL realizou uma atualização de design e funcionalidades na plataforma, aprimorando a usabilidade e a função de rede social dos usuários.

Um panorama geral sobre as novas funcionalidades da plataforma e do repositório do MEC é foco do artigo aprovado na trilha AppsEdu, do CBIE, intitulado “Plataforma MEC RED: Uma rede social do Ministério da Educação para compartilhamento e disponibilização de Recursos Educacionais Digitais”. O trabalho é de autoria do pesquisador do DInf e coordenador do PPGInf da UFPR, Roberto Pereira; da doutoranda em ciência da computação, Krissia Menezes; dos mestrandos em informática pelo PPGInf, Jonas Guerra e Richard Heise – gerente de projetos do C3SL; e pelos pesquisadores do C3SL e bolsistas de graduação Thomas Todt, Maria Sauer, Gustavo Frehse, Pedro Aguiar e Luan Bernardt.

Já o trabalho “Redesign da Plataforma MEC RED: Um estudo informado por diferentes métodos” foi aceito para publicação no SBIE, simpósio que ocorre dentro do CBIE, e tem como foco a apresentação geral do processo de revitalização da plataforma, relatando a experiência com a aplicação de diferentes técnicas para produzir um diagnóstico sobre a plataforma atual em termos de funcionalidades, usabilidade, acessibilidade e UX Design. O trabalho evidencia os estudos de avaliação da plataforma a partir de análise com especialistas em IHC, avaliação com profissionais da educação e grupo focal com técnicos do Ministério da Educação.

O trabalho é de autoria do pesquisador do DInf e coordenador do PPGInf da UFPR, Roberto Pereira; pelo coordenador do DInf e pesquisador do C3SL, Luis Bona; pela pesquisadora do DInf, Rachel Reis; pelo pesquisador do DIinf e do C3SL, Eduardo Todt; pela doutoranda em ciência da computação, Krissia Menezes; pelo doutorando em ciência da computação, Deógenes Silva Junior, pelos mestrandos em informática pelo PPGIinf, Jonas Guerra e Richard Heise – gerente de projetos do C3SL; e pela integrante da equipe técnica do MEC no projeto, Ana Paula Gaspar Gonçalves.

Conforme destaca Roberto, “esses artigos evidenciam o trabalho de alta qualidade desenvolvido pelo C3SL, aliando pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico para resolver problemas de importância social”.

Bolsista do C3SL conquista pódio em evento de cibersegurança da Comunidade Alquymia

Pesquisador da equipe Secret, Cláudio Torres Júnior, ficou em terceiro lugar no desafio estilo Capture the Flag

O bolsista de pós-graduação do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), Cláudio Torres Júnior, conquistou o terceiro lugar no pódio na III edição da competição de cibersegurança da Comunidade Alquymia. Mestrando do Departamento de Informática (Dinf) da UFPR e pesquisador em segurança computacional e integrante da equipe do SECRET, grupo de pesquisa de segurança e engenharia reversa ligado ao Laboratório de Redes e Sistemas Distribuídos (LarSiS), Torres participou os dois dias de intensa atividade entre os dias 18 e 20 de outubro, em uma disputa online que reuniu 148 participantes de todo o país.

A competição foi realizada no estilo Capture the Flag (CTF), espécie de competição mundialmente utilizada no setor de segurança cibernética em que os programadores resolvem desafios para capturar “bandeiras” e ganhar pontos. O CTF da Alquymia tem 64 desafios distribuídos em 8 categorias de segurança, abrangendo diversas áreas da segurança cibernética, incluindo criptografia, engenharia reversa, hacking web e forense digital. Essa variedade não só testa as habilidades dos participantes, mas também proporciona um ambiente de aprendizado prático e colaborativo, fundamental para o desenvolvimento de competências na área de cibersegurança.

Esta é a segunda competição no estilo CTF em que Cláudio Torres Júnior fica entre os primeiros colocados nos últimos dois meses. No final de setembro, o mestrando ficou entre os Top 10 da disputa da IV Semana Aratu, evento que reuniu 200 competidores. Na atividade da Comunidade Alquymia, a equipe SECRET também foi representada pelos integrantes da UFPR: Jorge Pires Correia; Lucas Alionço Perez; Nadia Luana Lobkov; e João Ribeiro Andreotti.

O Alquymia é um projeto independente que foi criado com o propósito de orientar, integrar, jovens e adultos experientes que têm o desejo de entender ou expandir os conhecimentos no tema de cibersegurança. O projeto busca compartilhar conhecimento e fomentar um ambiente colaborativo onde os participantes possam se desenvolver tanto pessoal quanto profissionalmente.

C3SL fala sobre Deep Learning em digitalização de documentos históricos em evento internacional no Uruguai

A palestra realizada pelo pesquisador Eduardo Todt destaca como técnicas de Inteligência melhoram o reconhecimento de fontes em jornais brasileiros durante a III Conferência Internacional em Aplicações de Inteligência Artificial

O uso de inteligência artificial no reconhecimento de fontes de caracteres em análise e digitalização de jornais históricos brasileiros em alemão foi o tema da palestra do pesquisador do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL) e professor de Departamento de Informática da UFPR, Eduardo Todt, na III Conferência Internacional em Aplicações de Inteligência Artificial (CINTIA). O evento foi realizado na Universidad Tecnológica del Uruguay (Utec), entre os dias 8 e 10 de outubro. A palestra em formato remoto integrou a programação do evento, que reuniu pesquisadores e profissionais da área de tecnologia para discutir a utilização da Inteligência Artificial (IA) na solução de problemas em diversas áreas.

No evento, Todt apresentou a aplicação de machine learning no projeto Deutschsprachige Presse in Brasilien, que busca aplicar técnicas avançadas de reconhecimento óptico de caracteres (OCR) utilizando redes neurais profundas, como ResNet e VRR19. Realizado pelo Laboratório Visão Robótica e Imagem (VRI) em parceria com o C3SL e o Departamento de Polonês, Alemão e Letras Clássicas da UFPR, o projeto faz parte do acordo de cooperação firmado entre a UFPR e a Academia de Ciências de Berlim-Brandemburgo.

A imigração alemã no Brasil, que completa 200 anos, deixou um legado cultural significativo, refletido em jornais editados entre 1824 e 1930. No entanto, a mera digitalização dessas publicações não é suficiente. Segundo Todt, “se os jornais forem apenas escaneados e disponibilizados online, pesquisadores terão que ler imagens, o que não é produtivo”. A falta de um sistema eficiente para converter essas imagens em texto pesquisável limita a investigação acadêmica e histórica. Além disso, a complexidade das publicações dos jornais, com diversos tipos de caracteres, clichês e diagramações, prejudica o desempenho da digitalização, sendo um obstáculo para o OCR.

De acordo com Todt, tanto a multiplicidade de estilos de fontes de caracteres usadas nos jornais quanto a diversidade de layouts prejudicam as transcrições automáticas, resultando em má interpretação dos conteúdos pelos sistemas, ou ainda na omissão de informações. É neste aspecto que o uso de inteligência artificial auxilia no processo de escaneamento e de análise dos documentos. A proposta com o uso de inteligência artificial no projeto é de estruturar um fluxo de processamento de dados que mescla tanto análise semântica quanto a identificação dos caracteres e formatos de fontes.

Até agora, o projeto já escaneou cerca de 6 mil páginas de jornais e obteve mais de dez mil amostras segmentadas semi-automaticamente. Com um dataset robusto criado para treinamento das redes neurais, os resultados preliminares mostram uma precisão nas classificações que varia entre 98% e quase 100%. “Agora temos nosso classificador dos tipos das fontes dos caracteres! Essa parte integra nosso fluxo visando tornar o OCR mais inteligente, adaptando-se ao desafio apresentado pelos jornais com múltiplos estilos diferentes no mesmo texto onde os sistemas tradicionais falham”, conclui o pesquisador. Clique aqui e confira na íntegra a apresentação do professor no evento >> https://www.youtube.com/live/EBDLEFHrQHQ?si=GONU0TtX6CP0v2q9&t=20780

Artigo do C3SL é finalista no Prêmio Junia Coutinho Anacleto

Trabalho escrito por Eduardo Mathias é focado no Simulador de Custo-Aluno Qualidade (SIMCAQ), projeto desenvolvido pelo C3SL com o Ministério da Educação

O ex-bolsista do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), Eduardo Mathias, apresentou nesta terça-feira (8) o artigo  “SIMCAQ: Um Diagnóstico Sociotécnico” no XXIII IHC 2024, em Brasília. O trabalho é finalista do Prêmio Junia Coutinho Anacleto, concurso de teses, dissertações e trabalhos de graduação em Interação Humano-Computador. A distinção é promovida anualmente pela Comissão Especial de IHC, órgão colegiado da Sociedade Brasileira de Computação (SBC). O resultado do prêmio será divulgado nesta quarta-feira. 

O artigo escrito por Mathias é resultado da conclusão do curso de bacharelado em Ciência da Computação, junto ao Departamento de Informática da UFPR. Sob a orientação do professor do Dinf, Roberto Pereira, o trabalho inscrito por Mathias foi aprovado na fase eliminatória e concorre ao título de melhor TCC em IHC. Segundo Mathias, estar na final do prêmio Junia Coutinho Anacleto é o início de uma carreira promissora na pesquisa em computação, um sonho que ele vem perseguindo desde a graduação. “Representa bastante para mim ter esse primeiro artigo publicado e apresentá-lo em Brasília. Ressalta o potencial de todo mundo que está se formando em Ciência da Computação e que quer seguir essa área acadêmica”, destaca.

O trabalho inscrito por Mathias no prêmio do IHC é focado no Simulador de Custo-Aluno Qualidade (SIMCAQ), projeto desenvolvido pelo C3SL com o Ministério da Educação. O bacharel em Ciência da Computação foi um dos bolsistas do projeto junto ao centro de pesquisa em 2023. O SIMCAQ é um sistema online gratuito para estimar o custo de proporcionar educação de qualidade em escolas públicas de educação primária. O objetivo do projeto é servir como uma ferramenta de planejamento educacional que enfatiza o aspecto orçamentário, diagnosticando o contexto educacional em níveis municipal, estadual e nacional.

No paper que é finalista do prêmio nacional, Mathias propõe um diagnóstico sociotécnico do SIMCAQ, identificando aspectos de melhorias para o sistema, como aprimoramento na interface e usabilidade da plataforma, bem como melhorias na cultura de trabalho das equipes do projeto. “Durante o período em que fui bolsista no C3SL, convivi com toda a equipe do projeto e pude observar as reformulações e os benefícios que a ferramenta proporcionava. No entanto, percebi que, apesar de ser uma ferramenta muito boa e importante, não havia nenhum trabalho que destacasse sua relevância para pessoas externas, nem como ela era desenvolvida. Não existia um diagnóstico sociotécnico que analisasse o sistema de uma perspectiva mais ampla. Esse foi o meu ponto de partida”, revela o bacharel.

Em suas considerações, Mathias aponta que as equipes devem incorporar práticas de Interação Humano-Computador (IHC) e User Experience (UX) de maneira transversal ao projeto. Além disso, é essencial que novas estratégias de comunicação e organização do trabalho sejam experimentadas, buscando um equilíbrio entre flexibilidade e estrutura. “Sob a orientação do professor Roberto Pereira, utilizamos instrumentos semióticos para realizar uma análise mais profunda. Realizamos entrevistas com a equipe e deixamos clara a divisão de trabalho e a cultura do projeto. É importante ressaltar que os problemas do simulador não se restringem apenas à parte técnica; a cultura do projeto também desempenha um papel fundamental. Discutimos o que poderia ser feito para melhorar essa cultura dentro do C3SL. Acredito que deixei um legado positivo com a pesquisa”, conclui.

C3SL e Ministério da Saúde debatem gestão da informação na atenção básica

Base de dados da Atenção Primária à Saúde (APS) foi foco da visita técnica em Brasília

O Centro de Computação Científica e Desenvolvimento de Software (C3SL) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) se reuniu com representantes do Ministério da Saúde em Brasília no dia 21 de junho para discutir melhorias no processamento e armazenamento dos dados de saúde provenientes dos atendimentos da Atenção Primária à Saúde (APS). Participaram do encontro com representantes do ministério a pesquisadora especialista em banco de dados e bolsista do C3SL, Simone Dominico, e o gestor de projetos de pesquisa e desenvolvimento do C3SL, Edemir Reginaldo Maciel.

Durante o encontro, a equipe do C3SL buscou entender detalhadamente o fluxo atual de captação, limpeza e adequação desses dados até seu armazenamento no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB), gerenciado pelo Ministério. “O nosso papel lá foi entender como estava acontecendo esse processo de organização da base e alimentação dos dados para sugerir e desenvolver alguma mudança para que esse processo seja mais otimizado”, aponta Simone.  

O aprimoramento da base de dados integra as atividades do projeto do C3SL com o Ministério da Saúde, coordenado pelos pesquisadores Marcos Sunye e Grégio André, para desenvolvimento de um sistema que permite comunicação direta entre agentes de saúde e usuários da APS. Atualmente, o processo de organização da base de dados em discussão na reunião resulta em performance aquém da desejada pelos técnicos do ministério, especialmente devido ao grande volume de dados recebidos diariamente, em torno de 30 terabytes.

C3SL e Ministério da Saúde testam sistema para comunicação entre agentes de saúde e cidadãos

Projeto permite que usuários avaliem atendimento no SUS e fornece indicadores para políticas públicas em saúde

Sistema em desenvolvimento pelo C3SL permite criar indicativos de qualidade do SUS. Foto: Agência Brasil

Pesquisadores do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), grupo de pesquisa vinculado ao Departamento de Informática (Dinf) da UFPR, apresentaram ao Ministério da Saúde (MS), em Brasília, no último dia 27/06, um protótipo do sistema que permite comunicação direta entre agentes de saúde e usuários da Atenção Primária à Saúde (APS). Um protótipo da interface web do projeto, desenvolvido pelo grupo de pesquisa em parceria com o MS, foi testado em reunião do coordenador do projeto e pesquisador do C3SL, Marcos Sfair Sunye, do líder da pesquisa, André Grégio, com o Coordenador-Geral de Inovação e Aceleração Digital da Atenção Primária, Rodrigo Gaete. Também participaram do encontro o gestor de projetos de pesquisa e desenvolvimento do C3SL, Edemir Reginaldo Maciel, e a secretária de projetos do Setor de Ciências Exatas da UFPR, Carla Marcondes.

O projeto propõe a colaboração e o compartilhamento de informações entre gestores e profissionais de saúde na implementação de iniciativas de conscientização sobre serviços do SUS e na coleta de dados para indicadores de avaliação da APS. No encontro com o Ministério da Saúde, o C3SL apresentou prova de conceito do sistema demonstrando a viabilidade de uma arquitetura distribuída para comunicação entre gestores e agentes de saúde. De acordo com Grégio, pesquisador que lidera o projeto na fase atual, o sistema busca contribuir para uma integração maior entre os cidadãos e o sistema de saúde, a partir de um canal de comunicação direto. “Além dos cidadãos poderem participar ativamente da construção de um SUS melhor, com suas avaliações sobre os serviços oferecidos, um sistema do porte do que estamos planejando contando com a coleta de informações para produção de indicadores permite que o Ministério e seus gestores diagnostiquem situações regionalizadas e preparem os estados e municípios para iniciativas de saúde mais efetivas”, aponta o pesquisador.

A APS é a principal porta de entrada e o primeiro nível de atenção à saúde da população, caracterizando-se por um conjunto abrangente de ações voltadas tanto para o indivíduo quanto para a coletividade. Dentre outras funções, a APS se concentra em ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, como campanhas de vacinação, orientações sobre hábitos saudáveis e acompanhamento de condições crônicas. É neste aspecto que o sistema se torna fundamental para o aprimoramento do sistema de saúde, pois permitirá que os gestores se comuniquem com os agentes de saúde e que iniciativas de saúde cheguem mais rápido ao cidadão, promovendo não só a inclusão digital, mas a conscientização e disseminação de informações importantes sobre saúde.

O impacto social e a centralidade do sistema para programa e ações de saúde coletiva por parte do Governo Federal beneficiando milhões de cidadãos reforça a lista de trabalhos encabeçados pelo C3SL que demonstram a sólida capacidade grupo de pesquisa na execução de projetos de grande escala e complexidade, envolvendo equipes interdisciplinares, infraestrutura de alto nível e impacto significativo na sociedade brasileira. “A experiência dos pesquisadores do C3SL e sua característica de multidisciplinaridade traz a vantagem do planejamento e execução de projetos de grande porte de ponta-a-ponta: da infraestrutura de coleta, armazenamento, processamento e visualização de dados à criação de modelos de inteligência artificial e aprendizado de máquina próprios, culminando na preocupação com soluções inovadoras robustas, seguras e voltadas à experiência do usuário”, complementa Grégio.

Controle de dados e soberania nacional– Além de promover um sistema de comunicação e de avaliação dos usuários da APS, outro benefício do projeto é a autonomia que o sistema permitirá ao Ministério da Saúde na governança e gestão das informações dos usuários. Para o coordenador do projeto e especialista em banco de dados, Marcos Sunye, o projeto dá autonomia ao Governo Federal no controle das informações que são coletadas sobre os usuários do SUS.

Neste aspecto, há um duplo benefício. Primeiro, por evitar que os dados sejam usados para benefício do capital privado. “Ao desenvolver um sistema de mensageria independente, o Brasil pode garantir que os dados sensíveis de pacientes permaneçam sob o controle das autoridades nacionais, em vez de serem gerenciados por empresas privadas. Isso é crucial para proteger a privacidade dos pacientes e evitar o uso indevido dessas informações para fins comerciais ou outros que possam não estar alinhados com o interesse público”, aponta Sunye. A segunda vantagem é a possibilidade de uso dos dados para propor políticas públicas na área da saúde. “Tendo acesso direto a dados de saúde abrangentes e confiáveis, o governo pode tomar decisões mais informadas sobre a alocação de recursos, o desenvolvimento de programas e a implementação de estratégias eficazes de assistência à saúde”, conclui.

Economia aos cofres públicos – O protótipo apresentado pelo C3SL ao Ministério da Saúde demonstrou de forma prática como o sistema funcionará estabelecendo um contato direto com os usuários do SUS. A interface web desenvolvida é um sistema de informação que se comunica com uma infraestrutura de comunicação, também montada no C3SL, de forma a permitir que o usuário seja contactado. Usando software livre no conceito de desenvolvimento da solução para o MS, sem a necessidade de acessar serviços de empresas de telefonia para estabelecer a comunicação com os usuários, a ferramenta resulta em economia milionária para a pasta.

Apenas para ilustrar a dimensão de recursos despendidos em uma comunicação focada em SMS para a APS, consideremos o menor valor registrado no site do Ministério do Planejamento (portal Painel de Preços, base que registra todos os dados de compras de bens e serviços feitos pelos órgãos do poder público federal) relativo às licitações feitas pelo poder público em 2023, de R$ 0,04. Se cada atendimento gerasse um SMS de notificação para o usuário, considerando que segundo dados do portal do Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (Sisab), em 2022 o total de produções da APS pelo SUS foi de 1,4 bilhão de atendimento (que vai de serviços simples a procedimentos complexos), o custo da comunicação digital resultaria algo em torno de R$ 56 milhões. Em 2023, ainda com base no portal Sisab, com a APS registrando um aumento de 16% no total de procedimentos, alcançando um total de 1,6 bilhão de atendimentos, o custo passaria para quase R$ 64 milhões.

Sistema propõe indicadores para financiamento do APS nos municípios – Para a prova de conceito apresentada ao Ministério da Saúde, a equipe do C3SL mostrou um fluxo do sistema em que uma iniciativa de saúde foi cadastrada com duração de um dia, indicando um grupo populacional formado por membros do grupo de pesquisa. A ideia era criar uma simulação da ferramenta em operação. Após o cadastro da iniciativa, o sistema disparou uma ligação telefônica com um áudio perguntando qual a nota do atendimento realizado, a qual, ao ser digitada pelo usuário em seu celular, retornou em tempo real para a interface Web no painel de indicadores.As métricas de avaliação do sistema, além de alimentar base de dados do SUS para avaliação dos serviços, e consequentemente em planos de ação de prevenção de problemas e manutenção das políticas públicas para a saúde nacional, também servirá como fornecedor de indicadores para repasse de recursos aos municípios. Isso porque em abril deste ano, o Ministério da Saúde publicou a Portaria GM/MS nº: 3.493, que trata da nova metodologia de cofinanciamento federal do Piso de APS no SUS. Parte do cálculo para repasse de recursos para os municípios passa pela avaliação dos serviços de saúde. Desta forma, o sistema em desenvolvimento pelo C3SL está ligado diretamente ao componente de qualidade que visa estimular a melhoria do acesso e da qualidade dos serviços ofertados pela APS, buscando induzir boas práticas e aperfeiçoar os resultados em saúde.